Couraçado versus Fragata

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papatango

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Couraçado versus Fragata
« em: Fevereiro 06, 2005, 11:10:09 am »
Depois de pensar sobre a questão numérica, esta é uma questão curiosa.

Num hipotético confronto de uma fragata moderna contra um couraçado da segunda-guerra mundial, sería possível a uma fragata, sozinha desabilitar ou afundar um couraçado, como por exemplo o Bismark, da segunda guerra mundial?

Serão os torpedos e os mísseis suficientes para destruir os couraçados, ou, depois de gastos os misseis, a fragata continuaria a não ter capacidade de impedir os movimentos de um couraçado?



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emarques

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« Responder #1 em: Fevereiro 06, 2005, 11:46:06 am »
Desconfio que a fragata não conseguiria grande coisa. Não me parece que os mísseis da fragata tenham a capacidade de penetrar a blindagem do couraçado. Quanto aos torpedos, se a fragata estivesse a distância de os usar levava com uma salva de artilharia em cima. Provavelmente nem precisava de ser do armamento principal do couraçado. Se os torpedos fossem do helicóptero em vez de tubos na fragata, talvez já pudesse tentar atingir o couraçado sem ser destruído pelas baterias anti-aéreas (dependendo do período da 2ª Guerra Mundial, o poder de fogo anti-aéreo de um couraçado podia ser enorme). Não sei qual seria a eficácia do fogo AA do couraçado a 8 km.

Isto assumindo que os torpedos eram eficazes, porque a maior parte deles tinham cascos desenhados para aguentar impactos de torpedo, e os torpedos de hoje em dia de certeza que não estão preparados para tentar destruír um bicho daqueles. :)
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Luso

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« Responder #2 em: Fevereiro 06, 2005, 12:49:14 pm »
Só com mísseis anti-navio com ogivas de carga oca...
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capelo

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« Responder #3 em: Fevereiro 06, 2005, 01:26:09 pm »
Considerando uma fragata Vasco da Gama, acho que se esta conseguisse colocar o seu poder de fogo, no alvo, deixaria um couraçado em muito mau estado, existindo uma boa hipótese de o afundar. Com mais um pouco de sorte atingiria aquele ponto vital...
Por outro lado se o couraçado conseguir uma salva no alvo, penso que só com sorte e muito boa Limitação de Avarias, por parte da tripulação da fragata, esta poderá sobreviver. (subentenda-se continuar a flutuar, não acredito que consiga continuar o combate).
No entanto, isto não é linear, nem exacto.
NA 2ª G M navios houve que conseguiram absorver impactos tremendos, horas a fio, como o Bismark e o Yamato, antes de irem ao fundo, enquanto outros como o HMS Hood, não tiveram muito tempo para combater.
"There seems to be something wrong with our bloody ships today." Admiral Sir David Beatty Jutland 31-05-1916
 

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Luso

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« Responder #4 em: Fevereiro 06, 2005, 01:47:06 pm »
Não sabia que os sorpedos AS podiam atingir ou destruir alvos de superfície. Como é feito o homing de um Mk46?
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capelo

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« Responder #5 em: Fevereiro 06, 2005, 02:25:35 pm »
O homing de um torpedo MK46 é acustico, activo ou passivo, com um padrão de busca circular ou tipo "snake" e será possível atingir-se um alvo de superfície, apesar de os torpedos MK46 destinarem-se a ASW.
Apesar de tudo um submarino á superfície não deixa de ser um alvo para um torpedo.
É claro que o melhor para uma fragata seria lançar os mísseis de bem longe, fora do alcance das peças do couraçado. :wink:
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papatango

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« Responder #6 em: Fevereiro 06, 2005, 02:31:02 pm »
Citação de: "capelo"
NA 2ª G M navios houve que conseguiram absorver impactos tremendos, horas a fio, como o Bismark e o Yamato, antes de irem ao fundo, enquanto outros como o HMS Hood, não tiveram muito tempo para combater


Esse é um dos vectores a analisar.

