CPLP acordo ortográfico da língua portuguesa

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comanche

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CPLP acordo ortográfico da língua portuguesa
« em: Março 13, 2007, 01:40:26 am »
CPLP pretende acelerar ratificação de acordo ortográfico da Língua Portuguesa

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Lisboa - O secretário-executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), embaixador Luís Fonseca, afirmou no Brasil que planeia acelerar as acções necessárias para a ratificação do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, adianta a agência Lusa.
 
Num encontro com a direcção da Academia Brasileira de Letras (ABL), sexta-feira, no Rio de Janeiro, Luís Fonseca disse que formalizará um pedido para que a instituição realize gestões junto das autoridades brasileiras.

O objectivo será acelerar a ratificação do Acordo, entre todos os membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), formada pelo Brasil, Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.

O presidente da ABL, Marcos Vilaça, defendeu a aprovação de uma ortografia única, com um prazo de dois anos para as adaptações necessárias e início do pleno vigor do Acordo em todos os membros da CPLP.

Marcos Vilaça defendeu ainda «a necessidade de uma mobilização efectiva» para a promoção da língua portuguesa nos países da CPLP e também nas universidades europeias e norte-americanas.

Assinado a 16 de Dezembro de 1990, em Lisboa, o acordo ortográfico constitui um tratado internacional, resultado de um trabalho desenvolvido pela Academia de Ciências de Lisboa e pela Academia Brasileira de Letras (ABL) desde 1980, muito antes da criação da CPLP, em 1996.

O acordo cria um padrão ortográfico único para a língua portuguesa a ser adoptado por todos os países que constituem a CPLP, mas apenas Cabo Verde, Brasil e São Tomé e Príncipe ratificaram já o acordo. Portugal já assinou, mas ainda não ratificou. O acordo termina com a actual existência de duas normas ortográficas divergentes e ambas oficiais, uma no Brasil e outra nos restantes países de língua portuguesa.

Em visita oficial ao Brasil, o secretário da CPLP viaja a Brasília, onde mantem esta segunda-feira encontros com os ministros da Saúde, Educação e das Relações Exteriores brasileiros, além do reitor da Universidade de Brasília (UNB). Está também previsto um encontro com o Presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, mas a data ainda não foi divulgada.

Na quarta-feira, já em São Paulo, o secretário-executivo da CPLP visitará o Museu da Língua Portuguesa, a Universidade de São Paulo e a Federação das Indústrias do Estado (FIESP). A agenda inclui ainda uma visita a Salvador, capital do Estado da Bahia, na região Nordeste do país, com regresso a Lisboa no sábado, dia 17 de Março


http://www.jornaldigital.com/noticias.php?noticia=13918
 

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comanche

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« Responder #1 em: Agosto 28, 2007, 04:24:01 pm »
Brasil se prepara para reforma ortográfica

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O fim do trema está decretado desde dezembro do ano passado. Os dois pontos que ficam em cima da letra u sobrevivem no corredor da morte à espera de seus algozes. Enquanto isso, continuam fazendo dos desatentos suas vítimas, que se esquecem de colocá-los em palavras como freqüente e lingüiça e, assim, perdem pontos em provas e concursos.

O Brasil começa a se preparar para a mudança ortográfica que, além do trema, acaba com os acentos de vôo, lêem, heróico e muitos outros. A nova ortografia também altera as regras do hífen e incorpora ao alfabeto as letras k, w e y. As alterações foram discutidas entre os oito países que usam a língua portuguesa --uma população estimada hoje em 230 milhões-- e têm como objetivo aproximar essas culturas.

Não há um dia marcado para que as mudanças ocorram --especialistas estimam que seja necessário um período de dois anos para a sociedade se acostumar. Mas a previsão é que a modificação comece em 2008.

O Ministério da Educação prepara a próxima licitação dos livros didáticos, que deve ocorrer em dezembro, pedindo a nova ortografia. "Esse edital, para os livros que serão usados em 2009, deve ser fechado com as novas regras", afirma o assessor especial do MEC, Carlos Alberto Xavier.

É pela sala de aula que a mudança deve mesmo começar, afirma o embaixador Lauro Moreira, representante brasileiro na CPLP (Comissão de Países de Língua Portuguesa). "Não tenho dúvida de que, quando a nova ortografia chegar às escolas, toda a sociedade se adequará. Levará um tempo para que as pessoas se acostumem com a nova grafia, como ocorreu com a reforma ortográfica de 1971, mas ela entrará em vigor aos poucos."

Tecnicamente, diz Moreira, a nova ortografia já poderia estar em vigor desde o início do ano. Isso porque a CPLP definiu que, quando três países ratificassem o acordo, ele já poderia ser vigorar. O Brasil ratificou em 2004. Cabo Verde, em fevereiro de 2006, e São Tomé e Príncipe, em dezembro.

António Ilharco, assessor da CPLP, lembra que é preciso um processo de convergência para que a grafia atual se unifique com a nova. "Não se pode esperar resultados imediatos."

A nova ortografia deveria começar, também, nos outros cinco países que falam português (Portugal, Angola, Guiné-Bissau, Moçambique e Timor Leste). Mas eles ainda não ratificaram o acordo.

"O problema é Portugal, que está hesitante. Do jeito que está, o Brasil fica um pouco sozinho nessa história. A ortografia se torna mais simples, mas não cumpre o objetivo inicial de padronizar a língua", diz Moreira.

"Hoje, é preciso redigir dois documentos nas entidades internacionais: com a grafia de Portugal e do Brasil. Não faz sentido", afirma o presidente da Academia Brasileira de Letras, Marcos Vilaça.

Para ele, Portugal não tem motivos para a resistência. "Fala-se de uma pressão das editoras, que não querem mudar seus arquivos, e de um conservadorismo lingüístico. Isso não é desculpa", afirma.
 

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Cabecinhas

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« Responder #2 em: Agosto 29, 2007, 12:54:14 am »
Código: [Seleccione]
O Brasil começa a se preparar para a mudança ortográfica que, além do trema, acaba com os acentos de vôo, lêem, heróico e muitos outros. A nova ortografia também altera as regras do hífen e incorpora ao alfabeto as letras k, w e y. As alterações foram discutidas entre os oito países que usam a língua portuguesa --uma população estimada hoje em 230 milhões-- e têm como objetivo aproximar essas culturas.

Não sei bem o que pensar, sempre crítiquei os meus colegas e amigos por escrever com estas letras as SMS, crítico também alguns anúncios que por aí se vê com elas, nomeadamente do Millenium BCP, entre outros...

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"Hoje, é preciso redigir dois documentos nas entidades internacionais: com a grafia de Portugal e do Brasil. Não faz sentido", afirma o presidente da Academia Brasileira de Letras, Marcos Vilaça.

Para ele, Portugal não tem motivos para a resistência. "Fala-se de uma pressão das editoras, que não querem mudar seus arquivos, e de um conservadorismo lingüístico. Isso não é desculpa", afirma.


Será antes um esforço por preservar o nosso alfabeto, que eu saiba o português é a língua mãe e que tem 23 letras e respectivos acentos, grave, agudo, til e circunflexo. Agora se o povo brasileiro não consegue ganhar concurso só porque os esquece isso é problema deles.
Só porque
Um galego é um português que se rendeu ou será que um português é um galego que não se rendeu?
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Get_It

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« Responder #3 em: Agosto 29, 2007, 01:14:17 am »
Citação de: "Cabecinhas"
Será antes um esforço por preservar o nosso alfabeto, que eu saiba o português é a língua mãe e que tem 23 letras e respectivos acentos, grave, agudo, til e circunflexo. Agora se o povo brasileiro não consegue ganhar concurso só porque os esquece isso é problema deles.
Só porque

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Cumprimentos,
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Migas

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« Responder #4 em: Agosto 29, 2007, 05:00:36 pm »
Mais “desacordo” do que acordo

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O efeito do Acordo Ortográfico, até agora ratificado por apenas três dos oito países que falam português, só talvez “na próxima década” possa ser avaliado “com mais clareza”, defendeu o professor universitário brasileiro Paulo Motta Oliveira.


