Guantanamo: EUA acusados de recorrer à tortura

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Guantanamo: EUA acusados de recorrer à tortura
« em: Novembro 30, 2004, 02:55:56 pm »
:arrow: http://www.portugaldiario.iol.pt/notici ... ?id=475029

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Guantanamo: EUA acusados de recorrer à tortura
30-11-2004 11:14
 


Cruz Vermelha não tem dúvidas. Mas administração de George W. Bush nega

   



O Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICV) acusa o exército norte-americano de utilizar intencionalmente, nos prisioneiros detidos em Guantanamo, Cuba, coerção psicológica e por vezes física, «equivalente a tortura», revela hoje o New York Times.

Face a esta acusação, que consta de um relatório confidencial enviado à administração norte-americana em Julho, o porta-voz do secretário de Estado norte-americano da Defesa, Lawrence Di Rita, afirmou segunda-feira tratar-se da opinião da Cruz Vermelha, que não é partilhada pela administração de George W. Bush.

Segundo o New York Times, a descoberta de que o tratamento dado aos prisioneiros detidos e interrogados em Guantanamo revela ser tortura surgiu após uma visita de uma equipa de inspecção da Cruz Vermelha, que passou a maior parte do mês de Junho em Guantanamo.

A equipa de funcionários humanitários, que incluía experientes funcionários médicos, também referiu que alguns médicos e outro pessoal clínico, em Guantanamo, estão a participar no planeamento dos interrogatórios, em «flagrante violação da ética médica».

Médicos e outro pessoal clínico fornecem informação sobre a saúde mental e as vulnerabilidades dos prisioneiros, acusa o relatório, a cujo memorando o New York Times teve acesso, adiantando que isso era efectuado por vezes directamente, mas geralmente através da denominada Equipa de Consulta da Ciência do Comportamento, (BSCT).

A equipa é composta por psicólogos e outro pessoal do mesmo ramo que aconselha os interrogadores, segundo o relatório citado pelo New York Times.

O relatório, rejeitado pela Administração Bush, foi entregue a advogados da Casa Branca, do Pentágono, do Departamento de Estado, e ao comandante da penitenciária de Guantanamo, general Jay W.Wood.

O documento referente à visita de Junho relata que os investigadores da Cruz Vermelha encontraram em Guantanamo um sistema destinado a quebrar a vontade dos prisioneiros (actualmente cerca de 550) e a torná-los totalmente dependentes dos interrogadores, através de «actos humilhantes, prisão solitária, temperaturas extremas e posições forçadas».

Os investigadores da Cruz Vermelha referiram ainda que os métodos utilizados são cada vez mais «requintados e repressivos».

«A construção de um tal sistema, cujo alegado objectivo é a produção de informação secreta, não pode ser considerado se não um intencional sistema de crueldade, de invulgar e degradante tratamento e de forma de tortura», acusa o relatório.

Face às acusações, o porta-voz do secretário de Estado norte- americano da Defesa, Lawrence Di Rita, afirmou não poder comentar relatórios específicos da Cruz Vermelha, uma vez que estes eram entregues ao governo dos Estados Unidos sob a condição de serem mantidos confidenciais.

O responsável adiantou desconhecer qualquer acusação da Cruz Vermelha sobre técnicas específicas de interrogatório, ou que o tratamento dado os prisioneiros era equivalente a tortura.
"[Os portugueses são]um povo tão dócil e tão bem amestrado que até merecia estar no Jardim Zoológico"
-Dom Januário Torgal Ferreira, Bispo das Forças Armadas
 

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Maginot

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« Responder #1 em: Dezembro 12, 2004, 05:13:20 pm »
Há dias em visita aos Us, comprei o USA Today e vinha lá um crónica sobre isto.

Acusava a CV de estara  ceder a pressões e a não ser imparcial ao criticar os abusos de G. Bay.
EX MERO MOTU
 

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Paisano

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« Responder #2 em: Dezembro 17, 2004, 10:08:58 pm »
CIA mantém uma prisão secreta dentro de Guantánamo, diz 'Washington Post'

Fonte: O Globo

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WASHINGTON - A agência de inteligência americana (CIA) instalou uma prisão secreta dentro da base naval de Guantánamo, em Cuba, na qual encarcerou "valiosos" supostos membros da rede terrorista Al-Qaeda, informou nesta sexta-feira o jornal "The Washington Post". Essa prisão fica em edifícios utilizados pela CIA e tem uma cerca alta em volta, coberta com um plástico verde, segundo contou o jornal, que cita fontes militares e dos serviços secretos.

O conjunto de instalações de um só andar, construído durante o último ano e que consiste em mais de uma dezenas de celas divididas em duas partes, fica na área chamada de Camp Echo, onde o Departamento de Defesa mantém também presos suspeitos destacados e os que estão à espera de julgamentos militares.

