M-113BR

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Vitor Santos

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M-113BR
« em: Dezembro 13, 2019, 05:57:27 pm »
M113: dirigimos o veículo que é considerado o Fusca do Exército Brasileiro

Robusto, simples e fácil de manter, o M113 BR navega na água, encara os piores pisos, não tem volante nem pedal de freio e usa esteiras no lugar das rodas


Já dirigi coisas estranhas: triciclo que inclina nas curvas (Carver One), moto que dá marcha a ré (Honda Gold Wing), carro anfíbio (VW Schwimmingwagen) e trator com joysticks no lugar de volante e pedais (Caterpillar 12M).

Veículo militar sobre lagartas foi a primeira vez.

Pilotei o modelo M113 BR cedido pelo Parque Regional de Manutenção da 5ª Região Militar, de Curitiba (PR), que é um departamento responsável pela operação desse e de outros carros de combate do Exército brasileiro.


O M113 BR tem um modo de condução bem esquisito. Além da ausência das rodas em contato com o piso, ele não tem volante e nem pedal de freio. O M113 BR é controlado por manches que comandam dois diferenciais e possibilitam realizar todas as manobras. De convencional, só há o pedal do acelerador.

O câmbio é automático, mas permite que se selecione a combinação das marchas: são três à frente e uma marcha a ré. A alavanca tem seis posições: 1 (só vai até a 1ª, para maior força), 1-2 (até a 2ª), 1-3 (até a 3ª), 2-3 (varia da 2ª a 3ª para maior velocidade), N (neutro) e R (ré).


Seus diferenciais trabalham de forma independente, um para cada lado do veículo, transmitindo a força do motor às engrenagens que tracionam as lagartas.

Os manches, por sua vez, acionam os freios que controlam os diferenciais. Por meio deles é possível parar o veículo (puxando as duas alavancas para frear os dois diferenciais) e manobrá-lo (a partir do bloqueio de apenas um dos lados).


Para virar à direita, basta frear o diferencial direito e deixar que o esquerdo continue a acionar a lagarta da esquerda. Para virar à esquerda, basta frear o diferencial esquerdo. Para seguir em frente, empurre as duas alavancas para liberar os dois lados.

Há ainda um segundo par de alavancas usado para bloquear os diferenciais e possibilitar manobras rápidas. Você já viu cenas de guerra em que os tanques parecem deslizar sobre patins? São essas alavancas que permitem esses movimentos.


Antes de dirigir, passei por um treinamento. Um instrutor me apresentou os principais comandos do veículo (chave geral, contato, painel, acelerador, câmbio e alavancas) e disse que, no começo, eu deveria obedecer sua orientação.

Combinamos que ele diria o que fazer por meio de comandos. Se quisesse que eu virasse à direita, ele bateria no meu ombro direito. Para virar à esquerda, no ombro esquerdo. Na hora de frear, o sinal era uma batida no alto do capacete. Quando fosse necessário reduzir a velocidade, ele bateria nas minhas costas.


Começamos movendo o carro em linha reta, para a frente e para trás. Os manches se assemelham a alavancas de freio de estacionamento de automóveis, só que maiores e instalados na posição vertical. Para liberá-los, é preciso apertar um botão na parte superior. A alavanca do câmbio, por sua vez, é bem diferente das encontradas nos automóveis.

Para selecionar o grupo de marchas que se quer usar, é preciso soltar uma trava e correr a haste por uma guia com ressaltos para evitar erros na seleção.


Terminados os exercícios, fui autorizado a me embrenhar pelas trilhas do Parque de Manutenção, que eram tão acidentadas em alguns trechos que davam a impressão de que ninguém havia passado por ali antes. Não foi difícil me acostumar com os manches e saber quanto eu deveria frear os diferenciais para conseguir o esterço desejado.

Na hora de frear para estacionar, no começo eu puxava as alavancas com muita força e tinha a sensação de que não ia conseguir travá-las. Mas eu estava puxando mais do que o necessário, indo além do ponto da trava. Quando identifiquei o ponto certo, ficou fácil.


O treinamento aconteceu na parte da manhã. À tarde, seguimos para o Campo de Instrução do Exército, que fica a cerca de 30 km de Curitiba, em uma área onde eu pude andar sozinho na maior parte do tempo explorando o veículo e o terreno.

Equipado com motor V6 turbodiesel de dois tempos, de 268,7 cv, o M113 BR pode atingir 61 km/h de velocidade máxima. Não parece muito se comparado a um automóvel, mas é bastante quando se está no comando de um veículo pesado como o M113 BR – são 9.930 kg.


Sua aceleração é crescente e constante, e, durante o movimento, o tanque acumula bastante energia, o que fica nítido quando se precisa frear. O consumo divulgado pelo Exército é assustador: 1,8 km/l na estrada! O nível de ruído é alto porque junta o barulho do motor com o das lagartas. Mas isso não me incomodou. Ao contrário, serviu para amplificar minha experiência a bordo.


A parte mais tensa foi quando desci uma ladeira íngreme, situação em que, mesmo freado, o veículo deslizava para o lado em que a terra estava mais fofa. Nessas horas, o M113 BR saía levemente da trajetória ao mesmo tempo que minha visão do barranco ao lado da trilha era quase nula. O instrutor tinha me avisado que não havia risco, mas eu não tinha ideia de como seria a descida. O instrutor voltou a bordo quando colocamos o veículo na água.

O M113 BR é anfíbio. Apesar de ter quase 10 toneladas, ele flutua e consegue se locomover como uma balsa devido aos pequenos ressaltos nas lagartas que trabalham como pás remando quando o veículo está submerso.


