Sim, era o que deveria ter sido feito já à bastantes anos, mas depois como justificar tanto "comandante"? O que fazer a esse pessoal todo? Mexer nos tachos e chafaricas não pode.
Cabe a quem está no sistema começar a vir para as ruas e criticar as chefias, saber apontar o dedo e deixar de se acovardar. Se é preciso denunciar que se faça sem pudores em vez de se cooperar. O sistema só pode ser desmontado de dentro para fora, não podemos continuar a ter tanto descontentamento nas forças armadas e sempre que aparecem câmaras apresentam o seu sorriso amarelo.
Boa parte do pessoal que está lá dentro são os acomodados. Quando, por algum motivo ou ocasião, aparecem na praça publica a criticar ou a denunciar algo, o assunto roda sempre à volta do mesmo. Os salários!
Estive nada mais, nada menos que 11 anos nas fileiras, sempre em unidade operacional e, quando saí por opção e de acordo com a minha consciência, tinha mais de 1/3 da minha vida passada lá dentro e toda uma série de missões "no cinturão". E saí porque não podia nem aceitava continuar a pactuar com o rumo que as coisas levavam nem com a forma como os camaradas reduziam tudo a uma questão de "quanto chove ao final do mês". (havia e há muitas excepções a esse tipo de comportamento)
Quando nas conversas se falava de estarem a levar aquilo ao ponto de ruptura total, a maior parte da malta seguia a linha do "desde que me paguem", quando em conversa se falava que estávamos a caminho de ser meros funcionários públicos, muitos assim queriam que fosse e, muitos entre os que não queriam, comportavam-se como tal. (uma vez tive de o dizer mesmo a um Sr. Comandante que ao expressar que não éramos funcionários públicos e que tinhamos de fazer o Povo compreender isso respondi-lhe que ajudaria bastante se deixasse-mos de nos comportar como tal, talvez o tal de Povo, compreendesse melhor).
Como tal e já tive sério desaguisados com antigos camaradas, digo e torno a afirmar, se o descontentamento dentro das fileiras é assim tão grande, em Democracia resta apenas uma opção a quem é militar, demitir-se em protesto. Protestar como eu vejo, mas sem largar a "mamadeira" é simplesmente porco e abjecto para mais que em toda e qualquer empresa por onde tenho trabalhado, vir para as redes sociais falar mal das mesmas dá direito a um bilhete para a fila do IEFP com justa causa.
Para finalizar este desabafo, boa parte dos que ainda por lá andam, a ultima coisa que querem é uma FA funcionais, com sistemas e controlos de progressão de carreira baseados em capacidades e méritos, que os obrigue a serem militares de corpo e alma e não simples funcionários que vão lá fazer uma perninha à base ou quartel nos tempos livres dos seus trabalhos em part-time (na realidade o part-time é a função militar). Simplesmente não querem e as chefias, enfiadas em negociatas e trocas de favores para vacaturas e promoções forçadas (quem se lembra da forma manhosa como se promovel uma tonelada de oficiais superiores que estavam encalhados com a jogada da missões em que se mandavam CFr/TCor e CTen/Majores de propósito para os promover "forçadamente" durante as missões pois o organograma exigia que as funções fosse a do posto acima), sabem o que a maioria quer é sopas e descanso, um ordenado ao fim do mês e um posto ou função que lhes permita ir mantendo os seus part-times e negócios cá fora.
Tudo o resto é treta.