Os principais centros de decisão empresarial em Espanha reúnem a banca e os sectores infraestruturais, designadamente electricidade, gás natural, petróleos, telecomunicações e obras públicas, concluiu um estudo do Departamento de Prospectiva e Planeamento (DPP) divulgado hoje.
O documento intitula-se Os Principais Centros de Decisão Empresarial em Espanha e é da autoria de vários economistas do DPP, a saber, Carlos Figueiredo, Carlos Nunes, Fátima Azevedo, João Coutinho Duarte, José Félix Ribeiro e Manuel Proença.
Os autores mencionam, por outro lado, que as empresas que lideraram a expansão internacional da economia espanhola, em particular para a América Latina, integram aquele núcleo central.
O controlo sobre os sectores infraestruturais - electricidade, gás natural, petróleo e comunicações - fez-se a partir das privatizações e em torno de três bancos - Santander, Central Hispano e Bilbao Vizcaya (BBV) - e das caixas de poupança, com destaque para a da Catalunha e Madrid, mas também a BBK, do País Basco, e a Galicia.
Os economistas do DPP realçam que as principais empresas dos sectores infraestruturais são controladas por uma "coligação basco-catalã", que se estrutura à volta do BBVA, que resultou da fusão do BBV com a madrilena Argentaria, e BBK, por um lado, e La Caixa, por outro.
As evoluções accionistas dos sectores infraestruturais, acrescentam, tem sido conduzida de forma a restringir a participação de outros grandes grupos europeus.
Além dos centros de decisão mencionados, os autores do estudo apontam ainda a existência de grandes empresas de âmbito sectorial, fortemente internacionalizadas, que constituem uma segunda linha de centros de decisão.
Os economistas adiantam ainda que o universo empresarial em Espanha está estruturado em torno de três pólos de matriz territorial, respectivamente o catalão, o basco e o madrileno/galego.
O pólo catalão tem como centro de decisão principal La Caixa e a sua rede de participações, na qual se destacam a áreas de energia (Gas Natural e Repsol), auto-estradas e negócios associados, como telecomunicações, e ambiente.
Além destas entidades bancárias, o pólo Catalunha/Baleares inclui ainda grandes operadores nas áreas de cerâmicas/habitat (Roca), moda e cosmética (Mango, Puig), alimentação e bebidas (Chupa Chups) e, ainda, hotelaria e turismo (Melia, Marsans, Barceló).
O pólo basco estrutura-se em torno do Banco Bilbao Vizcaya Argentaria e da caixa de poupanças BBK, entidades com presença significativa na energia (Iberdrola, Gamesa) e nas telecomunicações (Telefónica, Euzkatel), além de partilharem o controlo da Repsol com o pólo catalão.
Este pólo, que corresponde ao País Basco e a Navarra, tem empresas importantes nas áreas de siderurgia (Sidenor), mecânica e material eléctrico, aeronáutica (ITP/Sener) e componentes para indústria automóvel (Gestamp, Mondragon).
A Mondragon, que é o primeiro grupo empresarial basco e o sétimo de Espanha, tem 150 empresas nas áreas financeira, industrial e distribuição.
A componente industrial desdobra-se em várias divisões, a saber, automóvel, componentes, construção, equipamento industrial, lar, engenharia e bens de equipamento, máquinas e ferramentas e investigação.
O pólo madrileno/galego tem como principais estruturadores o Banco Santander Central Hispano, a Caja Madrid e Caja Galicia e o Banco Pastor.
As áreas em que tem presença mais significativa são electricidade (Endesa e Union Fenosa), telecomunicações (Auna e Ono), energia (Cepsa), obras públicas e transporte aéreo.
Entre as suas empresas mais destacadas estão a Indra (tecnologias de informação), Cobra, Soluziona (ambas na engenharia), El Corte Inglês (distribuição) Cortefiel, Inditex (as duas na indústria têxtil e do vestuário), Izar (construção naval) e Ence (fileira florestal).
Diário Económico