Revolta no Mundo Árabe

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Re: Revolta no Mundo Árabe
« Responder #255 em: Fevereiro 12, 2012, 08:08:23 pm »
Não e bem assim, na Líbia a China e a Rússia não votaram contra nem a favor, agora a é que eles votam contra, mas aposto que se a Nato fizesse qualquer coisa toda a gente iria critica-la.
 

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Re: Revolta no Mundo Árabe
« Responder #256 em: Fevereiro 12, 2012, 09:43:10 pm »
a Al-Qaeda ao lado dos americanos!!!! É com cada piada!

"[Os portugueses são]um povo tão dócil e tão bem amestrado que até merecia estar no Jardim Zoológico"
-Dom Januário Torgal Ferreira, Bispo das Forças Armadas
 

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FoxTroop

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Re: Revolta no Mundo Árabe
« Responder #257 em: Fevereiro 12, 2012, 11:28:40 pm »
Para a Casa de Saud, esta queda em dominó dos regimes seculares árabes, tem sido um festim. Uma a uma, essas nações estão a cair nas mãos dos sauditas, financiadores do extremismo islamico e inimigos jurados do nosso modo de vida. Estamos a alimentar uma hiena que nos vai morder a mão, tudo para uns miseros lucros de alguns e a muito curto prazo.
 

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Lusitano89

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Re: Revolta no Mundo Árabe
« Responder #258 em: Fevereiro 20, 2012, 05:45:04 pm »
O que pode salvar Assad no curto prazo
Alexandre Reis Rodrigues
 


O conflito interno que grassa na Síria não vai resolver-se proximamente. Enquanto as Forças Armadas continuarem unidas e leais a Assad e a oposição não se mostrar capaz de ultrapassar as divergências que impedem uma actuação coordenada, o Presidente disporá de uma relação de forças no terreno que lhe é favorável e vai permitir-lhe continuar a manter a mesma linha para fazer tentar vergar a oposição.

A indignação do Ocidente e da opinião pública mundial vai intensificar-se com o crescimento contínuo de mortes provocadas pelos confrontos, neste momento na ordem das 7000 (mais 70.000 deslocados internamente e 25.000 que procuraram refúgio no exterior). No entanto, depois do veto russo e chinês, a impedir a aprovação da Resolução proposta ao Conselho de Segurança das Nações Unidas - que visava obrigar Assad a entregar o poder ao seu vice-presidente para a formação de um governo de unidade nacional e subsequentes eleições - o desfecho da situação fica quase exclusivamente nas mãos da oposição.
 
Moscovo procura demonstrar que não obstante o veto à Resolução está empenhado em resolver a crise; não só não lhe interessa agravar o relacionamento com os EUA como não quer vir a ser apontado como responsável pela oportunidade perdida de evitar uma guerra civil. Foi sob esse propósito que, no seguimento da reunião do Conselho de Segurança, enviou o ministro dos Negócios Estrangeiros Lavrov a Damasco para tentar pôr as partes a negociar.

Para que essa iniciativa tivesse hipóteses de ser bem sucedida teria que ter surgido muito mais cedo. Neste momento, o que a oposição espera não são incentivos para negociar; é receber apoios para continuar a resistência. É o que os Países da Liga Árabe prometem fazer; e, como concluíram que o apoio diplomático não vai chegar, comprometeram-se a garantir «all kinds of political and material support».
 
Apoio material significa ajuda financeira e, certamente, fornecimento de armamento, o que, aliás, está a acontecer há algum tempo e vai, provavelmente, tornar inevitável uma guerra civil e a caminhada para um impasse que agravará ainda mais as dificuldades por que está a passar toda a população.

Para o Presidente Assad não são más notícias. Vai-se entrar cada vez mais no terreno da confrontação aberta que é o que lhe convém para tirar partido das vantagens que tem: a superioridade em armamento, que passará a usar mais indiscriminadamente, e o argumento, que vai passar a invocar, de que tem de defender as minorias ameaçadas (cristão, alawitas, druzos, etc.) pelo radicalismo sunita.
 