Em declarações à Agência Lusa, Motta Oliveira, da Universidade de São Paulo, responsável pela organização do XXI Encontro de Professores Brasileiros de Literatura Portuguesa, a decorrer entre 3 e 6 de Setembro, considerou estar-se em presença de “um desacordo”, mais do que de um acordo.
“Acho cedo para falar do acordo, ainda mais que se trata de um desacordo. Creio que toda a mudança ortográfica é difícil”, disse.
A exemplificar essa dificuldade, apontou os casos de Teixeira de Pascoaes e da revista A Águia, por ele analisados nas suas teses de mestrado e doutoramento. Pascoaes, que “já era um escritor afamado aquando da reforma republicana”, e A Águia, “publicada logo após o 5 de Outubro”, são, na óptica do professor brasileiro, “bons exemplos dessa dificuldade e de como se leva tempo a implementar, na prática, uma mudança em hábitos de escrita arraigados”. “Possuo, por exemplo – referiu – um dicionário do fim da década de 20 que insistia em grafar as palavras como se a reforma republicana não tivesse ocorrido”. “Assim – disse a concluir – creio que só poderemos avaliar com mais clareza o efeito deste possível acordo no futuro, talvez na próxima década”.
Assinado em Dezembro de 1990, o Acordo Ortográfico deveria ter entrado em vigor a 1 de Janeiro de 1994 depois de depositados os instrumentos de ratificação de todos os estados, o que não chegou a acontecer. Em Julho de 1998, na Cidade da Praia, Cabo Verde, foi aprovado um primeiro protocolo modificativo que previa a entrada em vigor do acordo depois da apresentação dos instrumentos de ratificação por todos os estados signatários.
Seis anos mais tarde, em Julho de 2004, por um segundo protocolo modificativo, prescindiu-se da aplicação unânime do acordo e fixou-se que bastaria a ratificação por apenas três países signatários para entrar em vigor.
Até agora, apenas três países – Brasil, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe – ratificaram o acordo e os seus dois protocolos, estando, por esse facto, formalmente, em condições para fazer entrar em vigor as novas regras ortográficas.
Há dias, o jornal Folha de São Paulo noticiou que o Ministério da Educação brasileiro está a preparar “a próxima licitação dos livros didácticos, que deve ocorrer em Dezembro, pedindo a nova ortografia”.
Carlos Alberto Xavier, o assessor especial do Ministério citado no artigo, referia que a directiva ministerial se reportará aos “livros que serão usados em 2009”.
Em Julho último, o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim, disse à Lusa que “seria muito importante, do ponto de vista editorial, que Brasil e Portugal estivessem juntos quando arrancar o acordo ortográfico”.
Na altura, o chefe da diplomacia brasileira escusou-se a dizer se o Brasil adoptaria as novas regras ortográficas sem Portugal.
Também entrevistado pelo jornal, Lauro Moreira, o representante brasileiro na CPLP – Comunidade dos Países de Língua Portuguesa – defendeu que a mudança deve começar “na sala de aula” e assegurou não ter dúvidas de que, “quando a nova ortografia chegar às escolas, toda a sociedade se adequará”.
Na sua previsão, as pessoas levarão algum tempo a acostumar-se à nova ortografia, “como ocorreu com a reforma ortográfica de 1971, mas ela entrará em vigor aos poucos.”
Tecnicamente, lembrou Moreira, a nova ortografia já poderia estar em vigor desde o início do ano. Isso porque a CPLP definiu que, quando três países ratificassem o acordo, ele já poderia vigorar.
O Brasil ratificou o acordo em 2004, Cabo Verde em Fevereiro de 2006, e São Tomé e Príncipe em Dezembro.
“O problema é Portugal, que está hesitante. Do jeito que está, o Brasil fica um pouco sozinho nessa história. A ortografia torna-se mais simples, mas não cumpre o objectivo inicial de padronizar a língua”, referiu Moreira.

Principais mudanças
Segundo especialistas, as modificações propostas no acordo devem alterar 1,6 por cento do vocabulário de Portugal.
Os portugueses deixarão, por exemplo, de escrever “húmido” para usar a nova ortografia – “úmido” – e desaparecem também da actual grafia em Portugal o “c” e o “p” nas palavras em que estas letras não são pronunciadas, como em “acção”, “acto”, “baptismo” e “óptimo”.
No Brasil, a mudança será menor, porquanto apenas 0,45 por cento das palavras terão a escrita alterada.
O trema utilizado pelos brasileiros desaparece completamente e o hífen terá a mesma sorte quando o segundo elemento da palavra comece com “s” ou “r”, casos em que estas consoantes devem ser dobradas, como em “antirreligioso” e “contrarregra”. Apenas quando os prefixos terminam em “r” se mantém o hífen. Exemplos: hiper-realista, super-resistente.
O acento circunflexo sai também de cena nas paroxítonas terminadas em “o” duplo (“vôo” e “enjôo”), usado na ortografia do Brasil, mas não na de Portugal, e da terceira pessoa do presente do indicativo ou do conjuntivo dos “crer”, “ler”, “dar”, “ver” e os seus derivados. Passará a escrever-se: creem, leem, deem e veem.
No Brasil, o acento agudo deixará de usar-se nos ditongos abertos “ei” e “oi” de palavras paroxítonas como “assembleia” e “ideia”.
O alfabeto deixará de ter 23 letras para ter 26, com a incorporação do “k”, “w” e “y”.

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Cláusula
de reserva
Portugal já ratificou o acordo, mas tem ainda de ratificar o segundo protocolo modificativo. Segundo fonte do Ministério dos Negócios Estrangeiros, ontem, à Lusa, Portugal pretende introduzir uma cláusula de reserva diferindo por dez anos a entrada em vigor do acordo.
Um outro interlocutor do Folha de S. Paulo, o presidente da Academia Brasileira de Letras, Marcos Vilaça, considerou que “não faz sentido” que, actualmente, nos eventos internacionais, seja “preciso redigir dois documentos (...): com a grafia de Portugal e a do Brasil”.
Na sua avaliação, Portugal não tem motivos para resistir à ratificação. “Fala-se – indicou – de uma pressão das editoras, que não querem mudar os seus arquivos, e de um conservadorismo linguístico. Isso não é desculpa”.


http://www.oprimeirodejaneiro.pt/?op=ar ... 00bddaf17e
« Última modificação: Agosto 29, 2007, 07:30:23 pm por Migas »
 

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zocuni

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« Responder #5 em: Agosto 29, 2007, 05:14:45 pm »
Citação de: "Get_It"
Citação de: "Cabecinhas"
Será antes um esforço por preservar o nosso alfabeto, que eu saiba o português é a língua mãe e que tem 23 letras e respectivos acentos, grave, agudo, til e circunflexo. Agora se o povo brasileiro não consegue ganhar concurso só porque os esquece isso é problema deles.
Só porque
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x3.

Abraços,
zocuni
 

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pmdavila

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« Responder #6 em: Agosto 29, 2007, 06:19:46 pm »
Não é por nada, mas para mim "húmido" tem e sempre terá "h"... e quanto ao "vêem", no meu tempo de primária tinha acento circunflexo...já não tem?  :lol:
Com os melhores cumprimentos,
pmdavila

"Antes morrer livres que em paz sujeitos"
 

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« Responder #7 em: Agosto 29, 2007, 08:36:04 pm »
Citação de: "pmdavila"
Não é por nada, mas para mim "húmido" tem e sempre terá "h"... e quanto ao "vêem", no meu tempo de primária tinha acento circunflexo...já não tem?  :lol:

Os meus tempos de escola deverão ser mais recentes que os seus, e no meu caso aprendi que "vêem" tem acento circunflexo, mas ao mesmo tempo também aprendi que voo não tem acento. :roll:

Cumprimentos,
:snip: :snip: :Tanque:
 

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papatango

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« Responder #8 em: Setembro 11, 2007, 06:59:48 pm »
O nosso alfabeto tem só 23 letras ?  :shock:

No passado, já se utilizava o Y, que eu saiba. E tanto quanto sei foi a reforma  posterior à implantação da República que decidiu que W, K e Y não eram letras portuguesas.

Outra nota:
Eu acho que há alguma confusão, porque tanto quanto sei, o acordo ortográfico não exige que os portugueses escrevam úmido sem H ou ação em vez de acção.

O que acontece é que se prevê a dupla grafia.
Tanto é válido dizer acção como ação, secção ou sessão e tanto se poderá escrever húmido como umido.

Isto pelo menos é o que me disse uma professora de português. Esteou a vender o peixe que me venderam a mim.

Aliás, já temos palavras que têm dupla grafia e ninguém se queixa. Lembro-me por exemplo da mais conhecida: Ouro e Oiro (dourado e doirado).