- As pessoas saem e entram constantemente - disse uma fonte ao jornal referindo-se ao complexo sob vigilância da CIA, que abrigou detidos originários do Paquistão, África Ocidental e Iêmen.

Não está claro se esse centro de detenção secreto ainda continua operacional, assinala o jornal ao indicar que tanto a CIA como o Departamento de Defesa não quiseram fazer comentários a respeito.

Na base naval americana de Guantánamo, calcula-se que estão presas mais de 500 pessoas, entre suspeitos de terrorismo e simpatizantes do regime Talibã.

A maior parte dos prisioneiros, aos quais tem acesso o Comitê Internacional da Cruz Vermelha, depois de um ditame de um Tribunal Supremo americano, estão sob a custódia do Departamento de Defesa.

No entanto, os detidos sob a custódia da CIA estão submetidos a regras diferentes e em um caráter secreto muito maior, assinala o "The Washington Post", que lembra que devido a normas presidenciais americanas, se permite que a CIA capture e retenha certos suspeitos sem ter que dar conta publicamente, nem revelar as normas para seu tratamento.

O jornal afirma que uma das celas em Camp Echo esteve ocupada pelo homem de negócios mauritano Mohamedou Oulad Slahi, que atuou como ligação entre um grupo islâmico radical que vivia em Hamburgo e o líder da Al Qaeda, Osama bin Laden, segundo a comissão de investigação dos atentados de 11 de setembro de 2001 nos EUA. (EFE)
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« Responder #3 em: Março 08, 2005, 03:37:13 am »
A versão Bush de direitos humanos*

Fonte: Tribuna da Imprensa

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NOVA YORK - É difícil resistir à tentação de comparar a posição do governo do presidente George W. Bush, ao proclamar em relatório do Departamento de Estado supostas violações dos Direitos Humanos por outros países (leia no site oficial, www.state.gov/g/drl/rls/hrrpt/2004/index.htm ), à da Líbia do coronel Kadafi, quando assumiu em Genebra a presidência da comissão de Direitos Humanos, indignando os EUA.

Há diferença entre as duas posições. A Líbia o fez em decorrência de regras mais ou menos burocráticas, neutras, de rotatividade em organismos multilaterais, redigidas de forma a prevenir privilégios para um ou outro. Os EUA o fazem para satisfazer a própria arrogância imperial, pois se arvoram em juiz, júri e carrasco para condenar outros, sem perceber seu próprio rabo preso.

Tenho discutido a "excepcionalidade moral" que esse país costuma invocar para oferecer sermões éticos enganosos. Agora é diferente. No mesmo período coberto pelo novo relatório, dois nomes tornaram-se emblemáticos para qualquer avaliação séria dos Direitos Humanos no mundo: Guantanamo e Abu Ghraib. Os dois estão ausentes no documento.

Símbolo de tortura, grife da liberdade

Para ser mais preciso, faço logo o esclarecimento. Na verdade, a base militar de Guantanamo - um pedaço de Cuba sob ocupação estrangeira há mais de um século, graças a tratado imoral imposto pela força do "big stick" americano - é citada uma vez. Mas em outro contexto, como se fosse um paraíso para os que buscam a liberdade.

Na parte sobre Cuba da subdivisão "Hemisfério Ocidental", afirma-se que se um cubano volta à pátria após tentativa ilegal de emigrar para aquela base americana, sofre retaliações. Ou seja, a base transformada em prisão mais notória do mundo pela degradação - por torturas e abusos de presos trazidos do outro lado do planeta - aparece no texto como paraiso e sonho de liberdade.

Abu Ghrabi também, reconheço, é citada uma vez. A parte sobre o Iraque, na subdivisão "Oriente Médio", afirma que o ministério dos Direitos Humanos (criado por governo-títere instalado pelas tropas de ocupação) estabeleceu escritório permanente naquela prisão. Ou seja, tenta-se impingir como grife da liberdade o símbolo das torturas que horrorizaram o mundo.

A cínica inversão de valores basta para fazer o tal relatório, na linha do "duplipensar" retratada por George Orwell em "1984" ("paz é guerra", "liberdade é escravidão", etc), passar à História como exemplo de humor negro produzido pela certeza arrogante da impunidade - e que provocaria riso, não fosse tão trágico.

O rei está nu, mas quem se importa

Guantanamo e Abu Ghrabi, como Hiroshima e Nagasaki, são legados do país mais rico do mundo - também o único na História a usar bombas atômicas (não uma, mas duas vezes, e não contra soldados inimigos mas sobre populações civis, indefesas, de duas cidades). Será possível tornar aqueles nomes meritórios, ao invés de infames e abjetos?

