Pois da terra do Berlusconi só agora me chegou notícia do
vol. 5 da LIMES - Rivista Italiana di Geopolitica.
Que dedica nada menos do que o número inteiro, intitulado às questões geopolíticas entre os espaços de Portugal e da CPLP. Intitula-se, eloquentemente:
Il Portogallo è GrandeCom a colaboração do General José Manuel Freire Nogueira, presidente do
Centro Português de Geopolítica (Aveiro/Lisboa) e inúmeros especialistas académicos portugueses.
Esta reflexão de conjunto realça aquilo que, de modo absurdo e continuado, tem permanecido pouco mais do que um simples acessório subaproveitado na "macro-política": o
luso-tropicalismo preconizado pelo visionário brasileiro Gilberto Freyre, ou seja, os antigos e fortes vínculos socio-culturais em terras lusófonas de África e Ásia com este pequeno rectãngulo europeu.
Afinal, o espaço geoestratégico já existe desde o século XVI. Falta é formalizá-lo e reorganizá-lo tendo em conta o potencial energético e, porque não, militar (curiosamente, o Manuel Alegre evocou isso mesmo no
Verão passado). Em resumo: saltar do mapa antigo para a realidade actual.
O "Grande Espaço" da Lusoesfera: uma leitura recomendável
Estamos naturalmente "virados" para este espaço e gerámos as novas nações que o compõem. O desafio hoje consiste em redimensionar essa enorme herança (pois ela existe e está bem viva), revalorizando o triângulo estratégico cujos vértices se encontram em Brasília, Lisboa e Luanda.
Resta resolver o aparente desalinhamento/divergência de interesses entre os governos português e brasileiro: Portugal mostra-se agradado com o alargamento da visão estratégica da NATO no Atlântico Sul, mas o Brasil pretende ser protagonista nesse espaço. Trata-se de uma reivindicação legítima e... com o apoio do governo português(?)
Neste sentido, Portugal tem papel importante quanto ao diálogo entre a NATO, o Brasil e os restantes países lusófonos.
Por outro lado, a inclusão do Atlântico Sul na visão estratégica da NATO ainda está longe de reunir um consenso alargado.
O ministro da Defesa Nelson Jobim, já apresentou formalmente aos Estados Unidos a rejeição do Brasil de qualquer interferência da NATO no Atlântico Sul. Portugal tem a palavra, enquanto o Brasil prossegue em bom ritmo a remodelação e ampliação das suas forças militares.