Tinha-me esquecido deste topico.
respondo por partes:
Questão bananeira.
Refere-se ao Sr. Alberto João Jardim. Demonstração mais que acabada de que os politicos abusam da boa vontade dos cidadãos e que conseguem perpetuar-se no poder. Triste demonstração do fatalismo português (estamos tramados, temos que aguentar o alberto até á morte, como se fosse um Fado).
Não coloco naturalmente em causa o patriotismo de ninguém, curiosamente, se me perguntarem, nem o do Dr. Alberto João Jardim. Mas a imbecilidade dos politicos deve ser criticada. Se o Sr. Salazar, que até fez alguma coisa que se aproveitasse até ao fim dos anos 40 e meados dos anos 50 se tivesse retirado do poder, e aceite o resultado de eleições, hoje tería estatuas pelo país fora, como o marquês de Pombal, que também foi um déspota.
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A questão das desertas não se coloca, naturalmente, pela simples razão de que os Espanhois não têm nenhum problema com as ilhas desertas, que ficam a 20 Km da ponta de S. Lourenço na ilha da Madeira.
antes de colocar uma questão de geoestratégia militar, para que nos debrucemos sobre ela, temos que nos dar ao trabalho de ver onde estão as Selvagens e onde estão as Desertas.
As Desertas estão como disse a 20 Km da Medeira
As Selvagens estão a 300 (trezentos) kilometros da Madeira e a 200 (duzentos) kilometros das Canárias.
As Selvagens estão "cravadas" dentro da Zona Economica Exclusiva das Canárias e o único problema advém desse facto.
Não há nem nunca houve nem podería haver qualquer problema com as Desertas, as quais não têm qualquer utilidade economica, nem geopolitica.
Invadir as ilhas Desertas, seria a mesma coisa que invadir a ilha do Pessegueiro ou as ilhas Berlengas.
Não se pode colocar - por isso - Selvagens e Desertas no mesmo saco e por isso não podemos dizer "
Reafirmo que seriam as Desertas (e as Selvagens, se preferir). "
Para os menos atentos, lembro que a raiz do problema advém do facto de as ilhas selvagens estarem na plataforma continental, da mesma forma que as Canárias. Portanto, segundo algumas interpretações do direito internacional marítimo, as ilhas fariam (e sublinho fariam) parte do arquipelago das Canárias.
Várias vezes Espanha reclamou as ilhas. Nos ultimos tempos foi demonstrada a "portugalidade" das ditas, demonstrando documentos em que se prova que as ilhas são portuguesas há séculos e que até já faziam parte de propriedades arroladas para pagamento de impostos, no seculo XVIII.
A Espanha não tem qualquer documento idêntico, razão pela qual, perante a apresentação deste tipo de documentos, mudou de opinião e passou a dizer que as ilhas não eram ilhas mas sim rochedos.
Ou seja, o problema Espanhol é unica e exclusivamente a Z.E.E.
Se as Selvagens não podes ser Espanholas, então se se lhes chamar rochedo, elas podem ser portuguesas como os documentos provam, mas não têm direito a Z.E.E. porque são rochedos.
Segundo o direito internacional marítimo, um rochedo não tem direito a Z.E.E.
Não aprofundando a questão do ponto de vista do direito, podemos analisar a questão do ponto de vista estratégico/militar.
O actual Estado Espanhol, é um Estado de Direito. Portanto rege-se por leis internacionais e respeita esas leis. Se não fosse o caso, já tería por exemplo ocupado Gibraltar.
Se A Espanha ocupasse as Selvagens, isso implicaria que, ou entraría de seguida em conflito com os ingleses, porque estaría naturalmente também na disposição de atacar Gibraltar, ou por outro lado, que se teria "arranjado" com os ingleses garantindo-lhes que atacaria as ilhas portuguesas mas que Gibraltar não tería problemas.
Os ingleses não nos têm em especial conta. Muitissimas vezes, consideraram a possibilidade de entregar Portugal aos Espanhois (veja-se o caso de Afonso XIII). Também consideraram a possibilidade de entregar as coloónica portuguesas aos Alemães.
Portanto, nesta circunstancia pouco poderiamos esperar dos ingleses, e desta forma também dos norte-americanos.
