Consegues sim. Mesmo que arredondes o valor para 1000 milhões. Podes é não comprar stocks de mísseis às centenas, podes não comprar logo SM-6, e ficar resumido a SM-2 e ESSM (que ainda assim é capaz de ser combinação superior ao Patriot PAC-2).
Agora dizer que uma fragata AAW, com 5 ou 6000 toneladas, fica por uns 1900 milhões, é estar a pegar em preço de Arleigh Burke Flight IIIA e estampar numa fragata qualquer. O que não falta são navios cujo o navio base é relativamente barato (AH140 por exemplo). Não me vão dizer que uma AH140 custa 500 milhões despida, e que depois outros 500 milhões em armamento não chegavam? Se formos por fragatas já assentes na terra, sem se pagar custos de desenvolvimento, é perfeitamente exequível.
Ainda assim, estás a pegar no argumento errado, de dizer que devíamos ter baterias AA de longo alcance em terra, em vez de fragatas, o que é só absurdo visto sermos um país maioritariamente marítimo. Ainda por cima, uma fragata AAW é mais fácil justificar o investimento, já que faz muito mais que defesa aérea, e ainda apresenta soluções para derivadas ameaças aéreas, em qualquer parte do globo em que queiramos intervir ou participar. Vais usar Patriot para interceptar mini-drones? Uma fragata faz isso com um canhão, laser, RWS ou CIWS, na pior das hipóteses gasta um RAM ou ESSM, que custam 1/3 do custo de cada míssil PAC-2.
Depois alguns desses sistemas funcionam teoricamente mas não na prática. O Goalkeeper por exemplo precisa de três segundos a adquirir um alvo e disparar. Se vier um míssil sea skimmer supersónico ele não o vai ver em tempo útil para adquirir e disparar.
Eu nem sequer falei em Goalkeeper. Falei em RAM, que nada tem a ver, e se fossemos a colocar CIWS de canhões num desses navio, seria como complemento do RAM (desde logo para ameaças assimétricas), e tanto podia ser o tal Goalkeeper, o Phalanx ou Millenium Gun. O Sea Skimmer antes de ter que ser interceptado pelo GK, teria que passar por todas as outras barreiras primeiro, e se passasse, então também é provável que passasse pelo Patriot ou SAMP/T. Lá está, se um míssil passou por todas as camadas AAW do navio, então o que leva a crer que não passaria na camada única proporcionada pelo sistema terrestre? Só a altitude em que se pode colocar o radar é que conta? Não há variações de relevo no terreno entre a localização do radar e o alvo?
E todos esses sistemas são inúteis se não tiveres early warnings e aquisição de alvos que possam passar aos radares de tiro. Nós não temos disso. Por isso esses sistemas para nós é como adquirir uma espingarda que dispara a 2 KMS e sabermos que nunca vamos ter mais de 1km de visibilidade. É desperdício.
Mas os radares em navios não se resumem a defender de ataques de sea skimmers. O alcance dos seus sensores chega a atingir os 400 km, permitindo criar uma bolha no meio do oceano ou junto à costa.
E agora coloco isto em cima da mesa: já sabemos que precisamos de fragatas novas, sejam elas quais foram em que versão, e com que equipamento. Sabemos também que, poderia ser aventura para custar 700 milhões cada (como compramos poucos mísseis, dificilmente passa disto). Vamos dizer que precisamos de 5. E agora, queremos capacidade AAW de longo-alcance.
Opção 1: Compras uma bateria Patriot por 900 milhões.
Opção 2: Pegas nos mesmos 900 milhões, e reforças a capacidade AAW de 2 ou 3 daqueles navios.
Qual é a solução mais viável para nós?
E ainda bem que trouxeste o "early warning" para a conversa. Então repara que, pelos 900 milhões de uma bateria AA dessas, compras 2 ou 3 aeronaves AEW. Repara que com 900 milhões, em vez de uma única bateria de longo alcance, compras umas 3 baterias NASAMS, que seriam capazes de defender uma área maior, com mais mísseis, radares e menos "pontos cegos".
Ou seja, no mundo ideal, sim, tínhamos SAMP/T ou algo parecido, complementado por tudo o resto. No mundo real, sabendo das necessidades todas, eu não abdicava de ter meia dúzia de baterias NASAMS, por 2 de Patriot ou SAMP/T. Tal como não abdicava de ter fragatas com capacidade AAW acrescida, para ter 1 ou 2 baterias. É tudo uma questão de trade-offs, vantagens e desvantagens, e do que mais se adequa à nossa realidade.