A tração por lagartas é uma invenção atribuída ao polonês Jösef Maria Höené-Wronski (1776-1853), embora a primeira patente seja do inglês George Cayley (1773-1857). As primeiras aplicações foram feitas em máquinas agrícolas.

A vantagem das lagartas está na tração e na distribuição do peso do veículo, graças à maior área de contato permitindo a transferência da força do motor em tempo integral em qualquer terreno. Essa tecnologia chegou aos veículos militares durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), mas foi na Segunda (1939-1945) que se popularizou. Pela definição do Exército, o M113 BR é uma Viatura Blindada para Transporte de Pessoal (VBTP).


Sua carroceria – de alumínio balístico, que além de ser mais leve que o aço é mais resistente à perfuração – comporta 12 ocupantes, sendo motorista, atirador e dez soldados. Fabricado nos EUA, pela FMC (Food Machinery and Chemical Corporation), o M113 é uma espécie de Fusca no meio militar. Além de simples, robusto e fácil de manter, ele é um dos veículos de combate mais utilizados no mundo.

Seu projeto surgiu nos anos 50 e passou por várias mudanças ao longo do tempo. Segundo o especialista Expedito Bastos, autor do livro M113 no Brasil, o Clássico Ocidental, o M113 teve mais de 80.000 unidades produzidas ao longo do tempo, sendo empregado até hoje em cerca de 50 países.


As unidades do Exército brasileiro datam de meados dos anos 60, mas ao chegar aqui elas receberam melhorias, como reforços estruturais, mudanças na suspensão e novo conjunto de motor e câmbio (a versão original tinha um V8 Chrysler a gasolina e as anteriores à atual utilizaram motor Mercedes de seis cilindros em linha diesel).

O BR adicionado ao nome identifica a versão brasileira. Passado o estranhamento inicial, confesso: eu me diverti muito no comando do Fusca do mundo militar.

Ficha Técnica – M113 BR

Motor: Detroit Diesel, dianteiro, longitudinal, V6, 2 tempos, turbo, 268,7 cv a 2.800 rpm
Câmbio: Alisson, automático, 3 marchas, e caixa de transferência BAE Systems (1ª marcha até 16 km/h; 2ª até 32 km/h; 3ª até 61 km/h)
Carroceria: alumínio balístico, 12 ocupantes
Suspensão: 10 barras de torção e 6 amortecedores
Freios e direção: mecânicos, com manches que acionam os diferenciais controlados
Lagartas: 127 patins e 20 rodas de apoio (somando os dois lados)traseira)
Dimensões: comprimento, 486 cm; largura, 267 cm; altura, 253 cm; peso, 9.930 kg; tanque, 359,6 l; carga máxima rebocável, 6.583 kg
Desempenho: velocidade máxima na terra 61 km/h; velocidade máxima na água, 5,79 km/h; rampa máxima, 60%, inclinação máxima 30%; consumo, 1,8 km/l (estrada)

 :arrow:  https://quatrorodas.abril.com.br/noticias/m113-dirigimos-o-veiculo-que-e-considerado-o-fusca-do-exercito-brasileiro/?fbclid=IwAR3MbixIFE_6so_NB9NDGCuiDT3_j5Y3lI_f7l44tbZAmyGvgTBM-fYFRUk
« Última modificação: Dezembro 13, 2019, 06:01:19 pm por Vitor Santos »
 

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Re: M-113BR
« Responder #1 em: Janeiro 05, 2020, 04:43:33 pm »
Exército Brasileiro receberá mais 60 M577 A2 via FMS


No primeiro Boletim do Exército de 2020, o BE Nº1/2020, publicado em 03 de janeiro, anunciou que o foi autorizada a assinatura para a Carte de oferta do Programa FMS (Foreign Military Sales), referente a aquisição de mais um lote de 60 (sessenta) Viaturas Blindadas – Posto de Comando (VBE-PC) M577 A2, procedentes dos depósitos de material excedente do US Army.

Essa aquisição está dentro do acordo firmado entre o Ministério da Defesa do Brasil e o Departamento de Defesa dos Estados Unidos (DoD), celebrado em outubro de 2000, que disponibiliza material excedente de suas forças armadas, classificados lá como EDA (Excess Defence Articles), visando atender algumas necessidades imediatas para as demandas de equipamentos e adestramento.

No caso dos M577 A2, foram disponibilizadas para o Exército Brasileiro (EB) 200 (duzentas) unidades desse veículo e dessas 34 (trinta e quatro) já foram efetivadas, chegando ao Brasil em 19 de setembro de 2016.


O M577 A2 faz parte da família de blindados derivada do M113 e tem como finalidade ser utilizado como viatura de comando nas unidades blindadas do EB. Porém, cabe assinalar que, devido à sua versatilidade, pode ser adaptado para outras funções tais como ambulância (que já teve uma convertida no 20º Batalhão de Infantaria Blindado), central de tiro e comunicações. É anfíbio, dotado de motor Detroit Diesel 6V53, com 212 HP, e compatível com os mais diversos tipos de materiais optrônicos, inclusive os de visão noturna.

Atualmente os M577 A2 são empregados em diversas unidades blindados do EB, ligadas às 5ª Brigada de Cavalaria Blindada (5ª Bda C Bld) e a 6ª Brigada de Infantaria Blindada (6ª Bda Inf Bld), ampliando significativamente a capacidade de comando e controle das unidades.

 :arrow:  http://tecnodefesa.com.br/exercito-brasileiro-recebera-mais-60-m577-a2-via-fms/