Agricultura impulsiona crescimento da economia angolana além do petróleo
A agricultura angolana deverá liderar o crescimento do peso do setor não petrolífero na economia nacional no próximo ano, segundo a proposta do Orçamento Geral do Estado (OGE) de 2015.
De acordo com o documento, que começa hoje a ser discutido na especialidade, na Assembleia Nacional, e cuja aprovação deverá ser concluída até 11 de dezembro, a Agricultura, considerado um setor chave para o desenvolvimento economia nacional, lidera o crescimento entre oito áreas não petrolíferas identificadas.
O crescimento da agricultura angolana está estimado em 12,3% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional. Ou seja, acima dos 11,9% previstos para este ano, mas distante da marca de 2013. Nesse ano, o crescimento foi de 42,3% face a 2012, ano marcado pela seca no país, que fez a produção agrícola cair 22,5%. O ministro da Agricultura angolano, Afonso Pedro Canga, admitiu este mês que aquele setor foi o que mais cresceu nos últimos anos, nomeadamente com grande contributo da produção familiar.
"Por isso é justo que deva merecer toda a atenção", referiu o ministro. Além disso, acrescentou, as explorações agrícolas familiares, com um universo de cerca de 2,5 milhões de famílias, são responsáveis por mais de 80% da produção de culturas alimentares básicas - cereais, raízes, leguminosas - e detêm os maiores efetivos de gado do país.
No relatório de fundamentação do OGE de 2015, o Governo angolano reconhece que a "dinâmica recente da economia agrícola tem sido um dos determinantes do desempenho do PIB não petrolífero".
"Não obstante a produção agrícola constituir um dos principais fatores indutores do crescimento do PIB nacional, a dinâmica recente exibida pelo setor agrícola tem marcado abrandamentos ao ritmo de crescimento do PIB não petrolífero por flutuações severas e preocupantes", admite ainda o Executivo, numa referência nomeadamente aos efeitos que ainda se fazem sentir da seca.
Além da agricultura, o setor não petrolífero prevê um aumento de 3,3% na pesca e derivados, de 12% na energia, de 11,2% na indústria transformadora, de 10,5% na construção e de 9% nos serviços mercantis. Os diamantes, o segundo maior produto de exportação de Angola, a seguir ao petróleo, deverá crescer apenas 0,7% em 2015, depois de aumentos de 1% estimado para este ano e de 3,3% em 2013.
Segundo as contas do Governo, o setor não petrolífero angolano, globalmente, deverá crescer 8,2% este ano e 9,2% em 2015. Já o setor petrolífero, com base nas exportações de crude, deverá crescer 10,7% no próximo ano, enquanto para este ano a perspectiva é de quebra de 3,5%. Províncias como o Cuanza Sul, Benguela, Huambo, Huíla e Bié lideram o desenvolvimento do setor não petrolífero, através da agricultura e do desenvolvimento industrial. De acordo com a proposta do OGE para 2015, as contas públicas angolanas deverão apresentar um défice orçamental de 7,6% do PIB, prevendo-se um crescimento da economia nacional de 9,7%.
O Executivo angolano justifica este desempenho com a incerteza na cotação internacional do preço de crude, estabelecendo 81 dólares por barril de petróleo como valor de referência na exportação, contra os 98 dólares inscritos no OGE de 2014. Este valor serve de base ao cálculo das receitas fiscais petrolíferas, que em 2015 deverão render ao Estado 2.551 biliões de kwanzas (20.475 milhões de euros).
Lusa