Guerra na Ucrânia

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Lampuka

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Re: Guerra na Ucrânia
« Responder #825 em: Fevereiro 12, 2022, 08:41:39 pm »
A Ucrânia parece começar a acordar... são apenas o tabuleiro.
João Pereira
 

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Re: Guerra na Ucrânia
« Responder #826 em: Fevereiro 12, 2022, 09:19:35 pm »
Curiosamente ontem zarparam o Tridente e o Arpão, juntos.
Vigiar a passagem de navios russos nas nossas águas?

Ja agora, o que temos para vigilância/defesa/combate a submarinos que passem nas nossas aguas?
Supostamente os próprios submarinos, as fragatas que terão também essa valência e os P3 da FAP.
E sendo nós parte da NATO, não devem faltar meios dos nossos aliados a procurar o mesmo, por isso deve haver partilha de informação.
Tinha curiosidade em saber se nas Lajes o movimento desse tipo de meios aéreos se alterou.
Aqui por Ponta Delgada passou o USS THE SULLIVANS  no dia 29, vindo aparentemente do Mediterrâneo. Ou anda por aqui...
João Pereira
 
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Re: Guerra na Ucrânia
« Responder #827 em: Fevereiro 12, 2022, 09:25:44 pm »
Do ponto de vista económico, um conflito na Ucrânia beneficia sobretudo os Estados Unidos, na medida em que restaura a legitimidade e a razão de ser da OTAN (dominada pelos americanos) ... para além do mercado da defesa europeu que se vai abrir ainda mais para os EUA,  principal fornecedor dos exércitos europeus.  A escolha dos F 35 por alguns países europeus em detrimento do Rafale ou do Eurofighter (ou do Gripen)  confirma a importância do mercado de defesa europeu para os States. O fornecimento do gás à Europa é mais uma cereja no bolo para os nossos amigos anglo-saxões.

Uma aproximação entre a Rússia e a Europa faria deste continente um bloco ainda mais poderoso que o da China o que confirma o interesse dos EUA por este conflito.
Já nos  tempos em que o R.U. era a potência dominante e em que a Rússia era governada pelos Czares , uma aliança continental era uma ameaça ao domínio anglo-saxão ; a tática destes é colocar a UE contra a Rússia para enfraquecer ambos. Uma Rússia isolada e uma Europa sob a proteção da OTAN é o principal objetivo dos Estados Unidos, (seja qual for o regime vigente na Rússia).

A construção de uma UE forte é a principal parada que temos para deixarmos de ser um simples peão no tabuleiro de jogo.

No pé em que estão as coisas só posso fazer votos de êxito para os nossos militares destacados no T.O., especialmente o pessoal dos submarinos e da FAP assim como de todos os portugueses que se encontram na linha da frente. A situação está mesmo muito sensível, esperemos que tudo corra bem.

A escolha dos F-35 por boa parte dos países europeus deve-se ao facto de... os europeus não desenvolverem nada do mesmo nível, ie, 5ª geração. Como muitos destes países não são burros, não vão optar por um caça (como os "eurocanards") que já tem os dias contados, sendo num prazo de 10 anos caças de segunda-linha. E como com a defesa não se brinca, ficar com caças de segunda-linha por mais 30 anos como único caça em uso, é suicídio estratégico. Num mundo em que se vão começando a desenvolver caças de 5ª geração, e alguns países começam a dar passos para a 6ª, não faz sentido investir milhares de milhões em aviões de 4.5.

De resto a narrativa mantém-se. Foram os americanos que colocaram lá os 130 mil militares russos na fronteira com a Ucrânia, comprovando o claríssimo interesse americano no conflito. Os russos, coitados, acabam por ser as vítimas disto! Viram-se "forçados" a colocar tropas na fronteira, contra a sua vontade, sob ameaça dos americanos.

Esqueceu-se do ponto 3, que esta crise também revelou a dependência (energética) em relação à Rússia. Para qual a UE tinha de deixar de ser dependente deste país. Mas se calhar nisto não convém tocar, porque depender dos EUA e da China é mau, mas da Rússia é sem problema.

Não seja injusto, eu sei bem qual é a minha equipa. Sou português e europeu.