Estas circunstâncias darão a Assad alguma confiança, no curto prazo, sobre as hipóteses de ultrapassar a crise. Externamente, o Presidente sabe que tem vários trunfos do seu lado. O Irão é o principal e mais decisivo porque vai continuar a fazer tudo para que Assad não caia. Israel e Jordânia, embora condenando o regime de Assad, não apoiarão a oposição, porque não arriscam vir a confrontar-se com uma mudança para um desconhecido que pode, eventualmente, trazer instabilidade fronteiriça, que apesar de tudo não tem existido. Iraque e Líbano, predominante xiitas, não verão com bons olhos uma tomada de poder pelos sunitas.
 
Rússia e China são dois casos diferentes. Ao vetarem a Resolução deram uma ajuda preciosa ao Presidente Assad mas as suas motivações tem uma dimensão que excede largamente a questão da sobrevivência política de Assad. Têm, em geral, a ver com a relação de forças e de influência com os EUA no Médio Oriente e, em particular, com o não quererem permitir uma nova intervenção tipo-Líbia que consideram ter excedido o mandato dado pelo Conselho de Segurança. Se a qualquer momento a relação de forças no terreno tornar insustentável a manutenção de Assad não será Moscovo nem Pequim que o irão salvar.

Moscovo não vai deixar de medir bem o apoio que entretanto for dando a Assad, por várias razões. Primeira, porque tendo as suas próprias ambições para o Médio Oriente, tem que controlar as pretensões concorrentes de hegemonia regional de Teerão, muito dependentes do sucesso de Presidente sírio. Segunda, não pode pôr-se abertamente contra a Liga Árabe, de cujo apoio também depende para a estratégia atrás referida. Terceira, tem que salvaguardar os direitos de utilização da base naval de Tartus, a única que possui no exterior, independentemente do regime que controlar o País. Quarta e última razão, sabe que, com a crise económica e social porque está a passar a Síria, é arriscado “apostar” exclusivamente e sem condições em Assad, um Presidente a prazo, mesmo para a maioria da população síria.

A aprovação de uma Resolução pela Assembleia Geral das Nações Unidas, no passado dia 16 fevereiro, a apoiar os esforços da Liga Árabe e a condenar «as violações sistemáticas e alargadas dos direitos humanos e liberdades fundamentais pelas autoridades sírias» não terá qualquer efeito prático a curto prazo porque, ao contrário do que acontece no Conselho de Segurança, limita-se a indicar um caminho, a definir uma orientação (é “non biding”).

Em qualquer caso, nem Moscovo nem Pequim podem ignorar o facto de a Resolução, “exigindo” às autoridades sírias «pôr imediatamente um ponto final em todas as violações de direitos humanos e ataques contra civis», ter sido aprovada por 137 Estados membros e apenas com 12 votos contra e 17 abstenções. A prazo esta pressão e as sanções em vigor acabarão por surtir o efeito pretendido, mas o factor tempo, não obstante as incógnitas, vai jogar, para já, a favor de Assad.

Jornal Defesa
 

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Lusitano89

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Re: Revolta no Mundo Árabe
« Responder #259 em: Fevereiro 24, 2012, 07:40:43 pm »
Porque é que o mundo não intervém na Síria?


Os bombardeamentos tornam-se mais violentos, os jornalistas ocidentais pedem para ser retirados das zonas de combate e a comunidade internacional fica a olhar enquanto o número de mortos aumenta. Os sírios não percebem e interrogam-se «de que está o mundo à espera para nos ajudar?»
Os EUA, a União Europeia, a Liga Árabe e a Turquia reforçaram as sanções contra o regime e Bashar al-Assad reforçou a violência contra os sírios. As sanções parecem não resultar no terreno, mas intensificam o debate: será que a comunidade internacional devia esforçar-se mais para colocar um fim ao derramamento de sangue?

Por várias razões, os Estados estão hesitantes em avançar com uma intervenção na Síria. Aqui ficam as razões, destacadas pela CNN, que levam as nações mundiais a manterem-se à margem deste conflito.


Não há consenso

No ano passado, o Conselho de Segurança impôs restrições ao espaço aéreo líbio e decidiu «por todos os meios necessários» proteger o povo líbio da violência do exército de Muammar Kadhafi.

