'A China é um modelo de desenvolvimento económico'
"A China está em vias de adoptar o seu XI° plano quinquenal, que lhe permitirá o seguimento daquilo que será, provávelmente, a mais impressionante transformação económica da História, melhorando simultâneamente o bem-estar de um quarto da população mundial.
Nunca e nesta dimensão o Mundo tinha visto um crescimento tão sustentado nem uma tão forte redução da pobreza.(...)
Uma das chaves deste sucesso chinês consiste numa combinação quase única de pragmatismo e visão."
Este elogio da economia chinesa, nao veio da própria China, ou de algum dos admiradores pelo Mundo fora do PC chinês, mas de um Prémio Nobel
de Economia, o professor Joseph Stieglitz, que nas páginas do jornal inglês 'The Guardian' fez um elogio destacado à adaptação da China comunista à mundialização.
O antigo director de economia do Banco Mundial, destaca que este desenvolvimento se faz 'desafiando o consenso de Washington'( não os EU própriamente entenda-se... mas a sede das grandes organizações financeiras internacionais, como o FMI ou BM), cujo dogma impõe a 'busca quimérica de um PIB cada vez maior'.Por seu lado a China fez compreender de uma forma clara que procura uma subida duràvel e mais equilibrada dos níveis de vida reais".Para isso ela inclui no seu Plano Quinquenal limitar a factura ambiental do seu desenvolvimento.E ao mesmo tempo atacar de frente os problemas de agravamento das desigualdades.
Se a China se virou para a economia de mercado, nao está contudo disposta a ser comandada pelo sistema que ela mesmo quer adoptar para atingir os seus objectivos.Segundo Stiglitz, porém, há uma condição
para o sucesso chinês:abrir o debate sobre a politica económica com vista a expor os seus erros, facilitando assim o aparecimento de um conjunto de soluções originais aos desafios encontrados".
Stieglitz conclui "as economias de mercado não são auto-reguladas, nem devem funcionar em 'piloto automático', especialmente se querem ter a certeza que os seus benefícios serão largamente partilhados, mas dirigir uma economia de mercado não é tarefa fácil.É um jogo de equilibrio que tem de responder constantemente às mudanças económicas.O Plano Quinquenal chinês indica um guia como solução.O Mundo observarà com receio e esperança a transformação da vida quotidiana de 1 300 000 000
de pessoas"
minha traduçao de um texto, de 13/4/06, do 'C.International'.
As observaçoes de Stieglitz não trazem nada de verdadeiramente novo, mas o facto deste economista excepcional, vir com palavras simples confirmar uma visão que muitos políticos e opiniões públicas tentam escamotear, não deixa de ser um índice precioso.
As relações económicas entre Portugal e a China, (Portugal é o pais europeu com maior, crescente e mais visível impacto do comércio de consumo chinês no seu dia-a-dia corrente, segundo me apercebo) para lá do quadro interno projectam-se também no exterior.
Como exemplo próximo entre nós, a vistosa e alargada comitiva oficial portuguesa a Angola, e o relato superficial que, pelo menos de meu conhecimento, foi feito pela comunicaçao (PÚBLICO excluído) e as inevitáveis e inócuas declarações oficiais, que púdicamente deixaram de lado uma outra realidade,... a de que os acordos económico-políticos chineses vieram dar uma totalmente nova dimensão às relações com África. Algo de que neste Forum já me fiz eco e que espero continuar a poder acompanhar...