Portugal comecerá a recuperar?

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Doctor Z

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Portugal comecerá a recuperar?
« em: Março 30, 2006, 03:12:21 pm »
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Em Fevereiro o indicador de clima recuperou, para tal tendo contribuído exclusivamente a melhoria observada nas opiniões do sector do comércio. O indicador de actividade económica apresentou um movimento desfavorável em Janeiro, interrompendo a recuperação dos três meses anteriores. A informação para Janeiro dos Inquéritos de Curto Prazo, em termos de volume de negócios e produção, revelou sinais positivos em todos os sectores. O consumo privado terá recuperado, efeito que foi generalizado às componentes de consumo corrente e de bens duradouros, prevendo-se que esse movimento se prolongue, atendendo à informação do indicador qualitativo, já disponível até Fevereiro. O investimento piorou, tal como sucedera no mês anterior, situando-se agora em níveis que já não se verificavam desde Janeiro de 2004. Os dados do comércio internacional, disponíveis até Dezembro, mostraram um menor vigor no crescimento das trocas internacionais no trimestre terminado nesse mês, sendo que nas entradas esse movimento descendente foi de maior intensidade. No mercado de trabalho, a informação mais recente continua a apresentar sinais desfavoráveis. A inflação foi de 2,8% em Fevereiro, mais 0,2 pontos percentuais (p.p.) do que no mês anterior. O indicador de inflação subjacente apresentou o mesmo valor de Janeiro, o mais elevado desde Junho de 2004.

fonte
Blog Olivença é Portugal
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Marauder

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« Responder #1 em: Março 30, 2006, 03:57:05 pm »
Esperemos que sim.

   Tudo indica isso, embora o problema está mais na velocidade..que se este ano atinguirmos um crescimento de 1% já é bom...

   Para os próximos anos esse crescimento será de maior intensidade. Penso que já batemos no fundo..e agora as coisas só podem melhorar (atenção..isso não significa que deixe de haver empresas a falir..em todas as fases à empresas que vão à falência ou são descontinuadas pelas casas mãe, o que difere é na quantidade)
 

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Doctor Z

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« Responder #2 em: Março 30, 2006, 04:07:25 pm »
Citação de: "Marauder"
Esperemos que sim.

   Tudo indica isso, embora o problema está mais na velocidade..que se este ano atinguirmos um crescimento de 1% já é bom...

   Para os próximos anos esse crescimento será de maior intensidade. Penso que já batemos no fundo..e agora as coisas só podem melhorar (atenção..isso não significa que deixe de haver empresas a falir..em todas as fases à empresas que vão à falência ou são descontinuadas pelas casas mãe, o que difere é na quantidade)


De qualquer forma, mesmo quando a conjuntura está óptima, também
há empresas a falir e pessoas no desemprego ...
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Cabeça de Martelo

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« Responder #3 em: Março 30, 2006, 04:26:14 pm »
Só espero que o teu lema seja mesmo verdadeiro:

Deus gosta do povo Luso!
7. Todos os animais são iguais mas alguns são mais iguais que os outros.

 

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Doctor Z

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« Responder #4 em: Março 30, 2006, 04:37:59 pm »
Deus queira que sim !
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papatango

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« Responder #5 em: Março 30, 2006, 10:14:43 pm »
A recuperação é uma coisa complicada de analizar.

Não haverá recuperação para empresas condenadas.

O que pode é haver lugar à criação de novas.

= = =

Parte do boom dos anos 60 e 70 na industria textil, que serviu para retirar parte da população do norte e centro do país da agricultura e que garantiu parte das nossas exportações durante os 80 e ainda nos 90 começa a extinguir-se e não vai ser facil resolver o problema.

As exportações podem até ser substituidas por coisas como por exemplo a Autoeuropa, que colocaram a exportação de maquinaria num lugar visivel nas exportações portuguesas, mas estamos demasiado dependentes de uma empresa.

Se não houver exportação de automoveis (e aqui o caminho é o certo, através da comercialização de automoveis mais caros e de gama média-alta) não temos nada de imediato para substituir este vector exportador.

Sempre fomos um país com uma economia desiquilibrada, que importa mais que o que exporta.

Não teremos grande possibilidade de tentar reverter a situação na agricultura. Mesmo agora, estamos a ver a pressão dos lobbies agricolas, porque lhes estão a reduzir subsidios.