No caso da Síria, não há consenso no Conselho de Segurança: China e Rússia - aliadas de Bashar al-Assad - vetaram a resolução que teria dado legitimidade a uma intervenção das Nações Unidas. De acordo com Fareed Zakaria, essa intervenção já «não pode acontecer através da ONU. Terá de ser uma operação unilateral da NATO, logo, sem legitimidade internacional».


Ninguém sabe ao certo quem são os rebeldes

Quem manda na oposição síria? Os rebeldes estão unificados? São de confiança? Podem constituir uma real ameaça às forças bem organizadas do regime?

Na Líbia, os rebeldes tinham uma base - um reduto forte em Benghazi - que resistia a Kadhafi. Ou seja, dominavam parte do território.

Na Síria isso não se acontece, os activistas não dominam nenhuma parte do território, «estão encurralados em pequenos enclaves que estão sob bombardeio constante», explica Nic Robertson, da CNN, que esteve no país há algumas semanas atrás.

Para além disso, a ideia de que é demasiado arriscado armar ou apoiar uma 'entidade sem identidade' reúne muitos apoiantes.

 

Dividir para reinar

A Síria é um país dividido. Os entre 20 a 30 por cento da população (de cristãos e shiitas) que apoia Assad teme os rebeldes, que são na sua maioria muçulmanos sunitas.

A mensagem que Assad passa aos seus apoiantes é a de que apenas ele pode providenciar segurança e que, se a maioria sunita chegar ao poder, os cristãos e shiitas irão perder as suas casas e os seus negócios.

Por outro lado, al-Assad beneficia do apoio, por enquanto praticamente incondicional, do seu exército – que é muito mais forte, melhor equipado e mais unido do que o da Líbia.

 
A geografia

A intervenção na Líbia foi facilitada porque a maior parte dos alvos se localizava junto do Mediterrâneo e, dessa forma, ao alcance a partir das bases da NATO em Itália.

A costa da Síria é muito menor que a da Líbia e é pouco provável que os países que a circundam – Iraque, Líbano, Jordânia, Israel e Turquia – se disponham a acomodar o aparato militar necessário para uma missão no país.

A topografia também é uma preocupação, por ser mais montanhosa que a Líbia, os combates na Síria seriam mais penosos e mortíferos.

 

Ainda se acredita que as sanções podem funcionar

Susan Rice, embaixadora norte-americana nas Nações Unidas, afirma que os EUA preferem «não alimentar um conflito que pode degenerar numa guerra civil em larga escala». Acreditam que o regime está no seu limite e que com o aumento «da pressão internacional, a economia ficará completamente asfixiada».

SOL
 

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Re: Revolta no Mundo Árabe
« Responder #260 em: Março 16, 2012, 06:03:02 pm »
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Re: Revolta no Mundo Árabe
« Responder #261 em: Março 18, 2012, 08:45:51 pm »
Porque não se intervém militarmente na Síria ??
Alexandre Reis Rodrigues


Há uma forte corrente de opinião internacional inconformada com a situação na Síria e que se interroga sobre a dualidade de critério que o não intervir militarmente representa em relação à opção adotada no caso da Líbia. Compreende-se facilmente a indignação se tivermos em conta que o número de baixas (estimadas em 8.000, precisamente ao fim de um ano de insurreição) já excedeu cinco vezes o que se verificava na Líbia, na véspera da intervenção e o facto de que cerca de 500 mortes correspondem a crianças. Há também 70.000 deslocados dentro do país e mais alguns milhares de refugiados nos países vizinhos (Turquia - 11.000 em seis campos de refugiados -, Líbano e Jordânia). Já nada parece faltar para podermos classificar a situação como uma dramática crise humanitária.

No entanto, o único campo em que a comunidade internacional tenta movimentar-se é o político/diplomático e imposição de sanções, e, mesmo assim, de forma limitada pelo veto da Rússia e China à Resolução proposta pelo Ocidente, no Conselho de Segurança, exigindo ao Presidente Assad que pare de atacar a população do seu país. Moscovo e Pequim, considerando que a autorização dada no caso da Líbia foi excedida, não se mostram dispostos a dar de novo luz verde, mesmo tratando-se de uma Resolução em que não se fala de intervenção militar. Obviamente, a situação seria diferente se estes dois membros permanentes do Conselho de Segurança se juntassem abertamente às pressões internacionais para que o regime sírio deixe de usar a força militar contra os seus dissidentes.
 
