A verdade é secreta
ALEXANDRE HOMEM CRISTO DECEMBER 09, 2021
A DGS recomendou a vacinação contra a Covid-19 a partir dos 5 anos de idade. A informação surge numa frase lacónica: “esta recomendação surge na sequência da posição da Comissão Técnica de Vacinação contra a COVID-19 (CTVC), que considerou, com base nos dados disponíveis, que a avaliação risco-benefício, numa perspetiva individual e de saúde pública, é favorável à vacinação das crianças desta faixa etária”. Mas que benefícios individuais são esses, quais os riscos em causa, que ponderação foi feita e, num tema tão discutível, quem discordou e quem concordou com a posição final da DGS? A resposta possível é esta: não se pode dizer. É segredo. Na perspectiva da DGS, os pareceres técnicos são e devem permanecer sigilosos.
O primeiro problema deste sigilo é evidente: não é possível escrutinar uma decisão cujos fundamentos são secretos. Numa democracia, onde as instituições devem precisamente estar sujeitas a esse escrutínio, isto representa uma falha estrutural e grave — e não é um acaso que em muitas democracias maduras, como EUA e Reino Unido, os pareceres deste tipo sejam sempre públicos. Acresce o facto de essa recomendação da DGS ter de ser avaliada por milhares de famílias portuguesas quanto à vacinação dos seus filhos — o que não é possível sem informação transparente e esclarecimento público. No Governo, nos partidos (bem a Iniciativa Liberal) ou na Presidência da República, alguém dará um murro na mesa? Esta opacidade na DGS não é tolerável.
Infelizmente, na vida política, tornou-se mais confortável tratar as pessoas como estúpidas, pelo que me parece vã a esperança de que Governo ou Presidência da República vejam algo de errado em tratar os cidadãos como gente limitada à qual não se deve esclarecimentos ou explicações. Porque esse é o procedimento padrão instituído em Portugal. E porque, neste caso em particular, a DGS decidiu no sentido que Governo e Presidência da República pretendiam.
O que nos leva ao segundo problema deste sigilo da DGS: a intromissão política. Durante as últimas duas semanas, tivemos membros do Governo, o Presidente da República e até a Dra. Graça Freitas na DGS a tomarem posições públicas a favor da vacinação das crianças a partir dos 5 anos. E isto não é um pequeno detalhe irrelevante. Ao pronunciarem-se antes de se conhecer a decisão da DGS, todos estes responsáveis políticos converteram as suas posições num exercício de condicionamento, com a força do Estado a cair sobre os ombros dos especialistas da CTVC. Na sua ponderação, estes especialistas não poderão ter ignorado a enorme pressão política a que foram sujeitos. Mas, terá esta tido efeito?
Não há resposta, mas há uma conclusão: a intromissão da política numa avaliação que é fundamentalmente técnica e científica feriu a credibilidade do processo aos olhos da população. E, assim, a DGS ficou sob suspeita de ser um mero instrumento político — afinal, após tanta pressão sobre os especialistas (incluído por parte da própria directora-geral da Saúde), teremos uma decisão política imposta sob forma de parecer técnico? Não sei se a suspeita é justa ou injusta. Só sei que, sem transparência, a desconfiança fica legitimada e envenena a confiança nas autoridades públicas. Por isso, no final, que este episódio da DGS sirva ao menos de lembrete: a Dra. Graça Freitas há muito tempo que deveria ter sido substituída na liderança da DGS, face a uma actuação que tem sido maioritariamente política, em vez de técnica.
A DGS e a Drª Graça Freitas não sabem comunicar eficazmente, mas o seu nº 2 é pior ainda (o das compotas de bacalhau e visitas ao quintal....)
Além disso será muito provável que as decisões sejam "impostas" pelo governo ou pelo menos que tenha o aval deste, antes de comunicarem o que quer que seja.
Posto isto, refiro ainda que sou absolutamente a favor das vacinas, sempre o fui, incluindo as actuais vacinas da covid que eu não tenho a menor dúvida dos efeitos positivos que elas têem, mesmo admitindo que algumas possam ter reacções negativas, como têem qualquer outra vacina!
Em relação à vacinação dos jovens.
Não sou especialista da área da saúde, mas sou da educação, e sou também pai de miúdos que ainda não foram vacinados (3 e 9 anos).
Conheço muito bem a evolução da doença em 3 Escolas e posso dizer sem margem para dúvida de que os casos positivos são muito mais frequentes em jovens não vacinados (menos de 12 anos), a tal ponto que leva a que quase todas as turmas e todos os anos do 1º ciclo, tenham estado em isolamento nos últimos dias.
Sabemos ainda que a origem de contágio de quase todos os adultos, parte dos mais novos, que quase não têem sintomas de estarem doentes.
A minha colega de trabalho descobriu que as 3 filhas estavam contaminadas com o covid por acaso, e só porque a mais velha, com 10 ou 11 anos, manifestou alguns sintomas e deu positivo num auto-teste. Foram imediatamente para isolamento (pai e mãe vacinados, e as filhas de 11, 9 e 5 anos). Fizeram os testes solicitados pelo SNS, ambas as filhas deram positivo, mas as mais novas já tinham uma carga viral tão baixa que se o teste fosse feito talvez um dia depois, já daria resultado negativo!!!!! Devo ainda referir que ambos os 5 testavam dia sim, dia não e no fim do isolamento, quando ambos os 5 deram resultado negativo, posso dizer-lhe que nem o pai nem a mãe contraíram o covid e como diz a minha colega, não meteu as filhas num quarto escuro e trancou-as lá!!!!!
Quase todos os casos que vemos aparecer em 2 concelhos do interior, posso dizer-lhe que o foco de contágio está concentrado nos mais jovens, os mais novos raramente apresentam sintomas e o grande problema é que só são detectados, ou quando são testados em massa ou apenas quando contaminam os mais velhos!!!!!
Podemos perguntar porque vamos vacinar crianças se nem sequer apresentam sintomas, na sua maioria. Eu julgo que o risco não está nos mais novos, o problema está quando estes contaminam os mais velhos, mesmo que estejam vacinados! Porque nenhuma vacina impede a 100% que as pessoas não possam ser contaminadas!!!!!!
E agora que estamos a alguns dias das reuniões familiares, que vão juntar desde recém-nascidos aos avós e bis-avós, imaginamos o que vai sair daí em Janeiro!!!!!!
Eu da minha parte, só vou visitar os meus familiares depois de fazermos auto-teste em casa e este der negativo.........
Quando o meu filho for convocado para ser vacinado eu próprio vou com ele sem qualquer problema ou dúvida ou possível reserva!