A produção industrial estará sempre condenada, porque não é possível competir com a China.

Hoje, há empresas na China, que recebem um projecto base  de um circuito electrónico (com informação básica sobre os circuitos) e um autocad de um brinquedo ou de um electrodoméstico e em uma a duas semanas conseguem começar a produzir o produto e a envia-lo, com a marca que nós escolhermos.

O software é um caminho, mas aí temos uma fortíssima (e cada vez maior) concorrência da Índia.

As grandes empresas europeias colocam na mão das empresas asiáticas tecnologia que lhes vai permitir afogar as empresas europeias.

Se continuamos assim, dentro de algum tempo, a França fica restringida a vender pergfumes e Foi Grass enlatado, junto com umas garrafas de Champagne, os alemães vão vender salsichas, os ingleses Wisky, e os Italianos nem vão vender pasta, porque aquilo é uma invenção chinesa e os chineses conseguem fabricar mais barato.

Nós, o melhor sería eventualmente tentar aumentar a produção de produtos naturais, que mais ninguém tem.

Aumentar a produção de conservas de peixe, promover o consumo de vinhos portugueses como vinhos de qualidade e pensar em construir um grande parque temático  de diversões na costa alentejana em vez de pensar em construir centrais atómicas.

Deviamos tentar potênciar o turismo, mas há 30 anos que se houve falar nisso e nada se faz, ou então o que se faz não tem resultados satisfatórios.

O Cluster naval-militar, é um dos campos onde poderiamos tentar fazer qualquer coisa, mas para isso sería necessário um investimento do Estado Português claro. Os atrasos nos NPO, e a continua redução de numero, não são boas notícias.

As coisas ainda vão piorar antes de começarem a ficar melhores. No entanto, as más notícias vão-se cruzar com notícias boas.

Nem tudo é negativo.
É muito mais fácil enganar uma pessoa, que explicar-lhe que foi enganada ...
 

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Marauder

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« Responder #6 em: Março 30, 2006, 10:50:25 pm »
Citação de: "papatango"
A recuperação é uma coisa complicada de analizar.

Não haverá recuperação para empresas condenadas.

O que pode é haver lugar à criação de novas.

= = =

Parte do boom dos anos 60 e 70 na industria textil, que serviu para retirar parte da população do norte e centro do país da agricultura e que garantiu parte das nossas exportações durante os 80 e ainda nos 90 começa a extinguir-se e não vai ser facil resolver o problema.

As exportações podem até ser substituidas por coisas como por exemplo a Autoeuropa, que colocaram a exportação de maquinaria num lugar visivel nas exportações portuguesas, mas estamos demasiado dependentes de uma empresa.

Se não houver exportação de automoveis (e aqui o caminho é o certo, através da comercialização de automoveis mais caros e de gama média-alta) não temos nada de imediato para substituir este vector exportador.

Sempre fomos um país com uma economia desiquilibrada, que importa mais que o que exporta.

Não teremos grande possibilidade de tentar reverter a situação na agricultura. Mesmo agora, estamos a ver a pressão dos lobbies agricolas, porque lhes estão a reduzir subsidios.

A produção industrial estará sempre condenada, porque não é possível competir com a China.

Hoje, há empresas na China, que recebem um projecto base  de um circuito electrónico (com informação básica sobre os circuitos) e um autocad de um brinquedo ou de um electrodoméstico e em uma a duas semanas conseguem começar a produzir o produto e a envia-lo, com a marca que nós escolhermos.

O software é um caminho, mas aí temos uma fortíssima (e cada vez maior) concorrência da Índia.

As grandes empresas europeias colocam na mão das empresas asiáticas tecnologia que lhes vai permitir afogar as empresas europeias.

Se continuamos assim, dentro de algum tempo, a França fica restringida a vender pergfumes e Foi Grass enlatado, junto com umas garrafas de Champagne, os alemães vão vender salsichas, os ingleses Wisky, e os Italianos nem vão vender pasta, porque aquilo é uma invenção chinesa e os chineses conseguem fabricar mais barato.

Nós, o melhor sería eventualmente tentar aumentar a produção de produtos naturais, que mais ninguém tem.

Aumentar a produção de conservas de peixe, promover o consumo de vinhos portugueses como vinhos de qualidade e pensar em construir um grande parque temático  de diversões na costa alentejana em vez de pensar em construir centrais atómicas.