Resta saber se estamos num impasse. Luis Peral, do Institute for Security Studies da União Europeia, acha que não porque a responsabilidade que cabe ao Conselho de Segurança pela manutenção da paz e estabilidade no mundo, embora primária, não é exclusiva. Existem outras organizações internacionais que podem tomar a iniciativa, se a situação assim o exigir. É uma questão de passar a usar o argumento de que se trata de uma situação humanitária que, constituindo uma ameaça à paz e estabilidade regional, exige ação militar, sob o exclusivo propósito de criar espaço para essa intervenção. Peral defende que o uso desta argumentação facilitaria uma decisão de actuar, em vez da invocação do “direito de proteger” (“right to protect, R2P”), que implica subsequente responsabilização criminal das autoridades sírias.
 
Esta iniciativa caberia em princípio ao Inter-institutional Standing Committee, que, para além de poder recorrer ao Conselho de Segurança a solicitar uma Resolução que crie condições de intervenção para prestação de ajuda, pode ainda (em caso de continuação do impasse), em segundo recurso, invocar a Resolução 377 A (V) Uniting for Peace. Esta Resolução permite “recomendar” à Assembleia Geral das Nações Unidas, uma ação coletiva, incluindo o uso de força, sob a ideia de que a Assembleia detém uma “responsabilidade subsidiária” à do Conselho de Segurança, no que respeita à manutenção da paz e estabilidade no mundo.

Perguntar-se-á porque não são usados estes mecanismos; porque decidiram as Nações Unidas deixar o assunto entregue apenas ao UN High Commissioner for Human Rights que, malgrado o excelente trabalho que tem feito para apurar a dimensão real da crise, não tem instrumentos para intervir? Porque só agora começa o secretário-geral da ONU a falar do crescente risco de uma grave situação humanitária?
 
Luis Peral adianta algumas explicações sobre a inação das agências humanitárias, que considera lamentável perante o contínuo agravamento da situação. A mais relevante é a que resulta do facto de a Síria ser o terceiro país do mundo que abriga refugiados estrangeiros; de momento, cerca de meio milhão de palestinianos e mais de 100.000 iraquianos. É compreensível que haja preocupações quanto a uma eventual participação da Agência de Refugiados numa iniciativa a pedir ao Conselho de Segurança uma intervenção militar, o que a acontecer poderia levar o regime sírio a negar acesso aos refugiados palestinianos e iraquianos que abriga. O Comité Internacional da Cruz Vermelha também não toma qualquer iniciativa porque prefere trabalhar discretamente com o Crescente Vermelho Sírio que tem acesso livre por todo o País.
 
Estas circunstâncias estão certamente a contribuir para a continuada exclusão do recurso a uma intervenção militar, mas não a explicam na totalidade. Se a comunidade internacional quisesse intervir militarmente, teria encontrado formas de contornar o bloqueio em que se encontra o Conselho de Segurança, como tem acontecido em situações anteriores. Aliás, Luis Peral também reconhece essa possibilidade quando diz: «all states of the international community are entitled to undertake action preferably as a coalition in favor of the victims on purely humanitarian grounds, since international law cannot and should not be invoked by one or two countries for the only reason that they sit at the Security Council».
 
A questão verdadeiramente decisiva é que se os EUA não vão intervir - não interessando agora as suas razões - então não existe qualquer outra possibilidade de utilização de força, por maior vontade que possa haver, da parte dos europeus, em pôr fim à tirania e opressão do regime do Presidente Assad. Esta situação, para quem não a conhecia, ficou muito clara na intervenção na Líbia que revelou as lacunas elementares do dispositivo europeu, por falta de valências que só os EUA possuem, por exemplo, na capacidade de supressão de defesa aéreas que, no caso da Síria, constituem um desafio muito mais exigente do que o posto pelas forças de Kadhafi, na Líbia.

Nestas circunstâncias, goste-se ou não, resta apenas esperar que a pressão político diplomática internacional, as sanções e os apoios à oposição síria vão diminuindo cada vez mais a possibilidade de o regime sobreviver. O colapso pode acontecer “amanhã” mas poderá também demorar, ninguém sabe. As expectativas de resolução da crise, em qualquer caso, não deverão ser altas porque o regime, embora hediondo, não é fraco nem está tão isolado como seria desejável para cair rapidamente.

