Economia nacional

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Re: Economia nacional
« Responder #30 em: Agosto 18, 2018, 09:53:03 pm »
The Guardian destaca cerâmicas portuguesas como tendência de “millennials”

Descritas como "êxito de culto", as cerâmicas portuguesas estão aparentemente na moda um pouco por todo o mundo e a culpa é do estilo de decoração, que se assemelha ao "das nossas avós".



Um “êxito de culto”, uma tendência para os millenials (jovens nascidos entre os anos 80 e finais dos 90): é desta forma que o jornal britânico The Guardian fala das cerâmicas portuguesas da Bordalo Pinheiro, histórica marca oriunda das Caldas da Rainha.

Num artigo publicado este sábado, 18 de agosto, a publicação começa por questionar como é que esta marca com 134 anos está a “tomar conta de mesas e Instagrams” um pouco por todo o mundo. Elogiando o “fantasioso, colorido e excêntrico” mundo destas criações portuguesas, o jornal justifica a nova moda afirmando que o estilo “casa da avó” está aí em força, seja materializado num jarro em forma de peixe, numa bandeja disfarçada de couve ou num aplique de croché em cima da televisão.

Depois de explicar um pouco da história da marca e do seu fundador — um “visionário subversivo e socialista que gostava de gozar com a sociedade portuguesa do final do século XIX” –, destacam os resultados de vendas, que vão levar a Bordalo Pinheiro a inaugurar as duas primeiras lojas no estrangeiro, uma em Paris e outra em Madrid, ambas a abrir ainda em 2018.

A tal tendência vai-se verificando, aos poucos, em territórios portugueses, com cada vez mais lojas a venderem os animais, vegetais e frutos da cerâmica caldense. É no estrangeiro, contudo, que se nota o maior crescimento na procura, com mais de metade do milhão de peças produzidas em 2017 (são todas feitas à mão) a serem vendidas para fora.

https://observador.pt/2018/08/18/the-guardian-destaca-ceramicas-portuguesas-como-tendencia-de-millennials/
 

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Re: Economia nacional
« Responder #31 em: Agosto 19, 2018, 12:04:49 pm »
PQP, o piloto de competição que se tornou um dos grandes industriais portugueses

A sua paixão foi a indústria e o que gostava mesmo era de projetar fábricas. Construiu um grupo industrial do qual fazem parte duas das grandes empresas industriais portuguesas, a Navigator Company, ex-Portucel, e a cimenteira Secil.



Pedro Queiroz Pereira, que morreu esta madrugada aos 69 anos, é um nome incontornável na economia portuguesa do pós-25 de abril. Quando a revolução acontece, o então jovem Queiroz Pereira era mais conhecido como PêQuêPÊ - ou PQP, as iniciais do seu nome - nome conquistado ao volante dos carros, paixão que o levou a ser piloto de competição antes de assumir a sua vocação industrial e construir um dos maiores grupos empresariais do país.

Foi aluno do Colégio Militar e posteriormente frequentou o Instituto Superior de Contabilidade e Administração de Lisboa. No pós-25 de abril, a família, muda-se para o Brasil onde viveu entre 1975 e 1987. No Brasil continua ao volante, tendo inclusive chegado a participar de provas de competição de Fórmula 2 com Ayrton Senna de quem ficaria amigo.

Assume a liderança dos negócios da família perto dos 40 anos na sequência da morte do pai e do irmão mais velho. Da história da família Queiroz Pereira, cujos interesses se repartiram desde cedo por várias áreas do imobiliário à indústria e à banca, há episódios que ilustram bem o ascendente que teve na sociedade portuguesa: Manuel Queiroz Pereira, o pai, foi por exemplo um dos dez empresários desafiados por Salazar a construírem o primeiro hotel de luxo em Lisboa, o Hotel Ritz de que Pedro também viria mais tarde a ser parte da administração.

Nos anos 90 as privatizações mudam a face da economia portuguesa e Pedro Queiroz Pereira, já à frente dos destinos dos negócios da família, lança os alicerces do que é hoje o grupo ao comprar a Portucel e a Secil. Todavia, seria a disputa da Cimpor que faria correr rios de tinta e que estaria na génese da sua rutura com Ricardo Salgado, a quem chegou a acusar de traição, e com o grupo Espírito Santo com quem teve durante anos uma ligação histórica. Na notícia sobre a sua morte, o Expresso lembra - e bem - que "a guerra com Salgado foi determinante para o colapso do Grupo Espírito Santo".

A novela pela disputa da Cimpor foi longa mas é difícil falar do percurso empresarial de Queiroz Pereira sem a contar.  Começou em julho de 2000, quando lançou uma OPA (oferta pública de aquisição) hostil sobre a cimenteira numa operação cara  que custava 550 milhões de contos (mais de 2500 milhões de euros). Sabia desde o início que era uma compra arriscada pela dimensão da empresa a comprar que a tornava um alvo mais fácil e até mais lógico para um grande grupo internacional do que para outra empresa portuguesa.  Tentou, ainda assim, controlar a Cimpor, associando-se aos suíços da Holcim, com quem iria repratyi a empresa, separando a operação internacional. “Temos muita pena de dividir a Cimpor, mas se não me antecipasse haveria uma OPA de uma empresa estrangeira”, disse na altura. A proposta aparentemente bem recebida pelo governo socialista da altura acabou chumbada ministro das Finanças e da Economia - então reunidas na mesma tutela - Pina Moura e Queiroz Pereira acabou por perder para o bloco Teixeira Duarte, BCP e Lafarge - num concurso polémico em que o Estado entregou os últimos 10% do capital do Estado à Teixeira Duarte, apoiada pelo BCP, e única concorrente. Perdeu mas demorou anos até desistir mantendo a disputa quer via participação accionista quer através dos tribunais.

Em 2004, a compra da Portucel teria outro desfecho - desta vez bem sucedido  - mas não foi isenta de novas batalhas, tendo pela frente um outro interessado chamado Belmiro de Azevedo. Para controlar a empresa, o empresário teve de lançar uma OPA sobre a Portucel, coisa que Belmiro de Azevedo se recusou a fazer, e a Semapa teve de vender alguns dos seus ativos, nomeadamente a Enersis e 49% da Secil.

No perfil traçado em maio deste ano pelo Jornal de Negócios, é descrito como "o grande industrial português". Só a Navigator, recordava o jornal, investiu nos últimos 15 anos mais de 1,3 mil milhões de euros em Portugal. "Costuma dizer aos mais próximos que com o dinheiro que ganha podia comprar um palácio no sul de França. Mas Pedro Queiroz Pereira não gosta de palácios nem do sul de França. Prefere investir e inaugurar novas fábricas. E é o que tem feito, quase a uma média de uma por ano".

Acionista maioritário do grupo Semapa, proprietário da Navigator, da cimenteira Secil e de negócios na área do ambiente e da energia, Pedro Queiroz Pereira era, segundo o ranking da  Revista Exame,  o 7º mais rico de Portugal, detentor de uma fortuna avaliada em 779 milhões de euros (em conjunto com a mãe).

Nos últimos anos chamou para o grupo um conjunto de gestores de topo e foi abandonando funções executivas. Manteve-se como presidente do conselho de administração da Semapa, que tem como presidente executivo João Castello Branco, ex-líder da McKinsey em Portugal, e a The Navigator Company  tem como presidente executivo Diogo da Silveira. Na Secil, a liderança executiva é do suiço Otmar Hübscher.

Em 2014 ficou viúvo e caberá agora às filhas a gestão do património e dos negócios da família. Avesso à exposição pública, refugiava-se amiúde numa herdade em Coruche onde fazia criação de cavalos e uma das filhas está inclusive em competições desportivas. Dele dizia-se que tinha maus feitio, que era teimoso mas sempre frontal, determinado e sabendo valorizar opiniões fundamentadas. Deixa como herança um grupo industrial português que sempre foi a sua grande ambição.

https://24.sapo.pt/atualidade/artigos/pqp-o-piloto-de-competicao-que-se-tornou-um-dos-grandes-industriais-portugueses

Mais um grande industrial que parte. Precisamente quando os EUA lançam uma guerra comercial contra uma das empresas do grupo, a Navigator! Outras grandes empresas do grupo são a Secil (cimentos), Semapa e ETSA.
 

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Re: Economia nacional
« Responder #32 em: Agosto 30, 2018, 11:08:48 am »
Vai dar tudo certo




Opinião

José Eduardo Martins

Advogado e ex-deputado do PSD


O dr. Costa goza o pagode sem o mínimo de pudor. Porque pode. Não precisa de exibir inteligência, competência, conhecimentos, bom senso, nada. Só falar e encher o vazio, porque ninguém o contraria?

Para pôr um grão de areia nesta alegria de verão, o Expresso foi entrevistar o antigo deputado do PS Henrique Neto e ele saiu-se com uma que felizmente passou despercebida: “O país não está melhor, mas os portugueses acham que sim.”

Uma semana depois, o mesmo jornal lá corrigiu o tiro no otimismo com uma belíssima e retemperadora entrevista ao nosso líder. Ficámos tranquilos. 
Estamos como um pero.

Virámos, explica com paciência e carinho o dr. Costa, a página da austeridade e estamos agora na fase do redentor rigor.

A carga fiscal bateu recorde no ano passado (que isto do rigor precisa de muita receita), mas agora, anuncia o nosso benfeitor, vem aí, pela redução de impostos, a resolução dos nossos maiores problemas. Tufas, mai nada.

Vamos atrair de volta os jovens emigrantes qualificados e vamos ter um bodo para os senhorios fazerem retomar um mercado de arrendamento normal.

Os quadros mais qualificados estão a fazer as malas para o regresso e até já o Robles desistiu lá disso do alojamento local. Que os salários desses mais qualificados continuem baixos e sem qualquer perspetiva de subir ou que os senhorios não tenham ganhado nenhum na ideia são minudências que não atrapalham quem lidera, até porque o nosso primeiro-ministro não é de grandes teorias. Só de grandes convicções. Ele que não leva o PS para a esquerda nem para a direita, só em frente. Toda a gente sabe que para a frente é que é o caminho.

Os pessimistas têm algum receio do que pode acontecer a uma pequena economia aberta na véspera de uma guerra comercial? Não há porquê, explica o nosso visionário dr. Costa… e desata a falar da confiança dos empresários cá na terra. Toma, vai buscar.

Também vamos precisar muito dos fundos comunitários, mas não haverá problema nenhum com o rombo orçamental inevitável que os derrotistas preveem se tudo for executado. E porquê? Porque sim. Arruma lá esta.

Não percebi aquilo da autoestrada onde não podemos ir sempre a 120, mas são assim os grandes, não importa decifrá-los, importa confiar.

Talvez porque o desejo torna o irreal possível, como escreve o poeta.