Deviamos tentar potênciar o turismo, mas há 30 anos que se houve falar nisso e nada se faz, ou então o que se faz não tem resultados satisfatórios.

O Cluster naval-militar, é um dos campos onde poderiamos tentar fazer qualquer coisa, mas para isso sería necessário um investimento do Estado Português claro. Os atrasos nos NPO, e a continua redução de numero, não são boas notícias.

As coisas ainda vão piorar antes de começarem a ficar melhores. No entanto, as más notícias vão-se cruzar com notícias boas.

Nem tudo é negativo.


   Para uma avaliação tão negativa voce dá uma imagem milagrosa ao nosso turismo....até parece que é fora de série!!! Secalhar somos tropicais e nem sabemos. E o mesmo se aplica ao cluster naval...até parece que temos marinha para o alimentar, ou marinha mercante, ou PALOPs que nos compram material em vez de outros estaleiros mais baratos e melhor qualidade provavelmente.

   Meu caro colega se tudo fosse como voce o pinta, então todas as empresas relacionadas com industria, agricultura, informática acabará por ir para aquelas zonas do globo...
   Está a acontecer um pouco disso...mas não me diga que assim de repente estamos a ficar todos desempregados...o que não bate certo com o facto de se ouvir sempre dizer que a Europa precisa dos imigrantes.

    A questão é, existem partes da cadeia de valor que podem e devem ser deslocalizadas, em prol de custos baixos, mas não não se esqueça que a deslocalização acarrenta custos e riscos que por vezes é melhor não os realizar. O exemplo das texteis, como disse noutra discussão é que a produção deve ser sem duvida deslocalizada, mas o design, gestão e outras áreas podem e devem ficar em Portugal.

   Outra coisa é a tecnologia europeia....desde que protegida por patentes ( que normalmente duram 20 anos) dá espaço de manobra à actividade económica.

    Papatango, o dinheiro não é tudo..senão seriamos todos futuros emigrantes da China..
 

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PereiraMarques

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« Responder #7 em: Março 30, 2006, 11:03:13 pm »
A importância da história e os factores não-económicos do Desenvolvimento...

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Frequentemente, os factores de localização de um determinado sector ou de uma determinada empresa estão relacionados com alguma situação ou acidente histórico. Desta forma, a explicação para a especialização regional pode não residir necessariamente na dotação actual em factores produtivos (capital, trabalho, recursos humanos, etc.), mas sim em situações ou acontecimentos passados e até, tantas vezes, de ordem exclusivamente pessoal.

Paul KRUGMAN (1991: 35) apresenta o seguinte exemplo: «Em 1895, uma adolescente de nome Catherine Evans vivendo na pequena cidade de Dalton, na Geórgia, fez uma coberta como prenda para um casamento. Tratava-se de uma coberta original para a época, pois era acolchoada; a arte dos acolchoados tinha-se vulgarizado nos séculos XVIII e inícios do século XIX, mas tinha caído em desuso à época. Consequência directa dessa prenda de casamento, Dalton emergiu, depois da 2ª. Guerra Mundial, como o principal centro de alcatifas dos EUA. Seis das vinte maiores empresas de alcatifas do país localizam se em Dalton; as restantes, localizam-se nos arredores; e o sector das alcatifas, em Dalton e vizinhança, emprega mais de 19.000 trabalhadores».

Como é óbvio, o factor inicial que presidiu à instalação de uma determinada indústria pode desaparecer, o que interessa é a natureza do processo cumulativo que permitiu que tais “episódios históricos” tivessem efeitos tão duradouros. E, na linha iniciada por Marshall, para quem a abundância de mão de obra e a oferta de “inputs” são os factores fundamentais para a especialização produtiva, a maioria dos autores considera que os recursos produtivos, a tecnologia e as externalidades são determinantes.
 

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papatango

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« Responder #8 em: Março 30, 2006, 11:52:57 pm »
Os meus comentários são genéricos e relativos mais à Europa no seu conjunto que a Portugal.

Como é evidente as empresas não vão desaparecer todas, mas a realidade é a que é.

Devem resistir os pequenos negócios, para satisfação das necessidades imediatas das pessoas, e esse tipo de serviços deve continuar a empregar uma percentagem da população.

Citação de: "Marauder"
Está a acontecer um pouco disso...mas não me diga que assim de repente estamos a ficar todos desempregados..
Fica o sector dos serviços, evidentemente. O que eu afirmo, é que no sector primário e secundário, não vale pura e simplesmente a pena investir.