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Re: Revolta no Mundo Árabe
« Responder #262 em: Março 19, 2012, 07:09:19 pm »
Documentos secretos revelam papel de Assad na repressão síria

Citar
Foram entregues à Al Jazeera por um alto funcionário do regime

A cadeia televisiva Al Jazeera, com sede no Qatar, teve acesso a documentos confidenciais do regime sírio sobre a repressão da contestação popular. Estas novas informações revelam que as ordens para as operações contra os rebeldes são assinadas pessoalmente pelo presidente sírio, Bashar al-Assad.

A Al Jazeera diz ter recebido centenas de documentos de Abdel Majid Barakat, até há pouco tempo um dos altos funcionários do regime, que tinha a função de coligir a informação secreta que chegava de toda a síria sobre a gestão da crise.

Contudo, Barakat era mais do que um funcionário do regime. Durante meses, a informação que agregava, na coordenação das várias agências de inteligência no país, era passada aos rebeldes.

Quando sentiu que a sua posição estava comprometida e que corria risco de vida, Barakat fugiu do país e foi para a Turquia, segundo explica o correspondente da Al Jazeera neste país James Bays.

O repórter dá conta que, através da análise dos documentos secretos que o antigo funcionário do regime sírio levou consigo, se percebe um envolvimento profundo do presidente Bashar al-Assad na repressão.

«Todas as tardes, às 19:00 horas em Damasco, há uma reunião de todos chefes de inteligência e segurança que analisam o que se passou no país ao longo do dia, fazem planos e preparam as ordens para dia seguinte», explica o jornalista.

«Estas ordens vão então para o gabinete do presidente na manhã seguinte e ele próprio assina todas estas ordens, que depois se cumprem», acrescenta.

Além de revelarem um regime desesperado por manter o controlo de Damasco, os documentos dão conta ainda dos planos para esmagar os protestos em Aleppo e Idlib.

Fica-se a saber ainda que o governo espiou os monitores da Liga Árabe que estiveram na Síria no final do ano passado.

A AL Jazeera diz ter razões para acreditar na autenticidade dos documentos, garantindo que foram analisados durante vários dias por duas equipas da cadeia televisiva.
"A Patria não caiu, a Pátria não cairá!"- Cromwell, membro do ForumDefesa
 

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Re: Revolta no Mundo Árabe
« Responder #263 em: Abril 14, 2012, 07:21:18 pm »
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Re: Revolta no Mundo Árabe
« Responder #264 em: Abril 25, 2012, 07:27:24 pm »
A Primavera Arábe
Adriano Moreira


A preocupação orçamental que absorve as atenções e desacordos dos governantes ocidentais não tem permitido avaliar se a chamada primavera árabe pode não apenas aumentar, com natureza diferente, as exigências que a União Europeia enfrenta, como por exemplo redefinir o conteúdo do conceito do direito - dever de intervenção. Este teve uma demonstração eficaz no caso da Líbia com o resultado final da liquidação do regime de Kadhafi, mas não levando até agora à conclusão de que a situação iemenita e síria se encontram abrangidas pela mesma premissa.

De facto, a evolução internacional em relação ao movimento que a semântica logo apelidou de democracia em movimento teve como primeira resposta, de acordo com a prudência tradicional, uma política de acompanhamento, evidente no discurso que Obama, em 19 de maio de 2011, dedicou à situação do Egito, longamente considerado um apoio estável dos interesses ocidentais.

Mas um discurso que admitia, e sem muito cuidado com as entrelinhas, uma adaptação que acompanhasse a mudança, já considerada portanto eventual.

Esta atitude, não privativa, de expectativa, passou a ser de intervenção casuística quando as ameaças de Kadhafi, em termos de repressão contra a população insurgente, levou o Conselho de Segurança, em 17 de março de 2011, pela Resolução de 1973, a estabelecer a zona de exclusão aérea sobre a Líbia, autorizando o uso de todos os meios, exceto as tropas terrestres.