Desde há bastantes anos que a Espanha aprendeu a lição. É demasiado perigoso atacar Portugal, se não se garantir antes que Portugal está isolado quer dos Ingleses (que na realidade já nada siginificam em Portugal em termos militares) quer dos norte americanos que, esses sim, substituiram os Ingleses como nosso aliado preferêncial e como única nação do mundo capaz de garantir a ligação do continente com as ilhas em caso de conflito.
espanhois para isso não necessitariam de tomar a Madeira, como os marroquinos ao tomarem Perejil, não necessitaram primeiro de conquistar Algeciras. :
Em primeiro lugar, o ilheu da Salsa (nome que lhe foi dado pelos Portugueses) não foi ocupado pelo exército marroquino, mas sim pela gendarmerie, ou seja, o equivalente a uns quantos soldados da Guarda Republicana.
Todos sabemos que o objectivo dos Marroquinos foi evidentemente testar os Espanhois.
Se tivessemos uma situação deste tipo, acredito que a solução poderia ser a mesma. Ou seja, se de repente os guardas das ilhas comunicarem que há Guardia Civil Espanhola na deserta grande, então tería que se enviar para lá uma fragata da classe Vasco da Gama. Se já estivessem disponiveis os EH-101, necessitariamos de dois ou três, cada um com um pelotão reforçado, que largaria os militares na selvagem pequena e na selvagem grande, para prender os "Guardias Civiles" transviados e devolvê-los posteriormente á procedência.
Toda esta situação é grandemente absurda, mas enfim.
No caso de tal situação ocorrer após problemas diplomáticos, decorrentes, por exemplo da descoberta de petróleo nas proximidades das Selvagens, a solução sería antes que a coisa azedasse, enviar para lá tropas, uma Fragata / Corveta e eventualmente um submarino.
Qualquer situação mais complicada que levasse os "nuestros hermanos" a atacar um dispositivo minimo de defesa, implicaría que as coisas estivesse extremamente azedas.
Mas mais uma vez, a Espanha só faría alguma coisa se os Estados Unidos deixassem. De outra forma não se atreveríam.
Se o fizesse com o beneplácito dos States, de nada nos serviriam "tomates" ou outras partes da anatomia humana, porque a parte da anatomia humana que faz mais falta nestes casos é a carteira (recheada, claro)
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Conforme já aqui referí, para evitar tais problemas de uma forma independente, necessitariamos das Vasco da Gama modernizadas, de dois ou três Destroyers anti-aéreos e de protecção especializada anti-navio (aviões especializados em ataque naval).
Sem um guarda-chuva com essas características, não temos meios para defender as ilhas Selvagens, e muito menos para as recuperar.
Com os meios por mim referidos, o custo de tomar as Selvagens podería ser tão caro, que não havería petroleo suficiente que o pagasse. tornando a invasão, inviável, porque demasiado arriscada.
Noutras circunstâncias, pouco poderiamos fazer.
A França e a Alemanha diríam que estavam moralmente connosco, criticariam a Espanha e oferecer-se-íam para moderar a questão.
Os Ingleses reafirmariam a sua solidariedade e como pouco teriam a ganhar ficariam pela solidariedade.
Os americanos se tivessem interesse em fazer o gosto á Espanha (por qualquer vantagem que os Espanhois lhes oferecessem) igualmente se ofereceriam para mediar o conflito.
Com o tipo de politica subserviente do Sr. Durão Barroso, provavelmente a imagem de Portugal corre o risco de se apagar e de os Europeus não entenderem muito bem porque é que um país que aparece colado á Espanha, agora, de repente está contra ela, por causa de umas ilhas minusculas no Atlântico.
Teríamos provavelmente o apoio moral dos países de Lingua Portuguesa, que não têm dinheiro para mandar cantar um cego e o Brasil, que também tem os seus próprios interesses verificaría que a Espanha tem mais dinheiro que Portugal e que Portugal é Portugal, mas a Espanha tem mais dinheiro e é mais interessante. Amigos, amigos, negócios á parte.
A realidade é que no concerto das nações, as coisas são assim, grande parte dos países raciocinam a frio, e pesam os prós e os contras e acima de tudo o que é que têm a ganhar.
Nós podemos ter mobilizado todo um país por causa de Timor, mas não podemos ter grandes ilusões. Continuamos a ser um país de poetas que acham que vale a pena lutar por grandes causas, quando a maiooria dos paises luta por mais dinheiro.
No fim duma história destas, provavelmente acontecería como com 1890 com o mapa cor de rosa. Então, havería subscrições nacionais para comprar as fragatas que sempre foram negadas, os aviões que os militares diziam que precisavam mas que sempre lhes foram negados. Mas claro, nessa altura, sería já demasiado tarde.
Cumprimentos.