Política em Portugal

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papatango

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Re: Política em Portugal
« Responder #2055 em: Março 11, 2024, 12:39:25 pm »

Bom... As pessoas falaram e está falado.

O que aconteceu nas eleições de ontem não é diferente do que aconteceu noutros países europeus, o que curiosamente nos mostra que, afinal não somos assim tão diferentes dos outros.

A esquerda parlamentar atingiu cerca de 41,6% dos votos, o que não é o pior resultado de sempre já que em 1987 a esquerda parlamentar teve 39,3%

O partido ADN consegue votos resultado da falta de atenção e de uma população envelhecida. Não é de agora, já aconteceu em outros casos.

O PAN, ao contrário do que muitos dizem, não esteve assim tão mal já que  aumentou a sua votação em Lisboa.
Em 2022, a candidata ficou até à última freguesia à espera para ser eleita, ontem, ainda faltava atribuir muitos deputados e o Boby e o Tareco já tinham voz no parlamento garantida.

O PCP, na sua senda para o extermínio, atolou-se na lama da Ucrânia. O Livre, em Setúbal e Lisboa, abocanhou deputados do PCP. Os comunistas perderam dois deputados, o Livre ganhou três deputados. O Livre conseguiu capitalizar com uma versão mais soft da esquerda, e por não estar aparentemente ligado aos extremistas da Climaximo.

O Bloco, ficou na mesma, o que implica que à esquerda do PS, foram eleitos praticamente os mesmos deputados que nas últimas eleições. O voto útil manteve-se em favor do PS.

A IL, saiu de Lisboa para tentar ganhar votos no resto do país, e o resultado foi que perdeu votos e perdeu um dos quatro deputados que tinha. Foi recupera-lo em Aveiro, ainda que com uma votação periclitante.

O Chega, teve uma votação superior ao que algumas sondagens previam, mas não é correto (nunca é) dizer que as sondagens se enganaram, porque as sondagens são o que são.
Havia sondagens na sexta-feira que insistiam em dar ao Chega 16% dos votos, com margem de erro  de 2%.

Não surpreende o resultado e em cada circulo eleitoral vemos razões diferentes para justificar as votações, desde o caso do Algarve, na freguesia de Ferreiras, com problemas de habitação graves, até aos lugares mais deprimidos, como freguesias que são tradicionalmente de esquerda ou aos casos do Alentejo, onde existem problemas endémicos com os ciganos. É de forma clara, o voto de protesto, onde cada um vota em protesto contra uma coisa diferente

O Chega, a título de curiosidade supostamente um partido anti-emigração, abre o parlamento aos brasileiros, com a bancada evangélica aparentemente ligada ao partido de Jair Bolsonaro ( e de Tiririca), a eleger deputados.

O PS, perdeu claramente as eleições, ainda que mais uma vez, as sondagens não tenham acertado no resultado de empate técnico. No continente, o PS acabou por ganhar as eleições, perdendo-as por causa dos votos das ilhas, onde a coligação PSD+CDS não é a mesma.
Mas o tom monocórdico do sr. Nuno Santos, vem lembrar que todos os lideres que deixaram crescer a barba para parecerem mais velhos, deram-se sempre mal (Francisco Lucas Pires e Francisco Rodrigues dos Santos são exemplos).

A AD, não ganhou para o susto e na realidade a soma de PSD + CDS acabou por salvar alguns deputados, mas não foi capaz de garantir outros que perdeu por pequenas margens, que provavelmente teria ganho não fosse o caso ADN.
Teria feito mais sentido dar outro nome à aliança e isto mostra algum amadorismo.

A AD vê-se ultrapassada pelo Chega e colocada no terceiro lugar, em vários circulos eleitorais, nomeadamente no sul do país. Seria de esperar mais, mas a verdade é que, as sondagens não previam algo de radicalmente diferente do que realmente aconteceu.

O norte do país, como sempre continua a votar muito mais à direita que o Sul, mas o partido mais à direita do espectro político, tem as suas votações mais elevadas nos círculos eleitorais do sul do país, como Faro, Beja, Portalegre, Santarém e Setúbal,  e as piores, no norte, em Braga, Porto e Aveiro e também em Coimbra.

Ao contrário do que o deputado Tili do Chega previa, o Venturistão não foi a Norte, foi a Sul.
E isto, é mais um indicio claro, de como o partido que ontem ganhou mais votos, não se entende a si mesmo.