Acontece que a Rússia, a China, a Índia, o Brasil e a Alemanha se abstiveram. É evidente que os interesses relacionados com as fontes de energias não renováveis, o risco de se agudizarem as migrações que ameaçam fazer do Mediterrâneo um cemitério, a segurança ameaçada desse mar podem ser facilmente motivos presentes na deliberação, quer dos que votaram, até dos que se abstiveram, esta uma atitude que abre caminho a afirmar, no resultado final, que este foi sempre o da simpatia dos prudentes.

Mas talvez seja possível não ignorar duas componentes deste movimento, que já é um turbilhão, da chamada primavera árabe, a começar por um traço habitual de muitas revoluções ocidentais.

Em primeiro lugar o facto de ter sido um movimento popular que desafiou as estruturas políticas, algumas apoiadas num poder militar evidente, e garante da estabilidade que interessava às dependências ocidentais. Se o movimento das populações mudou a estabilidade política, não mudou os interesses nem as necessidades ocidentais, em primeiro lugar europeias, aconselhando a unidade, sem a necessidade de minorar os valores frequentemente esquecidos pelo relativismo agora em vigor, e pelo pragmatismo de sempre.

Uma perceção logo evidenciada pela intervenção francesa, na data em que os EUA precisam de moderar a sua convicção de superpotência.

Facto que parece ter estado ausente, não obstante a abertura do Conselho de Segurança para a intervenção Líbia, na circunstância de a situação equivalente noutros países, como a Sérvia e o Iémen, não ter desencadeado a mesma evolução da diplomacia de acompanhamento para o exercício do direito de intervenção, porque as exigências da desordem, em que se traduzem os movimentos populares contra os poderes instalados, conduzem a própria comunidade internacional a reconhecer-se na situação de exiguidade de meios.

E particularmente os EUA a reconsiderarem a função de gendarmes do mundo, uma maneira menos suave de moderar, mas não a perder, a convicção de nação indispensável.

Esta última fórmula corresponde melhor ao que hoje se espera dos EUA no mundo, portanto não necessariamente com o unilateralismo de superpotência que vai perdendo atualidade para todos os países.

Sobretudo, a crise mundial, incluindo a falta de recursos, que se reflete na falta de vontade das sociedades civis para intervenções armadas, longas, custosas, e até hoje pouco eficazes, não aconselha a deixar desviar as políticas preventivas e repressivas, baseadas na proteção das populações e dos seus direitos, para a imagem de ser uma defesa de hegemonias, o que fatalmente incluirá a perigosa conclusão de que a intervenção é a favor de interesses puramente ocidentais.

DN
 

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Re: Revolta no Mundo Árabe
« Responder #265 em: Abril 25, 2012, 09:17:26 pm »
Uma rica mudança, apoiar salafistas para derrubar regimes que não representavam ameaça nos anos mais recentes em nome de uma suposta "liberdade" que jamais terão.
 

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Re: Revolta no Mundo Árabe
« Responder #266 em: Abril 27, 2012, 07:15:33 pm »
Situação na Síria «pode deteriorar-se», referem os Emirados Árabes Unidos


O chefe da diplomacia dos Emirados Árabes Unidos disse hoje em Lisboa que as propostas da ONU sobre a Síria estão a ser ignoradas por Damasco e que a situação pode "deteriorar-se" ainda mais.

"Neste momento a situação na Síria não segue a direção certa. Apelamos para o regime assumir os compromissos relacionados com as propostas de Kofi Annan. É evidente que a Liga Árabe e o Conselho de Segurança estão a monitorar de perto esta missão. Annan não é apenas representante da ONU mas também da Liga Árabe e o sucesso da missão é extremamente importante", disse hoje Abdullah Bin Zayed Al Nhyan, após a assinatura de acordos de cooperação com Portugal.
 
"Toda a comunidade internacional condena o regime Sírio. A grande responsabilidade, neste momento é do regime de Damasco por não estar a comportar-se da forma correta no respeito pela sobrevivência do povo sírio" sublinhou o ministro dos Negócios Estrangeiros dos Emiratos Árabes Unidos, que recordou que a reunião da Liga Árabe realizada na quinta-feira conseguiu convergência de pontos de vista sobre o conflito.
 
O ministro dos Negócios Estrangeiros português, Paulo Portas, disse hoje que a atitude do Presidente sírio, Bashar al-Assad para com as Nações Unidas tem sido insuficiente.
 
