Não deixa de ser curioso que à medida que o tempo passa, a ligação da crise dinástica de 1383-1385 à guerra dos cem anos se torne cada vez mais evidente, ainda que um dos historiadores que mais referencia a ela fez - José Hermano Saraiva – tenha chegado a ser ridicularizado por afirmar isso.
Mais importante, é o facto de os navios portugueses terem tido duas ações importantes nessa guerra. Uma, mais devastadora e que resultou numa derrota ao fim de um ano, foi o bloqueio ao porto de Sevilha. Castela tinha a mais poderosa marinha do oeste da Europa. Mais poderosa que a francesa e obviamente mais poderosa que a quase inexistente marinha inglesa.
Os portugueses conseguiram bloquear a esquadra castelhana durante quase um ano, mas o esforço foi demasiado. Os navios na altura não aguentavam vários meses no mar. O abastecimento tornou-se cada vez mais complicado, peste foi declarada a bordo dos navios. Acabou tudo com a esquadra castelhana, descansada e reconstruida a conseguir sair para o mar.
Por outro lado, foram enviadas algumas galés para o canal da mancha, mantendo os franceses de sobreaviso e protegendo a navegação inglesa no canal.
As galés eram importante, porque podiam navegar contra o vento, ao contrário dos navios que dependiam exclusivamente das velas. Porque tinham esta manobrabilidade, eles podiam servir de navios de patrulha, detetando eventuais navios de guerra franceses, voltando para trás para indicar a presença de forças inimigas.
Um pequeno número de navios deste tipo (menos de meia duzia) podia ser extraordinariamente importante num conflito com estas características.
E a Royal Navy, ainda não existia.