As guerras Napoleonicas

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dremanu

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As guerras Napoleonicas
« em: Março 01, 2004, 11:41:35 pm »
A 29 de Janeiro de 1801, a França e a Espanha haviam enviado a Portugal um ultimato, exigindo o abandono da Aliança Luso-Britânica e o encerramento dos portos portugueses aos ingleses. Além disso, a França exigia uma pesada indemnização em dinheiro enquanto a Espanha reclamava a revisão das fronteiras e a entrega de algumas províncias para garantir que a Grã-Bretanha lhe devolvesseas ilhas de Trindade, Mahon e Malta.

Como Portugal não se submeteu a estas condições, a 27 de Fevereiro a Espanha declarou guerra a Portugal. Em Maio, forças francesas e espanholas invadirão o Alentejo e perder-se-á Olivença.

Passam hoje 203 anos dessa declaração de guerra espanhola. Nesse mesmo dia, na Assembleia da Républica, alguns deputados denunciam os espanholismo do Primeiro-Ministro que foi a Madrid declarar não o seu, ou do seu partido, mas o apoio de Portugal ao PP espanhol...

203 anos depois como são diferentes as coisas em Portugal...
"Esta é a ditosa pátria minha amada."
 

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Spectral

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« Responder #1 em: Março 03, 2004, 10:03:08 pm »
Por falar na tal de "Guerra das Laranjas" alguém sabe me dizer se chegou  a haver encontros entre os exércitos Português e Espanhol, ou se a campanha se limitou ao cerco de Olivença?


Cumptos
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emarques

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« Responder #2 em: Março 04, 2004, 02:09:38 am »
Citar
O Exército português cumpriu as suas obrigações em 4 das 5 frentes em que se viu envolvido - Trás-os-Montes, Beira, Algarve e Brasil -, mas o incumprimento das ordens do Duque de Lafões levou a que, no Alentejo, o exército sofresse dois pequenos reveses, que empolados, levaram a que o Marechal general fosse demitido. E o que existia no Alentejo quando a Paz foi assinada era um Exército que tinha retirado, como previsto, para a linha do Tejo, protegido pela Divisão da Beira, e mantendo duas fortalezas - Elvas e Campo Maior - que impediam uma ofensiva generalizada do Exército espanhol no Alto Alentejo, em perseguição do Exército português.

Em Trás-os-Montes, em contradição com o espírito das ordens do Duque de Lafões, Gomes Freire de Andrade, tinha invadido a Galiza, sem grande sucesso, diga-se em abono da verdade. Na Beira, o Marquês de Alorna tinha cumprido com as suas obrigações tentando cobrir a fronteira da Beira Baixa, por onde poderia entrar o corpo francês comandado pelo general Leclerc, cunhado do Primeiro Cônsul Napoleão Bonaparte, mantendo as comunicações com o Exército concentrado no Alto Alentejo. Mais a Sul, no Algarve o Capitão-general do Reino, o Monteiro-mór do Reino, Francisco da Cunha Menezes, ganhava o título de Conde ao impedir a invasão da província, defendendo a Praça de Castro Marim dos ataques espanhóis. No Brasil, a zona das missões do Paraguai, que tantos problemas tinha criado entre Portugal e Espanha, ganha em 1750, perdida em 1777, era definitivamente incorporada nos limites brasileiros. Como dirá D. Rodrigo de Sousa Coutinho, em 1803, Portugal foi o País do continente que menos perdeu com as guerras da revolução, tendo mesmo tido um saldo positivo, se visto numa perspectiva global, e que era a da élite governativa portuguesa de princípios do século XIX.


Texto retirado de http://www.arqnet.pt/exercito/laranja2.html

O livro "História do exército Português" do general Ferreira Martins descreve as campanhas, se bem me lembro.
Ai que eco que há aqui!
Que eco é?
É o eco que há cá.
Há cá eco, é?!
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Spectral

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« Responder #3 em: Março 05, 2004, 06:41:06 pm »
obrigado pela informação emarques. Realmente já tinha visto por aí em sites ou em obras espanhóis traduzidas, que o exército espanhol tinha batido o nosso em batalha campal antes de Olivença :shock:


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papatango

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« Responder #4 em: Março 05, 2004, 08:24:06 pm »
Se vamos a notar tudo o que a História militar Espanhola conta, tinhamos que concluir coisas esquisitissimas. :D

A defesa do Alentejo sempre foi muito dificil. Não temos tropas para manter uma frente fixa. Ou seja, o plano deveria ser deixar os Espanhois entrar, e depois fazer o de sempre: cerca-los e acabar com eles cá.

A queda de Olivença foi de facto problemática, porque era, com Elvas, uma praça que pela sua localização permitiria atacar Badajoz, a mais importante praça  Espanhola da região.