Cumprimentos
É muito mais fácil enganar uma pessoa, que explicar-lhe que foi enganada ...
 

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zocuni

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Acordo
« Responder #9 em: Setembro 11, 2007, 07:31:45 pm »
Tudo bem,Papatango

Não estou certo mas acho que esse acordo é para unificar a língua portuguesa,entre todos seus membros.Na verdade em minha opinião isso é mais por pressões das editoras,do que uma necessidade de facto,(agora será fato).Também me parece um acordo muito abrasileirado de nossa língua.Acontece que Portugal e vários países africanos ainda não ratificaram,e penso que ainda irá rolar muita tinta.Nota-se uma certa pressão do Brasil,neste processo todo,aliás o Brasil terá muito gasto em implementar tal medida em todo território,estas coisas são complexas e não é de um dia para outro.Existem questões pendentes,veremos o desenrolar dos acontecimentos.Pelo que sei,além do Brasil,só Cabo Verde,Galiza e salve o erro São Tomé e Príncipe é que assinaram tal documento.

Abraços,
zocuni
 

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JLRC

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Re: Acordo
« Responder #10 em: Setembro 11, 2007, 08:32:13 pm »
Citação de: "zocuni"
Tudo bem,Papatango

Pelo que sei,além do Brasil,só Cabo Verde, Galiza e salve o erro São Tomé e Príncipe é que assinaram tal documento.

Abraços,
 

Galiza?  :shock:  :shock:
 

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zocuni

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« Responder #11 em: Setembro 11, 2007, 09:16:21 pm »
Tudo bem,

É JLRC,a Galiza tem uma comissão de observadores neste assunto,e pelo que sei certos organismos estão de acordo.
De recordar que em 2009,a Galiza irá participar nos jogos lusófonos em Lisboa.

ACORDOS ORTOGRÁFICOS DA LÍNGUA PORTUGUESA


DIÁRIO DA REPÚBLICA

Decreto de ratificação do Acordo Ortográfico de 1990

Decreto 43/1991 de 23 de agosto, do Presidente da República que ratifica o Acordo Ortográfico da língua Portuguesa, assinado em Lisboa em 16 de dezembro de 1990
PRESIDENCIA DA REPÚBLICA

O Presidente da República decreta, nos termos do artigo 138.º, alínea b), da Constitução, o siguiente:

É ratificado o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, assinado em Lisboa em 16 Dezembro de 1990, aprovado, para ratificação, pela Resolução da Assemblea da República nº. 26/91, em 4 Junho de 1991.

Assinado em 4 de Agosto de 1991.

Publique-se.

O Presidente da República, MÁRIO SOARES.

ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA

Resolução da Assembleia da República n.º 26/91.

Aprova, para ratificação, o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa

A Assembleia da República resolve, nos termos dos artigos 164º, alínea j), e 169.º, n.º 5, da Constitução, aprovar, para ratificação, o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, assinado em Lisboa a 16 Dezembro de 1990, que segue em anexo.

Aprovada em 4 Junho de 1991.

O Presidente da Assembleia da República, Vitor Pereira Crespo.

ANEXO

ACORDO ORTOGRÁFICO DA LÍNGUA PORTUGUESA

Considerando que o projecto de texto de ortografia unificada de língua portuguesa aprovado em Lisboa, em 12 de Outubro de 1990, pela Academia das Ciências de Lisboa, Academia Brasileira de Letras e delegações de Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe, com a adesão da delegação de observadores da Galiza, constitui um passo importante para a defesa da unidade essencial da língua portuguesa e para o seu prestígio internacional;

Considerando que o texto do Acordo que ora se aprova resulta de um aprofundado debate nos países signatários:

A República Popular de Angola, a República Federativa do Brasil, a República de Cabo Verde, a República da Guiné-Bissau, a República de Moçambique, a República Portuguesa e a República Democrática de São Tomé e Príncipe acordam no seguinte:

Artigo 1
É aprovado o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, que consta como anexo I ao presente instrumento de aprovação, sob a designação de Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (1990), e vai acompanhado da respectiva nota explicativa, que consta como anexo II au mesmo instrumento de aprovação, sob a designação de Nota Explicativa do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (1990).

Artigo 2
Os Estados signatários tomarão, através das instituções e órgãos competentes, as providências necessárias com vista à elaboração, até 1 de Janeiro de 1993, de um vocabulário ortográfico comum da língua portuguesa, tão completo quanto desejável e tão normalizador quanto possível, no que se refere às terminologias científicas e técnicas.

Artigo 3
O Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa entrará em vigor em 1 de Janeiro 1994, após depositados os instrumentos de ratificação de todos os Estados junto do Governo da República Portuguesa.

Artigo 4
Os Estados signatários adoptarão as medidas que entenderem adequadas ao efectivo respeito da data da entrada em vigor estabelecida no artigo 3.

Em fé do que os abaixo assinados, devidamente credenciados para o efeito, aprovam o presente Acordo, redigido em língua portuguesa, em sete exemplares, todos igualmente autênticos.

Assinado em Lisboa, em 16 de Dezembro de 1990.

Outro texto de organismo galego.


 

COMISSÃO GALEGA DO ACORDO ORTOGRÁFICO DA LÍNGUA PORTUGUESA

 Rua B. Corbal, 27, 8º C-D - Apartado, 12 – 36080 PONTE VEDRA (GALIZA)
Telefones: 34 986 851124 Telefax: 34 986 851632


--------------------------------------------------------------------------------

Edifício Miguel Dantas, 6º B - Av. Miguel Dantas, s/n

Apartado, 88 – 4930-999 VALENÇA DO MINHO (PORTUGAL)

correio electrónico: lusofonia@infonegocio.com
 

ACORDOS ORTOGRÁFICOS DA LÍNGUA PORTUGUESA
 
 

A COMISSÃO ENVIA CARTA AO PRESIDENTE DA JUNTA DA GALIZA SOLICITANDO UMA REFORMA NO ESTATUTO DE AUTONOMIA, EM 17 DE AGOSTO DE 2004:
 
EX.MO SR. PRESIDENTE DA JUNTA DA GALIZA

PALÁCIO DE RAJOI

SANTIAGO DE COMPOSTELA

      A “COMISSÃO GALEGA DO ACORDO ORTOGRÁFICO DA LÍNGUA PORTUGUESA”, que existe nos dois estados ibéricos, com sede na Galiza, na Rua Bento Corval, 27-8º C-D, Ponte Vedra Capital, representada pelo seu Presidente, Dr. José Luís Fontenla, EXPÕE:

      Que tendo solicitado publicamente V. Exª. ajudas e sugestões ou achegas para a reforma do Estatuto da Autonomia da Galiza, a nossa Comissão acordou fazer-lhe chegar as seguintes sugestões relativas à nossa língua.

      Propõem-se alterações nos seguintes artigos:  

Art. 5.

O português é a língua nacional e oficial da Galiza, onde funciona como língua própria.
O castelhano é também co-oficial na Galiza, onde funciona como língua instrumental.
Todos os cidadãos têm o direito de conhecer e usar as duas línguas, a própria da Galiza, o português, e a castelhana, oficial do Estado espanhol.
Os poderes públicos promoverão a difusão externa da língua portuguesa da Galiza, nas comunidades linguísticas dos territórios lindantes e nas comunidades de emigrantes...
Art. 25.

 Onde põe língua da Galiza pôr língua portuguesa da Galiza.

Art. 26.

Idem, onde põe língua da Galiza pôr-se-á língua portuguesa da Galiza.

Art. 27.

20. A promoção e ensino da língua portuguesa da Galiza.

Art. 34.

4.  Em vez de língua da Galiza pôr-se-á língua portuguesa da Galiza.

Também parece de senso comum que o Conselho da Cultura Galega passe a chamar-se Conselho da Cultura Galega Lusófona da Galiza, para abrir a nossa nação à CPLP, AULP, etc., pois a Galiza e a Espanha, País Basco e Países Catalães devem poder, através das instituições galegas, relacionar-se com todos os países e povos da lusofonia, sendo que a Galiza foi reconhecida como nação pela Sociedade das Nações em 1933 e foi declarada como nação com o diploma do Dia Nacional da Galiza, do 25 de Julho, pelo governo galego, na altura.