Fabricar apenas para o mercado português é suicídio, e as empresas pequenas terão a vida muito dificil para vencer a concorrência de empress que não só vendem mais barato, como estão a produzir produtos cada vez melhores.

Há um tremendo erro na análise que se faz da China e da Ásia em geral, afirmando que manteremos a nossa (europeia) superioridade por causa da superioridade tecnológica.
Mas a maior parte das invenções até ao renascimento são invenções chinesas. Os chineses fazem mais barato, em maior quantidade e com uma qualidade para ninguém botar defeito.

Já hoje, mesmo em tecnologias de incorporação média de tecnologia, empresas chinesas fazem produtos que têm qualidade superior aos nossos .

Um dos mais catastróficos erros que se cometeu em Portugal no campo do Turismo, foi achar que o nosso turismo devia ser vendido por causa do sol e das praias.

Há (e sempre houve) um filão a explorar relativamente ao turismo cultural e ao turismo histórico.

O nosso turismo que vale dinheiro, ainda está por explorar. E garanto que não está nas praias do Algarve.

Há produtos que nós faremos melhor que os Chineses e que podemos vender como nossos. Há produtos em que o facto de ser "Made In Portugal" acrescenta qualidade ao produto.

Esses casos são por exemplo os vinhos, de mesa, os vinhos verdes, os vinhos generosos, varios tipos de conservas, o calçado de topo de gama, que tem para muita gente na Europa e nos Estados Unidos uma imagem de marca muito boa.

Já hà 20 anos atrás eu via comentários em revistas americanas sobre a qualidade dos sapatos portugueses (só para dar um exemplo)

À boa maneira portuguesa ficamos ao sol sem fazer nada enquanto dá para vender.

Nós não podemos concorrer com a China a fazer computadores, mas a China não pode fazer azeite português.

O caminho é tentar aumentar o valor dos produtos que somos capazes de produzir, aumentando também a qualidade.


Citar
O exemplo das texteis, como disse noutra discussão é que a produção deve ser sem duvida deslocalizada, mas o design, gestão e outras áreas podem e devem ficar em Portugal.

Nós devemos ter capacidade para continuar a fabricar produtos texteis, desde que o preço porque eles sejam vendidos seja alto.

Não adianta de nada pensar que o nosso "design" vai ser melhor que o dos Chineses. A China, ainda é comunista, mas já começa a ter designers  e a desenhar produtos que fariam o Mao Tsé Tung morrer umas três vezes por dia.
Ainda estão incipientes nisso, mas é uma questão de tempo. E eles são mais de mil milhões.

Eu não disse que as coisas estão negras e que vamos todos para o desemprego, o que disse é que vai piorar antes de melhorar.

É inevitável.

Cumprimentos
É muito mais fácil enganar uma pessoa, que explicar-lhe que foi enganada ...
 

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Marauder

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« Responder #9 em: Março 31, 2006, 01:20:04 am »
Caro Papatango, de uma forma geral concordo consigo, mas ainda à coisas que não batem certo.

   A afirmação de que não vale a pena investir no sector primário e terciário. Então..não é o azeite português que os chineses não sabem fazer?

    Eu penso que à industrias que estão destinadas a morrer ou a emagrecer, embora haja sempre quem consiga adaptar-se que é o que se trata no capitalismo...adaptação ao mercado que vai alterando..novos jogadores entram, outros saem..mas pronto.

   Não se percebe como é que a europa consome toda ou quase toda tomates espanhois que são de má qualidade, quando outros países como Portugal os produzem com melhor qualidade. O dinheiro não é tudo e devemos tentar apostar nos produtos em que realmente consigamos fazer melhor que a concorrencia e a um preço competitivo (senão podemos sempre tentar simplesmente desnatar o mercado, quem quer qualidade terá que pagar premium ).