A queda de Olivença complicou a situação. Por outro lado, não nos podemos esquecer que a invasão é uma invasão Franco-Espanhola e que, Portugal nunca tería possibilidades de se defender de espanhois e franceses.

Cairam Olivença e Juromenha, mas Campo Maior e Elvas, com uma posição mais favorável resistiram e continuaríam a ser uma ameaça aos espanhois e franceses. Houve de facto dois confrontos e as tropas retiraram, conforme os planos.

Além de Olivença, os Espanhois quiseram também ficar com Sagres e o Cabo de S. Vicente (Enclave constituido pelos municipios de Sagres e Vila do Bispo) e com todos os territórios a leste do Guadiana, ou seja os municipios de Mourão, Barrancos, Moura e Serpa. Cerca de 2.500 Km quadrados a juntar aos cerca de 600 Km quadrados de Olivença.

No acordo efectuado Portugal subornou os franceses e pagou 15 milhões de libras como indemnização de guerra (mais 5 milhões de libras para o suborno a Luciano Bonaparte) e foi forçado a entregar Olivença.

O curioso é que Napoleão nunca aceitou o acordo, por isso, os documentos em que Portugal aceitava a entrega de Olivença não têm validade. O tratado de Badajoz é assim ilegal, não porque Portugal tenha sido forçado a assina-lo (isso não conta juridicamente) mas porque Napoleão, que foi quem o impôs (a indemnização e o suborno foram para os Franceses)  nunca o ratificou.

O facto de um tal Godoy, que era de Badajoz e amante da rainha de Espanha querer dár uma de "patriota" acabou complicando a situação para Portugal.

Cumprimentos
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Lightning

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Re: As guerras Napoleonicas
« Responder #5 em: Outubro 27, 2022, 01:00:38 pm »
Achei interessante ser bastante técnico, não fala em batalhas, mais na organização do navio, do pessoal, preparação do navio para batalha, etc,

Ajuda a perceber como eram as Marinhas naquela época, mesmo navios mais pequenos deviam funcionar mais ou menos da mesma forma.


 
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Drecas

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Re: As guerras Napoleonicas
« Responder #6 em: Janeiro 27, 2023, 05:54:04 pm »
 
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Lusitano89

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Re: As guerras Napoleonicas
« Responder #7 em: Fevereiro 28, 2023, 03:10:00 pm »
Waterloo - Vestígios Escondidos


 

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Lusitano89

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Re: As guerras Napoleonicas
« Responder #8 em: Março 02, 2023, 01:34:24 pm »
Quando Napoleão Provocou a Europa


 

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Lightning

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Re: As guerras Napoleonicas
« Responder #9 em: Abril 02, 2023, 11:53:11 pm »
Agora estava aqui a imaginar numa realidade alternativa, se a Revolução Francesa não descambasse no caos que foi, e em vez de andar a invadir toda a Europa fosse realmente um exemplo de República (anti sistema monárquico), defensora do povo, o Napoleão em vez de conquistador, podia ter sido o "Pai Fundador" da Europa unida, à imagem do que aconteceu nos EUA...
 

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CruzSilva

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Re: As guerras Napoleonicas
« Responder #10 em: Abril 03, 2023, 09:56:39 am »
O problema dos franceses foi que com a revolução toda a Europa lhes caiu em cima. No caso dos EUA assim que se tornaram independentes e criaram um país democrático a Europa não quis saber porque existia um oceano a separar os dois continentes.
"Homens fortes criam tempos fáceis e tempos fáceis criam homens fracos - homens fracos criam tempos difíceis e tempos difíceis criam homens fortes."
 
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papatango

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Re: As guerras Napoleonicas
« Responder #11 em: Abril 03, 2023, 04:10:33 pm »
Agora estava aqui a imaginar numa realidade alternativa, se a Revolução Francesa não descambasse no caos que foi, e em vez de andar a invadir toda a Europa fosse realmente um exemplo de República (anti sistema monárquico), defensora do povo, o Napoleão em vez de conquistador, podia ter sido o "Pai Fundador" da Europa unida, à imagem do que aconteceu nos EUA...

As revoluções tendem sempre a descambar no caos, mas a Revolução Francesa, não foi exactamente feita para defender o povo contra a monarquia.

No final do século XVIII, todas as monarquias absolutas estão a enfrentar problemas. O poder do Rei, leva a que os nobres percam poder, a partir daí, o povo tende a ganhar mais poder e prestigio.

O problema, é que o povo está dividido em dois grandes blocos. Por um lado o povo tradicional, pobre, rural e sem grande capacidade para fazer o que quer que seja, e por outro lado, uma parte do povo, muito menos numerosa, mas que começa a dominar as cidades. Essa parte do povo, mais rica e com um poder crescente, conhecemo-la hoje como Burguesia.