Talvez porque no dia da entrevista, ilustrou as redes sociais, com a mesma fatiota, ao comando do feito notável de Monchique.

Um sucesso nas palavras do dr. Costa. E aqui, coisa rara, deixou-se tolher pela modéstia. Mais do que um sucesso, inventou todo um novo paradigma no combate aos incêndios. Arrastar as pessoas, para não haver mortos e deixar arder tudo, não porque não haja químicos ou coordenação, mas pela beleza regeneradora da inatividade magistral. Notável, não é? Embrulha!

Estamos portanto a mudar de página, de vida, quase de planeta. O dr. Costa goza o pagode sem o mínimo de pudor. Porque pode. Não precisa de exibir inteligência, competência, conhecimentos, bom senso, nada. Só falar e encher o vazio, porque ninguém o contraria?

Tudo o resto é mera implicância do Henrique Neto e do CFP, com relatórios impróprios (90 páginas, que horror) para a época das festas e dos festivais e títulos aziagos (“Riscos orçamentais e Sustentabilidade das finanças públicas”).

Pois, parece que temos um risco superior a 50% de entrar em crise a cada cinco anos, que cada crise nos custa mas de 3% do PIB e levamos tantos anos a recuperar dela como os que dura, que só chegamos aos 100% de dívida em 2030, que temos uma concentração de carga fiscal e consequente risco apenas em dois impostos e, entre outros fatores igualmente graves, somos o país da EU com maiores passivos potenciais à conta do brilho e do equilíbrio das nossas PPP.

Preocupações que o verão felizmente enterra na areia, como normalmente nós também o fazemos até chegar o FMI.

Valha-nos a oposição e o PSD que não se deixa ficar. Lançámos um novo cartão de militante cuja imagem vai “reforçar a afetividade e, por isso, 
a proximidade às bases do partido”.

Como dizia o bispo Edir Macedo: vai dar tudo certo!

http://visao.sapo.pt/opiniao/2018-08-22-Vai-dar-tudo-certo
 

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Re: Economia nacional
« Responder #33 em: Outubro 24, 2018, 12:30:33 pm »
Arrendamento: estragaram em 33 meses o trabalho de 33 anos

Decorridos três anos em que se sucederam anúncios e proclamações em matéria de habitação, o fracasso é evidente, os resultados são aterradores e as primeiras vítimas desta política são os mais frágeis

Há 33 anos, era aprovada a lei que ficou conhecida como “Lei das Rendas”. Corria o ano de 1985.

Esta lei pode ser considerada o primeiro passo, com efeitos reais, para desfazer o congelamento das rendas que se iniciara com a implantação da República e que o Estado Novo renovou na década de 40 em Lisboa e no Porto. Este congelamento, após a revolução de 1974, foi alargado a todo o país.

De então para cá, decorreu um trabalho que pretendia progressivamente reconstruir o mercado de arrendamento em Portugal, com o objectivo de encontrar uma resposta para as famílias que não podiam ou não queriam adquirir casa.

Um dos problemas mais sensíveis deste percurso relacionava-se com aqueles que viviam há várias décadas em casas antigas e com rendas congeladas e que não teriam capacidade económica para suportar o seu aumento. Nos anos 80, as famílias que estavam nesta situação com os chamados contratos antigos, excediam um milhão. Nos censos de 2001 e de 2011 este número desceu, primeiro para cerca de 440 mil e depois para 255 mil.

Ao longo destas décadas, foi sendo evidente que o Estado não tinha capacidade orçamental para financiar um subsídio de renda generalizado, que muitos preconizavam e consideravam indispensável para suportar o descongelamento das rendas. Também era óbvio que uma liberalização do arrendamento urbano, realizada sem um processo de transição, poderia ter efeitos imprevisíveis para os quais as instituições públicas não teriam capacidade de resposta.

Nestes 33 anos, houve uma dezena de governos, uns com maioria absoluta, outros minoritários ou de coligação. Todos os que antecederam o actual contribuíram de alguma forma para a progressão que se verificou no arrendamento urbano e cujos passos mais marcantes sintetizo seguidamente.

Em 1986 foi publicada a regulamentação da “Lei da Rendas” com a criação do primeiro subsídio de renda e a reformulação do regime de renda condicionada.

Em 1990 foi aprovado o RAU (Regime de Arrendamento Urbano) que tipificou os vários tipos de regimes de rendas e introduziu os contratos de duração limitada.

Em 1995 foi publicado o diploma que alargou estas reformas ao arrendamento não habitacional.

Em 2000 foi publicada legislação que determinou várias alterações, embora pontuais, para dar maior segurança entre as partes na celebração dos contratos.

Em 2004 foi apresentada uma reforma do regime de arrendamento que não se chegou a concretizar porque o Parlamento foi dissolvido e o governo caiu.

Em 2006, com o NRAU (Novo Regime de Arrendamento Urbano), deram-se novos passos para concluir o processo de descongelamento das rendas num horizonte de dez anos, criou-se um novo subsídio de renda e foi introduzido um mecanismo para inviabilizar os trespasses.

Em 2012, com as alterações realizadas ao NRAU, foi liberalizada a duração dos contratos, eliminou-se a exigência de realização de obras para actualizar rendas, estabeleceram-se novos prazos para a transição dos contratos antigos para o novo regime, nasceu o Balcão Nacional do Arrendamento (BNA) e o procedimento especial de despejo e foi introduzido um novo sistema de protecção dos arrendatários idosos ou com deficiência através de um outro subsídio de renda.

Muitos dirão que estes passos foram tímidos, pouco ousados e que se arrastaram demasiado no tempo. Têm razão.

O caminho percorrido foi sinuoso e certamente muito demorado. Olhando para trás, é possível dizer que deveríamos ter avançado mais depressa e que em muitos casos houve excessivas hesitações.

Mas em todas as alterações e independentemente da sua bondade ou resultados, procurava-se que o arrendamento urbano se tornasse uma actividade viável e atractiva para os investidores e que os proprietários tivessem motivos para confiar os seus imóveis para o arrendamento.

Esta questão tornou-se premente a partir de 2002, quando acabou o crédito bonificado à aquisição de casa própria, num momento em que o mercado de habitação já apresentava sinais de saturação e o setor da construção entrou em queda. É este o ponto de viragem no paradigma que, durante décadas, modelou e financiou a oferta habitacional em Portugal.

O crédito bonificado à construção e aquisição de casa própria foi durante estas décadas a solução para contornar os custos políticos de uma reforma do arrendamento urbano que, independentemente do seu alcance, seria sempre controversa e penalizadora.

Importa realçar que o PCP e a Associação de Inquilinos Lisbonense, sempre que se aprovava uma alteração às regras do arrendamento urbano, vaticinavam catástrofes e hecatombes sociais de proporções inimagináveis. Expressões como “crime social”, “fomento dos despejos” e “lei de despejos”, são recorrentemente usadas desde 1985 e com particular veemência aquando dos processos legislativos mais significativos, como sucedeu em 1985, 1990, 2006 e 2012.

Como agora se pode constatar, as catástrofes que anunciaram nunca ocorreram.

Mas este receio esteve sempre bem presente nos processos legislativos.

Para se conseguir que o mercado de arrendamento urbano começasse a funcionar com normalidade, era necessário eliminar definitivamente as situações residuais dos contratos antigos e com rendas congeladas e estabelecer um sistema que transmitisse segurança e confiança, sem que pairasse o espectro da incerteza sobre o contrato celebrado e o pagamento da renda.

Esse sistema tinha que garantir a qualquer proprietário ou investidor que as poupanças que colocariam neste negócio não estariam sujeitas aos constrangimentos que se verificaram no passado: contratos de duração vitalícia, transmissões dos arrendamentos, congelamentos de rendas ou limitações às suas actualizações, processos de despejo que se eternizavam, ocupação e vandalização das habitações sem consequências para os prevaricadores.

Como em qualquer negócio, a avaliação do risco determina a sua viabilidade.

Em Portugal, as flutuações políticas ocorridas em mais de 100 anos, tiveram sempre reflexos negativos sobre as regras de funcionamento do mercado de arrendamento. Primeiro no período final da Monarquia, depois na 1ª República e no Estado Novo e finalmente após o 25 de Abril de 1974.

No percurso de 33 anos vivido após 1985, foi possível manter uma trajectória reformista, porque havia um consenso entre as principais forças políticas e agentes do setor.

Tudo mudou no início de 2016.

Desde que o actual governo iniciou funções que no domínio da habitação se sucedem os anúncios, as proclamações, as medidas mais desmedidas que se podem imaginar, as acusações, as desculpas, os comícios e as manifestações. Não há memória de tanto se falar em habitação.

Mas como diz o provérbio “são mais as vozes que as nozes”.

Inicialmente foi o ataque ao regime de arrendamento apoiado, que se aplica aos bairros sociais. Aprovaram uma nova lei (a Lei 32/2016, de 24 de Agosto), que em menos de um ano, pela voz dos seus principais promotores, o PCP e o Bloco, passou de justa a injusta e de fantástica a desadequada. Bastou que as respectivas clientelas, que querem viver em casas do Estado praticamente de borla, fossem confrontadas com as óbvias obrigações de qualquer arrendatário.

O resultado imediato destas alterações foi a perda de autoridade dos senhorios públicos para aplicar a lei, a permissividade com as ocupações ilegais, a criação de dificuldades em actualizar as rendas e acima de tudo os constrangimentos para confrontar os “caloteiros” com uma escolha simples: ou pagavam a renda ou enfrentavam a acção de despejo.

Seguiu-se a investida sobre o arrendamento não habitacional. A pretexto do encerramento de alguns estabelecimentos comerciais decrépitos e que há muito tinham perdido viabilidade, criaram a figura das “lojas com história”. Em vez de definirem uma política pública que permitiria apoiar e valorizar os estabelecimentos considerados notáveis e que financiaria a sua manutenção e a reabilitação dos edifícios onde se encontram, atiraram para cima dos senhorios com todas as responsabilidades, prorrogaram os respectivos contratos e congelaram as rendas.

Trata-se de medidas que criaram um beco sem saída para todos. Para os comerciantes, para os senhorios e para os municípios, porque na maior parte dos casos são negócios inviáveis e só atrasará a reabilitação dos respectivos edifícios.

Quando percorremos as zonas mais antigas dos nossos centros urbanos, é confrangedor verificar a enorme quantidade de espaços não habitacionais encerrados e vazios. Esta realidade tem mais de uma década e é indissociável de dois acontecimentos: a crise económica que desde o ano 2001 tem vindo a reduzir o poder de compra das famílias e atingiu em cheio o comércio tradicional e o NRAU de 2006 da autoria de António Costa (então Ministro de José Sócrates responsável por esta reforma) que acabou e bem, com os trespasses. Para os que já não se recordam, os trespasses eram o passaporte para a reforma de muitos comerciantes que por esta via “vendiam” o seu estabelecimento arrendado, sem que o senhorio o pudesse impedir. Estes trespasses davam sangue novo a estas actividades, recapitalizavam-nas e permitiam em muitos casos a sua continuação.