Entende a Comissão Galega do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa que o texto reformado do Estatuto de Autonomia da Galiza deve ser aprovado pelo Parlamento e Governo da Galiza, e endereçado para a Comissão de Assuntos Exteriores do Parlamento Espanhol, aquando a Galiza promova a adesão ao Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa que ajudámos a elaborar os galegos com os restantes lusófonos em 1986 no Rio de Janeiro, na Academia Brasileira de Letras, e em 1990 em Lisboa, na Academia das Ciências, por estabelecer uma norma comum que garante a unidade estrutural da nossa portuguesa língua, quer seja em sentido sincrónico quer diacrónico, uniformizando as variedades galega, portuguesa e brasileira numa padrónica norma comum, que abrange as falas da Galiza, Portugal, Brasil, PALOP, Timor, etc., em plano de igualdade e eleva a língua da lusofonia ao nível que merece por ser uma língua que, nascida na antiga Gallaecia e Lusitânia, foi espalhada por dois terços do mundo pelos portugueses, que construiram a primeira nação-estado europeia em 1249, com cerca de 250 anos de antecedência da Espanha.

A Galiza com a língua portuguesa como própria, nacional e oficial nada tem a perder, pois a língua da lusofonia é hoje falada por mais de 240 milhões de utentes segundo a UNESCO, e a segunda língua instrumental co-oficial, o castelhano por mais de 300 milhões de utentes, segundo a RAE (Real Academia Espanhola).

Agradecendo a antenção de V. Exª., aproveitamos o ensejo para apresentar os melhores cumprimentos e em nome da Comissão,

SOLICITAR: Se tenham em conta as presentes achegas.

Ponte Vedra, 17 de Agosto de 2004

      Assdo.,

 

      O Presidente da Comissão,  


      Dr. José Luís Fontenla
 

 

A COMISSÃO INFORMA O PARLAMENTO DA GALIZA (JUNTA DE PORTA-VOZES),

 EM 29 DE NOVEMBRO DE 2001:
 
 

   A COMISSÃO GALEGA DO ACORDO ORTOGRÁFICO DA LÍNGUA PORTUGUESA, que negociou os dois Acordos Ortográficos de 1986 (Ortografia Simplificada) e de 1990 (Ortografia Unificada), da que fizeram parte os falecidos Valentim Paz Andrade, Ernesto Guerra da Cal, Jenaro Marinhas del Valhe, entre outras personalidades que ainda fazem parte da Comissão, ouvido o Conselho Científico, integrado por professores, estudiosos, escritores e poetas lusófonos, e como O.N.G. legalizada nos dois Estados Ibéricos, dedicada à divulgação da Língua Portuguesa da Galiza, Portugal, Brasil, PALOP, Timor, etc. no Mundo acordou, cumprindo o compromisso adquirido na negociação dos Acordos, na Academia Brasileira de Letras do Rio de Janeiro, em 1986, e na Academia das Ciências de Lisboa, em 1990, endereçar ao Parlamento da Galiza – Junta de Porta-Vozes dos partidos políticos, uma vez constituído o mesmo, o seguinte:

    1.- PARECER SOBRE A REFORMA ORTOGRÁFICA DA LÍNGUA PORTUGUESA DA GALIZA, elaborado pelo Conselho Científico das IRMANDADES DA FALA DA GALIZA E PORTUGAL, que é aceite por esta Comissão, relativamente aos aspetos jurídicos e linguísticos.

    2.- PRONTUÁRIO PARA A APLICAÇÃO DO ACORDO ORTOGRÁFICO, com 10 regras muito simples, que permitem incorporar a Língua da Galiza a par das outras realizações do diassistema, numa norma comum padrão de cultura, e de uso fácil no ensino e na administração, podendo implementar-se de imediato em bem da língua lusófona da Galiza, porquanto a Galiza é lusófona ou não é.

     A Galiza tem direito a pertender à CPLP -Comunidade dos Países de Língua Portuguesa- uma vez assumida a norma padrão comum, que dá corpo à 2ª língua românica do Mundo e 3ª europeia de cultura, a seguir do inglês e o espanhol. Ainda a aplicação do Acordo Ortográfico facilitará o ensino da Língua Castelhana e de outras línguas europeias de cultura, fazendo dos galegos cidadãos multilingues, com base na sua língua materna, a língua portuguesa da Galiza, já normalizada.

     3.- Entende ainda a COMISSÃO GALEGA DO ACORDO ORTOGRÁFICO que a Gramática do Português Contemporâneo, de Lindley Cintra e Celso Cunha acolhe as formas dialectais do português da Galiza (dialectos galegos) e de Portugal, do Brasil dendo que os PALOP, Timor, etc. seguem o português europeu.

    Também deve ter-se em conta a fonologia fixada pelo Dicionário da Academia das Ciências de Lisboa, perfeitamente válida para a língua da Galiza, ao estabelecer uma ortofonia comum, em que a norma padrão acolhe os diferentes dialectos, linguajares, sotaques, etc. da realização oral da língua na Comunidade Lusófona da Galiza-Portugal, podendo dizer que não há fenómeno linguístico algum em Portugal que não exista também na Galiza, embora a penetração maciça do espanhol, de modo semelhante a como acontece com Olivença, etc. e face ao que há que reagir já com aulas, ortografia e ortofonia comum portuguesas e nunca espanholas, estabelecimento de terminologia, léxico e dicionarística comum, etc.

    4.- A COMISSÃO GALEGA DO ACORDO ORTOGRÁFICO acredita no futuro da Língua da Lusofonia da Galiza, Portugal, Brasil, PALOP, Timor, etc. quer em cada país e em cada povo lusófono, quer nos organismos internacionais em que é língua oficial ou de trabalho: UE, OEA, OUA, ONU, UNESCO, OMS, OIT, AIJ, etc.

    Por isso pede ao Parlamento Galego, e em seu dia solicitará do Governo da Galiza, que sejam estudados os trámites para a aplicação do Acordo Ortográfico da nossa língua, em bem da Pátria Galega e do Povo Lusófono Galego.

    Em Ponte Vedra, para Santiago, a 29 de Novembro de 2001

    Junta-se o PARECER SOBRE A REFORMA ORTOGRÁFICA DA LÍNGUA PORTUGUESA DA GALIZA elaborado pelo Conselho Científico das IRMANDADES DA FALA DA GALIZA E PORTUGAL, e o

PRONTUÁRIO ORTOGRÁFICO PARA A APLICAÇÃO NA GALIZA DO ACORDO DA ORTOGRAFIA UNIFICADA DE 1990.

Assdo.,

O PRESIDENTE DA COMISSÃO,

JOSÉ LUIS FONTENLA

Apartado 12

36080 PONTE VEDRA
 

Irei confirmar se já foi ratificado pela Galiza,pois não tenho certeza absoluta.

Abraços,
zocuni
 

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zocuni

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Texto
« Responder #12 em: Setembro 11, 2007, 09:29:48 pm »
Tudo bem,

Um texto bem elucidativo sobre o acordo:

organizado por com apoio

 6º Colóquio Anual da Lusofonia e Atribuição do I Prémio Literário da Lusofonia - BRAGANÇA DE 3 A 6 DE OUTUBRO DE 2007

CONVIDADOS DE HONRA:

Professor Doutor Evanildo Bechara, Academia Brasileira de Letras e

Professor Doutor João Malaca Casteleiro da Academia das Ciências de Lisboa

************************************************************************************* onde se fala do acordo ortográfico....