A Burguesia, é o povo, mas com dinheiro...
É a Burguesia que vai apoiar os ideais da revolução francesa !
Já o povo que não tem dinheiro, continua semi-analfabeto, pobre, rural, que na sua maioria não tem qualquer posse de terra,  será em grande medida controlado pela ou pelas igrejas.
Esse povo pobre, não quer saber de revoluções, desde que tenha alguma coisa para comer...

Na américa, o povo, normalmente tem alguma capacidade economica, são migrantes, colonos, gente que se vai apropriando das terras dos nativos. Como resultado não há assalariados rurais e o país desenvolve-se com base em pequenos e médios camponeses, que têm um bocado de terra.

Esta diferença entre o "povo" na Europa e o "povo" no continente norte-americano, vai marcar as diferenças entre a América e a Europa até hoje...

Assim, a ideia de Europa Unida tem que vir debaixo para cima, nunca poderá vir de cima para baixo...
Da mesma forma que, os colonos da américa do norte, perceberam que ou se juntavam, ou nunca conseguiriam ser independentes...

A necessidade de união, vem da necessidade do povo, e não das ideias de homens supostamente iluminados...
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Re: As guerras Napoleonicas
« Responder #12 em: Abril 03, 2023, 07:14:51 pm »
Obrigado Papatango pela explicação.

É que de um lado (Revolução Americana), parece que temos tudo muito bem organizado, com excelentes lideres, gente quase iluminada, e que vem com tudo direito, como organizar o país, o congresso, os direitos iguais (para os brancos), etc.

A Revolução Francesa é o caos, é gilhotina a torto e a direito, é lideres radicais que no dia a seguir são eles proprios derrubados e enviados para a guilhotina, etc.

Imaginava como é que a Francesa poderia também ela ter corrido bem, mas o resto da Europa não estava preparada, e as monarquias nem queriam.

Alguns anos depois (1848) já ouve várias revoluções falhadas por toda a Europa, (Portugal não  :mrgreen:) mas já vemos os povos e ideais em movimento.

« Última modificação: Abril 03, 2023, 07:17:02 pm por Lightning »
 

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CruzSilva

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Re: As guerras Napoleonicas
« Responder #13 em: Abril 06, 2023, 08:41:18 pm »
Enquanto a revolução americana por acontecer de forma mais ordeira e organizada acabaria por criar o liberalismo, seria a revolução francesa que derivado a guilhotinas e afins (radicalismo) acabaria por mais tarde dar origem ao marxismo.
« Última modificação: Abril 07, 2023, 07:33:35 pm por CruzSilva »
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papatango

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Re: As guerras Napoleonicas
« Responder #14 em: Abril 13, 2023, 10:28:47 am »


Também temos que recordar que a revolução americana é essencialmente uma guerra de independencia. O desejo de independencia.

É um grito de pessoas que não sendo ricas, têm algum dinheiro e não querem pagar impostos sem que possam ser representadas por alguém junto do poder.
"No taxation without representation" vai ser um dos motes da revolução...
A revolução americana, é portanto uma guerra, que foi ganha, também por causa da capacidade que a França teve para a apoiar e assim enfraquecer a Inglaterra.

Na França o que vemos é uma revolução popular uma revolução que resultou de a França ter entrado em demasiadas guerras. A dimensão demográfica da França, assustava o resto da Europa e os franceses sabiam disso. Tinham uma vantagem e tentaram utiliza-la. Essa foi a politica desde Luis XIV até Luis XVI e do marquês de Pombal lá do sítio, o cardeal Richelieu por exemplo.

A revolução vai despoletar rivalidades entre grupos sociais. Ao contrário de outras revoluções, a França não sabe o que fazer. Acabou com a Monarquia, mas não há um modelo a seguir. Os franceses vão ter que inventar a sua nova republica por tentativa-erro. [1]

O resultado, é que quando chega ao final do século XVIII a França está exaurida. A agricultura sofre tremendamente com a mobilizações dos exércitos (como acontece em todo o lado onde não há exército regular) e praticamente entra em colapso. As diferenças sociais atingem o auge, com os líderes de  topo em Versailles completamente alheios à realidade do país.

Ficou famoso um eventual comentário de Marie Antoinette que quando perguntou porque o povo se revoltava, foi-lhe respondido que  "o povo não tem pão majestade ..."

Resposta da Rainha: " Se não têm pão, comam croissants..."





[1] Os americanos por seu lado, foram tentar encontrar a mais antiga república funcional, e inspiraram-se no império romano. É por isso, que até aos dias de hoje, os americanos têm uma coisa chamada "colégio eleitoral" .
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