Caro João Firmino.
Em primeiro lugar deixe-me apresentar-lhe os meus cumprimentos pela produção da sua página, onde se descreve de forma gráfica (e uma imagem vale mais que mil palavras) a questão das ilhas Selvagens.
De facto, as distâncias são as que refere. Não referi as distâncias que referi, com o objectivo de determinar exactamente a distância entre os rochedos sul da Deserta Grande e as praias das ilhas Canárias, mas sómente com o objectivo de dar a entender que as Selvagens estão mais próximo das Canárias que da Madeira.
Já agora, permito-me comentar o seu comentário:
Por que razão haveremos nós, no mundo de hoje, de continuar a ver a Espanha como um inimigo, senão único, pelo menos o mais óbvio; o mais imediato, quase de estimação?
A razão, tem a ver com o facto de nós termos como Estado, quase novecentos anos de história. Ao longo de novecentos anos de História, esta, fixou-se na nossa memória. Como dizem os técnicos e os Históriadores, a História é a mamória colectiva das nações.
Óra a nossa memória colectiva diz-nos que Históricamente a Espanha nos atacou regularmente. Muitas vezes nos apresentaram a nós os cidadãos uma Espanha “plural” a que Portugal devería aderir. E depois vimos que a pluralidade afinal éra nada mais nada menos que “um conto do vigário”.
Estamos com a Espanha na União Europeia há cerca de 18 anos. Mas a nossa memória como nação não tem nem 16 nem 32 nem sequer 320 anos. Ela tem quase 900 (novecentos anos).
Como é que se pode pretender que um país que durante nove séculos (Espanha e antes Castela) contestou a nossa existência e a tentou destruir, de repente, nos ultimos anos foi atacada pelo virus do Amor e da Bondade?
A Espanha e Castela também têm a sua memória Histórica, e nessa memória Histórica está a vontade HISTÓRICA de criar uma Castela poderosa, que incluisse Portugal, partindo do pressuposto errado de que juntos os países ibéricos seríam mais fortes. Isto, quando a Historia demonstra exactamente o contrario. (Ou seja, a decadência dos estados Ibéricos começa quando se conseguem juntar).
Temos que aceitar a História como ela é, e não a podemos esquecer, exactamente porque a nação que se esquece da sua História está condenada a vivê-la outra vez.
Naturalmente, havendo mudanças em Espanha devemos estar atentos. E devemos aceitar a evolução da História, que nos leva a achar (correctamente) que nos dias de hoje, conflitos militares ente nações ibéricas são tudo menos prováveis.
Ainda bem que assim é, porque isso implica que em Espanha muita coisa entretanto mudou.
Mas, (e há sempre um mas) ainda hoje encontramos (infelizmente) em Espanha as raizes desse centralismo destruidor. A Espanha não teve uma revolução em 25 de Abril. Fez uma trasição pacifica, mas por isso deixou muito “esqueleto no armário”. Esses esqueletos ainda falam, ainda têm vóz. Hoje não se atrevem a dizer o que diziam há seis décadas atrás (Y Ahora a Portugal – depois da vitoria de Franco em 1939). Mas alguém acredita que deixaram de existir?
Como é que um estado que foi criado há 500 anos com o objectivo de construir a Ibéria, destruindo as várias nações da peniunsula, de repende esqueceu 500 anos de memória colectiva?
- 500 anos ?
- Desapareceram ?
A História foi re-escrita em Espanha ?
- Em Espanha, estuda-se a história de Portugal correctamente ?
- Em Espanha, não se continua a estudar a História referindo que Portugal se tornou independente em 1668, ignorando o facto de o país se ter formado centenas de anos antes, muito antes da propria Espanha?
- Não se continuou a dar ás crianças a ideia de uma nação “separatista”?
- Em Espanha não há por acaso jornais (La Voz de Galicia) que dizem que uma vez que Portugal se juntasse á Espanha, também aqui haveria terrorismo – Como que a dizer que também somos todos uma cambada de terroristas ?
- Em Espanha não há jornais (ligados aos extremistas, e a tudo o que há de mais retrógrado como o ABC) onde se afronta Portugal, ao colocar noticias sobre Portugal nas páginas sobre Autonomias ?
- Em Espanha não há por acaso jornais que continuam a lavrar na eterna mentira de que as elites Portuguesas são ferozmente anti-espanholas e que o povo é Pró-Espanhol, quando todos nós sabemos que é exactamente o contrário e que se fosse por vontade das nossas elites decadentes, há muito tempo que a bandeira de S.Majestades os Reis Católicos estaria hasteada nas cidades portuguesas?
Temos que nos manter alerta. Há muito boa gente em Espanha, mas continua a haver gente perigosa em lugares de poder.
Temos que acolher aqueles que nos respeitam e nos reconhecem, como sempre fizemos. Sempre recebemos bem "aqueles que vieram por bem". Mas temos a obrigação e o dever de nos levantarmos quando outros nos humilham e nos insultam.
Hoje tudo se decide em Bruxelas, mas poderá chegar o momento em que tudo seja decidido em nosso desfavor. Nessa altura acaba-se a diplomacia dos gabinetes, para passar a outro tipo de diplomacia. Sempre foi assim em milhares de anos. Nada me leva a crer que não voltará a ser assim, se não nos mantivermos firmes.
O que de passagem ilustra bem que uma das 'armas' mais poderosas hoje em dia é do tipo ventripotente, com gravata de seda
Estou de acordo, mas quando a diplomacia acabar, eu acho que devemos estar prontos, como sempre estivemos (ou quase sempre) para discutir os temas que nos interessam, com outros meios que não os diplomáticos.
Cumprimentos