Eu também acho que a selecção Francesa de futebol é uma mentira, e o Deco e o Makukula não deviam representar a selecção nacional, porque, na realidade, não são Portugueses. Naturalizarem-se para abrir portas para outros clubes europeus, não tenho nada contra, mas representar outro país que não o seu de origem, acho mal, qualquer que seja o caso (há quem tenha dupla nacionalidade de origem, mas isso já é diferente).
Seja como for, desporto e política não se deveriam misturar. O que a tal Cabo Verdiana pensa do Nélson Évora, pela parte que me toca, é-me indiferente - simplesmente achei curioso o facto dela viver em Portugal, querer permanecer em Portugal definitivamente, e chamar traidor a um "compatriota" por representar o nosso país internacionalmente. Seja...
Voltando ao tópico, continuo sem ver nenhuma vantagem nesta união, a não ser ao nível da imigração Cabo Verde -> Portugal, o que seria uma vantagem unilateral, considerando que nós já mal temos condições para acolher os vários imigrantes que chegam de outros países, se outro país como Cabo Verde se juntasse a nós, o fluxo provavelmente seria maior, o que resultaria em mais guetos, mais pobreza, mais criminalidade, e os resultados seriam prejudiciais, tanto para os Portugueses, como para os Cabo Verdianos.
O forista Ataru defende que os Cabo Verdianos gostam de nós, e identificam-se connosco; julgo que o Cabeça de Martelo (senão foi ele, peço desculpa) mencionou algures que foi a uma festa de Cabo Verdianos, e, resumidamente, não se se sentiu bem-vindo. Da minha experiência pessoal com Cabo Verdianos e descendentes destes, sinto-me mais como o Cabeça. Como poderia dizer que indivíduos que falam para mim em crioulo para eu não entender (sabendo que falam português), usam ostensivamente, quase de forma provocatória, camisas, mochilas e diversos acessórios com a bandeira do seu país natal (ou na maioria das vezes, do país dos seus pais), não mostram respeito pela Cultura, Património e História da minha Pátria, e só se lembram que são cidadãos Portugueses quando lhes convém, identificam-se comigo, com o meu país, os meus compatriotas? Lamento, mas não consigo.
Pelo que vejo, o que eles vêm em Portugal de bom são os Euros e uma possível melhoria das condições de vida - ora são imigrantes, nada mais natural. O que acho pouco natural é a ingratidão e arrogância de certos imigrantes, não só de Cabo Verde, que se refugiam nos seus crioulos, nos seus costumes e no pseudo-lobby do racismo para não se integrarem. Depois usam isso como desculpa, para justificar os seus actos menos correctos, e sempre que podem maldizem Portugal, quando ninguém os obriga a ficar cá.
Eu não sou racista e não tenho nada contra os imigrantes, tenho um grande amigo ucraniano, sempre tive colegas negros e ciganos, alguns dos quais também se tornaram meus amigos, e sempre os vi como meus semelhantes. Se calhar aconteceu só comigo, não sei, mas muitos dos imigrantes e filhos de imigrantes dos PALOP com que tive a oportunidade de interagir, agiam de forma arrogante, ingrata e racista para comigo, e o meu país. Os ciganos, que viviam em piores condições, até eram porreiros, e se me virem na rua hoje, ainda falam comigo cordialmente - e a maioria das pessoas detesta ciganos.
Ou seja, para mim, não basta alguém ter como língua materna o Português para ser Português. E um país, por ser parecido em alguns aspetos culturais com Portugal (e sei que Cabo Verde o é) não significa necessariamente que o seu povo se sinta Português, e tenha mais respeito que qualquer outro povo pelas nossas gentes, culturas, tradições, etc. Cabo Verde é um país estrangeiro, como qualquer outro, e tem sabido usar a seu proveito a independência, o que é de louvar, e acho muitíssimo bem. É do interesse de Portugal que Cabo Verde prospere, soberano e independente, e vice-versa. Uma união seria um retrocesso, tanto histórico como político. Nós não estamos em posição de nos afundarmos mais ajudando um arquipelágo que tem os seus próprios problemas (e tem conseguido fazer um trabalho positivo), e eles não têm nada a ganhar em deixarem os seus recursos e riquezas naturais serem explorados/divididos por 10 milhões de pessoas. Que Cabo Verde prospere, assim como Portugal, e os restantes PALOP - e assim seremos todos mais fortes.
P.S.: Peço desculpa se ofendi alguém, não era minha intenção. Para não alongar mais este post, não falei dos problemas que outros PALOP têm, como o facto de Moçambique ter vários povos bastante diferentes: os Macuas e os Makondes no Norte, enquanto o poder está no Sul, geograficamente "nas mãos" dos Landins, por exemplo.
E chega, que isto não é uma tese de doutoramento, e já vai demasiado extenso!