1. Curiosidades da Língua Portuguesa
Você sabia?
A língua portuguesa, com mais de 210 milhões de falantes nativos, é a quinta língua mais falada no mundo.
A terceira mais falada no mundo ocidental.
Idioma oficial único do Brasil, e idioma oficial, conjunto com outros idiomas, de Portugal (cuja segunda língua oficial é o Mirandês), Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Macau, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste, é falada na antiga Índia Portuguesa (Goa, Damão, Diu e Dadrá e Nagar-Aveli), além de ter também estatuto oficial na União Européia, no Mercosul e na União Africana.
A situação da Galiza e do galego em relação ao português é controversa. De um ponto de vista político e, portanto, oficial, o Galego é uma língua porque assim o determinam os organismos de estado Espanhol e da Região Autônoma da Galiza, com legitimidade democrática. De um ponto de vista científico, a idéia de que o galego é uma variante dialetal da língua portuguesa reúne hoje um vasto consenso, sendo estudado a par com as restantes variantes do português nas universidades e centros de investigação lingüística.
A língua portuguesa é uma língua românica (do grupo ibero-românico), tal como o castelhano, catalão, italiano, francês, romeno e outros.
Assim como os outros idiomas, o português sofreu uma evolução histórica, sendo influenciado por vários idiomas e dialetos, até chegar ao estágio conhecido atualmente. Deve-se considerar, porém, que o português de hoje compreende vários dialetos e subdialetos, falares e subfalares, muitas vezes bastante distintos, além de dois padrões reconhecidos internacionalmente (português brasileiro e português europeu). No momento atual, o português é a única língua do mundo ocidental falada por mais de cem milhões de pessoas com duas ortografias oficiais (note-se que línguas como o inglês têm diferenças de ortografia pontuais, mas não ortografias oficiais divergentes), situação a que o Acordo Ortográfico de 1990 pretende pôr cobro.
Segundo um levantamento feito pela Academia Brasileira de Letras, a língua portuguesa tem, atualmente, cerca de 356 mil unidades lexicais. Essas unidades estão dicionarizadas no Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa.
O português é conhecido como A língua de Camões (por causa de Luís de Camões, autor de Os Lusíadas), A última flor do Lácio, expressão usada no soneto Língua Portuguesa de Olavo Bilac ou ainda A doce língua por Miguel de Cervantes.
Nos séculos XV e XVI, à medida que Portugal criava o primeiro império colonial e comercial europeu, a língua portuguesa se espalhou pelo mundo, estendendo-se desde a costa Africana até Macau, na China, ao Japão e ao Brasil, nas Américas. Como resultado dessa expansão, o português é agora língua oficial de oito países independentes, e é largamente falado ou estudado como segunda língua noutros.
Há, ainda, cerca de vinte línguas crioulas de base portuguesa.
É uma importante língua minoritária em Andorra, Luxemburgo (25% da população total), Namíbia, Suíça e África do Sul. Encontram-se, também, numerosas comunidades de emigrantes, em várias cidades em todo o mundo, onde se fala o português como Paris na França; Toronto, Hamilton, Montreal e Gatineau no Canadá; Boston, New Jersey e Miami nos EUA; Nagoya e Hamamatsu no Japão, Sydney na Austrália. Leia mais em: http://pt.wikipedia .org/wiki/ L%C3%ADngua_ portuguesa
2. ACORDO ORTOGRÁFICO
2.0.Falta só 'decisão política' para acordo ortográfico no Brasil ..http://www.agencialusa.com.br/index.php?iden=9483  25-07-2007

Brasília, 25 Jul (Lusa) - O Brasil aguarda apenas uma decisão política interna para a aplicação do acordo ortográfico, disse nesta quarta-feira à Agência Lusa o presidente da Comissão de Língua Portuguesa do Ministério da Educação, Godofredo de Oliveira Neto.

"Falta uma decisão política para darmos início à fase de transição, principalmente no que diz respeito às editoras brasileiras", afirmou Oliveira Neto, que também é diretor do Conselho Científico do Instituto Internacional de Língua Portuguesa (IILP) e subsecretário de Planejamento da Educação do Estado do Rio de Janeiro.

Logo que as novas regras comecem a vigorar, inicia-se um período de transição para que os Ministérios da Educação da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), associações e academias de letras, editores e produtores de materiais didáticos possam, gradualmente, reimprimir livros, dicionários, cartilhas e outros materiais. Oito países fazem parte da CPLP: Brasil, Portugal, Timor Leste e cinco nações africanas (Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe).

Segundo Oliveira Neto, a Comissão para Definição de Ensino-Aprendizagem, Pesquisa e Promoção da Língua Portuguesa (Colip) "está de prontidão para ser acionada a qualquer momento" para aplicar o acordo. A medida incentivará a utilização do idioma pelas organizações internacionais, já que existência de duas ortografias prejudica a divulgação da língua portuguesa e a sua prática em eventos internacionais.

Recentemente, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, disse à Lusa que "seria muito importante, do ponto de vista editorial, que Brasil e Portugal estivessem juntos quando tiver início o acordo ortográfico. Amorim recusou-se a responder, entretanto, se o Brasil adotaria as novas regras ortográficas sem Portugal.

Em princípio, a ortografia comum da língua portuguesa já pode entrar em vigor, porque três dos países lusófonos - Brasil, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe - já ratificaram o acordo e também o protocolo modificativo ao acordo, aprovado em julho de 2004, em São Tomé, durante cúpula da CPLP. O protocolo modificativo permite que o acordo vigore com a ratificação de apenas três países da CPLP, sem a necessidade de aguardar que todos os outros membros da organização adotem o mesmo procedimento.

Portugal já ratificou o acordo, mas ainda falta ratificar o protocolo modificativo.

2.1. Alfabeto passa a ter 26 letras    Fonte: www.comunique-se.com.br


2.1.1. Está para entrar em vigor a unificação da Língua Portuguesa que prevê, entre outras coisas, um alfabeto de 26 letras.

"A frequência com que eles leem no voo é heroica!". Ao que tudo indica, a frase inicial desse texto possui pelo menos quatro erros de ortografia no Brasil. Mas até o final do ano, quando deve entrar em vigor o "Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa", ela estará corretíssima. Os países-irmãos Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste terão, enfim, uma única forma de escrever.

As mudanças só vão acontecer porque três dos oito membros da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) ratificaram as regras gramaticais do documento proposto em 1990. Brasil e Cabo Verde já haviam assinado o acordo e esperavam a terceira adesão, que veio no final do ano passado, em novembro, por São Tomé e Príncipe.

Tão logo as regras sejam incorporadas ao idioma, inicia-se o período de transição no qual ministérios da educação, associações e academias de letras, editores e produtores de materiais didáticos recebam as novas regras ortográficas e possam, gradativamente, reimprimir livros, dicionários, etc.

O português é a terceira língua ocidental mais falada, após o inglês e o espanhol. A ocorrência de ter duas ortografias atrapalha a divulgação do idioma e a sua prática em eventos internacionais. Sua unificação, no entanto, facilitará a definição de critérios para exames e certificados para estrangeiros.

Com as modificações propostas no acordo, calcula-se que 1,6% do vocabulário de Portugal seja modificado.
No Brasil, a mudança será bem menor: 0,45% das palavras terão a escrita alterada. Mas apesar das mudanças ortográficas, serão conservadas as pronúncias típicas de cada país.

2.1.2. O que muda.

As novas normas ortográficas farão com que os portugueses, por exemplo, deixem de escrever  "húmido" para escrever "úmido". Também desaparecem da língua escrita, em Portugal, o "c" e o "p" nas palavras onde ele não é pronunciado, como nas palavras "acção", "acto", "adopção", "baptismo", "óptimo" e "Egipto".

Mas também os brasileiros terão que se acostumar com algumas mudanças que, a priori, parecem estranhas. As paroxítonas terminadas em "o" duplo, por exemplo, não terão mais acento circunflexo. Ao invés de "abençôo", "enjôo" ou "vôo", os brasileiros terão que escrever "abençoo", "enjoo" e "voo".

Também não se usará mais o acento circunflexo nas terceiras pessoas do plural do presente do indicativo ou do subjuntivo dos verbos "crer", "dar", "ler", "ver" e seus decorrentes, ficando correta a grafia "creem", "deem", "leem" e "veem".

O trema desaparece completamente. Estará correto escrever "linguiça", "sequência", "frequência" e "quinquênio" ao invés de lingüiça, seqüência, freqüência e qüinqüênio.

O alfabeto deixa de ter 23 letras para ter 26, com a incorporação do "k", do "w" e do "y" e o acento deixará de ser usado para diferenciar "pára" (verbo) de "para" (preposição).

Outras duas mudanças: criação de alguns casos de dupla grafia para fazer diferenciação, como o uso do acento agudo na primeira pessoa do plural do pretérito perfeito dos verbos da primeira conjugação, tais como "louvámos" em oposição a "louvamos" e "amámos" em oposição a "amamos", além da eliminação do acento agudo nos ditongos abertos "ei" e "oi" de palavras paroxítonas, como "assembléia", "idéia", "heróica" e "jibóia".

2.1.3. Antônio Houaiss

A escrita padronizada para todos os usuários do português foi um estandarte de Antônio Houaiss, um dos grandes homens de letras do Brasil contemporâneo, falecido em março de 1999. O filólogo considerava importante que todos os países lusófonos tivessem uma mesma ortografia. No seu livro "Sugestões para uma política da língua", Antônio Houaiss defendia a essência de embasamentos comuns na variedade do português falado no Brasil e em Portugal.

