Incêndios florestais

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fgomes

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« Responder #45 em: Julho 27, 2004, 10:48:24 pm »
Só para ver a diferença como estes assuntos são tratados vejam o que se passa no Canadá, na Colúmbia Britânica:

http://www.gisuser.com/content/view/2351/2/

Existe software georefenciado, que permite saber entre outras coisas, ao eclodir um incêndio ou outra emergência, quantos habitantes tem a zona afectada, infrestruturas públicas etc. que permite organizar o apoio, evacuações etc. Permite também cruzar a informação dos vários departamentos da administração pública. Não tenho conhecimento que exista qualquer aplicação semelhante para auxiliar a nossa Protecção Civil. Pelo que conheço, organizar a informação dos vários serviços da nossa administração de modo a poder ser cruzada é simplesmente impossível (em muitos casos não existe nada para cruzar) !
Mas as más notícias não acabam aqui, as ferramentas de desenvolvimento desta aplicação informática são produzidos por uma empresa polaca...
Não tarda muito que nos ultrapassem nas estatísticas da UE !
 

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emarques

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« Responder #46 em: Julho 27, 2004, 11:05:35 pm »
Bem, quanto a isso, não é por falta de capacidade, porque há muita gente que trabalha com serviços de informação geográfica, em muitos ramos de negócio. Ou seja, não é por falta de capacidade que não há software português do estilo. Mas não é só na protecção civil, a falta de integração de diferentes serviços em todo o país parece ser uma desgraça. Por exemplo, cabe na cabeça de alguém que sejam os contribuintes a andar entre as câmaras municipais e as repartições de finanças a passar informação entre eles sobre a contribuição autárquica? Se alguém tivesse um pouco de bom senso, o munícipe tratava dos registos todos na câmara, e esta é que passava os dados às finanças. Não faziam as pessoas perder tempo, e reduziam as hipóteses de que os dados nos diferentes arquivos não coincidissem.
Ai que eco que há aqui!
Que eco é?
É o eco que há cá.
Há cá eco, é?!
Há cá eco, há.
 

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papatango

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« Responder #47 em: Julho 27, 2004, 11:18:38 pm »
Fala-se muito em ordenamento.

Mas ainda não ouvi ninguém falar num facto conhecido (referido há uns meses pelo Expresso). É que 28% das familias portuguesas têm pelo menos uma segunda casa. Normalmente são pessoas que vivem em Lisboa e no Porto (regiões metropolitanas) e que têm a casinha na terrinha, para os fins de semana.

Claro que toda a gente quer estar longe da poluição, do barulho e do stress, e toda a gente quer uma casa num ermo escondido, nos cafundós de Judas, onde o Diabo perdeu as botas.

Quando há un incêndio, por muito "cafundó" que seja o lugar onde está a casa de campo, há que haver sempre um carro dos bombeiros.

O nosso patrimonio florestal está a arder. Mas é politicamente incorrecto dizer que está a arder, porque antes, temos que apagar os incendios nos lugares onde estão as casas.

Visto de cima, Portugal virou um queijo suiço, tudo queimado, com umas pequenas áreas redondas, com uma casinha no meio.

O problema está muuuito fundo. Estas familias esticaram os orçamentos para construirem as casinhas, mas são gente da cidade, que a ultima coisa que tem na cabeça, é limpar a área circundante. O campo está meio deserto, e pedir a uma pessoa para fazer o serviço custa cerca de €75 por dia. Fica caro.

Há uma grande quantidade de questões destas, como o empobrecimento das pessoas que vivem no campo (aqueles que não têm casa na cidade), que não têm dinheiro para pagar a quem faça, e em muitos casos não têm forças (pessoas idosas) para o fazer.

Há trinta anos, não havia luz electrica nem aquecimento electrico nas casas, e a maioria das pessoas andava pelos campos a "catar" galhos secos para fazer fogueiras. Hoje, ninguém faz isso, e o sistema de "limpeza" natural, desapareceu. Os galhos agora são inuteis. Só servem para arder.

Sem equacionar todos estes pequenos problemas, não adianta comprar helicopteros e aviões. Não temos dinheiro que chegue para isso. O ordenamento do território é o que é, e como sempre ninguém tem culpa. A oposição acusa o governo de não ter feito aquilo que a própria oposição quando era governo deixou por fazer. E isto continua assim, mude o governo ou o partido que está no governo. Os desleixados (quando eram governo) passam a eficazes criticos quando as eleições lhes correm mal.

enfim

E la nave vá...



