Em termos de valores, obviamente não precisamos de reforço como a Espanha. Mas o orçamento actual não chegava sequer para tempo de paz, quanto mais tempo de guerra.
Também não é com meios velhos que se vai atrair mais pessoal: fragatas modernas, com melhores acomodações, se calhar tornar-se-ão muito mais apelativas. Também não percebo porque é que não se replicou a medida adoptada para a PSP, de alargar a idade de ingresso.
Também não se percebe como não tiramos o máximo partido dos nossos F-16 e respectivos pilotos.
E também não vi ainda ninguém a olhar para este conflito na Ucrânia, e pensar no que está a ser empregue com elevado sucesso na guerra, e fazer o paralelismo com o que nós temos. Ora o uso incessante de UAVs de diversos tipos salta logo à vista, tal como a importância das defesas AA, tal como a eficácia dos mísseis AT modernos. Logo aqui estão 3 coisas que a famosa LPM não prevê de todo, ou num espectro muito limitado.
Já agora: aumentar o orçamento, não significa necessariamente aumentar a dimensão das FA, mas sim substituir o material que existe, por material moderno em números semelhantes, e que em diversos casos, até operam com menos gente:
-M114: 11 elementos, Caesar: 5/6
-V150: 5, EBRC Jaguar: 3 (Centauro: 4)
-Chaparral: 4, Vamtac RapidRanger: 3
-Fragatas VdG: 169, Iver Huitfeldt: 117, acomodações para 165
-P-3: 11, P-8: 9
Certamente haverá mais exemplos. Na FAP também se poderia falar em UAVs, que permitem complementar as aeronaves tripuladas.
Também convidava a ir dar uma vista de olhos ao Exército Holandês, e à implementação do Milrem THeMIS, um UGV com variantes de carga, combate e ISR.
O nível de automatização hoje em dia, permite contornar a falta de efectivos. Mas para isso é preciso de facto optar por esse rumo, de modernizar as FA. Não faz sentido termos meios velhos e praticamente inúteis, que necessitam de uma guarnição/tripulação enorme, quando há opções modernas no mercado que não só requerem menos pessoal, como são muito mais capazes (as fragatas e os Caesar são grandes exemplos disso).
Para colocar em perspectiva, para operar uns míseros 10 M114, são preciso 110 militares. Com esse número, operam-se uns 20 Caesar. Ou seja, temos poucos militares, que estão a ser subaproveitados em meios velhos.
Fragatas é igual, as 3 VdG requerem tanta gente como 4 Iver.
A solução passa por tornar mais apelativa a carreira militar, e ao mesmo tempo modernizar os meios. Manter os meios existentes e apenas fazer um esforço para aumentar o pessoal, é tornar a malta apenas carne para canhão, o que é estúpido.
Deixo aqui a página do dito UGV, seleccionado pelos holandeses:
https://milremrobotics.com/defence/