AFRICOM disponível para apoiar combate ao narcotráfico na África Ocidental com equipamento e treino
O Comando militar norte-americano para África (AFRICOM) está disponível para apoiar países-parceiros, com equipamento de segurança e treino, no combate ao narcotráfico, que considera potencialmente desestabilizador para o continente, disse à Lusa fonte oficial deste organismo.
"Não queremos ter um papel de liderança, mas oferecer apoio, onde for apropriado e quando pedido, a forças de segurança civis", disse à Lusa Vince Crawley, responsável de comunicação do Africom, organização do Departmento de Defense norte-americano criada em Outubro do ano passado.
Caso surja uma solicitação, refere, "o ramo do Africom para combate ao narcotráfico vai fomentar a capacidade de países-parceiros para programas anti-drogas e actividades de reforço da legalidade", esplicou a mesma fonte. "Treino e equipamento são os meios primários de assistência", adiantou.
A intervenção pode resultar da cooperação com parceiros internacionais, organizações globais, agências governamentais norte-americanas, forças de segurança e com as representações diplomáticas de Washington.
Na conferência internacional sobre o narcotráfico em curso na Cidade da Praia (Cabo Verde), o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pediu terça-feira à comunidade internacional para que apoie os esforços da África Ocidental no combate à droga e na procura de uma estratégia de luta.
Na mensagem, Ban Ki-moon afirmou-se muito preocupado com o tráfico de droga na África Ocidental e o impacto que este tem nas economias dos países da região, no aumento da violência e na diminuição do respeito pelas leis.
A reunião junta ministros da Justiça ou da Administração Interna dos 15 países da CEDEAO - Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental - entidade organizadora.
Em declarações à Lusa, a mesma fonte do AFRICOM salientou o potencial "desestabilizador" nos países frágeis que representa a ligação entre o narcotráfico e o "extremismo violento" e grupos revoltosos.
"Os lucros do tráfico de drogas levam ao crescimento da corrupção de alto nível, minam os esforços dos governos para implantar a estabilidade e a segurança", destacou Vince Crawley.
Esta situação, adiantou, leva a "fraquezas e ineficiências" nos "esforços das forças de segurança para estabelecer uma presença forte nas cidades e áreas envolventes", e permite "acesso e movimentos facilitados a grupos extremistas e rebeldes locais".
Em entrevista recente à Lusa, o general William "Kip"Ward, responsável pelo AFRICOM, garantiu que esta estrutura terá durante os próximos anos a sua sede em Estugarda, Alemanha, admitindo no futuro deslocar para África algumas valências.
Na fase de lançamento do AFRICOM, Washington aplicou perto de 54 milhões de dólares (34,7 milhões de euros).
Adicionalmente, a administração norte-americana pediu um reforço de 250 milhões de dólares (acima de 160 milhões de euros) para logística, apoio aéreo, segurança fronteiriça e treino das forças de manutenção de paz em África.
Lusa