PS:
LUSO
jeqete?
eu ?  :shock:
É muito mais fácil enganar uma pessoa, que explicar-lhe que foi enganada ...
 

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Luso

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« Responder #48 em: Julho 27, 2004, 11:57:11 pm »
"PS:
LUSO
jeqete?
eu ? "

Ainda bem...
Já agora: pelos vistos já conhece os "compadres" limianos. Embora o que muitas vezes faça sentido outras vezes é maledicência pura, porque não confirmada, infundada e muitas vezes desmentida. E como eu tenho uma tendência para acreditar em paladinos da justiça (they are out there)...
Ai de ti Lusitânia, que dominarás em todas as nações...
 

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dremanu

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« Responder #49 em: Julho 28, 2004, 11:20:37 pm »
É triste assistir a tanta incompetência e irresponsabilidade por parte das autoridades Portuguesas em relação à questão da prevenção dos fogos.

O que o PT fala sobre as pessoas catarem os galhos secos espalhados pelo chão, faz perfeitamente sentido. Se pensarmos um pouquinho, Portugal já tem quase 900 anos de idade, e durante quase todo esse tempo não havia aviões de combate ao fogo, e não havia fogos em Portugal. Pelo menos eu nunca lí nada sobre um grande fogo que tenha consumido parte do país em alguma ocasião, no passado.

É claro que existem outros factores modernos que levam a que exista uma maior propensidade para que hajam mais fogos, mas também temos as ferramentas necessárias para lidar com o problema.

Também não vejo qual é a complexidade de se encontrar uma solução para o problema, é tudo uma questão de vontade, e de aprendizagem com os erros do passado. Se não passa de ser uma questão de limpar as matas, então em vez de se comprar aviões, que se dê trabalho aos estudantes durante o verão para serem uns tipos de guardas forestaís. Eles podem sair pelo país fora a limpar as matas Portuguesas, como forma de prevenção ao fogo.

E a madeira, e demais lixo que seria recolhido, poderia ser reciclado para outros propósitos, onde possivelmente se poderia ir buscar algum dinheiro para cobrir os custos de se empregar essas pessoas na limpeza das matas.

Será que é assim tão difícil de se implementar um programa de prevenção?

Isto é tudo tão absurdo.
"Esta é a ditosa pátria minha amada."
 

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JNSA

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« Responder #50 em: Julho 29, 2004, 01:07:01 am »
Citar
SNBPC
Recusa de meios assente em critérios técnicos
Portugal recusou a ajuda de três países para o combate aos incêndios no país, pois apenas aviões Canadair se ajustam ao tipo de fogos existentes no país. O SNBPC frisou que nunca recusaria meios com critérios exclusivamente económicos.
 
( 22:01 / 28 de Julho 04 )

 
 
 
O Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil (SNBPC) explicou, esta quarta-feira, que recusou a ajuda para o combate aos fogos da Alemanha, Noruega e Reino Unido, apenas por motivos técnicos.

«Após análise técnica das necessidades sentidas e da situação operacional do terreno, optou pela não aceitação no imediato dos referidos meios. A situação verificada no terreno apontava para uma urgente necessidade de meios aéreos anfíbios (aviões Canadair), que não era o caso dos meios», oferecidos pelos três países, afirmou o SNBPC.

O organismo frisou que apenas aceitou os meios postos à disposição que se ajustam às necessidades e que «em situações de emergência em caso algum imperarão critérios exclusivos de base económica».

Até agora, Portugal aceitou a ajuda de dois Canadair gregos e um italiano, estão já a caminho mais dois aviões do mesmo tipo vindos de França, que operarão em Portugal entre quinta-feira e domingo.


fonte: http://www.tsf.pt/online/vida/interior.asp?id_artigo=TSF152833
 

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fgomes

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« Responder #51 em: Julho 29, 2004, 09:45:08 pm »
A situação está a ficar muito complicada em S. Brás de Alportel, com povoações a serem evacuadas e o fogo completamente fora de controlo, oxalá não haja nenhuma catástrofe.
 

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Luso

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« Responder #52 em: Julho 29, 2004, 09:56:50 pm »
Descontrolada a situação?
Temos tantos meios...
Ai de ti Lusitânia, que dominarás em todas as nações...
 

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dremanu

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« Responder #53 em: Julho 30, 2004, 12:18:23 am »
Triste situação.
"Esta é a ditosa pátria minha amada."
 

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Fábio G.

