Crise internacional: Cabo Verde sem problemas mas teme "efeitos perversos" no futuro
Cabo Verde está para já imune à crise internacional mas teme efeitos da mesma no futuro, disse hoje a ministra da Economia do arquipélago, Fátima Fialho.
"A nossa ideia é a de que não há uma crise em Cabo Verde, o que não significa que não haja efeitos perversos", afirmou.
A ministra falava no intervalo de um ciclo de reuniões com associações ligadas ao sector privado cabo-verdiano, destinadas a analisar eventuais implicações na economia de Cabo Verde da crise internacional.
Segundo Fátima Fialho, os representantes ouvidos afirmam que até agora não sentem os efeitos dessa crise mas estão preocupados "com um abrandamento de fluxos turísticos", sendo que o turismo é, a par das remessas dos emigrante, o principal "motor" da economia de Cabo Verde.
Cabo Verde, um país sem recursos, tem uma economia muito "vulnerável e dependente" e as crises internacionais sempre preocupam o arquipélago, sendo necessário que o país se prepare para eventuais constrangimentos.
"Ninguém sabe quando a crise vai terminar nem quão profunda será. Temos é de transformar a crise em oportunidades e aprofundar as reformas" que são necessárias em Cabo Verde, disse a responsável.
Por exemplo, referiu, o aumento da taxa de crescimento do país não se tem reflectido no aumento do emprego, pelo que é preciso tomar medidas nesse sentido.
Fátima Fialho também admitiu que as remessas dos emigrantes venham a baixar, em consequência da crise internacional, mas manifestou-se, ainda assim, optimista quanto à reacção da economia do país.
Cabo Verde tem adoptado medidas para fazer face a eventuais repercussões no arquipélago da crise internacional, como o ajustamento de tarifas aduaneiras, contenção de preços de água e energia ou aumentos das pensões de sobrevivência.
O próprio Orçamento de Estado para o próximo ano foi feito a pensar nessa crise, disse recentemente a ministra das Finanças, Cristina Duarte.
Esta posição tem sido expressa pelas autoridades do país, que garantem que Cabo Verde está preparado para enfrentar a crise financeira. "Numa economia aberta há sempre algum impacto, mas temos conseguido resistir", segundo fonte do executivo.
No entanto a questão da crise financeira internacional tem estado na ordem do dia em Cabo Verde, e embora não seja tema de conversas de café, a imprensa, especialmente a televisão, tem dado algum destaque ao assunto.
Excepcionalmente, a televisão de Cabo Verde tem noticiado, por exemplo, as flutuações na Bolsa de Valores de Lisboa.
As reuniões de responsáveis europeus para fazer face à crise são também noticiadas em Cabo Verde, onde por norma o noticiário internacional é muito pouco desenvolvido e às vezes praticamente inexistente.
Nos últimos semanários que foram publicados, por exemplo, a crise internacional foi objecto de dois artigos de opinião (um em cada um) e os esforços dos governos da União Europeia para fazer face ao problema foram noticiados noutro.
Lusa