Os problemas do mundo, nem foram tocados em nenhum dos discursos da noite eleitoral. Portugal continua amorfo, a olhar para o umbigo, sem entender o que aí vem e os problemas que um aumento nas despesas de defesa vão implicar se houver intenção de fazer alguma coisa.

Algo me diz que, para evitar crises, serão despesas que não serão feitas...

Esperemos para ver
« Última modificação: Março 11, 2024, 12:58:32 pm por papatango »
É muito mais fácil enganar uma pessoa, que explicar-lhe que foi enganada ...
 

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Re: Política em Portugal
« Responder #2056 em: Março 11, 2024, 01:36:58 pm »

Isto é um movimento de descontentes. Não é um movimento de lunaticos, racistas, extremistas e burros
(Ou como diria o papatango, 1.1M de Putinistas )

Se votas em alguem/um partido com essa ideologia vais-me dizer que é porque não te identificas com extremistas e racistas?

Vou transpor para um exemplo futubolistico para enquadrar o ridiculo:
-Seria o mesmo que os adeptos do Benfica passarem a apoiar e/ou até mesmo fazerem-se sócios do Sporting, porque estão descontentes. No futebol isto não faria o minimo sentido, mas por algum motivo parece que na vida politica faz  :o
 

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papatango

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Re: Política em Portugal
« Responder #2057 em: Março 11, 2024, 01:55:38 pm »
Citação de: P44
Isto é um movimento de descontentes. Não é um movimento de lunaticos, racistas, extremistas e burros
(Ou como diria o papatango, 1.1M de Putinistas )

Se eu não fosse referido, não respondia, mass assim, obrigam-me ...

Eu nunca disse que o Chega era um partido de putinistas. Disse e afirmo, quantas vezes for necessário, que neste momento os esforços dos serviços secretos na embaixada russa, deixaram de se focar no PCP e estão de baterias apontadas para o Chega.

Os putinistas estão lá... A começar pelo novo deputado de Viseu o camarada Tílí.
E o mais certo, é que entre muita gente normal, haja de tudo no Chega:
Muitos lunáticos, imensos racistas, um tremendo número de extremistas, e naturalmente, uma grande dose de burros.
Em todos os partidos há disto, o problema é a proporção.

Dito isto, eu não sou daqueles que fica indignado se o Chega for para o governo.
Acho que entre os principais acarretadores de votos para o Chega estão pessoas como Augusto Santos Silva.
Quiseram promover o Chega para prejudicar o PSD...
Estamos numa clara situação de tiro pela culatra.

Se quiserem dar-lhes o ministério da administração interna para meter os econazis na cadeia, até aplaudo ...  :mrgreen:

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dc

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Re: Política em Portugal
« Responder #2058 em: Março 11, 2024, 05:10:16 pm »

Isto é um movimento de descontentes. Não é um movimento de lunaticos, racistas, extremistas e burros
(Ou como diria o papatango, 1.1M de Putinistas )

Se votas em alguem/um partido com essa ideologia vais-me dizer que é porque não te identificas com extremistas e racistas?

Vou transpor para um exemplo futubolistico para enquadrar o ridiculo:
-Seria o mesmo que os adeptos do Benfica passarem a apoiar e/ou até mesmo fazerem-se sócios do Sporting, porque estão descontentes. No futebol isto não faria o minimo sentido, mas por algum motivo parece que na vida politica faz  :o

Eu acho que é um pouco mais complexo do que isso. O que leva alguém a votar num determinado partido, nem sempre é a ideologia, é um pouco à base da conveniência (egoísmo humano). Vemos o caso do PS, que depois de escândalos de corrupção recentes e uns atrás dos outros, continua a ter 30% dos votos. A lógica usada pelas pessoas é esta: eles podem ser corruptos, mas como não me afectou a mim, voto neles.

Quem votou Chega, pode não ter votado por questões racistas/xenófobas/extremistas. Há também racistas que votam BE por exemplo (só muda o  alvo do racismo). Há quem vote no Chega por estar farto de corrupção, há quem vote no Chega por ser racista, há quem vote no Chega para contrariar a extrema esquerda.

Eu pessoalmente acho um perigo enorme a subida do Chega, e um ainda maior se um dia tivéssemos o Chega a governar (e imaginem com maioria), tal como acho um perigo enorme ter um BE ou PCP no poder. Ambos os casos extremistas, ambos extremamente penalizadores para o país, e ambos os casos poderiam levar a uma guerra e/ou ao fim da independência do país.
 