A figura das “lojas com história” tem mérito, mas foi criada contra os senhorios, colocando nas mãos destes uma responsabilidade que devia ser assumida e financiada pelo Estado.

E as entidades públicas são as primeiras a ignorarem as regras que aprovaram, quando julgam em causa própria. A conduta da Câmara Municipal de Lisboa é reveladora desta indecência. No caso do “Restaurante A Gôndola” na Praça de Espanha, cujo edifício entretanto demolido era propriedade municipal, a câmara fez cessar o arrendamento e vendeu-o a uma instituição bancária. Também em Lisboa, na Rua de S. Lázaro, a câmara vai pelo mesmo caminho para realizar um negócio imobiliário.

Depois foi o ataque à “Lei dos despejos”, onde se criou uma encenação com notícias alarmantes sobre famílias que estavam a ser despejadas. Agora é claro que não se tratavam de despejos, mas de contratos celebrados na década que se seguiu à publicação do NRAU de António Costa de 2006, que tinham chegado ao seu termo. Ainda hoje continuamos sem saber a quantidade dos ditos “despejos” que serviram para provocar tanto alarido.

Mas ao criarem tanta agitação com algo que não passava de um logro, ficaram com um problema. Era preciso aparentar que se fazia qualquer coisa e em vez de aprovarem medidas concretas para resolver a crise de que tanto falam, produziram uma aberração: aprovaram uma lei que suspende até ao final de Março de 2019 os processos de despejo de arrendatários com idade superior a 65 anos e cujos contratos tenham mais de 15 anos.

Mais uma vez, armaram uma ilusão sem terem a menor ideia de quantos casos poderão existir nestas circunstâncias.

E fizeram-no ao mesmo tempo que enfiaram na gaveta o subsídio de renda criado em 2015 e que permitiria responder a estas e muitas outras situações de famílias em risco de perderem o alojamento. E a razão invocada é espantosa: “um problema orçamental” como reconheceu o ministro da tutela numa entrevista que deu em Agosto de 2017. Por outras palavras, não tinham dinheiro.

Não satisfeitos com estas decisões, em cima dos faseamentos de actualização de rendas iniciados em 2006, alargaram os prazos de transição da reforma de 2012, prolongando na prática o congelamento das rendas por mais uma década. Não deixa de ser curioso que esta nova prorrogação é criada quando os prazos de transição do NRAU de António Costa de 2006 já se encontravam esgotados. Ou seja houve prorrogação de prazos para a reforma de 2012, mas não para a de 2006, sendo que esta provocou em muitos casos, aumentos de renda superiores à da reforma de 2012.

Seguiu-se a crítica à precariedade habitacional supostamente criada pela reforma de 2012. Mas quando analisamos as propostas que estão para aprovação no Parlamento, constatamos que discutem se a duração mínima de um contrato de arrendamento deve ser de um, de três ou de cinco anos. Afinal, aquilo que hoje debatem é a dimensão da precariedade que tanto criticaram à reforma de 2012.

Logo a seguir anunciaram que os contratos de arrendamento se convertiam em vitalícios para arrendatários com idade superior a 65 anos, com grau de deficiência superior a 60% e que vivam nas casas que arrendam há mais de 25 anos. Também aqui se desconhece a dimensão desta realidade.

Novamente, atiraram para cima dos privados com a responsabilidade de assegurar o direito constitucional de garantir o acesso ao alojamento às famílias em situação de maior fragilidade.

Nunca o Estado levou tão longe a privatização das suas responsabilidades num dos pilares do estado social: a habitação.

E para degradar ainda mais a confiança neste sistema, fizeram duas alterações numa matéria que é crítica e que se relaciona com a cobrança das rendas: a mora pelo atraso no pagamento da renda será reduzida de 50 para 20% e o processo de despejo só poderá ser accionado se estiverem em dívida três rendas, quando antes bastavam duas.

A sucessão de anúncios, medidas e propostas, atingiu o clímax quando, a pretexto da venda das habitações da Fidelidade, se lembraram de alterar o regime do direito de preferência. Após ler o diploma aprovado, percebe-se a sua inutilidade e ineficiência, quer para os arrendatários, quer para quem pretenda vender um imóvel arrendado. O disparate chegou ao ponto de terem legislado sobre o exercício do direito de preferência relativo a uma parte de um imóvel que não está constituído em propriedade horizontal, ignorando que a respectiva câmara municipal tem poderes para impedir a constituição dessa propriedade horizontal. Pior ainda, ignoraram as situações em que a transacção pode envolver um imóvel cujo destino é a demolição. Enfim, mais um ato de propaganda, para gerar uma ilusão e simular uma solução com resultados aberrantes.

Depois do bode expiatório da “Lei dos Despejos”, viraram-se contra o alojamento local.

Aprovaram uma lei que “inventou a roda”, só que esta é quadrada. Ninguém sabe como é que os condomínios a poderão aplicar e os poderes conferidos aos municípios para “travar” a expansão desta actividade vai gerar todo o tipo de iniquidades e perversidades. A figura das quotas é um absurdo cujo único resultado será aumentar a quantidade de casas vazias, inflacionar os preços e expandir a “gentrificação” de que tanto se queixam. E a confirmar-se que vão limitar o número de alojamentos locais por proprietário, assistiremos a uma proliferação de pequenos proprietários que servirá para esconder uma realidade económica bem distinta.

Depois de terem perorado durante mais de três anos sobre os problemas do alojamento local, é escandaloso verificar que chegada a hora de aplicar a lei e fazer os regulamentos, limitam-se a suspender o licenciamento de novos alojamentos. Afinal, não sabem o que fazer.

Mas já perceberam as consequências da proliferação dos seus anúncios e medidas. Como não há casas para arrendar, agora propõem-se criar um regime para arrendar de forma forçada os imóveis que sejam qualificados como devolutos. Mais uma vez, estamos perante decisões inconsequentes e inviáveis. Bastaria analisar os resultados da aplicação do agravamento do IMI aos imóveis devolutos, que vigora há mais de uma década, para se perceber que estamos perante mais um embuste.

Mas a maior das anedotas é a criação da figura do “assédio no arrendamento”, também apelidado de “bullying imobiliário”, como se estivéssemos num ambiente escolar. Uma infantilidade. Cabe perguntar se as verdadeiras vítimas deste “bullying” não são aqueles que colocaram as suas poupanças em casas para arrendar e que, há décadas, são esbulhados dos investimentos que realizaram.

E finalmente vieram anunciar um grande pacote de benefícios fiscais para quem arrendar, esquecendo-se, mais uma vez, dos contratos antigos e ainda daqueles a quem foi prorrogado o congelamento das rendas.

Desculpem-me a imagem sórdida, mas estes benefícios fiscais parecem-se com uma aspirina que é oferecida a quem foi obrigado a engolir várias cápsulas de cianeto.

Há uma proclamação feita por um membro do governo que ridiculariza esta governação: “queremos uma política de habitação centrada nas pessoas e não nas casas”. Andam a brincar com as palavras, mas a triste realidade é que agora as pessoas não encontram casa…

Decorridos pouco mais de 33 meses desta governação, os resultados são aterradores. Os preços não param de subir. A oferta é cada vez mais escassa.

As medidas que anunciaram e as que aprovaram já têm efeitos perversos, cujas primeiras vítimas são as famílias em situação mais frágil e que esta esquerda proclama como os seus protegidos, bem como os que procuram uma casa para arrendar.

A idade e a deficiência constituíram-se como armadilhas que se viram contra as famílias que procuram casa. O espectro criado com a decisão de tornar vitalício qualquer contrato de arrendamento celebrado com pessoas nestas circunstâncias, passou a excluí-las do acesso a um arrendamento.

A figura das “lojas com história” ditará o fim dos contratos de arrendamento não habitacional assim que se aproximar o limiar dos 25 anos da sua duração. Estes contratos de arrendamento nunca mais alcançarão essa longevidade.

Os malabarismos realizados com o regime do direito de preferência terão efeitos devastadores. Ninguém celebrará contratos de arrendamento com duração superior a dois anos e nos poucos casos em que o direito de preferência se concretize sem que exista propriedade horizontal, estaremos perante condomínios que nunca irão funcionar. Entretanto, investidores institucionais no arrendamento como era o caso da Fidelidade, fogem deste negócio o mais rapidamente que podem.

Nestes 33 meses, com anúncios e medidas disparatadas e inconsequentes, esta governação destruiu a segurança e a confiança que se procurou criar ao longo de 33 anos.

Os danos perdurarão por muito tempo. O PCP e o Bloco de Esquerda, com a ajuda do PS, estão de parabéns. Conseguiram o que preconizaram durante décadas: a destruição da iniciativa privada no arrendamento urbano em Portugal. A partir de agora, este negócio será cada vez mais residual e só servirá quem tiver dinheiro para pagar rendas milionárias.

Só um ingénuo colocará as suas poupanças num sistema que, a todo o momento, está sob a ameaça de um assalto legislativo e fiscal conduzido por uma governação irresponsável que vive exclusivamente para as notícias e a propaganda.

Está novamente demonstrado que é possível estragar num ápice, o que levou muito tempo a consertar.

Por muito optimista que se seja, o mercado de arrendamento urbano em Portugal está morto e não se recomenda.

Arquitecto, presidente do Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana de 2012 a 2017

https://observador.pt/opiniao/arrendamento-estragaram-em-33-meses-o-trabalho-de-33-anos/

A Geringonça a destruir o mercado do arrendamento!
 
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Re: Economia nacional
« Responder #34 em: Outubro 26, 2018, 05:22:19 pm »
Brasileiros vendem Cimpor ao turcos da OYAK

O novo dono da Cimpor é um conglomerado industrial e financeiro da Turquia.



Os brasileiros donos da Cimpor acabam de anunciar em comunicado que vão vender a cimenteira portuguesa e o negócio de Cabo Verde aos turcos da OYAK que é um conglomerado industrial e financeiro.

A InterCement e a Cimpor “assinaram com o Grupo OYAK um contrato que tem como objecto a venda de todos os activos que compõem a unidade de negócio de Portugal e Cabo Verde”, diz o comunicado enviado às redacções.

A InterCement é a antiga Camargo Corrêa Cimentos que é uma empresa brasileira pertencente ao Grupo Camargo Corrêa que actua na produção de cimentos, e que comprou a Cimpor em 2012.