Outro escândalo do ano no campo dos Direitos Humanos, que o relatório obviamente omite, foi precisamente a descoberta da maquinação na Casa Branca de Bush para produzir sinuosa justificativa jurídica para a tortura - façanha que acabou premiada com a elevação de seu autor, Alberto Gonzales, a ministro da Justiça e Procurador Geral.

Na audiência para confirmá-lo um senador quis saber porque pareceres dele eram tão a gosto de posições duvidosas de Bush - e se isso não é um risco no novo cargo (Gonzales "interpretara" que sem "falência de órgãos" não se caracteriza tortura e violação das convençoes de Genebra). Ele respondeu que como assessor jurídico era "advogado do presidente", mas como ministro seria outra coisa, advogado do país ou dos cidadãos.

Caberia á própria mídia dos EUA, cuja independência está em processo de erosão desde o 11/9, expor a nudez do rei e esse novo quadro digno dos horrores de "1984". Mas o que os americanos lêem, vêem e ouvem chega esmagadoramente de cinco grandes impérios de mídia, com negócios múltiplos (até produção de armas), dependentes de decisões do governo.

"Nós apoiamos vocês, ditadores"

Valeria a pena, claro, explorar a ironia. Esse país forçou uma guerra sob falsos pretextos, inventando inexistentes armas proibidas e falsificando a ligação do Iraque com a rede al-Qaeda. Nela matou dezenas de milhares de civis, além de ter torturado pessoas em duas prisões conspícuas. Mas insiste em não fazer autocrítica e na prática de acusar o resto do mundo de violar os Direitos Humanos.

Ironia, sim. Em postos críticos está gente (como Elliott Abrams, assessor da Casa Branca, e Jeane Kirkpatrick, delegada-chefe à comissão de Direitos Humanos) que exaltava ditaduras sanguinárias na América Latina. E mais: o relatório põe em dúvida o referendo venezueano que ratificou Hugo Chávez (pela quarta vez e com 60% dos votos) e esquece que Bush só chegou à Casa Branca graças à fraude do mano Jeb na Flórida.

O relatório ousa criticar os aliados Arábia Saudita e Egito, mas no estilo "morde e sopra" - fingindo credibilidade. Isso lembra outra das personalidades favoritas do governo Bush, Henry Kissinger. Em 1976, antes de discursar na OEA sobre Direitos Humanos, ele avisou Pinochet e Videla para não se preocuparem, era só da boca pra fora: "Nós apoiamos o que vocês estão fazendo".

*Argemiro Ferreira
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papatango

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« Responder #4 em: Março 08, 2005, 02:39:56 pm »
Dentro de algum tempo, também começará a saír na imprensa internacional o caso de tortura da mãe da Joana, a criança assassinada no Algarve.

E ao que parece, segundo o expresso, o crime compensa, e as confissões arrancadas sob tortura não são válidas, mas são válidas as provas encontradas depois de informações obtidas sob tortura.

Isto, é só para nos localizarmos melhor, sobre as questões de direitos humanos, e sobre o que ainda temos que andar, para atingirmos o nível dos Estados Unidos. Há "Reis Nús", em todos os países do mundo.

Isto, obviamente, não desculpa os americanos, como é óbvio.

Cumprimentos
É muito mais fácil enganar uma pessoa, que explicar-lhe que foi enganada ...
 

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Paisano

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« Responder #5 em: Março 12, 2005, 01:06:38 am »
Pentágono quer enviar presos de Guantánamo para outros países

Fonte: Jornal do Brasil

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WASHINGTON- O Pentágono quer transferir para a Arábia Saudita, Afeganistão e Iêmen quase metade dos 540 supostos terroristas que mantém detidos em sua base de Guantánamo, Cuba, informa o New York Times.

A princípio, os detentos não poderiam se amparar no direito americano dos presos, mas uma decisão recente da Suprema Corte dos Estados Unidos os habilitou a contestar seu encarceramento e tornou Guantánamo menos conveniente, informaram fontes do governo ao jornal.

A transferência é apoiada pelo secretário de Defesa, Donald Rumsfeld, segundo as fontes, que acrescentaram que o Pentágono deseja reduzir à metade a quantidade de presos, liberando alguns e enviando outros para os países citados.

As fontes disseram ainda que o plano pode despertar resistência no Departamento de Estado e na CIA, que já manifestaram preocupação no passado por considerarem que, fora dos Estados Unidos, os presos possam ser maltratados ou virar uma ameaça.

O Pentágono precisa do apoio do Departamento de Estado para obter os acordos necessários com os governos que receberiam os presos e garantiriam um tratamento correto.

A base de Guantánamo chegou a abrigar 750 presos em setembro de 2004. Desde então, 211 reclusos foram retirados do local. A maioria foi libertada e 65 enviados a outros países, incluindo 29 ao Paquistão, sete para a França, sete para a Rússia, cinco ao Marrocos e quatro à Arábia Saudita.
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