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Camuflage

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Re: Política em Portugal
« Responder #2059 em: Março 11, 2024, 07:23:34 pm »
Para mim o problema de partidos como Chega ou ADN é o seu financiamento externo e que futuras implicações isso possa ter. Ambos foram financiados pelos bolsonaristas e igreja evangélica brasileira. Podemos ter aqui um Chega que vai servir interesses estrangeiros, não precisamos destes idiotas por cá. Sou a favor da pluralidade, mas manipulação não, já temos os nossos.
 

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papatango

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Re: Política em Portugal
« Responder #2060 em: Março 11, 2024, 08:27:52 pm »
Para mim o problema de partidos como Chega ou ADN é o seu financiamento externo e que futuras implicações isso possa ter. Ambos foram financiados pelos bolsonaristas e igreja evangélica brasileira. Podemos ter aqui um Chega que vai servir interesses estrangeiros, não precisamos destes idiotas por cá. Sou a favor da pluralidade, mas manipulação não, já temos os nossos.
Notar que, eu pelo menos nunca ouvi nada sobre o financiamento do Chega por parte dos bolsonaristas brasileiros.
Não há, que eu saiba qualquer indicio disso. A influência, essa é evidente. O líder do partido aceita apoios venham de onde venham e não quer saber o que pensam, desde que votem.

Os apoios financeiros do Chega, serão muito mais sofisticados...
Ou então, como fiscal das finanças o sr. Ventura ganhava muito, muito, muito bem ...  :mrgreen:

De resto, agora teremos que ver o que daqui vai saír. Até o Ventura disse que não sabe como é que vai ser controlar um partido que em vez de doze tem pelo menos quarenta e oito (eventualmente cinquenta) deputados.

O problema principal para os próximos meses, é que temos um país ingovernavel, onde o governo não vai fazer quaisquer reformas, porque as únicas que pode fazer serão absolutamente radicais e podem afetar a sua própria base eleitoral.

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PTWolf

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Re: Política em Portugal
« Responder #2061 em: Março 11, 2024, 08:59:05 pm »

Isto é um movimento de descontentes. Não é um movimento de lunaticos, racistas, extremistas e burros
(Ou como diria o papatango, 1.1M de Putinistas )

Se votas em alguem/um partido com essa ideologia vais-me dizer que é porque não te identificas com extremistas e racistas?

Vou transpor para um exemplo futubolistico para enquadrar o ridiculo:
-Seria o mesmo que os adeptos do Benfica passarem a apoiar e/ou até mesmo fazerem-se sócios do Sporting, porque estão descontentes. No futebol isto não faria o minimo sentido, mas por algum motivo parece que na vida politica faz  :o

Eu acho que é um pouco mais complexo do que isso. O que leva alguém a votar num determinado partido, nem sempre é a ideologia, é um pouco à base da conveniência (egoísmo humano). Vemos o caso do PS, que depois de escândalos de corrupção recentes e uns atrás dos outros, continua a ter 30% dos votos. A lógica usada pelas pessoas é esta: eles podem ser corruptos, mas como não me afectou a mim, voto neles.

Quem votou Chega, pode não ter votado por questões racistas/xenófobas/extremistas. Há também racistas que votam BE por exemplo (só muda o  alvo do racismo). Há quem vote no Chega por estar farto de corrupção, há quem vote no Chega por ser racista, há quem vote no Chega para contrariar a extrema esquerda.

Eu pessoalmente acho um perigo enorme a subida do Chega, e um ainda maior se um dia tivéssemos o Chega a governar (e imaginem com maioria), tal como acho um perigo enorme ter um BE ou PCP no poder. Ambos os casos extremistas, ambos extremamente penalizadores para o país, e ambos os casos poderiam levar a uma guerra e/ou ao fim da independência do país.

Não discordo e partilhamos a ideia que é mais complexo. O que me leva a questionar: Qual será a percentagem de pessoas que votam, CONSCIENTEMENTE, neste partido e no que ele representa?

Se recuarmos ao que foi o periodo pré 2ª Guerra Mundial o partido Nazi foi crescendo num percurso muito semelhante ao que o Chega está a fazer internamente e outros fazem lá fora. Olhando para trás, quem votou no partido Nazi o que era? Um descontente? E atençao que vi e li muita coisa sobre este periodo e percebo o que motivou a subida do partido Nazi e um desses fatores foi mesmo o descontentamento pós 1ª Grande Guerra.