Segundo o comunicado conjunto da Cimpor e do OYAK (Ordu Yardımlaşma Kurumu), este grupo assinou hoje um contrato com a Cimpor – Cimentos de Portugal com vista à aquisição de todos os activos que compõem a Unidade de Negócio de Portugal e Cabo Verde da Cimpor.

Através desta aquisição, a OYAK integrará no seu portfolio as três fábricas e as duas moagens de cimento, as 20 pedreiras e as 46 centrais de betão localizadas em Portugal e em Cabo Verde.

As actuais estruturas directivas das áreas produtivas e dos serviços centrais da Cimpor em Portugal e Cabo Verde manter-se-ão em funções, garantem as empresas.

O valor do negócio não foi avançado mas a Reuters está a relatar que a InterCement encaixa 700 milhões de euros. A Camargo investiu 1,5 mil milhões em 2012 para controlar a quase totalidade da empresa.

“No âmbito da sua estratégia de internacionalização, a OYAK Cement identificou o potencial de integração da Cimpor Portugal e Cabo Verde, valorizando em particular o seu know-how, capacidade operacional, a escala, o posicionamento geográfico e a sua capacidade exportadora”, diz o comunicado.

O OYAK é o primeiro e maior fundo de pensões (‘second tier’) na Turquia, fundado em 1961, e o grupo líder em investimentos estratégicos em sectores lucrativos e de crescimento continuado de diversas indústrias como o cimento e a betão, a exploração mineira e a metalúrgica, o automóvel, a energia e o sector químico, a agricultura, a logística, as finanças e a alumina especializada, explica a nota enviada pela Cimpor.

O OYAK emprega actualmente cerca de 30 mil pessoas em 19 países, e registou, em 2017, um volume de negócios de 10,2 mil milhões de dólares.

A OYAK Cement conta com 7 fábricas integradas de cimento, 3 moagens de cimento, 45 centrais de betão pronto localizadas na Turquia, com uma capacidade anual de produção de 12 milhões de toneladas.

Segundo o comunicado o novo dono da cimenteira portuguesa é líder de mercado na Turquia, “a OYAK Cement é uma referência no desenvolvimento de soluções inovadoras para a utilização de cimento, orientadas por critérios de eficiência, criatividade e rentabilidade, bem como pela sua actuação sustentável e responsável em termos ambientais e comunitários”, asseguram.

“A estes atributos juntam-se a reputação e a força comercial da marca e dos produtos Cimpor, que serão peças-chave no desenvolvimento estratégico do negócio de cimento da OYAK”, acrescentam.

A história de como a Cimpor foi comprada pelos brasileiros da Camargo Correia, em 2012 não escapou a críticas e polémicas. Tendo sido na sequência de uma OPA lançada em 2009 pela brasileira CSN (empresa de siderurgia), que queria através da Cimpor (que detém a Cimpor Brasil), entrar no sector dos cimentos no Brasil, o que não agradou aos concorrentes brasileiros que controlam o mercado, como a Camargo Correia e Votorantim. Para impedir a OPA da CSN, a Camargo lança uma OPA concorrente à Cimpor e foi a CGD que acabou por ajudar a Camargo Correia, porque faz um acordo com a Votorantim em nome de manter um núcleo de accionistas portugueses com um parceiro minoritário brasileiro, que incluía a CGD e a Teixeira Duarte. Mas esta roeu a corda e numa madrugada vendeu à Camargo Correia, mais tarde ambas as cimenteiras brasileiras entendem-se e assim a InterCement ficou a dona da Cimpor, uma empresa que em Portugal passou por uma crise que se traduziu em prejuízos anuais.

https://jornaleconomico.sapo.pt/noticias/brasileiros-vendem-cimpor-ao-turcos-da-oyak-370865

Mais um episódio da novela da venda de uma das maiores e melhores empresas cimenteiras do mundo a um grupo de empresas brasileiras de cimentos de 5ª categoria que destruíram completamente a Cimpor, só para destruir mais um concorrente no Brasil! Só assim se justifica a compra por 1,5 mil milhões e a venda agora por 700 milhões! Pelo caminho, a InterCement apoderou-se de todas as fábricas da Cimpor e só deixou as fábricas em Portugal e Cabo Verde. O princípio do fim da Cimpor começou a ser traçado, quando o Sócrates impediu a venda da Cimpor à portuguesa Secil, para vender aos amigos de Lula, já que é uma das 3 empresas brasileiras a operar em Portugal e investigadas no Lava Jato: https://expresso.sapo.pt/internacional/2015-07-17-Viagem-de-Lula-para-o-lancamento-do-livro-de-Socrates-foi-paga-pela-Odebrecht#gs.yibsBU8
A Actual Cimpor tem ainda como actual Presidente do Conselho de Administração o sinistro Proença de Carvalho!
 
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Re: Economia nacional
« Responder #35 em: Outubro 31, 2018, 01:34:41 am »
Imposto subiu 6 cêntimos em 2016. Agora baixa 3 cêntimos e só na gasolina. Porquê?

Mário Centeno anunciou finalmente uma descida no imposto sobre os combustíveis para 2019. Mas são apenas três cêntimos, só vale para a gasolina e ninguém sabe quanto vai custar.



Finalmente uma boa notícia para os automobilistas. Durante a discussão da proposta de Orçamento do Estado para 2019, o ministro das Finanças anunciou que vai baixar o imposto sobre a gasolina. Mário Centeno afirmou, em resposta aos deputados do CDS e do PCP, que ia reverter o aumento extraordinário do imposto sobre os produtos petrolíferos decidido em 2016 no primeiro Orçamento do Estado da “geringonça”. Mas a anunciada descida do ISP (imposto sobre os produtos petrolíferos) só irá abranger a gasolina e vai, segundo esclareceu Mário Centeno aos deputados, ficar pelos três cêntimos por litro. Este valor representa metade do aumento decidido há dois anos e meio e deixa de fora o combustível mais vendido em Portugal.

1 Se o imposto subiu 6 cêntimos em 2016 porque baixa agora metade?

É certo que o ministro das Finanças anunciou que ia reverter essa medida no caso da gasolina, mas Mário Centeno também afirmou que a descida prevista, mas não expressa na proposta de Orçamento do Estado, iria colocar o ISP aos níveis em que estavam antes da atualização feita em 2016, e que foi da sua responsabilidade.Uma consulta às estatísticas da Direção-Geral da Energia e Geologia ajuda a explicar o que parece uma contradição. Em fevereiro de 2016, o imposto petrolífero subiu seis cêntimos nos dois combustíveis. Uma medida que foi justificada pela necessidade de compensar a perda de receita no IVA sobre os combustíveis que resultava da descida dos preços finais dos combustíveis.

Mas, enquanto que no gasóleo o imposto petrolífero não só se manteve como até se agravou ligeiramente, na gasolina aconteceu o inverso. O ISP baixou ainda um cêntimo em 2016 e mais dois cêntimos em 2017. E apesar de ter sofrido um agravamento inferior a um cêntimo no início do ano, o imposto sobre a gasolina está hoje mais baixo do que no dia a seguir ao do “enorme aumento de impostos” sobre os combustíveis de 2016. Logo, regressar aos níveis anteriores a essa subida, implicaria baixar o ISP da gasolina em cerca de 3,8 cêntimos por litro. Centeno disse que seriam 3 cêntimos.

2 Porque fica o gasóleo de fora?

Essa será a pergunta que interessa à maioria dos automobilistas portugueses, já que o gasóleo representa cerca de dois terços das vendas de combustível rodoviário. Mário Centeno não deu grandes explicações, mas remeteu para a reforma da fiscalidade sobre a energia, uma reforma que teve um grupo de trabalho cujo relatório não é conhecido ainda, mas que apontará no sentido do agravamento fiscal sobre o gasóleo e a aproximação do nível de imposto cobrado sobre este combustível ao da gasolina.

Esta é uma tendência europeia que já tinha sido sinalizada na reforma da fiscalidade verde de 2014, feita pelo anterior Governo, com a criação de uma taxa de carbono nos combustíveis que, desde logo, penalizou mais o gasóleo. O movimento anti-gasóleo tem vindo a ganhar força em várias cidades e países europeus, muito por efeito do escândalo das emissões da Volkswagen que chegou a outras marcas. E não são apenas os governos que estão a penalizar o gasóleo com mais impostos e até interdições para daqui a algumas décadas. Também os consumidores estão a fugir dos carros a diesel e a procurar mais a gasolina e os modelos híbridos que combinam o abastecimento elétrico com a gasolina. O movimento irá chegar às vendas de gasóleo.

Outra razão que explica porque se continua a carregar no gasóleo, apesar de ser o combustível usado pelos transportes de mercadorias e com maior impacto na economia, é a criação do gasóleo profissional. Um produto que garante aos grandes transportadores de mercadorias, com camiões de 35 toneladas para consumos até 30 mil litros por ano, o reembolso do imposto a mais que é cobrado em Portugal em relação ao outro lado da fronteira. Mas este reembolso deixa de fora ligeiros de mercadorias e pesados que não cumpram estas disposições.

..........

https://observador.pt/2018/10/29/imposto-subiu-6-centimos-em-2016-agora-baixa-3-centimos-e-so-na-gasolina-porque/

Mais uma medida estranha e completamente estúpida deste desgoverno! Os donos de Ferraris, Porsche, Lamborguini, Bentley, Rolls Royce..... que são pessoas necessitadas, agradecem!!!!!!
No mínimo um disparate!!!!!!!
 

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Re: Economia nacional
« Responder #36 em: Novembro 03, 2018, 05:33:48 pm »
Emissão de dívida em moeda chinesa avança até Junho

Portugal prepara-se para colocar 377 milhões de euros em Obrigações em renminbi para alargar a base de investidores. A data exacta irá depender das condições de mercado, do apetite dos investidores e das necessidades de financiamento do país.



A primeira emissão de dívida portuguesa em moeda chinesa deverá acontecer até ao final do primeiro semestre de 2019. O objectivo é diversificar a base de investidores que financiam a República e o Jornal Económico apurou que o montante das operações poderá chegar aos 377 milhões de euros no conjunto do ano.

“É um mercado que está a crescer muito, com uma dimensão já neste momento é muito significativa. Portanto estar nesse mercado e ser o primeiro país da área do euro a emitir nesse mercado é algo que nos orgulha, até pelas ligações históricas de Portugal ao Extremo Oriente”, explicou Ricardo Mourinho Félix, secretário de Estado Adjunto e das Finanças, em entrevista ao Jornal Económico.

A emissão deste tipo de títulos, conhecidos como panda bonds, foi anunciada pelo Governo em Setembro de 2017 e já tem autorização do banco central da China, mas até agora ainda não aconteceu. Mourinho Félix afirmou que a Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública – IGCP está ainda a trabalhar na emissão, “mas deverá ser no primeiro semestre do próximo ano com uma probabilidade elevada”.

