"É urgente Moçambique estar no mercado do gás", presidente da Galp Energia
O presidente da Galp Energia, Manuel Ferreira de Oliveira, considerou hoje "urgente" Moçambique entrar no mercado de exportação de Gás Natural Liquefeito (LNG), alertando para o perigo de redução do valor do recurso em caso de atraso. Ao longo da Bacia do Rovuma, norte de Moçambique, decorre uma das maiores pesquisas e prospecções de petróleo, feitas por uma dezena de multinacionais petrolíferas, entre elas a portuguesa Galp Energia, bem como a norte-americana Anadarko, a malaia Petronas (malaia), a canadiana Artumas, a italiana ENI, a norueguesa Norsh Hydro, entre muitas outras.
Moçambique prevê iniciar em 2018 a venda de gás natural descoberto na costa marítima da província de Cabo Delgado, o que poderá contribuir para o Produto Interno Bruto em 13 por cento, contra os atuais 1,7 por cento, dos recursos naturais no geral.
Falando na Conferência Internacional sobre Gás, que hoje arrancou em Maputo, Ferreira de Oliveira disse que "Moçambique tem um papel chave no desenvolvimento desta capacidade de produção imprescindível para o abastecimento de energia no mundo".
Mas, acrescentou, "se Moçambique se atrasar no desenvolvimento dos projectos isso será um estímulo a que outros apareçam", uma vez que "a posição de Moçambique está quase equidistante do mercado Europeu, da América do Sul e do extremo Oriente".
Recentemente, a norte-americana Anadarko Petroleum elevou para o dobro (30 triliões de pés cúbicos de gás natural) as estimativas sobre as reservas de gás em prospecção no norte de Moçambique, afirmando tratar-se de uma das mais importantes descobertas de gás nos últimos dez anos.
"De facto, Moçambique vai desempenhar este papel de arbitragem e de harmonização de valor no mercado do gás", mas "se o quadro regulatório, o contexto operacional for indutor de um progresso lento outros aparecerão e o valor do recurso no mercado, do recurso de Moçambique reduz-se", disse Ferreira de Oliveira.
Por isso, "é urgente Moçambique estar no mercado", disse, sublinhando o papel da Galp Energia, "compradora de gás de LNG, que constrói as suas instalações e faz os seus investimentos no 'downstream', a contar com abastecimento".
"Esse abastecimento tem que ser fiável, contínuo, competitivo e estar pronto nas datas em que se propõe arrancar o projecto", apelou.
O responsável lembrou que "os grandes contratos de LNG são normalmente fechados muito antes de as unidades iniciarem a operação", pelo que "isso traz uma especial responsabilidade para os operadores para que cumpram os prazos e os orçamentos que lhe são atribuídos para que a rentabilidade dos projectos seja sustentável".
Falando na cerimónia de abertura da conferência, o ministro moçambicano da Planificação e Desenvolvimento, Aiuba Cuereneia, disse esperar que "os estudos para a concessão de um megaprojecto de produção de LNG resultem não só no melhoramento da posição da balança comercial do país, mas também na dinamização da economia interna através da contribuição para receitas fiscais e programas de responsabilização social".
Lusa