O HMS Hood, não era de facto um Couraçado, mas sim um Cruzador de Batalha. O que caracterizava os Cruzadores de Batalha, era exactamente a pouca protecção superior (contra projecteis caídos na vertical).

Como aliás ficou provado na batalha de Jutlandia, os Cruzadores de Batalha britânicos levaram uma sova (vários afundados) por causa da distância a que se deu a batalha.

No estreito da Dinamarca, em 1941, aconteceu o mesmo, o Bismark atingiu o Hood a grande distância e o projectil embateu verticalmente, prefurando o navio até a um paiol, o que provocou uma explosão e o afundamento do navio em dois minutos.

A verdade, é que o couraçado, para ser vencido, até hoje, ou precisou de outro couraçado, ou então da capacidade de ataque de um avião.

Lembro que o Bismarck estava debilitado e sem manobrabilidade quando foi atacado pelos couraçados Britânicos, nomeadamente pelo Rodney, com nove canhões de 405mm.
O Yamato, foi afundado por aviões.
A esquadra italiana em Taranto foi imobilizada por aviões.
A esquadra francesa em Mers-El-Kebir, foi atacada no porto pelos couraçados da Royal Navy
O Tirpitz foi destruido por aviões.

O único caso que me lembro de navios mais pequenos terem afundado um com maior capacidade foi o afundamente do Graf Spee, mas aí, eram três cruzadores contra 1 cruzador pesado (couraçado de bolso).

Eram canhões de 155mm (creio que dezoito)  e de 208mm (seis) contra seis canhões de 280mm. Embora, o Graf Spee, tenha sofrido "ferimentos"  relativamente graves, (aberturas na proa que impediam o navio de atravessar o Atlântico norte sem se afundar)  conseguiu sair pelos seus próprios meios para se afundar no rio da prata.

Tenho de facto dficuldade em ver um missil tipo Harpoon ou Exocet a fazer dano na lateral de um couraçado e um Harpoon, não pode (tanto quanto sei) ser guiado de forma a atingir o navio na vertical.

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Luso

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« Responder #7 em: Fevereiro 06, 2005, 02:43:22 pm »
Creio que as últimas versãoes do Harpoon, Saab e Exocet são capazes de top attack...
Seria algo semelhante à luta tanque-antitanque...
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emarques

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« Responder #8 em: Fevereiro 06, 2005, 05:31:41 pm »
Na verdade, na batalha da Jutlândia a vulnerabilidade dos cruzadores de batalha britânicos estava mais nas rotinas de manuseamento da munição. Para melhorar o ritmo de disparo os projécteis eram tratados com pouco cuidado, e isso resultou em desastre quando os navios foram atingidos. A maior parte desses impactos deveu-se aos cruzadores de batalha alemães, não aos couraçados...

O que pode ser considerado uma vulnerabilidade quando o ataque é feito por artilharia de 380mm (ou 406, ou 450) pode não ser lá muito vulnerável a um Harpoon. O tal convés "vulnerável" do Hood tinha entre 2 e 3 polegadas de espessura (50 a 75 mm). Os outros, sem essa vulnerabilidade, tinham 5 ou mais polegadas em certos pontos da citadela (8 ou 9 no caso do Yamato). Será que o Harpoon, mesmo em "top attack", conseguia penetrar nem que fosse o Hood?
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Jorge Pereira

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« Responder #9 em: Fevereiro 06, 2005, 06:18:50 pm »
Não sei se um couraçado depois de levar com 6, 7 ou 8 harpoons ou exocets ficava lá em muito boas condições…  :roll:
Um dos primeiros erros do mundo moderno é presumir, profunda e tacitamente, que as coisas passadas se tornaram impossíveis.

Gilbert Chesterton, in 'O Que Há de Errado com o Mundo'






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Luso

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« Responder #10 em: Fevereiro 06, 2005, 07:16:01 pm »
Citação de: "emarques"
O que pode ser considerado uma vulnerabilidade quando o ataque é feito por artilharia de 380mm (ou 406, ou 450) pode não ser lá muito vulnerável a um Harpoon. O tal convés "vulnerável" do Hood tinha entre 2 e 3 polegadas de espessura (50 a 75 mm). Os outros, sem essa vulnerabilidade, tinham 5 ou mais polegadas em certos pontos da citadela (8 ou 9 no caso do Yamato). Será que o Harpoon, mesmo em "top attack", conseguia penetrar nem que fosse o Hood?