Mas porra, não passou nem 100 anos, a nossa memória enquanto sociedade é assim tão curta? Se 100 anos é muito tempo, recuemos só 50. Ainda não fez 50 anos do 25 de Abril e temos mais de 1 milhão de pobres almas que votaram num partido que tem como um dos motes: Deus, pátria e familia...

Se há 100 ou 50 anos viviamos numa sociedade totalmente diferente e fechada, hoje estas informações estão na palma das nossas mãos!
 

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Re: Política em Portugal
« Responder #2062 em: Março 11, 2024, 09:26:04 pm »
O dia seguinte às eleições. Como reagiram os portugueses aos resultados?


 

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Viajante

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Re: Política em Portugal
« Responder #2063 em: Março 11, 2024, 10:24:55 pm »
Internamente o PSD já assumiu que vai governar 6 meses (mais mês, menos mês, pelo menos 6 governa) e depois vai ser derrubado pelo Chega e pelo PS!

Acrescento ainda a pressa que o PS teve em reconhecer a derrota….. quando ainda pode ganhar estas eleições, assim que decidirem para onde vão os 4 deputados restantes!!!! Sabe a tormenta que se avizinha!

Parece-me que o PSD está no sítio certo para ser cozinhado pelo PS e pelo Chega!!!! Vai ser o alvo a abater nos próximos meses, já a pensarem nas eleições de 2025!!!!

Outro pormenor estranho, n sei o que ocorreu nos outros distritos, mas a CMTV andou pelo distrito de Viseu a seguir e averiguar votações que saíam fora do normal…. Para a AD!!! Porquê esta preocupação? Defendem um partido? A mim parece-me que sim! Não me passa despercebido o conteúdo da CMTV e a ferocidade com que seguem um alvo! Fazem-me recordar um partido com pessoas com a boca a espumar!!!!

Outro aspecto: o que podemos esperar de um partido que cresce do lodo/lama dos outros? Também me parece algo semelhante aos anos 30 alemães! Eu pessoalmente prefiro alguém que vá fazer coisas (mesmo que não sejam as melhores do mundo), mesmo assim prefiro sempre em contraposição a alguém que só se preocupa em ver as falhas dos outros!
« Última modificação: Março 11, 2024, 10:30:21 pm por Viajante »
 

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dc

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Re: Política em Portugal
« Responder #2064 em: Março 11, 2024, 11:26:54 pm »
Não discordo e partilhamos a ideia que é mais complexo. O que me leva a questionar: Qual será a percentagem de pessoas que votam, CONSCIENTEMENTE, neste partido e no que ele representa?

Se recuarmos ao que foi o periodo pré 2ª Guerra Mundial o partido Nazi foi crescendo num percurso muito semelhante ao que o Chega está a fazer internamente e outros fazem lá fora. Olhando para trás, quem votou no partido Nazi o que era? Um descontente? E atençao que vi e li muita coisa sobre este periodo e percebo o que motivou a subida do partido Nazi e um desses fatores foi mesmo o descontentamento pós 1ª Grande Guerra.

Mas porra, não passou nem 100 anos, a nossa memória enquanto sociedade é assim tão curta? Se 100 anos é muito tempo, recuemos só 50. Ainda não fez 50 anos do 25 de Abril e temos mais de 1 milhão de pobres almas que votaram num partido que tem como um dos motes: Deus, pátria e familia...

Se há 100 ou 50 anos viviamos numa sociedade totalmente diferente e fechada, hoje estas informações estão na palma das nossas mãos!

Eu também não te sei responder quantos votaram no Chega com intenções nefastas, e quantos votaram como "protesto", ou quantos votaram porque caíram no engodo de ser "diferente dos outros". Agora o que sei, é que anos a levar com políticas de esquerda radical, só fortaleceram ainda mais a retórica do Chega, à semelhança do que aconteceu noutros países com o crescimento da extrema-direita.
Não se pode por exemplo ter uma política de imigração catastrófica, nem uma política que incentiva a emigração de jovens portugueses qualificados. Muito menos num país que tem problemas em virtualmente todos os sectores, desde a habitação à saúde, e depois tem um governo que antes de resolver o que seja, quer receber muito mais gente sem considerar as pressões que isto terá nesses sectores.

