China & Angola

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komet

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China & Angola
« em: Junho 29, 2005, 06:53:04 pm »
Vi a notícia na TV que em troca de um empréstimo, Angola cede 40% (corrijam-me se estiver errado) da produção de petróleo  :shock:

Ai o Dragão...

Só por curiosidade, nunca nestes 30 anos houve a inteligência diplomática de negociar uma taxa qualquer da produção petrolífera angolana exclusiva para Portugal?
"History is always written by who wins the war..."
 

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JoseMFernandes

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(sem assunto)
« Responder #1 em: Março 23, 2006, 08:51:26 am »
O semanario 'Courrier International' de 23/3/06, dedica largo espaço a este assunto
Citar
Angola - Os Chineses a conquista de Luanda
Angola que tem um  relacionamento frio com os financiadores ocidentais, abriu as suas portas às empresas de construçao chinesas.Uma cooperaçao com inconvenientes que agora começam a aparecer.

Hospitais, escolas, estradas, casas: sao estes os quatro principais dominios nos quais a China espera poder afirmar-se em Angola.A nova geostratégia africana concebida por Pequim, faz com efeito deste mercado uma prioridade absoluta, e é graças a um plano baseado na tradicional paciencia chinesa, a mesma que permitiu ao pais colocar-se ao nivel das primeiras pottencias economicas mundiais, que a China consegue atingir os seus fins.
Em Março de 2004 o EXIMBANK CHINA pos a disposiçao de Angola um empréstimo de 2 000 milhoes de dolares, garantido pelo petroleo angolano.Uma tabua de salvaçao que chegou no bom momento para o regime angolano: o braço de ferro com o FMI travava todas as negociaçoes e os potenciais dadores ocidentais pareciam cada vez mais indiferentes na manutençao da conferencia internacional para a reconstruçao de Angola no pos-guerra, prevista de longa data mas adiada continuamente.

Em novembro 2005, metade do empréstimo do EXIMBANK ja tinha sido investido no melhoramento das infraestruturas angolanas: a soma impressionante de 240 milhoes de dolares tinha sido especialmente atribuida a reabilitaçao de 400 kms de estradas.Estamos agora em 2006 e faz exactamente dois anos que Angola começou a beneficiar desse empréstimo astronomico.Desde entao, todos podem verificar a presença de numerosos trabalhadores chineses disseminados pelo territorio.Veem-se por exemplo à noite em Luanda, nos casinos e outras salas de jogo.
Segundo estimativas nao oficiais, milhares de chineses deverao ainda vir trabalhar em Angola nos proximos dois a tres anos.A China poderia com efeito conceder novos empréstimos ao pais, como reconheceu o ministro das Finanças, José Pedro de Morais:"mal pedimos aos nossos parceiros chineses se estariam dispostos a conceder-nos novos empréstimos, eles respondem logo que sim...".Segundo este titular das Finanças, os futuros empréstimos poderiam mesmo ultrapassar os dois mil milhoes de dolares.
A grande questao é saber como esta 'enorme  manà  chines podera  ajudar a relançar a economia angolana, sobretudo no que diz respeito a criaçao de novos empregos, que o pais tanto precisa.O que estes dois ultimos anos nos ensinaram foi que Angola vai acolher uma grande quantidade de mao-de-obra chinesa.Perto de 600 chineses deverao trabalhar apenas na reabilitaçao de quatro bairros de Luanda(Nelito Soares, Precol, Cazenga e Maianga)! Quantos serao enrtao esses trabalhadores nos enormes estaleiros da reparaçao de linha ferroviaria Luanda-Malanje ou de Benguela ?
Esta sera sem duvida a principal dificuldade introduzida pela cooperaçao financeira Luanda-Pequim.Quem se deslocar de Luanda a Dondo (180 kms) pode facilmente constatar que no troço Catete-Cassualala as equipas de asfaltagem sao exclusivamente compostas por chineses.E essa constataçao repete-se na construçao do Hospital geral de Luanda, no aeroporto de Bom Jesus(a 50 Kms da capital)...
Podemos evidentemente compreender os objectivos da estratégia angolana: Luanda procura obter o maximo dos emprestimos chineses.Mas estes projectos nao foram objecto de nenhum concurso publico (!!!).Nenhuma empresa angolana foi solicitada coimo subempreiteira e nao ha contrataçao de trabalhadores locais (!!!).As  coisas ficam assim grandemente facilitadas para os chineses, tanto mais que grande parte desta força de trabalho expatriado para Angola seria constituida por prisioneiros de direito comum.Este expediente é utilizado ha varios anos pelos chineses nos seus estaleiros em paises do terceiro mundo.Segundo as nossas fontes estes prisioneiros 'nao recebem salario, apenas alimentaçao'.
Quando intervem em Angola estas empresas tem despesas sociais consideravelmente reduzidas em relaçao aos seus concorrentes portugueses ou brasileiros.Grande  rapidez de execuçao de trabalhos e tarifas desafiando qualquer concorrencia sao as principais vantagens das empresas chinesas.O novo hospital central de Luanda, por exemplo, foi construido em apenas 15 meses pela Soc. Engenharia Ultramarina chinesa.
E quanto a custos praticados pelas empresas chinesas, basta para se fazer uma ideia, citar um exemplo: enquanto a China Road Corporation apenas pediu 20 milhoes de dolares para fazer o troço de 90 Kms que separa Viana(arredores de Luanda) de Maria Teresa (a SE da capital), a sociedade brasileira Queiroz de Galvao vai facturar 34 milhoes de dolares por 20 Kms de auto-estrada de Viana a Cacuaco.Ve-se bem as vantagens que a China tira destas impressionantes diferenças de custos.

