Este tópico tem sido, à falta de comentários assertivos, uma montra de propósitos ideológicos e de muita propaganda.
Partindo de certezas e de factos verificados, usando o raciocínio e porque não a intuição (para quem tem esse dom) poderemos chegar a imagens claras.
Os avanços e recuos quer da Rússia e do seu Autocrata quer da Oligarquia Ocidental, conseguem ainda esconder os verdadeiros objectivos estratégicos, não só do campo do Mal como do campo de Bem . Eu recuso o maniqueísmo , acredito que existe uma zona cinzenta ; espero que mesmo os menos dotados me percebam a ironia.
O violento conflito que se aproxima já ultrapassa a Ucrânia, esta não passa de um cruel detalhe.
Um conflito muito mais abrangente, muito mais violento começa a lavrar. O domínio do dólar como moeda de referencia no comércio mundial está em xeque. Sem o predomínio do dólar (esse privilégio imperial referido por De Gaulle e por tantos economistas) os EUA não conseguirão ser , como disse o Biden, os lideres da Nova Ordem Mundial.
O império dominante não vai ceder nenhum dos seus privilégios sem luta. Acredito que, minado por dentro (lembram-se do assalto ao Capitólio) e com múltiplos conflitos a gerir no exterior, dos quais se destaca agora o da Ucrânia e brevemente o de Taiwan e no Médio Oriente, os EUA perderão o seu estatuto de única superpotência para dar lugar a um mundo multipolar, como já escrevi em comentários mais antigos.
Qual deverá ser a atitude de Portugal para minimizar os efeitos da catástrofe que se aproxima ? Continuo a refletir para formar uma opinião, mas , volto a insistir que nos devemos preparar para os piores cenários e não vejo preparação nenhuma por parte do nosso governo.
Concordo, neste tópico a propaganda pró-Putin até dá asco. Antes do conflito queriam a UE a baixar as calças à Rússia, por causa da energia. Deu asneira não deu?
No entanto questiono, nesse mundo multipolar, quem serão esses "pólos múltiplos"? China e EUA são dois, portanto, apenas mundo bipolar. Com a UE, que a ver vamos como se mexe entretanto, seria tripolar. A Rússia vai-se arrastando, a ver se não colapsa entretanto. Brasil e Índia ainda têm que comer muita sopa... Onde está o mundo multipolar? Mais depressa voltamos aos tempos da Guerra Fria, com dois pólos opostos.
Agora, há que ser realista, se a China invade Taiwan, quanto tempo aguentará a sua economia, quando todas as empresas ocidentais deixarem de fazer negócio com a China? Eles já devem estar a fazer contas à vida, ao ver a reacção do Ocidente ao ataque russo na Ucrânia, e a fazer os paralelismos com a sua situação vs Taiwan. Se a China não vender os seus produtos ao Ocidente, vai vender a quem? Se as empresas deslocalizarem as suas fábricas da China para outros países, o que vai fazer a China?
A China tem tantos inimigos por esse mundo fora, que não é difícil vislumbrar um desfecho catastrófico para eles, seja do ponto de vista militar, seja económico.
Este conflito veio trazer um lado "positivo": foco em reduzir ainda mais a dependência de combustíveis fósseis, o que fará com que países europeus, limitados neste tipo de recursos, deixem de ter de importar tanto, e consequentemente não terão tanta dependência energética de terceiros. O próximo passo, passa por deslocalizar todas as fábricas da China. Existem mais países no mundo com mão-de-obra barata, que podem receber estas fábricas. Aqui Portugal, tendo das mãos-de-obra mais baratas da Europa, poderá ganhar um pouco com isso, pelo menos nos sectores tecnológicos. A médio/longo-prazo, poderemos ver investimento em países da América do Sul, África e Médio Oriente, elevando o nível de vida e economia de muitos destes países.
Quanto a nós, não creio que haja algo que possamos fazer, sem ser planear. Criar enormes reservas de alimentos é pouco prático, e se todos os países fazem isto, vai haver falta de alimento para o mundo inteiro, e consequente aumento de preços, até a um ponto em que há ainda mais guerras. Não é fazível. Deveria-se sim, traçar um plano de contingência, para o caso das coisas se complicarem. Procurar novos fornecedores de alimentos, através do fortalecimento de laços bilaterais com certos países. Manter (e quem sabe aumentar) as reservas de ouro, para se poder pagar esse fornecimento em caso de crise. Continuar rumo à menor dependência energética possível.