2.1.4.. Fontes para comentar o assunto:

William Roberto Cereja – Mestre em Teoria Literária pela USP,   Doutor em Lingüística Aplicada e Estudos da Linguagem pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Professor graduado em Português e Lingüística e licenciado em Português pela Universidade de São Paulo (USP), Professor da rede particular de ensino em São Paulo e Autor de obras didáticas.

Marcia Paganini Cavéquia – Professora graduada em Português e Literaturas de Língua Portuguesa; Inglês e Literaturas de Língua Inglesa pela Universidade Estadual de Londrina (UEL),   Pós-graduada em Metodologia da Ação Docente pela UEL, Palestrante e consultora de escolas particulares e secretarias de educação de diversos municípios e Autora de livros didáticos.

Cassia Garcia de Souza – Professora graduada em Português e Literaturas de Língua Portuguesa pela Universidade Estadual de Londrina (UEL), Pós-graduada em Língua Portuguesa pela UEL,   Palestrante e organizadora de cursos para professores da rede de ensino, Assessora pedagógica e Autora de livros didáticos.
  Fonte: www.comunique-se.com.br
2.2. Mudança no português pode acontecer a partir de 2008, diz MEC
http://ultimosegundo.ig.com.br/educacao ... 89914.html

2.2.1. Mudança no português pode acontecer a partir de 2008, diz MEC, 16/05 - 16:08, atualizada às 18:01 16/05 - Nara Alves, repórter iG no Rio

RIO DE JANEIRO (16 maio 2007) - O acordo ortográfico discutido pelos países que falam o português pode entrar em vigor já em 2008. Com isso, os brasileiros terão de se acostumar com algumas mudanças que podem parecer estranhas. As paroxítonas terminadas em "o" duplo, por exemplo, não terão mais acento circunflexo. Em vez de "abençôo", "enjôo" ou "vôo", os brasileiros terão que escrever "abençoo", "enjoo" e "voo". Saiba mais sobre as mudanças e vote na enquete abaixo!

De acordo com o assessor especial do Ministério da Educação sobre o acordo, Alberto Xavier, a mudança não pode acontecer antes por causa dos livros didáticos. Para valer como lei, o acordo ainda precisaria passar na Câmara e no Senado para sansão de um decreto legislativo por parte do presidente dos países.

"Como a escolha do material que será comprado para a rede pública de ensino acontece com um ano de antecedência, na melhor das hipóteses o acordo passa a valer em 2008 por causa dos livros didáticos", afirmou Xavier. Segundo o assessor, a adesão de Portugal ao acordo é automática uma vez que o tratado já foi assinado por Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, além do Brasil. "Em dezembro, o terceiro país assinou e, com isso, os demais acompanham", explicou.

Mesmo com a adesão automática de Portugal, o governo brasileiro e a Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) negociam em Lisboa para que o país aceite o acordo e coloque em prática as medidas necessárias para o início das mudanças ortográficas. "O embaixador brasileiro da CPLP em Lisboa, Lauro Moreira, está tentando reunir todo mundo para "convencer" Portugal e definir uma data para entrar em vigor", disse Xavier.

O conselheiro cultural da embaixada de Portugal em Brasília, Adriano Jordão, disse que seu país ainda não ratificou o tratado por "questões jurídicas". "Portugal contesta que o acordo possa entrar em vigor com a assinatura de três países em oito", explicou. Guiné-Bissau, Moçambique e Angola também não aderiram ao tratado. Timor Leste integrou-se ao grupo quando se tornou independente.

2.2.2. Posição da ABL

O presidente da Academia Brasileira de Letras (ABL), Marcos Vinicios Vilaça, pediu ao governo português que promova ações concretas, e com brevidade, no sentido de  ratificar definitivamente o Acordo Ortográfico da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa. Vilaça lamenta que os portugueses mantenham a atual resistência depois de 16 anos de formatação do Acordo, em 1991. Segundo ele, a recusa contribui para um possível isolamento de Portugal.

Vilaça lembrou que o português de Moçambique já vem se aproximando crescentemente do inglês, por força de interesses de ordem econômica. O presidente da ABL ressaltou que os países de língua espanhola utilizam apenas um dicionário, resultado do trabalho da Real Academia da Espanha e de outras 17 academias de países hispânicos. "Nada nos deve separar de Portugal. Acho mesmo que o governo do Brasil deveria ser mais categórico nesse tema", sugeriu.

Para ajudar na adaptação dos brasileiros, a ABL disponibiliza pela internet um serviço de tira-dúvidas do português. As perguntas são respondidas pelo professor Sérgio Pachá em até quatro dias ao usuário.

2.2.3. Mudança na ortografia

A língua portuguesa é a quinta mais falada do mundo. Mais de 210 milhões de pessoas terão de fazer pequenas adaptações. As novas normas farão com que os portugueses, por exemplo, deixem de escrever "húmido" para escrever "úmido". Também desaparecem da língua escrita, em Portugal, o "c" e o "p"nas palavras onde ele não é pronunciado, como nas palavras "acção", "acto", "adopção", "baptismo", "óptimo" e "Egipto".

Mas também os brasileiros terão que se acostumar com algumas mudanças. Além da eliminação do acento nas paroxítonas terminadas em "o" duplo, também não se usará mais o acento circunflexo nas terceiras pessoas do plural do presente do indicativo ou do subjuntivo dos verbos "crer", "dar", "ler", "ver" e seus decorrentes, ficando correta a grafia "creem", "deem", "leem" e "veem".

O trema desaparece completamente. Estará correto escrever "linguiça", "sequência", "frequência" e "quinquênio" ao invés de lingüiça, seqüência, freqüência e qüinqüênio.

O alfabeto deixa de ter 23 letras para ter 26, com a incorporação do "k", do "w" e do "y" e o acento deixará de ser usado para diferenciar "pára" (verbo) de "para" (preposição).

Outras duas mudanças: criação de alguns casos de dupla grafia para fazer diferenciação, como o uso do acento agudo na primeira pessoa do plural do pretérito perfeito dos verbos da primeira conjugação, tais como "louvámos" em oposição a "louvamos" e "amámos" em oposição a "amamos", além da eliminação do acento agudo nos ditongos abertos "ei" e "oi" de palavras paroxítonas, como "assembléia", "idéia", "heróica" e "jibóia".
2.3.  A língua das ortografias.  Os pontos negativos e os positivos do novo acordo entre países lusófonos

            Aldo Bizzocchi  http://revistalingua.uol.com.br/textos.asp?codigo=11357

               
 2.3.1.           Ortografia é assunto que sempre causa frisson. Provavelmente porque muitos vêem na grafia das palavras um patrimônio nacional, comparável ao hino e à bandeira.

            Mudanças constantes de moeda, constituição, regime de governo, denominação do país, e também de ortografia, produzem na população um sentimento de instabilidade e baixa auto-estima. O português já passou por várias reformas ortográficas (ver Língua 11), e mais uma se anuncia em 2009. A reforma ocorrerá porque três países - Brasil, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe - ratificaram o acordo ortográfico firmado em 1990.

            O argumento em favor da unificação é o de que o português é a 3ª língua européia mais falada no mundo, depois do inglês e do espanhol, e a existência de duas ortografias atrapalha sua difusão internacional. O filólogo Antônio Houaiss afirmava que o português é a única do Ocidente com mais de 50 milhões de falantes a ter duas grafias oficiais.

            O argumento é falso. Difícil acreditar que o acadêmico, exímio tradutor de Joyce, ignorasse que o inglês tem duas ortografias, a britânica e a americana, e mesmo assim é a mais difundida. A difusão de um idioma depende do prestígio e do poder político, econômico e cultural dos países que o falam, e não da grafia. Senão, o chinês, com escrita complicadíssima, não estaria cada vez mais conhecido no mundo.

 2.3.2.            Prós e contras

            O novo sistema ortográfico tem pontos positivos. Em Portugal desaparecem o c e o p mudos, como em "acção", "acto", "adopção", "baptismo", "óptimo" e "Egipto" (mas mantém-se em "facto", por ser pronunciado). Também os encontros vocálicos ee e oo de "vêem" e "enjôo" perderão o circunflexo.

            Entretanto, há muitos pontos negativos. Como a supressão total do trema. Sem ele, como diferenciar "eqüino" (cavalo) de "equino" (ouriço-do-mar)? E como saber a pronúncia de palavras pouco usuais, como "qüididade"? É de se imaginar a confusão quando os livros escolares disserem que os equinos são invertebrados, e as crianças pensarem em pangarés desossados!