Nao tendo conseguido obter ajuda internacional para a reconstruçao do pais, o Presidente Santos permitiu a China ocupar uma posiçao estratégica em Angola, pais que até 2004 estava muito dependente dos investimentos ocidentais, especialmente no sector petrolifero.Para o presidente que prometeu fazer do pais um vasto estaleiro de construçao, esta cooperaçao com a China veio mesmo a jeito no plano eleitoral.Numerosos projectos  deverao ser realizados antes das eleiçoes gerais previstas para 2007, especialmente no sector da saude, com varios hospitais regionais.Tudo isso sera coberto em grande parte pelos investimentos chineses.
Mas falta avaliar a qualidade  de trabalho dos chineses e o seu verdadeiro custo a longo prazo.Porque como diz o velho adagio popular, o que é demasiado barato acaba por vezes sair caro.

Trad. 'ligeira' da minha responsabilidade.
O artigo acima é baseado largamente num texto de Aguiar dos Santos, jornalista da revista angolana 'Agora'.A ediçao portuguesa do 'CI' (do grupo EXPRESSO) deve transcrever este artigo ("Angola;invasao chinesa salvara regime?") que nao posso porém confrontar.

Ja tinha chamado atençao, noutro lugar deste Forum, para a crescentemente forte (e controversa) presença chinesa em Africa, nomeadamente Nigéria, Zimbabwe, Sudao...

Pelos vistos aceitar 'emprestimos' garantidos contra materias primas como  petroleo, utiliza-los em obras (ou equipamentos) com utilizacao quase exclusiva de mao de obra e materiais desses mesmos financiadores os quais ainda por cima, ditam os respectivos preços indicativos e sem concorrencia, parece ser aceite como algo normal...mas entao porque  alguns deles nos estigmatizam de forma tao violenta e nos apelidam de 'maus colonizadores' e ' terriveis  exploradores'...!!!!  ?  :?

Como a propria revista francesa faz notar em comentario ao artigo angolano, nao ha provas que o Estado Chines 'exporte prisioneiros para Angola, mesmo que as condiçoes de trabalho e habitaçao dos trabalhadores chineses se possam assemelhar a detençao'.Segundo um relatorio da Asia Pacific Migration Research Network, as agencias chinesas de recrutamento, negociam elas mesmas os contratos, sem ter de respeitar salario minimo ou contratos-tipo.Os trabalhadores estao muito mal protegidos, segundo esse documento, sendo muitas vezes tratados de forma humilhante e com violaçao da sua liberdade.
Enfim, um assunto a seguir com alguma atençao e que o governo e empresarios portugueses (e brasileiros) devem tirar as devidas ilaçoes.

Sobre a imprensa angolana, de notar que Angola apenas tem um jornal diario (Jornal de Angola)e este sob controlo do Estado.Os semanarios privados (seis) tem uma fraca capacidade de penetraçao no mercado e nao dispoem de rede de distribuiçao.
 

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Luso

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« Responder #2 em: Março 23, 2006, 10:10:56 pm »
Eu ia dizer qualquer coisa... mas é melhor não.
Ai de ti Lusitânia, que dominarás em todas as nações...