O secretário de Estado não especificou qual o montante indicativo para a operação, ou se será realizado em uma ou várias colocações, mas está inscrito na proposta do Orçamento do_Estado para 2019 que o Tesouro pretende emitir 377 milhões de euros em dívida denominada em moeda que não euro. Apesar de Portugal ter Obrigações em dólares, o Jornal Económico sabe que todo esse montante está planeado para títulos na divisa chinesa, que deverão totalizar os três mil milhões de renminbi, à taxa de câmbio actual.

A data exacta para a emissão irá depender das condições do mercado. “Temos que avaliar no momento da primeira emissão qual é o apetite dos investidores e também quais são as nossas necessidades de financiamento”, disse Mourinho Félix.

Regime fiscal desenhado para atrair investidores

O objectivo é sobretudo diversificar e alargar a base de investidores, de acordo com o secretário de Estado. Por isso, o Tesouro irá olhar para as condições no mercado nesse momento e para as necessidades de financiamento. Portugal tem beneficiado de condições externas favoráveis, bem como da maior confiança de agências de rating e investidores para emitir dívida a taxas de juro cada vez mais baixas. Depois da primeira emissão, e caso seja bem sucedida, o Tesouro irá avaliar depois se irá realizar emissões seguintes que dêem liquidez e que permitam aos investidores gerir essa dívida nas suas carteiras com lucro, mas também com benefício para a República Portuguesa. “Penso que por essa via também, temos todas as condições para ter aí um papel que seja muito bom para Portugal do ponto de vista do alargamento da base de investidores”, sublinhou.

Para aumentar a atractividade das panda bonds, o Governo propôs ao Parlamento benefícios fiscais para investidores estrangeiros que comprem dívida pública portuguesa emitida em moeda chinesa. A medida implica a isenção de pagamento de IRS ou de IRC dos juros decorrentes de contratos de empréstimo celebrados pelo IGCP em nome e em representação da República Portuguesa, sob a forma de obrigações colocadas em mercado primário.

A isenção é aplicada a títulos subscritos ou detidos por não residentes sem estabelecimento estável em território português ao qual o empréstimo seja imputado. A exceção são residentes em país, território ou região sujeito a um regime fiscal claramente mais favorável constante de lista aprovada por portaria do membro do Governo responsável pela área das Finanças.

De fora ficam também as transacções em mercado secundário. Sempre que os valores mobiliários abrangidos pela isenção sejam adquiridos em mercado secundário por sujeitos passivos residentes ou não residentes com estabelecimento estável no território português ao qual seja imputada a respectiva titularidade, os rendimentos auferidos devem ser incluídos na declaração de IRS ou IRC.

Governo previne turbulência no  mercado

Apesar das condições crescentemente favoráveis (desde 2016) que têm beneficiado a dívida portuguesa, as últimas colocações de dívida já têm resultado em juros ligeiramente mais elevados. Ainda na semana passada, o IGCP pagou um juro de 1,939% para emitir 782 milhões de euros em Obrigações do Tesouro a 10 anos, o que representa uma subida face à última colocação de dívida benchmark.

Não só os custos de financiamento do país subiram como não foi alcançado o montante máximo indicativo do leilão, que se situava nos mil milhões de euros. A principal razão foi a incerteza generalizada a todo o mercado de dívida da zona euro devido ao conflito entre Itália e a Comissão Europeia em relação ao défice do país.

A curto prazo, a tendência é a mesma. Esta quarta-feira, o Tesouro colocou 1.250 milhões de euros em Bilhetes do Tesouro (BT) com juros médios negativos. No entanto, as taxas subiram tanto a três meses como a 11 meses em relação aos anteriores leilões comparáveis.

A colocação de panda bonds, que deverão ter uma maturidade próxima de cinco anos, poderá ser uma forma de Portugal contrariar a pressão em momentos de incerteza. “É um programa inicial e a ideia é ter também esse mercado. Em situações em que seja desejável diversificar para outros mercados é algo que é útil em situações de turbulência, ter mais um mercado disponível. Passamos a ter dívida portuguesa emitida em dólares, em euros e em moeda chinesa”, explicou Mourinho Félix.

Por outro lado, o principal desafio é expor a dívida portuguesa ao risco cambial do renminbi, numa altura especialmente crítica. A guerra comercial tem aumentado a volatilidade em relação à moeda chinesa, que já acumula uma desvalorização de 7% face ao dólar desde o início do ano. A queda não se deverá acentuar de forma significativa dado que o banco central da China já sinalizou que poderá intervir e apertar o controlo de capitais para limitar os efeitos da efeito comercial.

O Tesouro está também a acompanhar e acautelar a volatilidade cambial, através de cobertura de risco. “Ao emitir em moeda estrangeira, tal como quando emitimos em dólares, há a cobertura do risco cambial, portanto não há aqui uma especulação de em relação à taxa de câmbio”, garantiu o secretário de Estado.

Primeiro país da zona euro a emitir panda bonds

Portugal tornou-se um dos países preferidos para o investimento estrangeiro ao longo da crise, período durante o qual empresas chinesas adquiriram uma série de participações em firmas portuguesas, especialmente nos sectores energético e bancário. Mais recentemente, em maio, a China Three Gorges lançou uma Oferta Pública de Aquisição (OPA) dos 76,7% do capital da EDP, por nove mil milhões de euros. No campo da dívida, a operação será, no entanto pioneira.

Os bancos contratados para realizar a operação de colocação são a Caixa Geral de Depósitos, o Banco da China e a HSBC, segundo informações dadas pelo ministro das Finanças, Mário Centeno, quando anunciou que o país tinha recebido luz verde dos reguladores chineses. Portugal irá, assim, juntar-se a um número muito limitado de países que já emitiu dívida em moeda chinesa, incluindo a Hungria, Polónia e Coreia do Sul.

A colocação de panda bonds poderá beneficiar de condições mais favoráveis do que o inicialmente previsto pelo Governo já que a China anunciou em Julho que está a preparar medidas de simplificação para os activos em renminbi com vista a encorajar a participação estrangeiro no mercado de dívida do país.

O montante actual de dívida estrangeira emitida em divisa chinesa é de apenas 160 mil milhões de renmibis, o que equivale a cerca de 20,1 mil milhões de euros e compara com um mercado de dívida no país que ascende a 9,6 biliões de euros. O interesse pelas panda bonds tem sido limitado, em parte, pelas regras pouco claras das qualificações dos emitentes e do destino dos retornos. O vice-governador do Banco da China, Pan Gongsheng, explicou à agência Reuters que as novas directrizes visam exactamente simplificar a emissão, a retirada de ganhos e o regime fiscal.

https://jornaleconomico.sapo.pt/noticias/emissao-de-divida-em-moeda-chinesa-avanca-ate-junho-2-373425

Portugal a ceder cada vez mais aos chineses.... e a Merkl é que era o diabo!
Ainda por cima vamos isentar os juros do IRS!!!! Só benesses!!!! (https://jornaleconomico.sapo.pt/noticias/oe2019-juros-das-panda-bonds-vao-ficar-isentos-de-pagar-irs-366336)
Seguros, Banca, Energia, tudo sectores irrelevantes, já têem uma percentagem muito grande de controlo Chinês! E vem aí o Presidente Chinês, para abrir ainda mais o mercado português e funcionar como entreposto comercial para a Europa!!!! (http://visao.sapo.pt/lusa/2018-10-22-Bruno-Macaes-diz-que-Emmanuel-Macron-receia-aproximacao-entre-Lisboa-e-Pequim)
 
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Re: Economia nacional
« Responder #37 em: Novembro 14, 2018, 11:15:12 am »
O país ancorado a 36%

Luís Aguiar-Conraria



A região que se esperaria que fosse o motor do país, a Área Metropolitana de Lisboa, serviu como uma âncora, puxando o país para baixo. E pesando de 36% no PIB nacional, é uma âncora demasiado pesada.

Ontem foi apresentado, no Palácio da Bolsa, um estudo patrocinado pela Associação Comercial do Porto com o título “Assimetrias e Convergência Regional”. O trabalho foi coordenado por Fernando Alexandre, que contou na sua equipa com João Cerejeira, Miguel Portela e Miguel Rodrigues (todos meus colegas) e ainda com Hélder Costa (que é meu ex-aluno). O trabalho com quase 200 páginas foi feito ao longo deste ano e pude, por muitas vezes, ver os meus colegas a trabalhar nele; cheguei a com eles discutir algumas conclusões.

Imagino que haja quem queira desvalorizar os resultados deste estudo, alegando que foi feito por encomenda de uma associação do Porto que tem lutado pela descentralização do país. Tal seria um erro. Quando são contratados académicos sérios (e eu ponho as mãos no fogo pela seriedade dos autores), só o estudo é que é encomendado. Os resultados não, esses são aquilo que a análise dos dados indicar. E, como académicos sérios que são, gostam de sujeitar os estudos ao crivo da comunidade científica, pelo que, a partir deste estudo, já escreveram um artigo científico que está neste momento a ser avaliado por uma revista internacional da área. É em grande parte com base nesse artigo académico, e não no estudo ontem apresentado, a que ainda não tive acesso, que escrevo a minha crónica de hoje.

Neste artigo, os autores começam por notar que entre 2008 e 2016, ao contrário do que se verificou nos restantes países intervencionados pela troika e da maioria dos países da União Europeia, as desigualdades entre as regiões portuguesas diminuíram. Esta evolução, repito, foi ao arrepio do resto da Europa e quer obviamente dizer que as regiões mais pobres cresceram mais e as mais ricas menos (ou, se se preferir, que as mais ricas sofreram mais com a crise e as mais pobres menos). Ou seja, aquela região que se esperaria que fosse o motor do país, a Área Metropolitana de Lisboa (AML), serviu como uma âncora, puxando o país para baixo. E, quando essa região tem um peso de 36% no PIB nacional, é uma âncora demasiado pesada para arrastar.

Como a crise financeira internacional e a crise da zona euro foram, no essencial, crises de sobreendividamento, uma hipótese para este comportamento era que o endividamento das regiões mais ricas de Portugal fosse maior. Uma riqueza a crédito, digamos assim. Por outro lado, no contexto da crise que atravessámos e dado o processo de consolidação das contas públicas, era inevitável que o principal factor de crescimento fossem as exportações. Assim sendo, era de esperar que as regiões com um maior peso do sector não transacionável tivessem tido mais dificuldades em reagir e em libertar-se da crise.