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« Responder #54 em: Julho 30, 2004, 12:41:13 am »
A situação aqui no Algarve está muito má, a frente de fogo é tão grande são tantos km que os bombeiros como se viu em várias tv's não conseguem estar em todos os sitios ainda mais que o vento tem sido fortissimo e sempre mudando de direcção o que faz as chamas avançarem muito rápido e em diferentes direcções, os meios humanos e materiais ainda são insuficientes, são precisos mais homens, viaturas, aviões e helicópteros, o incêndio está a cerca de 30 km de Tavira e aqui o céu está negro durante o dia, tapado de fumo, é um contraste impressionate olha-se para o mar e o céu é azul e olha-se para terra na direcção de Faro e Loulé e o céu é negro.
 

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ferrol

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« Responder #55 em: Julho 30, 2004, 09:16:39 am »
Citar
Portugal recusou a ajuda de três países para o combate aos incêndios no país, pois apenas aviões Canadair se ajustam ao tipo de fogos existentes no país.

Citação de: "Fabio G."
são precisos mais homens, viaturas, aviões e helicópteros


É que hai cousas que se caen polo seu propio peso. Para combate-los incendios destas proporcións o que fai falta é persoas e material, calquera material. Canadair, benvidos, pero tamén os camións, helicópteros ou o que sexa, o que sexa, señores, que non está Portugal como para decir esto sí ou esto non.

Por certo, así que rematemos cos nosos incendios, Galicia ten pensado enviar máis avións á raia e á serra do Jurés.
Tu régere Imperio fluctus, Hispane memento
"Acuérdate España que tú registe el Imperio de los mares”
 

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Fábio G.

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« Responder #56 em: Julho 30, 2004, 04:48:18 pm »
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Estimativas apontam para 50 mil ha de área ardida até domingo

A Direcção-Geral dos Recursos Florestais (DGRF) estima em 50 mil hectares a área ardida desde o início do ano até domingo passado. Estas estimativas baseiam-se numa imagem do satélite Modis obtida às 14:30 horas de domingo.



Os dados anteriores da DGRF apontavam para um total de 32.787 ha de área ardida até domingo. Estes valores resultavam dos levantamentos realizados pelos guardas florestais e não contabilizavam ainda os grandes incêndios que deflagraram no fim-de-semana.
Entre os 50 mil hectares, 8.100 ha pertencem à Rede Natura 2000.

No ano passado a área ardida ascendeu a 423.276 hectares.

30-07-2004 15:36:16
 

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Fábio G.

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« Responder #57 em: Julho 30, 2004, 04:51:05 pm »
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Autarca de São Brás de Alportel pede estado de calamidade pública

O presidente da câmara de São Brás de Alportel pediu esta sexta-feira o estado de calamidade pública. António Jacinto Eusébio diz que os fogos na região provocaram prejuízos muito elevados.



O autarca diz que o fogo dos últimos dias destruiu um património ambiental e a subsistência de várias famílias. Duas pessoas encontram-se desalojadas e estão a receber abrigo da misericórdia.
30-07-2004 16:45:43

 

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Fábio G.

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« Responder #58 em: Agosto 02, 2004, 12:18:55 pm »
DD

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Estado de calamidade no Algarve será pedido esta 2ª feira

Os autarcas da região do Algarve, afectados pela vaga de incêndios das últimas semanas, vão pedir esta segunda-feira ao Governo que decrete estado de calamidade pública na região.



Em declarações esta segunda-feira à Rádio Renascença, o presidente da Câmara Municipal de Tavira e da Associação de Municípios do Algarve, Macário Correia, afirmou que a prioridade é declarar o estado de calamidade.
Os autarcas vão levar ao ministro das Cidades, Administração Local e Desenvolvimento Regional, José Luís Arnaut, uma longa lista de argumentos, na qual se destacam vários pontos.

Segundo Macário Correia, os principais pontos a ter em conta são o número de pessoas que foram afectadas, o número de casas e viaturas destruídas, assim como muitos outros materiais e a morte de muitos animais.

Estima-se que tenham ardido cerca de 50 mil hectares de floresta, sendo a zona mais afectada a Serra do Caldeirão.

02-08-2004 11:15:40
 

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fgomes

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« Responder #59 em: Agosto 02, 2004, 01:15:39 pm »
Infelizmente esta crise vem pressionar novamente no sentido do combate aos incêndios, ficando novamente para trás o problema da prevenção. Enquanto o problema de haver GESTÃO FLORESTAL não for resolvido, as crises com incêndios vão continuar a agravar-se. A realidade é que a maior parte da floresta portuguesa não tem nenhuma espécie da gestão.

Sobre este assunto algumas ideias interessantes em :

http://panda.org/about_wwf/what_we_do/forests/news/news.cfm?uNewsID=14477