Juntas a isto todo o aspecto populista, e aí tens os resultados.

Agora resta-nos ver como ficará o novo Governo, e o que vai mudar relativamente ao PS, se é que alguma coisa.
Sendo este um Fórum associado à Defesa, quero desde logo ver quais as preocupações que se terá com este sector, como irão reagir as chefias militares, e se no fim do mandato, seja ele completo ou não, mudou alguma coisa.
 

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Kalil

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Re: Política em Portugal
« Responder #2065 em: Março 11, 2024, 11:47:22 pm »
Quando se fala em políticas de esquerda radical nos últimos anos, estamos a referir-nos ao quê concretamente?
O equilíbrio das contas públicas, que era o pilar da era da troika? O aumento do PIB para níveis inéditos? A continuação da politica de elevada carga fiscal e das constantes cativaçoes pelo ministério das finanças?
A economia cresceu, o número de milionários nunca foi tão elevado (aumento de 23% só entre 2020 e
2022), e os salários nunca tiveram um peso tão baixo em relação ao PIB.

São estes os resultados de políticas ultra-socialistas?

 

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papatango

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Re: Política em Portugal
« Responder #2066 em: Março 12, 2024, 12:40:19 am »
Eventualmente a referência a politicas radicais não eram as económicas.
Dificilmente seriam, já que as agências de rating não passavam Portugal do nivel lixo para o nivel A, de investimento, se por acaso as politicas tivessem sido extremistas de esquerda.

Eu acredito que a referência é muito mais relativa aos comportamentos sociais e a coisas como ideologia de género e as trapalhadas imbecis a que normalmente chamamos de cultura Wook e que especialmente num país conservador são vistas como demasiado radicais.

Sempre que vejo as manifestações dos eco-nazis, até eu fico com vontade de votar no Chega  :mrgreen: :mrgreen: :mrgreen: (lagarto, lagarto, lagarto)

E estas coisas chegam diretamente a casa de cada um. Este ano já houve reuniões de pais por causa da questão das casas de banho na escola.
O ano passado, numa reunião, indispus-me com uma encarregada de educação de cabelo roxo (era a cor do cabelo da senhora) porque dizia a senhora que não nos deviamos preocupar com estas coisas porque antigamente os homens casavam-se com homens e ninguém se preocupava com isto ...

Desde o governo da geringonça, que este tipo de aceitação de coisas que a maioria das pessoas não aceita facilmente, criou a ideia de que estamos numa situação de vale tudo.
É muito mais fácil enganar uma pessoa, que explicar-lhe que foi enganada ...
 

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dc

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Re: Política em Portugal
« Responder #2067 em: Março 12, 2024, 01:46:16 am »
Temos toda uma esquerda que tentou desmilitarizar a Europa inteira, e matar as indústrias de Defesa locais. E não é só a indústria de Defesa. Vimos uma política de extrema esquerda que visou uma normalização das contas públicas também à custa de determinados sectores menos "populares", mas que não aplicou o mesmo tipo de cortes noutros sectores (TAPs e afins). Temos uma extrema esquerda e uma esquerda minada de corrupção (não serão os únicos, mas é especialmente grave quando vem da força governante). Uma esquerda que desvaloriza as forças de segurança (e em alguns casos até dizem que não deviam existir), uma esquerda com uma política de migração que visa contrabalançar a mão de obra qualificada que perdemos (e na qual gastamos dinheiro a formar) com a "aquisição" de mão de obra barata. Uma esquerda que com uma guerra na Europa assobia para o lado como se nada se passasse, e em que pelo menos um dos partidos consegue ter a lata de defender uma política de (ainda mais) desarmamento.

A isto acrescem as questões woke, umas com razão de ser, outras nem tanto, que às vezes só servem para distrair dos problemas do mundo real (lembram-se da Ministra da Defesa e das suas prioridades? Pois). Combater desigualdades, racismo, etc, acho bem, não pode é ser feito dando tempo de antena a um gajo que nas redes sociais apregoa que quer "morte aos brancos", ou casos como aqueles em que um homem que se identifica como mulher, tem de repente o direito de ir para uma casa de banho feminina (por outras palavras, o sonho dos pedófilos!).

As questões "ecológicas" são de outro nível. No fim de contas, a existência humana depende que o mundo seja... sei lá... propício à vida! O problema é que muitos dos radicalizados só fazem porcaria dando má imagem à causa*, o que não ajuda ninguém e causa ressentimentos, o que não aconteceria se se comportassem de forma normal.