As hipóteses levantadas acima são, de um modo geral, confirmadas pelos dados, mas os autores vão mais longe. Vendo que as diferentes regiões do país têm diferentes graus de especialização, além de serem especializadas em sectores diferentes, conjecturam que isso tornará os seus ciclos económicos assíncronos. Quando assim é, é importante que as políticas regionais possam ser diferentes, dado que os problemas que enfrentam são também diferentes. Nesse sentido, os meus colegas testam se as regiões com maior peso de receitas próprias e, portanto, com maior margem para compensar quebras das transferências centrais conseguiram resistir melhor aos choques externos. E, mais uma vez, os dados confirmam esta tese, com as regiões que mais receitas conseguiram gerar a enfrentarem melhor os choques negativos que sofreram.*



O resultado de todos estes factores somados pode ser visto na tabela que apresento em cima. Nela podemos ver que, desde que começou a longa estagnação portuguesa, em 2000, a Área Metropolitana de Lisboa tem tido um desempenho verdadeiramente medíocre, sendo mesmo a região com pior desempenho entre 2008 e 2016, o que não surpreende se tivermos em atenção que é a região com maior peso da dívida (privada) sobre o PIB e que também tem um sector exportador com muito pouco peso. Para além disso, a AML é a região mais dependente do Estado, tendo uma grande fatia das vendas de bens e serviços a entidades públicas.

Por outro lado, as cinco regiões com maior vocação exportadora — Beira Baixa, Ave, Aveiro, Alto Minho e Trás-os-Montes — e o Alentejo Litoral (a região com maior peso de sectores transaccionáveis) estão entre as que mais contribuíram para o crescimento do país (entre 2000 e 2016) e para a recuperação da crise (2012-2016). E ainda para a alteração da estrutura produtiva, com o crescimento do sector da indústria transformadora a destacar-se.

Ao mesmo tempo que a região de Lisboa é uma das mais estagnadas do país, continua a ser aquela que mais recursos atrai. Há vários indicadores que o demonstram. O meu preferido é o da deslocação de diplomados, onde podemos ver a capacidade da região de Lisboa (e, em menor medida, do Porto) de captar quadros qualificados à custa de um brain drain das outras regiões.



A questão que temos de enfrentar é se faz sentido continuar a fazer da Área Metropolitana de Lisboa um sorvedouro de recursos de Portugal, quando já é de longe a região mais rica (sendo a única região com um PIB per capita superior ao da média da União Europeia), num momento em que esbarrou num modelo de desenvolvimento esgotado e há cada vez mais dados empíricos que mostram que a descentralização é boa para o crescimento.

* Imagino que alguns leitores estejam neste momento a pensar que a relação causa-efeito é a oposta, argumentando que foi graças ao facto de o crescimento ter sido maior que estas regiões geraram mais receitas próprias. Este problema da endogeneidade das receitas próprias foi tido em consideração nas estimações econométricas, pelo que os resultados não estão contaminados por ele.

https://observador.pt/opiniao/o-pais-ancorado-a-36/

Tradução simples: A região que mais desvia recursos do país, financeiros e humanos (licenciados) é a que mais arrasta o país para baixo!!!!
 

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Lusitano89

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Re: Economia nacional
« Responder #38 em: Novembro 21, 2018, 10:08:47 pm »
Bruxelas alerta Portugal para incumprimento das metas orçamentais


 

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Re: Economia nacional
« Responder #39 em: Novembro 25, 2018, 05:55:58 pm »
Quem tramou a Cimpor? De multinacional a pequena cimenteira



Muitas alianças e traições depois, aquela que chegou a ser a maior multinacional portuguesa acabou reduzida a três fábricas. Em apenas cinco anos, a Cimpor passou de lucros a prejuízos, duplicou a dívida e reduziu a rentabilidade para metade. O que ditou este encolhimento?

Seis anos nas mãos dos brasileiros da Camargo Corrêa e Votorantim bastaram para que a Cimpor, que chegou a integrar o top 10 das cimenteiras mundiais, fosse desmantelada. Numa complexa operação de troca de activos e de transferências de dívidas, a empresa acabou reduzida a pouco mais que três fábricas, agora vendidas aos turcos da OYAK.

O P2 relembra alguns episódios que marcaram o (trágico) percurso daquela que foi a maior multinacional portuguesa. Entre eles, algumas alianças e traições entre accionistas, incluindo o papel do misterioso “cavaleiro branco”, as consequências da guerra no BCP, e as decisões dos ministros Pina Moura e Vítor Gaspar, que, em momentos distintos, marcaram o rumo da empresa.

A Cimpor nasceu em 1976 a partir da nacionalização de várias cimenteiras, entre as quais a fundada pela família Champalimaud. E o crescimento foi rápido e global. Em 1992, pela mão de Sousa Gomes, já falecido, iniciou-se na internacionalização, com a aquisição da Corporación Noroeste, na Galiza. Em 1994 arrancou a reprivatização e a entrada da cimenteira em bolsa. Até 2000 deu vários passos de gigante: entrou no Brasil, onde fez duas aquisições importantes (o Grupo Brennand e a Companhia de Cimento Portland), em Marrocos, na Tunísia e no Egipto.

No início do novo século já era uma empresa cobiçada no mercado interno pela cimenteira Secil, de Pedro Queiroz Pereira, pela construtora Teixeira Duarte, de Pedro Teixeira Duarte, e pelos dois maiores players internacionais do sector: a francesa Lafarge e a suíça Holcim (antiga Holderbank). A mexicana Cemex também já tinha tentado uma fusão.

Em 2000, a Teixeira Duarte, que detinha 10% do capital da empresa, controlava a gestão, apoiada pela participação de 10% da Lafarge (interessada em travar a entrada da Holcim), e em mais 20% do capital repartido pelo BCP e pelo BPI, através dos respectivos fundos de pensões.

O presidente da Secil, Pedro Queiroz Pereira, olhava para este grupo e via concertação accionista, uma batalha que alimentou durante anos nos tribunais e junto da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), sem sucesso. Começa aqui o primeiro grande momento de fractura no cimento do poder da Cimpor.

Secil tenta controlo

Em Junho de 2000, a Secil, que detinha 10% da Cimpor, aliada aos suíços da Holcim (que pretendiam roubar a liderança mundial à Lafarge) lançam uma oferta pública de aquisição (OPA) sobre a cimenteira portuguesa, já espalhada por mercados importantes em todo o mundo. Os suíços financiavam a maioria da operação e ficariam com 70% dos activos, boa parte dos que estavam fora do país. Nessa altura, Pedro Queiroz Pereira defendia que a operação era a que melhor servia o interesse nacional, dada a iminência de a empresa passar integralmente para mãos estrangeiras.
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A oferta estava dependente do fim da golden share (direito de voto especial) detida pelo Estado português, que ainda mantinha 10% na empresa. E da consequente desblindagem de estatutos, que limitavam as participações a 10%. Condições que abriram a porta à intervenção do poder político.

É precisamente nos corredores do poder que a operação acaba por morrer. Enquanto o empresário que gostava de corridas de automóveis, onde era conhecido pelas iniciais P.Q.P., pedia autorização ao Governo de António Guterres para deter mais de 10% da cimenteira, os presidentes de alguns bancos, entre os quais o do BCP, Jardim Gonçalves, sensibilizavam, com sucesso, o ministro da Economia e Finanças da altura, Joaquim Pina Moura, para travar a operação, alegadamente em nome do “controlo nacional”.

A favor da desblindagem ficou, isolado, o BPI, que acabaria por vender a sua participação de 10% pouco tempo depois. Na altura, Fernando Ulrich, que era vice-presidente do banco, declarou: “Tendo sido lançada uma oferta pública de aquisição sobre a Cimpor, o controlo da empresa deve ser decidido pelo mercado e não por actos administrativos.”

A decisão de Pina Moura desagradou ao então secretário de Estado do Tesouro e das Finanças, António Nogueira Leite, que em declarações ao P2 recorda que essa foi uma das razões que o levaram a sair do Governo de Guterres, pouco tempo depois.

O “cavaleiro branco”

Em 2001, o Estado vende os últimos 10% da Cimpor à Teixeira Duarte, a única entidade que apresentou a concurso, e que dessa forma elevou a sua participação para 20,44%.

Pouco tempo depois, apareceu à venda um lote de acções, correspondentes a 11% do capital da cimenteira (provavelmente do BPI), que Pedro Teixeira Duarte quer comprar através da TDP SGPS, a sua holding pessoal e da sua mulher, acreditando que, dessa forma, escapava à contabilização conjunta com as acções detidas pelo grupo. Mas o empresário não tem dinheiro para fazer e vai bater à porta do BCP, de que é accionista. O fundador do banco, Jardim Gonçalves, amigo de Pedro Teixeira Duarte, diz-lhe que não é possível financiá-lo, dado o seu nível de endividamento, mas, em alternativa, sugere-lhe a entrada de um investidor externo na TDP SGPS. O banco garante-lhe tratar-se de um “white knight” (um “cavaleiro branco”), designação usada no mundo financeiro para investidores financeiros que não interferiam na gestão (que vulgarmente também se designam de “testas de ferro”). Neste caso, o “cavaleiro branco” visava garantir a Pedro Teixeira Duarte condições para continuar na liderança da cimenteira, numa altura de alguma instabilidade accionista.

O tal investidor secreto era Manuel Fino, também accionista do BCP, mas a sua identidade, a pedido deste, foi mantida em segredo, incluindo do próprio Pedro Teixeira Duarte. Isto porque o empresário dos têxteis-lar e de perfumaria era simultaneamente próximo de Pedro Teixeira Duarte e de Pedro Queiroz Pereira, que por esta altura o tinha convidado até a assumir uma participação na Secil/Semapa (o que não veio a acontecer).

Para cimentar o plano, que garantia ao BCP a sua continuação como banco da cimenteira e de parte dos seus accionistas, numa lógica de domínio de fileiras industriais (como aconteceu mais tarde no caso do BES/PT e outros), o BCP Investimentos foi mandatado para vender a Manuel Fino duas offshores, a Someria e a Medex, sediadas nas ilhas Man e Virgens. E ainda a assegurar o seu financiamento, juntamente com a Caixa Geral de Depósitos.

A entrada de Fino na TDP SGPS foi feita através de aumento de capital, ficando o fundador da Teixeira Duarte com 52% e os restantes 48% nas mãos do empresário da Covilhã. Na referida holding estavam acções da Teixeira Duarte, do BCP e da Soares da Costa (acções preferenciais sem voto, em operação articulada com o BCP).

A Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) entra em campo e entende que a participação do grupo/família Teixeira Duarte é superior. Em comunicado ao mercado, de Março de 2003, a CMVM obriga o grupo de construção a comunicar que lhe eram imputados 32,08% do capital social da cimenteira. A imputação do regulador da bolsa somava as acções detidas através da empresa Teixeira Duarte e a holding pessoal do empresário, a TDP SGPS (e do seu accionista misterioso), contabilização que a empresa contestava.

