« Responder #9 em: Janeiro 01, 2008, 01:49:54 pm »
Cabo Verde sobe na classificação de DesenvolvimentoCabo Verde deixa, a partir de hoje, de fazer parte do grupo dos Países Menos Avançados (PMA), a que pertence desde 1977, para passar a ser um País de Desenvolvimento Médio.
Esta «promoção» decidida pelas Nações Unidas em Dezembro de 2004, deve-se ao facto de Cabo Verde preencher dois dos três critérios exigidos para um País de Desenvolvimento Médio ao ter subido o seu Índice de Desenvolvimento Humano e o rendimento per capita.
No entanto, e conforme a resolução da Assembleia Geral 59/209, a passagem de Cabo Verde ao grupo de Países de Desenvolvimento Médio só se tornará efectiva após um período de três anos, durante o qual deverá preparar, em estreita colaboração com os seus parceiros internacionais, uma estratégia de transição para permitir uma saída por etapas e criar condições para que a «promoção» não constitua um obstáculo ao desenvolvimento do arquipélago.
É neste sentido que as autoridades cabo-verdianas, com o apoio do Sistema das Nações Unidas, criaram o Grupo de Apoio à Transição (GAT) do qual fazem parte os principais parceiros internacionais de desenvolvimento.
Este grupo tem por objectivo facilitar a elaboração de estratégias de transição e identificar medidas e acções necessárias com vista à realização da visão de transformação de Cabo Verde num país social e economicamente viável.
Apesar de Cabo Verde ter um Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de cerca de 0,717%, acima da média do grupo de 86 países do mundo com um nível médio de desenvolvimento (0,695), o arquipélago padece ainda de algumas vulnerabilidades, como a fraca capacidade produtiva interna e a forte dependência da sua economia de factores externos, nomeadamente a flutuação dos preços dos combustíveis no mercado internacional.
«A vulnerabilidade económica é um critério com um peso maior que os outros porque é a economia que deve gerar índices de desenvolvimento humano e rendimento per capita», defende o Ministro dos Negócios Estrangeiros, Victor Borges.
Mas em Cabo Verde o processo foi diferente, já que a boa aplicação das ajudas internacionais e a estabilidade social, económica e política contribuíram para os níveis de desenvolvimento do país desde da independência.
Um processo que agora precisa ser sustentável, para que o país entre no ponto de não retorno.
Para o ministro Victor Borges, nesta hora as responsabilidades têm que ser compartilhadas.
«É preciso que os cabo-verdianos (Governo, partidos políticos, a sociedade civil), de um lado, assumam plenamente as suas responsabilidades, mas também sabemos que é importante, por outro, que Cabo Verde continue a beneficiar do apoio da comunidade internacional para realizar os seus objectivos de desenvolvimento», afirmou.
Neste sentido, o chefe da diplomacia cabo-verdiana defende que a «transição suave» deve ser gerida de forma dinâmica em função dos objectivos de desenvolvimento e não de um prazo definido «administrativamente».
Para o executivo cabo-verdiano, durante esta fase de transição a comunidade internacional deverá continuar a apoiar o país, nomeadamente com empréstimos concessionais, um dos «privilégios» que Cabo Verde pode perder quando sair dos PMA.
Entretanto, Vítor Borges recusa considerar a nova classificação em termos de perdas e ganhos, preferindo falar em desafios diferentes.
«A sociedade cabo-verdiana tem que aceitar o princípio de que algo pode e deve mudar. Faz parte do amadurecimento das pessoas o momento em que temos de assumir de forma autónoma as nossas responsabilidades. Neste momento os cabo-verdianos precisam trabalhar mais, produzir mais e criar mais rendimentos.
Diário Digital / Lusa