Por isso é que seriam necessárias ogivas de carga oca ou moldada: se o Harpoon é lento, só com um "penetrador formado por explosão" é que se poderiam efectuar danos.
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emarques

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« Responder #11 em: Fevereiro 06, 2005, 08:11:29 pm »
Citação de: "Jorge Pereira"
Não sei se um couraçado depois de levar com 6, 7 ou 8 harpoons ou exocets ficava lá em muito boas condições…  :mrgreen:

Luso, essas ogivas existem para os mísseis em causa?
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Spectral

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« Responder #12 em: Fevereiro 06, 2005, 08:48:08 pm »
Pelo que sei, não existe uma resposta definitiva. As dúvidas apenas desapareceriam se os americanos dessem como fim aos 2 Iowa restantes o de alvos, mas não me parece que seja essa a intenção. :shock: pode-se imaginar a penetração...

Nos mísseis anti-navio, muitas vezes não é a carga explosiva que causa os maiores danos mas sim o combustível que o míssil ainda tem aquando do impacto. Isto seria importante para termos algum efeito por trás da blindagem.

Mas outra coisa é certo: esses couraçados seriam terrivelemente vulneráveis a um ataque por submarino, porque os torpedos pesados filoguiados destes estão programados para explodir debaixo da quilha. Ora toda o sistema anti-torpedos dos couraçados ( numerosas células estanques) está colocado nas laterais do casco, porque um torpedo da 2ªGM ia embater aí, quase à superfície.
Aliás, parece que esse sistema anti-torpedo ainda tornaria os efeitos da explosão do torpedo debaixo da quilha piores.
I hope that you accept Nature as It is - absurd.

R.P. Feynman
 

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Luso

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« Responder #13 em: Fevereiro 06, 2005, 09:41:03 pm »
Citação de: "emarques"
Citação de: "Jorge Pereira"
Não sei se um couraçado depois de levar com 6, 7 ou 8 harpoons ou exocets ficava lá em muito boas condições…  :mrgreen:

Luso, essas ogivas existem para os mísseis em causa?


Não porque não existem alvos que justifiquem a concepção de tais ogivas. Com isto quero dizer que é possível que um sistema barato derrote outro que exige bastantes recursos para a sua construção como um couraçado clássico (isso! Cobrir uma VDG com blindagem reactiva!)
No entanto ainda considero que os navios actuais deveriam ser melhor protegidos do que são.
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capelo

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« Responder #14 em: Fevereiro 06, 2005, 11:54:06 pm »
Ainda sou da opinião acima referida de que um couraçado, mesmo considerando os Iowa da US Navy, talvez os melhores protegidos de sempre contra qualquer ameaça existente na altura, depois de atingidos por uma salva de 7/8 mísseis Harpoon, ou Exocet, ficariam em muito mau estado. Também é óbvio que para lhe acertar 7/8 vezes provavelmente teríamos que lançar muitos mais misseis.
Há que ver, o grau de destruição a que nos referimos.
Para mim, um couraçado parado na água, sem capacidade de combate, arder e com a prioridade da tripulação totalmente concentrada na Limitação de Avarias é uma vitória para uma fragata.
Um ataque com torpedos actuais seria claramente a melhor hipótese como o Spectral referiu. O problema para uma fragata seria sobreviver o suficiente para os lançar (é claro que depende do alcance do torpedo). Caso isto acontecesse teríamos uma fragata dos nossos dias a cumprir a função de um destroyer da 1ª ou 2ª G. M. :!:
Considerando um cenário possível na décaca de 80, imaginem os mesmos couraçados americanos a serem atacados por submarinos russos no Atlantico Norte. Os misseis russos antinavio, quando comparados com os ocidentais, são pouco menos que monstruosos. (esqueçamos as ogivas nucleares)
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