"A Síria é um drama diário. O presidente Assad não percebeu as mudanças que se anunciaram e não foi capaz de fazer as reformas importantes. É impossível para a comunidade internacional aceitar que um regime político dispare sobre a sua própria população como tem acontecido na Síria e a verdade é que, apesar da entrada dos primeiros observadores das Nações Unidas o cumprimento por parte do regime sírio do acordado nas Nações Unidas é manifestamente insuficiente", disse Paulo Portas.
 
Os dois ministros assinaram hoje acordos de cooperação nas áreas das energias renováveis e eficiência energética, educação e investigação científica.
 
Lusa
 

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Re: Revolta no Mundo Árabe
« Responder #267 em: Abril 30, 2012, 11:01:25 pm »
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Re: Revolta no Mundo Árabe
« Responder #268 em: Junho 01, 2012, 06:33:33 pm »
A encruzilhada egípcia
Alexandre Reis Rodrigues


Finalmente, estão oficializados os resultados da primeira volta das eleições presidenciais de 23/24 de maio no Egito. É um facto, praticamente sem precedentes na história do mundo árabe: a realização de eleições sem se saber o seu possível desfecho! Parece extraordinário, mas é exatamente assim. Não fosse a “Primavera Árabe”, em vez do processo em curso, teria provavelmente havido a “eleição” do filho Gamal Mubarack para passar a ocupar a Presidência. Tudo mudou tanto que, agora, o que este tem à frente são acusações de corrupção que o levarão a julgamento. É um marco histórico para o povo egípcio em direção à liberdade de escolher o seu destino. Veremos se o será também para as Forças Armadas, embora noutro sentido. Se será desta vez que vão abandonar o poder, a que têm estado ininterruptamente ligadas desde o a fundação da moderna República, em 1952, com Nasser. Entre outros, este é um dos grandes desafios do processo.
 
O desfecho desta situação é, de momento, imprevisível. O que os ocidentais imaginaram inicialmente – uma democracia ao estilo ocidental – foi um erro crasso de avaliação. Se lá se chegar, algum dia, não será, certamente, no curto/médio prazo. Como lembrava o professor Pilippe Schmidt, numa mesa-redonda organizada pelo Instituto de Defesa Nacional, há dois dias, na insurreição que levou ao derrube de Mubarack nunca se gritou por democracia; a palavra de ordem era liberdade. São coisas bem diferentes, importa notar. Aliás, nas circunstâncias atuais, a ideia de democracia, no Médio Oriente, deixou de beneficiar da natureza apelativa que tinha há alguns anos atrás; simplesmente porque deixou de estar associada a prosperidade, ou seja, a uma economia a funcionar, que é o que a grande maioria dos egípcios aspira.

O Egito encontra-se apenas numa fase muito inicial de um processo de transição em que quase tudo continua em aberto, não obstante o Supremo Conselho das Forças Armadas e a Irmandade Muçulmana (os dois principais atores) tudo estejam a fazer para controlar em função dos seus propósitos políticos. O desfecho tanto pode ser uma espécie de regresso de uma “velha-guarda”, sob o controlo das Forças Armadas, embora disposta a fazer concessões aos islamitas, ou a instituição de um regime islâmico ou de inspiração islâmica. A primeira hipótese é representada por Ahmed Shafik que recolheu 23,66% dos votos; a segunda, é protagonizada por Mohamed Morsi com 24,77%. A maioria dos votantes, que não se revê nem num nem outro, vão ter agora que optar, provavelmente sob o critério do mal menor.
 
