A imagem mostra uma 'maquette' do míssil C-802, concebido na China, exportado para o Irão, este míssil foi utilizado no ataque contra o navio
INS Hanit.
A utilização de mísseis anti-navio C-802 surpreendeu tanto os israelitas como os observadores.Segundo relatórios provenientes de Israel dois destes mísseis, guiados por radar, teriam sido disparados contra o INS Hanit (corveta furtiva da classe Saar V).Tendo detectado o primeiro míssil, a corveta utilizou as suas contra-medidas e iniciou manobras de desvio.Em consequência, e segundo o relatório, o primeiro míssil seguiu a sua rota indo atingir um navio egípcio 40 Kms mais longe.
Contudo o segundo míssil não teria sido detectado e 'apanhou' a corveta sobre a sua linha de flutuação.Note-se no entanto que os fracos danos sofridos - teóricamente o navio poderia ter afundado - poderem denotar um mau funcionamento do engenho.
Vários analistas pensam que os mísseis teriam sido lançados com o apoio radar do aeroporto de Beirute, o que do ponto de vista israelita teria justificado o seu bombardeamento.
Uma lição que, no momento em que as marinhas se voltam para a guerra no litoral, será sem duvida significativa.
O
Hezbollah apoiado nos generosos fornecimentos iranianos, orientou-se numa estratégia ambiciosa, podendo contar assim nao só com rockets
Fajr 3 e
5 ( alcance entre 45 e 75 Kms, e 45 e 90 Kgs de carga respectivamente) mas também nos
Zelzal-2 disponiveis mas não utilizados ( 100-200 kms de alcance, peso total de 3500 Kgs, e peso da carga N.d.).Quando
Hassan Nasrallah proclamou que os bombardeamentos sobre
Beirute poderiam levar a uma resposta ao 'coraçao de Israel', a ameaça de utilizar os
Zelzal era semi-encoberta, pois desencadearia certamente uma resposta israelita que ja ameaçara destruir todas as infraestruturas libanesas.Pode-se mesmo por a questão de saber se a utilização prolongada de equipamento claramente identificado como iraniano nao teria levado a uma extensão do conflito.
Teerão poderia ser visto como tendo ido 'demasiado longe', e o
Tsahal apenas envolveu uma fracção das suas forças aéreas no Libano, os submarinos da Heyl Ha 'Yam (marinha) equipados com misseis de cruzeiro ficaram também disponiveis para uma acção sobre o Irão.
De qualquer modo a postura de tecno-guerrilha adoptada pelo Hezbollah apoiou-se numa diversificação dos aprovisionamentos.Nos anos 80 o partido alinhava com armas de pequeno calibre e apoio(RPG) dispondo de capacidade para produzir minas antipessoal e anticarro.Durante a campanha de
Tsahal pos em acção os
IED (
Improvised Explosive Devices) nitidamente mais potentes que no passado e permitindo em certos casos destruir carros tão 'pesados' como os
Merkava. - no caso da emboscada a que se seguiria o rapto dos dois soldados israelitas,
fala-se de um IED de 300 Kgs !!! .
De momento desconhece-se se as versoes mais evoluidas do carro (Mk 4) que aparentemente foram muito utilizadas pelo Tsahal se mostraram mais resistentes.
O equipamento individual dos combatentes Hezbollah que estiveram em contacto com os israelitas também foi surpresa.
Foram encontrados coletes 'bullet-proof' binoculos de visao nocturna, telémetros lasers, ou sistemas de reduçao de 'assinatura' IR bem como...uniformes israellitas.O Hezbollah dispunha igualmente de um sistema de comunicaçoes bastante elaborado.
As suas posições também 'sofreram alguns arranjos' bem elaborados com vista as missões militares.O enterramente de algumas delas tornou a sua detecção mais dificil, especialmente para os drones.Mesmo os captores IR nao pareciam suficientemente precisos para dar indicaçoes supletivas aos captores TV tradicionais.Deste ponto de vista o lançamento de operações no Verão jogou a favor do
Hezbollah (o contraste sendo ligeiramente mais desfavoravel para os israelitas).De facto confrontos muito duros tiveram lugar em Bint Jbeil que as forças israelitas nao conseguiram tomar.Outro elemento, o
Hezbollah utilizou misseis anti-tanque para lá dos tradicionais
RPG.Para contrariar estes Israel utilizou os seus tradicionais
Nagmachon,
Achzarit, Puma e outros carros reconvertidos em transportes de tropas.Superblindados, pareciam oferecer uma protecção suficiente as forças israelitas.Mas esta tactica pode igualmente aparecer como insuficiente nao só contra
RPG mais evoluidos (foram identificados na zona
RPG-29) mas tambémcontra os
AT-13 Metis-M e os
AT 14 Kornet - misseis que entraram em serviço na Russia no inicio dos anos 90 e dotados de dupla carga em 'tandem' que a Siria lhe parece ter fornecido.
Enfim, metade dos
Merkava envolvidos teriam sido 'tocados', bem como um numero desconhecido de outros blindados.Algumas estimaçoes indicam que um quarto dos misseis utilizados teriam conseguido 'furar' as blindagens e ferir/matar equipagens -
uma liçao em que as forças armadas europeias bem podem meditar nos proximos meses.
Esta utilizaçao de misseis tem porém os seus limites, logo que possivel o
Tsahal enviava os seus 'snipers' como batedores, por vezes na base de informaçoes fornecidas pelos seus drones, na proximidade de zonas susceptiveis de instalaçao de postos de tiro do Hezbollah, antes de eliminar os 'serventes' e depois capturar os misseis.Nenhuma estimaçao foi publicada quanto ao numero de veiculos que teriam sido dotados de protecçao activa ( área na qual Israel é considerado como estando na linha de ponta).Notemos ainda que se o
Hezbollah preparou cuidadosamente as suas operaçoes, parece ter também envolvido tropas bem treinadas e que fizeram prova de grande coragem e de grande dominio do seu equipamento. Ao mesmo tempo os
AT-3 Sagger foram utilizados para visar posiçoes nas quais estavam instalados soldados israelitas, com um certo sucesso.
Texto baseado em artigos de Ludovic Woets e J. Henrotin -