     Já o nosso azeite só encontra rival no grego, o espanhol e o italiano não são de grande qualidade. Eu pessoalmente não gostaria abdicar de produtos destes para comprar outros ( e vai na volta a malta até secalhar já os compra nos Lidls, Pingos Doce , Dias, etc..)
    Mas é claro, que posso eu fazer por isso...nada..mas seria bom que as nossas empresas tentassem se expandir (a fim de ter recursos para não serem engolidas ou poderem desfrutar de economias de escala como as empresas internacionais). Atenção que estes e outros mercados estamos mais a falar de economias regionais...porque ninguem no seu perfeito juizo vai importar tomates da china e esperar que estejam bons....portanto existe um espaço regional..onde notoriamente os países do sul da europa estão melhor qualificados para produzir. Já outros sectores de industria é diferente, os cereais...ui...não dá para se bater com a Polonia. Parece que não mas isto é tudo muito complicado, tudo requer uma análise mercado a mercado, produto a produto.

     Já o caso do sector secundário...pois...existirá sempre teconologias que uma parte tem e a outra não, nem que seja as chamadas armas secretas. Papatango, o que é que pensa que dará vantagem aos americanos sobre a China nos próximos 25 anos....será a tecnologia..
   Para além de uma boa parte ser passivel de protecção por patentes (embora China e companhia arranje maneiras de as adquirir anyway), existirá sempre um periodo de captação dessas tecnologias, estudo e tentativa de replicação. Entretanto já está a empresa X a desenvolver o próximo passo...isto vai continuar a acontecer até que numa situação caricata a malta dos R&D está a desenvolver uma tecnologia e um infiltrado está a transmitir os dados todos para 100 centros de investigação chineses....aí sim...eles nos poderiam passar com perna atrás das costas. Lembre-se que...até o Mao quando quiz fazer aço deve ter ficado amarelo e de todas as cores quando descubriu que os milhões de toneladas de aço que ele meteu a fazer eram de muito pobre qualidade (enquanto milhões morreram)...e mesmo a polvora..embora inventada pelos chineses...mas quem é que a melhor soube usar e depois andou a vender armas pela Ásia inteira?

      Tal como o PereiraMarques disse, existe muitos factores aleatorios que devem ser levados em conta, e como aquele exemplo existem dezenas ou centenas nos EUA...basta só ver a sede de algumas grandes e conhecidas empresas americanas..e as "vilas" (pequenas cidades) aonde estão...o canal história refere muitos casos. Um que eu sei (mas não pelo canal história) é a John Deere...que vem de uma pequena cidade chamada Moline,IL.

  Relativamente ao textil e o vender produtos por preços altos, isso implica a criação de marcas. Coisa que falta cá em portugal são marcas portuguesas fortes...daí a ideia de criar a marca "Made in Portugal" . É uma tentativa de tentar criar um COO (Country-of-Origin) effect...que existia à um tempo atrás sobre o calçado português..agora parece-me que se perdeu..talvez diluído pela invasão chinesa.

   Os serviços são sem duvida o sector do século XXI...mas atenção que com a directiva Bolkstein qualquer empresa pode "aparecer" por aqui...

   Já o turismo...ui..sim....o mal é que a nível global turismo cultural é mais associado a Itália, Grécia, entre outras.. e cá para mim muita gente simplesmente pensa que Portugal é um país em tudo similar à Espanha lá fora...

 Cumprimentos

 PS: Mais um caso que me lembrei..acerca da passagem da produção para países terceiros...na itália, país com calçado e outro vestuário de grande qualidade, muitas empresas subcontrataram as produções para Portugal, ou seja cá fabricava-se produtos de design italiano, eram enviados para a Itália, metia-se a etiqueta "Made in Italy" e eram exportados para, entre outros países, Portugal, a um preço muito mais alto se fosse uma empresa portuguesa a vender o mesmo produto com "Made in Portugal". Daí a minha conversa de passarmos a produção para fora de Portugal...mais competitividade nos preços, mais lucros.....mas é claro que se der para continuar a ser feito em Portugal eu apoio embora ache isso improvável.[/i]
 

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Doctor Z

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« Responder #10 em: Março 31, 2006, 09:42:07 am »
Concordo com vocês os dois : é necessário continuar a produzir o que
temos de melhor no "Made in Portugal", aumentar a qualidade, para assim
vender a preços mais altos, e porque não, aumentar os lucros e apostar
em marcas fortes portuguesas.

Os perfumes franceses são produtos de grande qualidade, mas muito caro,
mas esse preço de venda não impede que sejam bem vendidos em todo
o mundo, incluíndo Portugal.

