Conflitos no Mali.
As F.A. francesas intervieram no Mali em janeiro de 2013, no seguimento da revolta tuaregue no norte do Mali em 2012.
Desde a independência do Mali em 1960, o povo tuaregue (5% da população do Mali) é vitima de descriminação da parte do poder central em Bamako e das populações "negras" do sul. Podem-se contabilizar cerca de 10 revoltas deste povo, desde 1961 até agora.
Desta vez, os tuaregue vão mais longe e exigem claramente a independência.
As F.A. do Mali mostram-se muito competentes quando se trata de pilhar e de violar mas completamente inúteis no cumprimento da sua missão militar, obrigando à intervenção da França. Neste momento a situação na zona tuaregue encontra-se num impasse. Devido à presença militar francesa, nem os tuaregue conseguem a sua independência nem o Mali consegue restabelecer a sua autoridade. Conviria pois, para resolver este conflito no norte, que Bamako de uma vez por todas, reconhecesse a existência do povo tuaregue, da sua identidade cultural especifica e do território que sempre foi o deles.
Um segundo conflito étnico estalou entretanto no sul do Mali, na zona de Gao, desta vez envolvendo os Peul (10% da população).
NT : Os Peul são conhecidos na antiga Guiné portuguesa como os Fula. Estebeleceram-se na Guiné, salvo erro, no século XVIII, ou seja, bem depois da etnia portuguesa europeia. De uma forma geral, apoiaram Portugal na guerra contra o PAIGC.
As exigências dos Fula têm um caracter puramente étnico, exigem o reconhecimento da sua identidade e o fim das ações discriminatórias da parte do poder central.
A terceira frente de guerra no Mali tem a ver com a chegada à região do estado islâmico.
O E.I. para além de infiltrar e de aproveitar os dois conflitos precedentes, também se implantou na região das 3 fronteiras, prosseguindo no combate pelo seu objetivo : a criação de um Califado Universal. O risco de destabilização desta região de Africa é enorme e as consequências para a Europa poderão ser terríveis como o aumento exponencial de refugiados , dos quais muitos são e serão cada vez mais infiltrados por elementos doutrinados e treinados.
Contesto com convicção que haja algum interesse económico pela parte da França, em manter tropas nesta região. Estamos a falar de menos de 0.5% do comércio externo da França ...para quê desenvolver mais o meu raciocínio ?
Partilho sem reservas a opinião de quem afirma que o principal interesse da França é o de assegurar a estabilidade no Sahel e na Africa Ocidental e realmente lamento que a França se sinta "sozinha" neste combate. Continuando nesta ótica, vi com muita simpatia o facto de Portugal ter destacado uma força para a zona, não sei se continuam por la mas em todo o caso, acho que foi tomada a decisão certa.