Cabo Verde forma técnicos para pesquisar património subaquático com ajuda de Espanha
Cabo Verde quer começar a pesquisar o património subaquático do país e está a formar técnicos, tendo hoje recebido uma ajuda da cooperação espanhola, em equipamentos, no valor de 70 mil euros.
Além da ajuda, que compreende desde fatos de mergulho a garrafas de oxigénio ou material informático, três cabo-verdianos terminaram também recentemente um curso em Espanha que os habilita a desenvolver acções de arqueologia subaquática no arquipélago.
Carlos Carvalho, presidente do Instituto da Investigação e do Património Culturais (IIP), disse à Lusa que o principal objectivo do governo é investir na formação de técnicos para que futuramente se possam fazer autonomamente pesquisas subaquáticas.
"É o grande investimento: formação e capacitação, para podermos ter condições técnicas para actuar", disse à Lusa, admitindo que o país, como de resto muitos outros, "tem dificuldades em controlar o património subaquático".
"Temos consciência de que o mar é alvo de pilhagem, temos essa informação e tentamos evitar. O que estamos a fazer é sensibilizar mergulhadores e pescadores, que sabem as áreas onde estão barcos afundados, para não tocarem nessas peças e serem nossos parceiros nesse controlo", afirmou.
Cabo Verde, adiantou à Lusa, tem um trabalho de pesquisa feita sobre o espólio que está submergido e o que for recolhido irá para uma exposição permanente no Núcleo Museológico da Praia, actualmente em fase de remodelação.
O material hoje oferecido pela cooperação espanhola será utilizado em todo o arquipélago, tendo Carlos Barbosa, um dos cabo-verdianos que frequentou o curso em Cádis, afirmado que dele faz parte uma importante base de dados sobre património subaquático.
Manuel José Veja, embaixador de Espanha na capital cabo-verdiana, disse que Cabo Verde tem um interessante património subaquático que é necessário recuperar, para bem do arquipélago e da comunidade internacional, e que o governo de Madrid vai continuar a apoiar esse esforço, até porque Espanha, acrescentou, tem grande tradição na recuperação de património subaquático.
Uma cooperação que deixa o ministro da Cultura, Manuel Veiga, muito satisfeito, tanto mais que, como disse na cerimónia de entrega do material, Cabo Verde está muito exposto nas fronteiras marítimas e precisa de ajuda da cooperação internacional para a pesquisa e para "dar segurança" às águas do país.
Manuel Veiga não deixou de enaltecer a cooperação com Espanha na área cultural, afirmando mesmo que se a Cidade Velha, na ilha de Santiago, for reconhecida pela UNESCO como património da Humanidade para isso terá sido decisivo o contributo espanhol.
Lusa