            A nova norma fará com que os portugueses escrevam "húmido" como "úmido". Só que "húmido" ("úmido") é da mesma etimologia de "humor", o latim humus, com h. Se em Portugal ainda havia coerência ortográfica na palavra, agora desaparecerá. Melhor mesmo seria eliminar de vez o h mudo e pronto.

            Também se simplifica o uso do hífen, o que é bom. Só que, ao mesmo tempo em que se elimina o hífen de "anti-semita" (antissemita), ele é introduzido em "microondas" (micro-ondas).

            O mais absurdo da reforma é que deixará de ser usado o acento para diferenciar "pára" (verbo) de "para" (preposição), bem como o de "pêlo" (substantivo) e "pelo" (preposição + artigo). O título Uma pistola para Jeca, do filme de Mazzaroppi, poderá ser interpretado como "uma pistola cabe (ou é oferecida) a Jeca" (sentido real do título) ou "uma pistola detém Jeca". E quem vai entender o trocadilho no título do livro Pelos pêlos, de Ana Cristina César?

 2.3.3.           O que faltou

            O projeto não toca em incoerências ortográficas: o já mencionado h mudo; s, ss, c, ç, sc, sç, x, xc e z com som de /ss/; s, z e x com som de /z/; x e ch com som de /ch/; g e j com som de /j/; "estender" x "extensão", "destro" x "dextrose", "texto" (do latim textus) x "misto" (do latim mixtus), "em cima" x "embaixo", etc.

            Uma reforma simplificadora é necessária, mas a que está em curso é um frankenstein lingüístico, produto de negociações políticas entre os países. O resultado, como na política, foi um projeto desfigurado, em que se eliminaram coisas boas e se manteve muito do que havia de ruim.

            Em vez de uma reforma radical e definitiva, como fizeram outras línguas, as doses homeopáticas no português obrigam a que a cada 50 anos seja feita nova reforma. Por sinal, avanços já previstos na proposta de 1907 ainda não foram postos em prática, como a solução das grafias duplas x/ch, g/j, etc. É notável que línguas como italiano, galego e catalão já tenham encontrado soluções para tais casos. O português poderia inspirar-se neles. O italiano e o romeno, por sinal, são as línguas românicas com sistemas ortográficos mais simples e coerentes. E a grafia do italiano não sofre alterações significativas desde o século 16, o que não deixa de ser invejável.

   2.3.4.          O exemplo inglês

            O inglês possui duas ortografias, mas bem poderia ter uma só. Afinal, organise e organize, humour e humor, e assim por diante, não representam pronúncias diferentes. Já "António" e "Antônio", "facto" e "fato" indicam diferenças fonológicas inconciliáveis, tanto que ambos são mantidos na reforma.

            As diferenças entre o inglês britânico e americano afetam ligeiramente a ortografia e o léxico: a diferença marcante está na pronúncia. Mas o inglês possui uma só gramática. Em qualquer país de língua inglesa, a sintaxe é uma só. Ao contrário, o português não tem só duas pronúncias e duas ortografias; tem dois léxicos e duas gramáticas bem diferentes.

            Comparem "Sentei-me cá com ela e ficámos a conversar" (Portugal) com "Me sentei aqui com ela e ficamos conversando" (Brasil). Isso sem falar nos esquisitos "golo" (gol), "cancro" (câncer), "guarda-fatos" (guarda-roupa), e nos humorísticos "bicha" (fila), "cacete" (filão de pão) e "bica" (bebedouro). Unificar o quê?

            Aliás, até nomes geográficos são distintos aquém e além-mar: "Irão", "Moscovo", "Bagdade", "Copenhaga", "Nuremberga", "Checoslováquia", "Jugoslávia". Nada semelhante ocorre em inglês.

 2.3.5.           Custo da mudança

            Com a oficialização da nova grafia, inicia-se a transição na qual os ministérios da Educação deverão reciclar os professores e realfabetizar os estudantes, e editoras vão reimprimir livros, dicionários e outros materiais. Tudo a custo social e financeiro elevadíssimo.

            O argumento de que não será mais preciso reimprimir livros brasileiros em Portugal e vice-versa, é outra inverdade: basta comparar a tradução portuguesa e a brasileira de qualquer best-seller para ver que falamos línguas diferentes, ainda que com uma só grafia.

            Embora a realização de uma reforma seja custosa, é preciso ter em mente que qualquer reforma, mínima que seja, implica tais custos. Por isso, deveríamos aproveitar a oportunidade para promover uma reforma radical e definitiva na ortografia, eliminando as incoerências e instituindo um sistema simples e prático - ainda mais que a maioria dos falantes do português no mundo tem baixa ou nenhuma escolaridade, e a maior parte dos países lusófonos é pobre e presta serviços educacionais fracos.

            Com a nova reforma, estima-se que 1,5% do vocabulário lusitano e de 0,5% do brasileiro sofrerão modificações gráficas. Apesar disso, serão conservadas as pronúncias típicas de cada país. Ou seja, na prática, a "unificação" pouco unifica.

 2.3.6.           Mudanças que saltam à vista

            Trema -  Cai na maioria das palavras, como "tranqüilo", mas permanecem termos derivados de outras, de língua estrangeira, que tenham o sinal.

            Hífen -   Cai em palavras que designam um ser ou objeto único, como anti-semita (que vira "antissemita"), mancha-chuva (vira "mandachuva") e pára-quedas ("paraquedas").

            Ditongos ei e oi - Deixam de ser acentuados, como "idéia".

            Encontros vocálicos oo e ee - Deixa de ser acentuado em terminações como "enjôo".

            Alfabeto - Ganha três letras: k, y, w.

            Consoantes mudas - Deixam de existir em Portugal e outros países, como "acção".

            Acento diferencial - Desaparece, como em "pára" (verbo) e "para" (preposição).

            Dupla grafia - Admitida em diferenças fonológicas inconciliáveis, como "fato" e "facto", "cômodo" e "cómodo".

            Aldo Bizzocchi é doutor em Lingüística pela USP e autor do livro Léxico e Ideologia na Europa Ocidental (Annablume). www.aldobizzocchi.com.br    
2.4.Ainda sobre a unificação da Língua Portuguesa
A partir de 2009, o português deverá ter a mesma ortografia em todo o mundo, se o acordo entre os oito países não for torpedeado
Por JOSUÉ MACHADO, da Revista Língua Portuguesa
 
2.4.1. Contagem regressiva para a unificação
 
Uma reforma simplificadora é necessária, mas essa que está em curso é um frankenstein lingüístico, produto de negociações políticas entre os países. O acordo que uniformiza a ortografia dos oito países de língua portuguesa deve entrar em vigor no Brasil em 2009. Por que deve entrar e por que no Brasil, entre os oito países lusófonos?
As respostas são do secretário-executivo da Comunidade dos Povos de Língua Portuguesa, embaixador Luís Fonseca:
- O acordo já entrou tecnicamente em vigor em 1º de janeiro de 2006 no Brasil, em Cabo Verde e São Tomé e Príncipe, mas na prática ainda não entrou em funcionamento.
Apesar da contradição - entrou, mas não entrou -, o embaixador cabo-verdiano se apega aos termos do contrato. A uniformização deveria vigorar um mês depois que o terceiro dos países interessados aprovasse o protocolo modificativo do acordo. Foi o que se definiu em reunião de chefes de Estado de que o presidente Lula participou em São Tomé e Príncipe em 2004.
Em dezembro, o governo de São Tomé entregou a carta de ratificação em Portugal, como já o tinham feito Brasil e Cabo Verde. Em janeiro, portanto, a uniformização passou a vigorar. Pelo menos teoricamente, como diz Fonseca.
O governo de São Tomé acabava de obedecer ao protocolo. Nele, por cortesia a Portugal, os países lusófonos se comprometeram a entregar a tal carta de adesão ao Ministério dos Negócios Estrangeiros português. Estava cumprido em Lisboa o rito, que deve ser seguido por Angola, Guiné-Bissau, Moçambique e Timor-Leste e, claro, Portugal.
Se já foi cumprida a última exigência legal por Brasil, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe, por que o acordo gira em falso desde 1990? Provavelmente porque em Portugal vários setores se insurgem contra o “brasilificação” (neologismo luso = “abrasileiramento”) do idioma, espécie de afronta contra a mãe-pátria. E porque ninguém se preparou para a novidade, que exige cuidados em muitas áreas, a começar pela documentação oficial, estendendo-se aos livros didáticos, aos de consulta e à literatura clássica. Foram tantos adiamentos que a maioria estava incrédula.
Há quem ainda esteja. Nem todos estão convencidos da necessidade da reforma. As resistências se concentram em Portugal. E há dificuldades políticas em países africanos paupérrimos; para eles, um acordo ortográfico está longe de ser assunto importante, lembra Carlos Alberto Xavier, assessor do ministro da Educação, Fernando Haddad.
 
