As prioridades são traçadas por quem? Pelos Chefes de Estado Maior de cada Ramo e pelo MDN. O problema é que eu tenho uma ideia do que deveria ser a prioridade, tu tens outra, o DC outra e no final acabamos com um Orçamento para a Defesa demasiado curto seja para o que for.
O problema é que a definição de prioridades muitas vezes parece ter mais a ver com agendas de cada um (políticos ou chefias militares), e não um bem comum das FA e do país. Daí que se calhar convinha era que houvesse mais participantes nessa "discussão", nacionais e não só.
Depois temos prioridades que já foram apontadas há mais de 20 anos, e continuam por resolver. Depois temos este delusionismo, em que há gente que manda nisto, e acha que por exemplo as fragatas VdG são tecnologicamente avançadas (e quando acham que um meio que está obsoleto, é de última geração, temos um problema grave na definição de prioridades). Depois há quem atire o SMO como solução para resolver o problema do efectivo, ignorando que, não só isto tem custos (facilmente fazendo com que a % de despesa com pessoal atingisse uns 80 ou 90% do orçamento total), sem antes tentarem recorrer a coisas como... melhores salários, melhores condições, melhores carreiras, aumento da idade de ingresso para 30 ou mesmo 35 anos, estudos demográficos para saber que zonas do país podem contribuir mais para as FA e em que especialidades.
O que é certo é que as FA estão tão más, que não se podem dar ao luxo que sejam definidas meia dúzia de "prioridades" e o resto ficar em águas de bacalhau por 10/12 anos. E certamente a compra de mais um cargueiro táctico, não pode ser vista como uma prioridade acima de tantas outras coisas que ficaram de fora.
Para mim, como primeiro passo, as prioridades têm de ser definidas "hoje", divididas em curto, médio e longo-prazo. Chega do "logo se vê". Dando um exemplo com 4 dos programas mais dispendiosos, definia que:
-até 2030, a substituição das VdG tinha de estar resolvida;
-entre 2030 e 35, a substituição dos F-16 (totalidade ou parte da frota)*;
-2035-2037, substituição das BD;
-2037-2040, substituição dos P-3.
(As datas que usei remetem-se a entregas)
*neste caso acho que ter os 19 F-16 PA I com upgrade V, e uns 12 F-35, seria a solução mais lógica. Assim, naquele prazo "2030-35", havia mais margem orçamental para outros programas, não se estourando tudo em F-35. Para isto, passaria algures para 2023-27 a modernização dos F-16.
No meio destas datas, existiriam mais programas, mas estes de cima, são de longe os mais caros, e como tal os que precisam de ser espaçados no tempo.
De resto, é preciso ter uma política em que as forças armadas são pensadas para as potenciais ameaças do presente e do futuro, e não a pensar apenas em FNDs e meios a fornecer à NATO, e requisitos mínimos. O que definitivamente não pode acontecer, é definir prioridades a achar que se está a modernizar o Exército, e ignorar por completo um sector crucial, como a defesa aérea, pois sem esta, tudo o resto que se fará para modernizar o EP, vale zero. O mesmo para a FAP, bases aéreas sem defesas, depressa deixa de haver Força Aérea.