Já tinha referido a questão no tópico sobre São Tomé.
Não devemos misturar tudo no mesmo saco.
Todos os PALOP estão geograficamente tão separados, que têm situações politicas completamente distintas.
O presidente da Guiné Bissau, é um Fula. Os Fula são muçulmanos na sua maioria e durante a guerra as forças portuguesas tinham relações relativamente amistosas com os Fulas, nomeadamente com os chefes religiosos muçulmanos.
Os balanta são uma étnia guerreira e serão sempre um problema, especialmente porque, sendo uma étnia guerreira, representam a maioria das forças armadas (já vi estatísticas entre 50% e 80% mas não posso verificar isto). O que de qualquer forma é certo, é que na Guiné os balanta representam 30% da população.
Desde que existam eleições, o presidente pode ser de qualquer étnia, porque os balanta não são dominantes. O problema é que, controlando as forças armadas eles podem sempre pressionar o presidente e o governo, sempre que não recebem salário ou não estejam entre os beneficiados com o dinheiro do estado.
Pedir a um "amigo" muçulmano que ajude a criar uma força especial dentro da Guiné Bissau pode ter muitas interpretações.
Os russos não são estúpidos, e percebem esta questão, tanto quanto os portugueses.
Os Balanta, como étnia guerreira, são muito mais adequados para a função militar.
As outras étnias (os Fula também são 30%) precisam mais treino se quieserem desenvolver uma força especial. Além disso tal implica conselheiros militares...
Tudo isto é uma trapalhada sem fim, e por muito que muita gente não goste de ouvir, toda esta trapalhada, decorre de os países africanos terem acedido à independência muito antes do tempo e sem que estivessem criadas estruturas adequadas para suportar estados viáveis.
E isto, se alguma vez isto fosse possível.
E digo isto, olhando para a distribuição geográfica destes povos na África sub-sahariana. É uma gigantesca manta de retalhos étnicos, que nunca vão conseguir criar uma entidade coesa.
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[1] Na altura, a maior área geografica completamente controlada pelo exército português era a área desde Bafatá (a segunda cidade da Guiné) até à fronteira leste. O exército controlava Bissau, a várias regiões em volta eram disputadas.