Enquanto se esgrimiam argumentos accionistas, a Cimpor crescia e, de 2001 a 2003, reforça a presença em Espanha, compra uma cimenteira na África do Sul e entra em Moçambique.

Incansável em provar que existia concertação, Pedro Queiroz Pereira foi à procura do rasto do accionista misterioso da TDP e descobriu que o dono de uma das offshores era Manuel Fino. Por esta altura, já Pedro Teixeira Duarte e Manuel Fino desfaziam o “casamento”, com receio de que a CMVM os obrigasse a lançar uma OPA. Em 2004, a Manuel Fino SGPS anuncia ao mercado que, através da Someria Enterprises, Inc, comprou a totalidade das acções da TDP SGPS, “da qual já era accionista”, como assumiu em comunicado, passando a deter 11.283 acções da Cimpor. Desse divórcio ficou ainda com a participação de 16% no grupo Soares da Costa.

Contactado pelo P2, o grupo Teixeira Duarte não se mostrou disponível para relembrar estas operações. Já o empresário Manuel Fino, em conversa telefónica, disse não se recordar de alguns acontecimentos relativos à Cimpor, mas negou que tenha entrado na TDP em segredo ou através de offshores. O P2 contactou ainda José Fino, filho de Manuel Fino e conhecedor das operações relativas à Cimpor, mas este recusou-se a falar sobre este assunto.

Guerras na Cimpor e no BCP

De 2004 a 2006, a Teixeira Duarte continuava a liderar a gestão da cimenteira, que aumentava a presença nos mercados internacionais, com a entrada em Angola, Cabo Verde e na China, onde compra 60% de uma cimenteira. O BCP e a Lafarge prosseguem “alinhados” com a estratégia de gestão.

Entretanto, os franceses vão reforçando a participação até chegar a 17% e o mesmo faz Manuel Fino, enquanto vão entrando outros accionistas, com perfil mais especulativo, como a Fundação Berardo, financiada pela CGD. Por esta altura, os dividendos distribuídos pela cimenteira pagavam os juros dos empréstimos que financiaram as aquisições de acções da própria empresa.

Mas tudo se precipita em 2006, após a oferta pública de aquisição (OPA) lançada pelo BPI sobre o BCP, que fracassa no mercado, mas cria uma forte divisão entre os seus accionistas, muitos deles comuns na cimenteira.

Armados por financiamentos da CGD, durante a gestão de Carlos Santos Ferreira e Armando Vara (2005-2007), no primeiro governo de José Sócrates, surgem novos accionistas do BCP, alinhados contra o fundador do banco, e outros reforçam posições. Manuel Fino fica ao lado dos opositores a Jardim, no banco e na cimenteira.

No primeiro semestre de 2007, o BCP chama Manuel Fino, um dos dez maiores devedores do banco, e, como a outros, propõe-lhe a venda das acções da Cimpor (onde a sua posição já ascendia a 20% do capital), do BCP e da Soares da Costa, cujas cotações ainda estavam altas, o que permitiria pagar os empréstimos no próprio banco e na CGD e ainda libertar 150 milhões de euros (dos quais teria de pagar 30 milhões de euros de impostos). O empresário aceita, mas, entretanto, os meses vão passando e a venda não se faz, com o argumento de que se se esperasse até Março de 2008 já não seria necessário pagar os 30 milhões de euros de impostos. Entre a aparente razoabilidade do argumento de engenharia fiscal ou a importância dos votos de Fino na contagem de espingardas internas, as acções não foram vendidas.

A falência de Fino e a desgraça da Teixeira Duarte

Em 2008, por força dos conflitos internos no banco e da crise financeira internacional, as acções do BCP e da cimenteira sofrem uma forte desvalorização. Já com Carlos Santos Ferreira e Armando Vara na liderança do BCP (transitados do banco público), o valor das acções já não garantem os empréstimos e vários accionistas acabam na falência.

Manuel Fino é um dos vários accionistas que deixam de pagar os empréstimos no BCP e na CGD, mais de 600 milhões de euros, repartidos entre as duas instituições.

O banco público volta, em 16 de Fevereiro de 2009, a apoiar o empresário. No âmbito de uma renegociação de créditos, acaba por lhe comprar, com possibilidade de reversão, os 9,6% do capital da Cimpor, ao preço de 4,75 euros por cada acção (25% acima do valor negociado em bolsa). Os direitos de voto das acções ficam nas mãos de Fino. Os contornos da operação obrigaram o então presidente do banco público, Faria de Oliveira, a dar, com visível embaraço, explicações no Parlamento.

É este lote de acções que, mais tarde, vai ser determinante para a entrega do controlo aos brasileiros.

Na “guerra” do BCP, a Teixeira Duarte fica inicialmente ao lado de Jardim Gonçalves, mas depois procura uma posição de neutralidade, decisão que não lhe garantiu a simpatia dos vencedores. Dessa forma, passa a accionista mal-amado, e, numa altura de forte desvalorização das acções da Cimpor e do BCP, a ser pressionado para reforçar as garantias dos empréstimos, o que não tem condições de fazer.

A ofensiva dos brasileiros e o papel da GCD

A última etapa da vida da Cimpor multinacional — chegou a ser classificada como a verdadeira multinacional de bandeira portuguesa, pela dispersão geográfica global — começa com a mudança do eixo de poder para o capital brasileiro. O ano de 2010 marcou a entrada em força dos brasileiros na Cimpor, com a Caixa Geral de Depósitos a assumir um papel importante no futuro da empresa.

A 30 de Dezembro de 2009, a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) anuncia uma oferta pública de aquisição (OPA) hostil sobre a Cimpor, oferecendo 5,75 euros por acção, que acabou por ser registada em 27 de Janeiro de 2010. A oferta, que não cumpria parte da legislação nacional, não foi aceite por boa parte dos accionistas.

O receio da posição de domínio que a CSN viria a ter no mercado brasileiro, onde a Cimpor tinha uma importante presença, leva os brasileiros da Votorantim e da Camargo Corrêa a atravessar o Atlântico. E a abrir uma nova frente de batalha accionista na Cimpor.

A Camargo Corrêa, grupo construtor, e fabricante dos conhecidos chinelos da marca Havaianas, parceiro da Votorantim em vários negócios, apresenta a 13 de Janeiro uma proposta de fusão com a Cimpor, que viria a ser retirada no mês seguinte.

Num movimento aparentemente autónomo, a Votorantim anunciou a 3 de Fevereiro a compra dos 17% que pertenciam aos franceses da Lafarge. E nessa mesma data a Votorantim celebra um acordo parassocial (definição de uma estratégia conjunta) com a Caixa, que utiliza os 9,59% do capital comprados a Manuel Fino (mas que este ainda podia recomprar até Fevereiro de 2012).

E é nesta altura que a estratégia pelo controlo da Cimpor contagia o mercado, com uma série de comunicações confusas dos intervenientes nesta operação, sintoma de mais uma negociação trabalhada nos bastidores.

A 4 de Fevereiro (um dia depois do acordo parassocial), a CGD comunica que lhe são imputáveis 26,91% dos direitos de voto da Cimpor (Votorantim + Caixa), assumindo os direitos de voto que são imputados, mesmo em data posterior, a Fino. Mas no dia seguinte (5 de Fevereiro) vem a Votorantim dizer que é a ela que são imputáveis os 26,91% dos direitos de voto. O acordo previa ainda um direito de preferência recíproco na venda das referidas participações.

O acordo parassocial refere que “as partes têm como motivação a constituição entre si de um bloco accionista minoritário, representando menos de um terço dos direitos de voto na Cimpor, que seja coeso e estável e que contribua, designadamente, para favorecer a estabilidade accionista da Cimpor (…)”.

Teixeira Duarte: traidora ou traída?

A Teixeira Duarte (TD), com os seus 22,17%, já tinha sido afastada da administração da cimenteira, por pressão de vários accionistas, incluindo Manuel Fino, que viria a propor Francisco Lacerda para presidente da comissão executiva. E porque se aliou a CGD aos brasileiros e não ao velho conhecido grupo de construção nacional? É uma questão sem resposta, na ressaca das guerras na banca. Para alguns responsáveis ouvidos pelo P2, o banco público tentou criar um núcleo accionista estável, que não excluía a Teixeira Duarte. Para outros, “o acordo foi feito à revelia da Teixeira Duarte, que se sentiu traída, e convidada a sair”.

Certo é que a 10 de Fevereiro, apenas cinco dias depois do acordo parassocial, a Teixeira Duarte anunciou a venda da totalidade da sua participação à Camargo Corrêa, por um valor considerado interessante (6,50 euros por acção), que a ajudou a reduzir o seu elevado endividamento, garantindo a continuação de uma parte do grupo.

Em resultado das operações atrás referidas, as duas empresas brasileiras, que viriam mais tarde a dividir os activos da empresa portuguesa, ficam a “controlar” mais de 50% dos direitos de voto da cimenteira portuguesa.

........ (continua)

https://www.publico.pt/2018/11/25/economia/noticia/tramou-cimpor-multinacional-cimenteira-1852107

Um trabalho de investigação jornalistica mais aprofundado, para percebermos melhor como é que os nossos políticos (PS, PSD e CDS) permitiram que 2 empresas brasileiras de 5ª categoria e super-endividadas destruíssem a nossa melhor e maior empresa da altura, com fábricas (dezenas) espalhadas pelo mundo e fazia parte do TOP10 mundial do sector (compraram a Cimpor, apoderaram-se de todas as fábricas e do dinheiro e meteram as dívidas colossais que já tinham na CIMPOR)!!!!! O mesmo passou-se com a PT e não sei o que vai acontecer à EDP, Galp..........
« Última modificação: Novembro 25, 2018, 05:59:45 pm por Viajante »
 
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Re: Economia nacional
« Responder #40 em: Novembro 25, 2018, 06:21:15 pm »
Mais um sindicato que corroeu tudo e uma chefia incompetente.
https://www.youtube.com/user/HSMW/videos

"Tudo pela Nação, nada contra a Nação."
 

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Re: Economia nacional
« Responder #41 em: Novembro 25, 2018, 09:23:29 pm »
Mais um sindicato que corroeu tudo e uma chefia incompetente.

Culpo mais neste caso, os políticos que por várias vezes apoiaram sem razão nenhuma, a venda aos brasileiros (excepto quando estão notas em cima da mesa) e dos próprios accionistas, que se endividaram muito para lá do que podiam, com a ajuda dos bancos, incluindo a pública CGD!!!!!!

Eu sou um absoluto europeista e tenho a certeza que hoje nunca o BCE aceitaria a CGD financiar empresários sem garantias reais (acções não valem para o BCE), e sem qualquer sentido ou que no mínimo proteja o dinheiro da CGD. Por isso é que o BCE obrigou os bancos nacionais a injectarem quantidades anormais de capital e obrigou ainda a venderam posições em Angola (lavagem de dinheiro), para que não se repitam empréstimos sem cobertura, que todos nós sabemos que em última análise quem paga somos nós o zé povinho!!!!!!

