Caro Duarte. Pensar que se poderia abdicar de um dos territórios ultramarino e manter outros é de extrema cegueira. Qualquer movimento independentista que se sentisse a faltar as forças ao assistir à libertação de outro território automaticamente ficaria moralizado e não duvido que um efeito dominó se seguiria em todos os outros territórios.
Quanto ao auscultação dos povos dos territórios, apenas posso dizer-lhe o mesmo que já disse ao Sr. Tomsk. Não conhece a realidade dos mesmos. Uma boa parte dos indígenas nascia e morria sem nunca sequer ter visto um branco na vida. Para essa grande parte, estar sobre domínio português ou chinês era exactamente igual. Para poder fazer essa auscultação essas pessoas teriam de ter bases para poder escolher e não escolher o que o soba ou outro qualquer lhe dissesse. Para mais num cenário desses, onde nem o apoio da ONU seria possível (tínhamos um ror de resoluções da ONU a mandar descolonizar para ontem) o sr. deveria saber que o esforço para que tal fosse feito exigiria muitos mais homens e recursos do que alguma vez Portugal possuiria. Ou então apenas votariam os das cidades. Isto claro se os movimentos se mantivessem quietos coisa da qual duvido muito.
Também deveria saber que o esforço militar era sabotado muitas vezes pelos próprios colonos brancos que viam com maus olhos a intromissão militar nos campos das ajudas médicas e do ensino às populações e as denuncias dos militares aos maus tratos infringidos às mesmas. Existem relatos fidedignos de apoio de colonos aos movimentos (especialmente em Moçambique) e também movimentos seccionistas brancos inspirados na Rodésia e na África do Sul.
Como já afirmei antes, nunca considerei que a descolonização fosse bem feita mas foi a possível perante o estado a que tínhamos chegado. Como disse Salgueiro Maia "existem os estados capitalistas, os estados comunistas e existe o estado a que isto chegou"
Se há erros na nossa democracia, se há corrupção, nepotismo, etc, há sim. Mas ao menos agora temos uma capacidade. Em vez de comer e calar, podemos mudar. Só necessitamos de deixar de ser os analfabetos políticos que somos e assumir as nossas coisas em vez de continuar a delegar e fugir. Responsabilidade é uma palavra terrível para o povo português, mas acredito que ainda há-de fazer parte do "dicionário"
E se não entende o que quer dizer "temos pena" então só prova quão curto de vista o sr. é
Bom 25 de Abril e tome ENO que ajuda na azia.