2.4.2. Importância relativa
Importante será para as editoras, dizem críticos da reforma, embora parte da oposição em Portugal seja delas.
Estariam os editores portugueses com a consciência pesada porque vão ganhar mais, muito mais, ao reimprimir os livros didáticos e de referência? Ou estariam preocupados com a concorrência brasileira, aparentemente preparada para publicar tiragens maiores?
Claro que os maiores editores brasileiros estão de olho no mercado português e no africano. Não que haja muitos leitores lá, ou aqui. Os falantes de português são uns 235 milhões: perto de 190 milhões no Brasil; 10,5 milhões em Portugal; os demais, nos países africanos, muitos deles usuários de linguagem tribal, e em agrupamentos na Ásia e na América do Norte. Não há tantos leitores a disputar, embora governos costumem comprar muitos livros didáticos.
Para Luciana Villas Boas, diretora editorial da Record, empresa que não trabalha com didáticos, o universo de leitores é o menor aspecto a ser considerado.
- É ridículo pensar que a mudança afetará os mercados de livros de língua portuguesa. O que determina o fechamento dos países lusófonos tem a ver com os custos de importação e com hábitos culturais. Ainda mais considerando que lingüisticamente o que difere mais são a sintaxe e o vocabulário, não a ortografia.
Se não houver mais obstáculos, e o governo português não pedir mais prazo, é possível que o acordo entre em vigor no Brasil em 2009, como diz o gramático Evanildo Bechara, que duvidou fosse possível adotá-lo já no ano que vem, como os jornais anunciaram.
Foi dúvida também manifestada pelo secretário da Divisão de Promoção da Língua Portuguesa do Ministério das Relações Exteriores, Leonardo Lott Rodrigues. Em todo caso, Portugal merece respeito por ser a matriz do idioma, concordam todos. O fato é que a ministra da Cultura portuguesa, Isabel Pires de Lima, em visita recente ao Brasil, disse não estar pensando em reforma ortográfica e, sim, em outros problemas. Talvez por isso certa hesitação geral.
 
2.4.3. O fator livro didático
Se ignorar tais problemas, o Brasil terá condições de adotar o acordo só em 2009, por causa da enorme operação de fornecimento de livros didáticos para as escolas, explica Xavier. Ele lembra que os didáticos para o ano que vem já estão preparados ou em preparação:
- Depois disso, haverá um período de transição em que conviverão a atual e a futura ortografia. Haverá ao menos uns dois anos de adaptação e convivência.
Assim que as regras forem incorporadas - se forem -, começará a transição em que ministérios de educação e cultura, academias de letras, associações literárias e editores serão instruídos sobre como proceder para adequar-se. Sem contar o inevitável “período de pacificação”, como diz Bechara, até que as resistências se apazigúem (palavra que perderá o acento com a aplicação do acordo).
 
2.4.4. Mais contras do que prós
As resistências são maiores em Portugal, mas a maioria dos especialistas também critica o acordo no Brasil.
Várias entidades e pessoas se opõem à uniformização. Principalmente em Portugal, pois o acordo modificará 1,6% do vocabulário luso e só 0,5% do brasileiro. Segundo o MEC, em dicionários brasileiros com 200 mil palavras, isso representaria 10 mil delas. Em Portugal, chegou a constituir-se um “Movimento Contra o Acordo Ortográfico”, que classificou o projeto de “Desacordo Ortográfico”. O jornal Público divulgou: “Uma das mudanças mais radicais previstas no projecto era a eliminação das consoantes mudas, ‘brasilificando’ assim o vocabulário português”.
Como “mudança radical”, o jornal citou “óptimo” e “factura”, que continuam escritas assim pelos lusos. Pelo menos até que chegue a reforma, se chegar. Para Ivo Castro, da Faculdade de Letras de Lisboa, “ou há unanimidade” na aplicação do acordo ou ele deve ser ignorado, já que existe concordância ortográfica entre Portugal, os africanos e Timor, “que apenas é quebrada pelo Brasil”.
O gramático Evanildo Bechara é contra, por considerá-lo imperfeito e parcial.
- É uma espécie de retomada do acordo de 1945, que o Brasil já rejeitou, embora o tivesse assinado. Deixa de resolver uma série de problemas, como o uso do hífen e o das maiúsculas, entre outros.
Bechara lançará nova edição de sua gramática (Moderna Gramática Portuguesa) com a ortografia vigente.
Contrário também é o doutor em letras Cláudio Moreno, do Rio Grande do Sul.
- Assisti às mudanças em 1971, quando foi retirado o acento circunflexo diferencial de “gelo” e “coco”. Os dicionários e os livros de literatura infantil tiveram de ir para o lixo. É uma tolice. Só países ridículos fazem reformas ortográficas.
Francisco Platão Savioli, professor aposentado da USP e coordenador de gramática, texto e redação do Curso Anglo Vestibulares, diz que a reforma vai oficializar as diferenças lusófonas.
- Além disso, é reforminha tímida, muito tímida, que não mexe adequadamente no essencial, como o problema insolúvel do hífen. Nem no do h inicial de certas palavras ou na indecisão no uso de maiúsculas iniciais, entre outras coisas. Mas vai provocar a queima de milhões de livros. Não creio que valha a pena.
Mauro de Salles Villar, diretor do Instituto Houaiss de Lexicografia, ao contrário, é taxativo no apoio.
- É uma necessidade e uma vergonha que ainda não tenha sido concretizado. Todas as grandes línguas já fizeram isso. O árabe, idioma de mais de 15 países, é falado de forma diferente, mas escrito da mesma maneira.
 
Fontes: Blog Thiago Rodrigo & Revista Língua Portuguesa   http://a-embaixada.blogspot.com/

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Abraços,
zocuni
 

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comanche

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« Responder #13 em: Setembro 11, 2007, 11:53:00 pm »
Excelente texto Zocuni, eu sou a favor de uma uniformização da língua portuguesa, para ser uma língua mais forte, quanto mais cedo se actuar melhor.
 

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comanche

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« Responder #14 em: Setembro 16, 2007, 07:05:45 pm »
CPLP
Para Comissão, unificação ortográfica pode não sair


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A unificação ortográfica dos países de língua portuguesa, que vem sendo protelada desde a assinatura do acordo, em 1991, "pode nunca entrar em vigor". É o que admitiu hoje o presidente da Comissão de Definição da Política de Ensino, Aprendizagem, Pesquisa e Promoção da Língua Portuguesa (Colip), Godofredo de Oliveira Neto. "Não faz sentido começar um acordo de unificação já desunidos", disse ele, sobre o fato de que apenas três dos oito países da Comissão de Países de Língua Portuguesa (CPLP) ratificaram o documento.

Oliveira Neto reuniu-se hoje com representantes dos ministérios da Educação (MEC), Relações Exteriores, lingüistas e gramáticos das principais universidades do País, no Palácio Gustavo Capanema, no Rio. Para o secretário de Educação Superior do MEC, Ronaldo Motta, que participou da reunião, a adesão de Portugal e Angola, que ainda não ocorreu, é estratégica para a unificação ortográfica. "Favoreceria o intercâmbio cultural, educacional, didático e até econômico do Brasil com os países de língua portuguesa", afirmou.

De acordo com Motta, o MEC retomou as discussões para implementação do acordo como parte da política externa do governo Lula, de aumentar a área de atuação do Brasil no continente africano. "Não pode mais acontecer de doarmos livros didáticos para Angola e eles serem queimados porque a ortografia é diferente", disse ele.

A reforma ortográfica, que, entre outros itens abole o trema e os acentos diferenciais, já poderia ter entrado em vigor desde dezembro de 2006, quando São Tomé e Príncipe ratificou o documento. O acordo previa que, se fosse assinado por três países, já poderia ser implementado nesses lugares. O Brasil foi o primeiro a ratificá-lo, em abril de 2004, seguido de Cabo Verde. Além de Portugal e Angola, faltam ratificar o documento Moçambique, Guiné Bissau e Timor Leste.

Fonte: Agência Estado