Mais. Podiamos fazer com que alguns produtos portugueses inovadores,
tal como o Compal Essential, depois de uma boa penetração no marcado
português, começa-se a entrar no mercado pela a Europa fora. Muitas
marcas portuguesas fazem o erro de iniciar a sua internacionalização em
Espanha, mas acho que isso constituí um erro : penso que a Espanha seja
mais uma barreira a nossa expansão (económica) do que uma ajuda ...

Porquê investir principalmente em Espanha, sabendo que os nossos productos
têm pouca aceitação ao pé dos consumidores ? Se se aposta-se mais em
país como a França, Alemanha e Reino-Unido (que são vectores de projecção
internacional), penso que teríamos maiores resultados. Estes três mercados
devido ao alto nivél de vida, são mercados que procuram qualidade, por
isso, e devido ao poder de compra muito superior ao nosso, estão dispostos
a pagar mais para productos melhores ; a nossa economia podias apostar
nisso ...

Apenas para dar um exemplo. Fauchon (cadeia de especiarías de vende
productos de alta qualidade e prestigio) vendia em Paris, o quilo de endívias
vermelhas a 12€ ... E claro, a gente (com um alto rendimento) compravam
esse legume. O meu exemplo é um pouco extrémista, mas apenas para
tentar ilustrar o que queria dizer.

Penso que Portugal têm que aposta na qualidade para o futuro ... É só
reparar : em Trás os Montes, produz-se muita castanha e por isso, quando
se vai ao mercado ou o shopping, também se encontra castanha portuguesa.
Não é que a castanha chinesa começou a aparecer nos mercados trasmontanos ... !
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Marauder

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« Responder #11 em: Março 31, 2006, 10:50:00 am »
Verdade Doctor Z, mas o problema da internacionalização é que requer recursos fianceiros, e sendo Portugal um país pequeno, é dificil a uma empresa acumular lucros para se lançar por aí. Por isso é que nunca se viu uma empresa portuguesa a se expandir ou lançar produtos usando a estratégia do Sprinkler, isto é, vários ao mesmo tempo.

   Elas vão mais pela roll-on, entrando num mercado ,consolidando as vendas, e mais tarde (como novos recursos financeiros provenientes não só do mercado base mas do mercado novo n.1) entrão para o mercado novo n.3.

   O caso espanhol, pois, secalhar tem razão, mas não se esqueça que olhando para a geografia e distancias, é um esforço mais barato, e, se for bem sucedido, dá milhões...mas realmente é difici nomear empresas que realmente tenham conseguido realizar isso....talvez haja uma enorme diferença em termos de produtos entre Portugal e Espanha, ou simplesmente eles só gostem de comprar produtos espanhóis (temos que mudar a embalagem ehehe...Manolo Compalito ) ..

   O caso dos PALOP seria uma expansão natural do nosso mercado caso não tivessem eles quase no outro lado do mundo, o que torna isso dificil.
 

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JoseMFernandes

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« Responder #12 em: Março 31, 2006, 07:56:00 pm »
'Já o nosso azeite só encontra rival no grego, o espanhol e o italiano não são de grande qualidade.' (marauder)

Na minha opiniao, temos bom azeite, embora nao subscreva a sua afirmaçao de que o italiano é mau(comprovei ainda esta semana que trabalhei em Italia, onde o azeite é rei em tudo quanto é comida, e confirmei uma qualidade geral media excelente).Mas, atençao, nos nao produzimos azeite suficiente sequer para o nosso mercado interno !!!, pois, presentemente temos de importar mais de um terço do que consumimos.O azeite vulgar e geralmente denominado 'portugues'  que eu me aperceba, nao tem indicaçao da real origem (portugues,argelino, marroquino, espanhol?), com excepçao de marcas com denominaçao de 'prestigio' ( normalmente em embalagens mais pequenas) mas que julgo serem ainda relativamente marginais em termos de volume na exportaçao...
O sector da cortiça também tem sinais preocupantes.A fraca renovaçao do parque de sobreiros (boa parte dos existentes estao 'velhos' e ha pouco interesse em investir no longo prazo necessario), e as recentes e generalizadas queixas sobre a qualidade actual da cortiça ( especialmente a 'inamovivel' praga de fungos) que estariam ja a 'estragar' vinhos de qualidade superior com prejuizos compreeensiveis e irremediaveis, podem levar lenta mas quase seguramente para uma preferencia por cortiças extra-europeias e mais que certo a novas e sofisticadas matérias sintéticas de substituiçao.
De resto, estou de acordo com muitas sugestoes aqui expostas e certamente muitas outras ainda havera.O sector do vinho foi um dos bons exemplos de adaptaçao aos novos tempos(o Alentejo e o Douro estao a produzir vinhos de grande e reconhecida qualidade) mas mesmo ai nao se pode 'baixar a guarda', pois a America(da California ao Chile), Australia e Africa do Sul estao progredindo notoriamente em qualidade e, essencial comercialmente, na adaptaçao aos 'novos gostos'.E mais tarde, os chineses que também tem regioes propicias a cultura da vinha... e que alias ja começaram os  ensaios.
Este 'mundo novo' que esta a chegar apresenta desafios preocupantes mas também fascinantes.
 