Shafik, general reformado da Força Aérea egípcia e o último primeiro-ministro de Mubarack, é para alguns a imagem de tudo contra o que os rebeldes da Praça Tahir protestaram e corresponde, na prática, uma primeira evidência de que a revolução falhou; para outros, será a resposta aos receios de mudar, à preferência pela continuidade. A sua passagem à segunda volta tem desencadeado violentos protestos, incluindo, para além das habituais manifestações na praça Tahir, o assalto e destruição do seu quartel-general de campanha. Segundo uma lei aprovada pela Câmara Baixa do Parlamento e ratificada pelo Conselho Supremo das Forças Armadas, que exclui do processo de candidaturas antigos colaboradores diretos de Mubarak, não deveria ter-lhe sido permitido concorrer. Foi, aliás, o que aconteceu, por essa ou outras razões, a dez dos 23 candidatos iniciais, incluindo Khairat el-Shater, o candidato original da Irmandade Muçulmana e, Suleiman, o antigo vice-presidente de Mubarack e chefe dos serviços secretos. Como conseguiu Shafik escapar a este crivo só parece poder ser explicado pelo controlo que as Forças Armadas continuam a deter sobre a situação. Segundo a AFP (notícia de 29 maio), ainda falta o Supremo Tribunal Constitucional anunciar o resultado do exame da constitucionalidade da lei que excluiu dez candidatos, o que está previsto para 11 de junho. Não é fácil imaginar o que sucederá se decidirem pela sua inconstitucionalidade, com a segunda volta marcada para cinco dias depois (16/17 junho).

Morsi foi a segunda escolha da Irmandade Muçulmana, depois do revés de verem rejeitado, como acima se referiu, o candidato original, mas os resultados alcançados pelo Partido da Justiça e Liberdade, que representa a Irmandade, não parecem ter sido afetados. Calcula-se que os egípcios optaram por manter a lealdade à organização, que ao longo do tempo, nunca deixou de ajudar os mais necessitados, designadamente na saúde e na instrução. Morsi, um milionário de 62 anos, que foi o número dois do Supremo Guia da Irmandande e o seu estratega principal (“deputy of the Supreme Guide’s Muslim Brotherwood, and chief strategist”), tem sido olhado como alguém bem posicionado para relançar a economia, um dos fatores mais decisivos de sucesso do processo de transição. É alguém para quem os EUA olham positivamente, mas esse aspeto, possivelmente, cada vez pesa menos.

O curioso deste processo é a inversão da decisão que a Irmandade tinha tomado ainda antes de lançado o processo eleitoral, quando optou por não apresentar nenhum candidato a presidente. Conhecida, ultimamente, por preferir uma postura cautelosa, a Irmandade procura não afastar os mais receosos de uma mudança radical de regime. Aparentemente, consideraram ter atingido o seu objetivo para o curto prazo, com a vantagem adquirida nas eleições legislativas, que lhes dá capacidade de assumir as responsabilidades pela formação de um novo Governo. Terão mudado de opinião sob o receio de as eleições presidenciais gerarem um presidente próximo do Conselho Supremo das Forças Armadas, que pudesse vir a cercear o espaço de manobra do Governo.

No entanto, ninguém consegue imaginar minimamente como será o futuro. A incógnita do que será a Constituição ainda se encontra por resolver e esta é uma questão-chave. O Parlamento continua a tentar um acordo que permita a constituição de uma comissão de 100 membros que se encarregue da redação do novo texto, num prazo de seis meses, mas sem qualquer sucesso até agora. É uma situação insólita porque os egípcios vão eleger um presidente, não sabendo os seus poderes. Aliás, nem sequer saberão, por essa altura, que tipo de regime, afinal, terá o Egito. O diferendo sobre o papel dos valores religiosos islâmicos como uma das fontes da legislação ou a sua fonte única continua em aberto. O que a Irmandade defendia inicialmente era o conceito “Islamic Source of Legislation” que permitiria levar a um Tribunal Constitucional todas as leis que levantassem objeções religiosas. Não é como se compreenderá um tema fácil para grande parte da população egípcia, muito menos para os militares que querem continuar a ser os guardiões de um regime secular. Um conflito interno é uma possibilidade que continua à vista.

Jornal Defesa
 

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Re: Revolta no Mundo Árabe
« Responder #269 em: Junho 02, 2012, 11:56:36 am »
Citação de: "FoxTroop"
Para a Casa de Saud, esta queda em dominó dos regimes seculares árabes, tem sido um festim. Uma a uma, essas nações estão a cair nas mãos dos sauditas, financiadores do extremismo islamico e inimigos jurados do nosso modo de vida. Estamos a alimentar uma hiena que nos vai morder a mão, tudo para uns miseros lucros de alguns e a muito curto prazo.


Este post devia ser emoldurado!!!^^^^
"[Os portugueses são]um povo tão dócil e tão bem amestrado que até merecia estar no Jardim Zoológico"
-Dom Januário Torgal Ferreira, Bispo das Forças Armadas