Costuma-se dizer, que a verdade é a primeira vítima de uma guerra.
Curiosamente, perante a coisa mais discutida em todos os conflitos, não ví nenhum tópico (durante os últimos anos) pelo que decidi criar este, para onde posso transferir algumas notas, nomeadamente no conflito sobre a Ucrânia, que acabam por ficar deslocados.
Em todos os conflitos, um e outro lado , alteram e distorcem e em alguns casos, substituem a verdade, por uma verdade alternativa, que naturalmente também é chamada por outro nome:
MENTIRA
Esta questão é recorrente, e chegamos sempre à questão da verdade e da mentira, entre as democracias ocidentais e os regimes autocráticos, sejam religiosos ou comunistas, como o Irão ou a China, ou por regimes cleptocráticos como é o caso da Federação Russa.
FALSAS EQUIVALÊNCIAS
Uma das primeiras formas de atacar a verdade, é através do estabelecimento de uma equivalencia. As ditaduras pretendem afirmar que são iguais às democracias.
Não tento como evitar e esconder que as ditaduras vivem da propagação da mentira (os cidadãos sabem que os seus governantes mentem e percebem isso na carne todos os dias) a solução para os regimes totalitarios ou autocráticos, é a de tentar mostrar que toda a gente mente e que nas democracias, também se mente.
MENTIRA
Os regimes autocráticos utilizam a mentira como arma de guerra, e a negação dos factos como ato absolutamente normal, ainda que existam provas em contrário.
Em 1914. durante o inicio da I guerra mundial o Reich Alemão invadiu a Bélgoca , com pretextos absolutamente falsos de que a Bélgica tinha na realidade invadido a Alemanha e que os alemães estavam apenas a ripostar. Na altura a tese não tinha qualquer credibilidade e mesmo na Alemanha não colheu
A Alemanha nazi, quando invadiu a Polonia em 1939, apresentou como casus beli as ações polacas contra território alemão, a violação de alemãs pelos soldados polacos e ainda assim, Hitler sustentou durante dias, que a Alemanha tinha apresentado propostas muito razoáveis aos polacos, as quais estes tinham recusado.
Naturalmente, tudo isto era mentira. Hitler nunca apresentou propostas a ninguém, e todos os ataques polacos tinham sido encenados por soldados alemães vestidos com uniformes do exército da Polónia.
Aqui não há meias verdades, há apenas uma montagem de realidades alternativas, sem qualquer suporte factual.
As similaridades entre Vladimir Putin e Adolf Hitler, tal como as que existem entre a Alemanha nazi e o atual regime russo, são tão óbvias, que só mentes completamente deturpadas não conseguem ver.
A argumentação inventada sobre as violações de russos e dos direitos dos falantes de russo, são iguais às alegações alemãs sobre os Sudetas e as acusações de ataques, têm equivalencia no caso polaco, não existindo no entanto equivalencia na questão das regiões ocupadas por milicias russas no Don Bass.
Tem que se concluir no entanto que tanto a Alemanha nazi, quanto o atual estado russo, utilizaram e utilizam a mentira e a criação de verdades alternativas, como forma de fazer valer os seus argumentos.
Como a Alemanha nazi e o atual estado russo são regimes repressivos, qualquer tentativa de por em causa a validade dos factos inventados, resulta invariavelmente na prisão ou morte de quem tente colocar em causa a verdade oficial.
Mas se as mentiras fabricadas pelos regimes autoritários não podem ser contestadas dentro de fronteiras, elas podem ser contestadas e as fabricações desmontadas nos países livres.
Aí, a solução encontrada, nomeadamente nos tempos de Twiter e internet em geral, é pulverizar a produção de mentiras, produzir mentiras emn números gigantescos, sabendo perfeitamente que a maioria dessas teses vão cair por terra.
A tática no entanto, parte do principio de que numa grande quantidade de falsidades, haverá sempre alguma que passará no escrutinio. Algumas dessas falsidades, quando devidamente cimentadas, passa a ser verdades oficiais.
Na guerra da Ucrânia, entre as falsidades inventadas, está a da maquinação para derrubar o agente russo Yanukovitch, que não foi deposto, porque fugiu do país, as mentiras sobre a revolução ucraniana, que perante um presidente traidor, eleito quando era vigente na Ucrania um sistema semi parlamentar em que o poder estava na mão do primeiro ministro, o presidente traiu o povo e decidiu entregar o país aos russos, tudo vale.
A verdade é a primeira vítima da guerra.
Os regimes ditatoriais, atacam-na sempre primeiro.
E se não temos isso em consideração, a seguir à queda da verdade, vai cair a democracia e a nossa própria liberdade.