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Luso

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« Responder #13 em: Março 31, 2006, 11:27:43 pm »
Pessoalmente só me acredito no indicador que demonstrar o aumento das exportações.
Como isso só irá acontecer após uma limpeza clínica das instituições do Estado e Universidades - para não falar de uma presença inspiradora ou melhor, atemorizadora de um chefe forte aí acredito. Até lá vai ser sempre a descer, com momentos esporádicos de estagnação e de falsas esperanças.
Mas não se acreditem em mim: vejam por vocês.
Ai de ti Lusitânia, que dominarás em todas as nações...
 

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TOMKAT

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« Responder #14 em: Maio 04, 2006, 09:29:48 am »
Puxando de novo este tópico... uma notícia do DN de hoje acerca de algo que já passou ontem nos média (Sic).

Citar
A maior parte dos portugueses residentes no Continente não se interessa pelo País. O preço de um eventual "abandono", que implicaria a mobilidade da família e a procura de um novo emprego, tem evitado a sua emigração, conclui o estudo O poder da sedução de Portugal, desenvolvido pela TNS. Segundo os dados, a percentagem dos "não envolvidos" ronda os 85%, o que levou a empresa de estudos de mercado a concluir que "Portugal estaria em risco se fosse uma marca".

Portugal continua a ter atractivos, mas isso não significa que "os portugueses se queiram envolver no crescimento do País", disse ao DN Luís Simões, director-geral da TNS. De facto, o estudo indica que os portugueses são um dos povos mais pessimistas da União Europeia, já que 42% se sentem infelizes.

Os menos envolvidos - na sua maioria homens divorciados ou separados até aos 34 anos e que vivem em cidades - referiram que o clima, a segurança e a família são as principais vantagens de viver em Portugal. No entanto, criticam o elevado custo de vida e o estado do desenvolvimento de Portugal, apontando o Sistema Nacional de Saúde e o nível de desemprego como fortes desvantagens. Mais curioso é o facto de este grupo de inquiridos misturar harmoniosamente optimismo e pessimismo na sua forma de estar. Pessimismo só em relação ao País, porque a sua vida profissional e pessoal só pode manter-se... ou melhorar.

Os portugueses contactados em França e Espanha não serão a solução para o pessimismo. No entanto, querem estar com a família e são grandes patriotas, ponderando regressar a Portugal em 43% dos casos. Mas nem tudo é positivo. Habituados a um panorama socioeconómico diferente, consideram que os baixos salários, o sistema de saúde e o nível de vida em Portugal são motivos a pesar no retorno. Os envolvidos são apenas 15% do total. Se o País é atraente para o grupo anterior (emigrantes e estudantes até 24 anos), para este Portugal é o seu país. O perfil do segmento - mulheres viúvas de 45 a 60 anos com habitação em aldeias ou vilas - diz que é bom falar em português e viver num local seguro e de clima privilegiado. E 60% não vêem qualquer desvantagem em morar em Portugal.

O estudo analisa Portugal como se fosse uma marca e conclui que o País tem qualidades que devem ser estimuladas. Clima, segurança e lazer são alguns caminhos para o sucesso. Para os emigrantes, o segredo está em gerar emprego e melhorar o sistema de saúde. O director da TNS junta a estes ingredientes o amor pela marca. Mas para já se Portugal fosse mesmo uma marca Luís Simões "não investiria nela".  


A autoestima lusitana anda mesmo por baixo, mas isto acaba por ser uma não-notícia, porque não é novidade para ninguém... :?
IMPROVISAR, LUSITANA PAIXÃO.....
ALEA JACTA EST.....
«O meu ideal político é a democracia, para que cada homem seja respeitado como indivíduo e nenhum venerado»... Albert Einstein