*não me admirava que a malta que faz porcaria, o faça apenas com o intuito de manchar a causa (uma espécie de false flag) ou porque querem só ser arruaceiros.

Entretanto, o crescimento da extrema direita não se limita a Portugal. Quando outros países "civilizados", muito mais ricos que Portugal, com salários muito melhores, apresentam o mesmo fenómeno, podemos concluir que é algo mais profundo.

Mas para falar em políticas de esquerda, basta dar um exemplo:
-A guerra na Ucrânia começou há mais de dois anos, a necessidade de se produzir munições e equipamento militar (e não só) aumentou de uma forma estratosférica (a procura ultrapassa a oferta), e nós, que queremos uma economia forte, uma indústria desenvolvida e aumentar as exportações não fizemos nada nesse sentido. Estranho não é?

O caso do Alfeite é outro, e refiro-me apenas a questões de Defesa, sendo que outros sectores também terão a sua dose de exemplos.
 

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Re: Política em Portugal
« Responder #2068 em: Março 12, 2024, 02:35:12 am »
Todas essas críticas podem ser aplicadas à grande maioria dos paises europeus, sejam mais de esquerda ou de direita.
Até há bem pouco tempo, a maior proximidade com a Rússia era movida pelos sectores económicos, nomeadamente o energético, e a inacção sobre os avanços político/militares russos manteve-se durante quase uma década. Não houve nisso nada de ideológico, simplesmente o interesse básico em aceder ao investimento russo e ao gás barato.

Portanto, concordamos em aceitar a realidade factual de não termos sido governados à esquerda, em matéria de economia.
 Em relação aos costumes, somos um país velho e de velhos, um país conservador que há 50 ainda vivia em ditadura. As questões que geram tanta inquietação em Portugal, são há muito tempo razoáveis no resto da Europa. Não impactam na maioria de nós, mas servem para gerar ruído e são uma fonte de críticas fácil para acusar a esquerda radical, que nunca esteve no governo, pois são causas que estes abraçam cegamente. Concordo que a transição social deverá ser mais suave e sem exageros, nao so pela aceitação cultural mais dificil pela maioria dos portugueses, mas porque quando se apressa a evolução, esta tende a ter desvios nefastos.

Sou bastante criticado noutros círculos por defender exactamente que, algumas dessas questões mesmo sendo importantes não são o principal interesse do comum cidadão, o que importa num país pobre, ao final do dia, é ter pão na mesa. E tal como a crise em 2008 chegou tarde mas forte a Portugal, o que se passa actualmente também é um conjunto de crises, a inflacionaria, da habitação, das migrações, generalizadas em toda a Europa. Nós somos mais pobres, temos uma economia mais fraca, podemos tentar mas não conseguimos fugir ao mesmo destino. Aqui não há ideologia que nos possa salvaguardar.

Falando da defesa, volto a dar o exemplo de Espanha. Tem uma industria de defesa, que privilegia, investe muito mais que nós (não ate que ponto as capacidades correspondem exactamente ao investimento feito), mas tem um planeamento a médio prazo, integrado, e vai mantendo as forcas armadas (e de segurança) bem equipadas. Já viram a agenda woke em Espanha? É muito mais forte que por cá, e não é impedimento de valorizar a defesa.
Podemos misturar alhos com bugalhos mas depois de sacudir o pó,  voltamos sempre ao mesmo, a dimensao da economia periférica que somos. Vamos abrir uma nova fábrica de munições em PT? Em Espanha há 5 a laborar, e quase todas acabaram de ser compradas pelo gigante europeu. Até ao final deste ano vão produzir mais do que nós podiamos produzir nos próximos 20 anos, se iniciassemos agora.
O mundo não pára à espera dos atrasados.
 

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« Responder #2069 em: Março 12, 2024, 02:52:31 am »
A normalização do termo nazi, aplicada a uma cambada de putos que anda a pintar coisas como forma de protesto, e que tem como maior consequência alienar ainda mais a maioria das pessoas contra a causa que julgam defender, é esquecer que os nazis eram supremacistas xenófobos que arrasaram a Europa e praticaram o exemplo máximo do genocídio.
Esta normalização do termo é ainda mais grave quando vemos um genocídio em directo e temos uma Europa a assobiar para o lado, tal como os alemães fizeram perante os nazis.