Quero ver o que acontece às grandes empresas nacionais que sobram, o que lhes vai acontecer, como na Galp (morreu o Américo Amorim, que controlava a Galp com a Isabelinha logo atrás, não sei se os herdeiros vão entender-se e o que vai fazer Angola com o capital investido!!!!). A Galp é só o maior exportador nacional!!!!! E mesmo a estrangeira Auto Europa, com tantas guerras e contratempos que vejo, não sei se vai ter futuro (exportador número 2!!!!!!!);

E as empresas em mãos de estrangeiros:
EDP;
BCP;
BPI;
REN;
SantanderTotta;
ANA;
Altice (ex-PT);
CTT.........

Nós somos peritos em destruir ou deixar destruir empresas nacionais que não ficavam nada a dever a qualquer outra nacional. A CIMPOR, CUF, PT ...... não tinham nada a temer de nenhuma outra empresa do sector, até a sangria que lhes foi infringida!!!!!
 
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Daniel

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Re: Economia nacional
« Responder #42 em: Dezembro 03, 2018, 01:42:33 pm »
MSF Engenharia apresenta pedido de insolvência após ter esgotado “todas as vias”
https://www.sapo.pt/noticias/economia/msf-engenharia-apresenta-pedido-de_5c0516d9de9be52876304f44


Citar
Na origem desta situação estará a "drástica redução de investimento público", e a "diminuição dos contratos nos mercados internacionais da empresa", explica a administração.O Conselho de Administração da MSF Engenharia apresentou um pedido de insolvência da empresa, de acordo com a informação avançada à agência Lusa pela construtora, que diz ter “esgotado todas as vias para evitar este desfecho”.

Em comunicado enviado à Lusa, o Conselho de Administração da MSF Engenharia afirma que a empresa não consegue assegurar recursos financeiros “para fazer face às despesas da sua atividade, em particular os salários vencidos”.

“Esgotadas todas as vias que se afiguravam como possíveis para evitar este desfecho, não resta outra alternativa que não seja a apresentação da MSF Engenharia, S.A. à insolvência”, refere.
A empresa portuguesa, com 49 anos de história e um vasto curriculum de realização de grandes projetos em Portugal e no estrangeiro, encontrava-se em Processo Especial de Revitalização (PER), com a reestruturação do passivo e a contratação de um financiamento sujeito a determinadas condições de desenvolvimento do negócio.

“A grave crise que o setor da construção atravessa em Portugal devida à drástica redução de investimento público, especialmente nos últimos seis anos, conjugada com a diminuição dos contratos nos mercados internacionais da empresa, condicionados pelos baixos preços do petróleo sentidos no mesmo período, limitou a atividade da empresa e criou-lhe enormes dificuldades financeiras”, justifica a administração.

Depois disso, continua, a “inesperada indisponibilidade, recentemente manifestada, dos financiadores para flexibilizar essas condições [do PER], acrescida pela indisponibilidade, transmitida em simultâneo, para apoiar a emissão de garantias bancárias necessárias à atividade futura da empresa colocaram em causa a viabilidade desse plano”.

Segundo a MSF, também “os intensos esforços entretanto desenvolvidos, incluindo os efetuados no plano diplomático pelo Governo de Portugal, para obter uma solução para a volumosa dívida do Governo de Angola nos últimos meses, revelaram-se infrutíferos”.
No ano passado, a construtora foi afastada de uma das suas principais obras, um empreendimento imobiliário no Gana, no valor de 90 milhões de dólares (81 milhões de euros) que previa a construção de um polo de negócios e residencial numa das principais avenidas de Acra.

Conforme avançou na ocasião o jornal Expresso, em processo de viabilização e sem acesso a financiamento, a MSF não terá conseguido dar resposta à urgência das obras do complexo que combina torres residenciais (100 apartamentos) e escritórios, com um hotel da cadeia Radisson, um centro comercial (12.000 m2) e equipamentos desportivos e que se pretendia inaugurar em julho de 2018 e a obra foi entregue a outra construtora.

Nessa altura, a MSF estava também a braços com problemas numa segunda empreitada no Gana e que visava a conceção e execução do terminal de contentores e edifícios de apoio no porto de Tema, na costa atlântica. A obra portuária, no valor de 68 milhões de euros, estava em modo de suspensão e o estaleiro já esteve bloqueado por operários e fornecedores, reivindicando pagamentos em atraso.
A versão da MSF, citada pelo semanário, era diferente, justificando que o cliente “está com dificuldades pontuais em pagar as faturas vencidas, mas acreditamos que elas sejam passageiras”.

Estes conflitos seguiram-se a incidentes que ditaram também o colapso da MSF no Qatar, comprometendo uma carteira de 900 milhões de euros.

A construtora registou um recorde de faturação de 510 milhões de euros (em 2011) que se reduziu para 120 milhões em 2015 (80% no exterior), tendo após isso registado pesados prejuízos (57 milhões, no biénio 2014/15).

Enfim mais do mesmo!
 

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Re: Economia nacional
« Responder #43 em: Dezembro 04, 2018, 05:05:21 pm »
Três armadores internacionais trocaram Setúbal por portos espanhóis

Se estes três armadores não regressarem ao porto de Setúbal, estaremos a falar de uma ‘fuga’ de cerca de 8.550 TEU neste mês de Dezembro, por comparação com o mês homólogo de 2017.



A partir de ontem, dia 3 de Dezembro, três armadores internacionais, a McAndrews, a Tarros, e a Arkas, deixaram de escalar o porto de Setúbal, desviando os contentores maioritariamente para os portos espanhóis de Vigo e de Santander.

Esta decisão resulta do conflito laboral iniciado há várias semanas pelos estivadores do SEAL – Sindicato dos Estivadores e da Actividade Logística no porto de Setúbal e deverá provocar uma quebra de 70% na carga de contentores movimentada pelo porto sadino.

“A partir de hoje [ontem], o porto de Setúbal vai perder 70% das suas cargas em contentores. Três armadores, a McAndrews, Tarros e Arkas, decidiram deixar de escalar o porto de Setúbal porque não querem suportar mais custos acrescidos. E foram para portos espanhóis, maioritariamente para os portos de Vigo e de Santander”, revelou ao Jornal Económico, Diogo Marecos, administrador da Operestiva, uma das duas empresas fornecedores de pessoal de estiva aos operadores de terminais portuários em Setúbal.

Segundo os dados fornecidos pela AMT – Autoridade da Mobilidade e dos Transportes,  no mês de Dezembro do ano passado, o porto de Setúbal movimentou 12.211 TEU (medida padrão equivalente a contentores com 20 pés de comprimento).

Se estes três armadores não regressarem ao porto de Setúbal, estaremos a falar de uma ‘fuga’ de cerca de 8.550 TEU neste mês de Dezembro, por comparação com o mês homólogo de 2017. Ou do ‘desaparecimento’ de de mais de 106 mil TEU num ano, tendo conta os dados do ano passado. Isto, se não houver mais debandadas de armadores internacionais do porto de Setúbal.

A paralisação do porto de Setúbal não está só a prejudicar o segmento da carga contentorizada.

A fabricante automóvel Autoeuropa corre sérios riscos de ter de suspender a produção já durante esta semana, enquanto a The Navigator está a exportar pasta e papel através de outros portos nacionais, mas com custos acrescidos em tempo e dinheiro.

A situação de impasse agravou-se a partir de sexta-feira passada, dia 30 de Novembro, com o fracasso do processo negocial entre estivadores do SEAL – Sindicato de Estiva e Actividades Logísticas e operadores do porto de Setúbal, mediado pela ministra do Mar, Ana Paula Vitorino.

Com o Governo fora do processo e as posições a manterem-se irredutíveis por parte do SEAL e dos operadores portuários, resta pouca margem de manobra às empresas que utilizam regularmente o porto de Setúbal.

Neste momento, o porto de Setúbal está praticamente parado, asseguraram diversas fontes contactadas pelo Jornal Económico.

https://jornaleconomico.sapo.pt/noticias/tres-armadores-internacionais-trocaram-setubal-por-portos-espanhois-385243

Mais pregos para o enterro do Porto de Setúbal!
E se somarmos os 11 dias que a Autoeuropa vai parar, por falta de matéria-prima: https://jornaleconomico.sapo.pt/noticias/faltam-motores-a-autoeuropa-paralisacao-vai-durar-11-dias-384859
 

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Re: Economia nacional
« Responder #44 em: Dezembro 06, 2018, 10:53:37 am »
Simplex+2018: Facturas em papel acabam já em Janeiro de 2019

É já a partir de Janeiro de 2019 que os comerciantes ficam dispensados de dar facturas em papel aos seus clientes. Esta medida irá aplicar-se a empresas que tenham o software de facturação certificado e que transmitam as facturas ao Fisco em tempo real.

Caso o cliente pretenda a factura em papel ou no seu e-mail terá de solicitar ao comerciante.



Numa era altamente tecnológica é verdade que já é um pouco estranho receber uma factura em papel. A partir de Janeiro de 2019, se efectuar uma compra e não receber a respectiva factura não considere estranho!

De acordo com o DN, o Governo vai dispensar os comerciantes e os prestadores de serviços da emissão da factura em papel. O cliente apenas receberá o comprovativo de pagamento se o solicitar expressamente. Caso pretenda factura, os comerciantes poderão entregar a mesma em papel ou por via electrónica (por exemplo, no email)… mas terá de a solicitar.



Esta é uma medida que faz parte do Simplex+2018 que foi anunciado em Junho. No decreto-lei que regulamenta essa medida, a que o “JN” teve acesso, exige-se o cumprimento de três condições para poder dispensar a emissão da factura em papel.

A factura terá de conter o número de contribuinte do comprador. Já o comerciante é obrigado a processar a factura num programa informático certificado e que garanta a sua transmissão electrónica “em tempo real” para a Autoridade Tributária.

O Governo pretende ainda avançar com a introdução de códigos QR nas facturas que evitará a necessidade dos contribuintes forneceram o seu número de contribuinte.

https://pplware.sapo.pt/informacao/faturas-em-papel-acabam-ja-em-2019/

Ou seja, a partir de 2019, quem quiser factura em papel, tem de pedir (o caso das garantias ou pedido de reembolsos de saúde, por exemplo). Ou seja, o Fisco transforma cada português num contabilista de sí próprio, para andar a tomar nota de todas as facturas que pede e depois a confirmar no e-factura se os comerciantes efectivamente emitiram a factura com o seu NIF!!!!

Qualquer dia estamos nós contribuintes a entregarmos o nosso SAFT de tudo o que compramos!!!!!!