Os anglo-saxões têm relações de interesse não de "amizade". Se na maior parte do tempo foram nossos aliados, os acontecimentos que se seguem mostram que tudo pode mudar de um momento para o outro, segundo as suas conveniências.

- 27/12/1703 Tratado de Methuen : este tratado imposto pela Inglaterra a Portugal, levou ao abandono da politica de fomento industrial levada a cabo pelo Conde de Ericeira. Portugal entrou num declínio económico que prevaleceria pelos séculos seguintes, até hoje.

- 11/01/1890 Ultimatum inglês - Portugal foi obrigado, sob ameaça de guerra, a entregar aos britânicos parte do seu território africano .

- 17/12/1941 Invasão de Timor pelos ingleses e australianos - A ocupação de Timor pelos anglo-saxões justificou a invasão dos japoneses que sempre respeitaram a nossa neutralidade.   60 000 portugueses mortos.

- 16/01/1945 Bombardeamento de Macau pelos americanos -  5 (?) mortos

- 15/03/1961 Massacres de Angola perpetrados pela UPA, movimento terrorista financiado pelos EUA,  milhares de portugueses mortos.

Eu sou como os anglo-saxões :)  ... também acho que o interesse prevalece sobre o namoro, acho que uma boa relação com a Rússia é interessante para a UE. Neste momento não há condições para isso. Para que o relacionamento seja equilibrado é necessário que a UE tenha a mesma força que a Rússia.

Bem se formos a ver o historial do passado com 50 ou mais anos, ninguém se dá com ninguém, é cada um no seu canto. Acaba por ser feio, falar de algo que aconteceu em 1703, quando na Europa temos um país como a Alemanha que fez o que fez há muito menos tempo (2ª GM), e que agora tem uma das vozes mais sonantes na Europa. Ou a União Soviética de Estaline. Mas podemos falar de casos mais próximos a nós, as sucessivas invasões espanholas, ou as invasões francesas. Portanto podemos ser cabeçudos e guardamos rancores contra toda esta gente, e não somente contra os anglo-saxónicos, ou podemos tentar ter uma postura minimamente inteligente, senão acabamos isolados.

E relações de interesse todos têm. Achar que os franceses, os alemães, os russos, os chineses, são diferentes, é pura ilusão. Agora, por causa disso, termos de baixar as calças aos russos, parece-me estranho, para não dizer mesmo absurdo.
 
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Re: Guerra na Ucrânia
« Responder #828 em: Fevereiro 12, 2022, 09:46:55 pm »
Certamente os russos estiveram por detrás de tudo isto... por isso temos de continuar a prestar cegamente vassalagem a estes sempre fiéis aliados.
Mas há mais, muito mais, que nem convém aqui falar porque é "chato".
Centremo-nos no presente, no alargamento/expansão da NATO a leste, na ingerência e pressões externas sobre os relacionamentos na Europa e destes com o exterior, nos exemplos recentes de total desrespeito pelas instituições internacionais e pelos "supostos" parceiros, no rompimento de acordos internacionais unilateralmente...  tudo tem servido,  entre outras coisas, para impor a sua supremacia sobre todos os outros, ou quase todos.
Essa arrogância de terem de "validar" tudo o que se passa no mundo a mim particularmente enoja-me. Porque acima de tudo peca por ser incoerente e basear-se quase sempre numa visão demasiado egoísta, onde o interesse ( seu ou dos seus parceiros) sobrepõe-se a tudo o resto.
Pior, quando o resto do mundo segue atrás  como numa seita, sem hesitações.
Se a Rússia tem direito a invadir quem quer que seja? Obviamente não. 
Se se acha nesse direito para preservar a sua segurança ou interferir internamente de acordo com os seus interesses? Bem, sobre isto peço que reflitam sobre o que tem sido o passado recente de conflitos e respondam.
Se poderá ser evitado? Cada dia que passa fica mais difícil, mas só se a Europa tiver coragem de ter voz própria.
Senão vai ser arrastada para uma situação que ainda a vai isolar, fraturar e fragilizar mais.
Irónico é que o assunto supostamente é de primordial interesse europeu, mas parece que não serão os europeus a decidi-lo.

Esse alargamento/expansão da NATO para Leste, deve-se sobretudo às atitudes russas, que têm feito com que países neutros, ganhem interessem em fazer parte da aliança.

O que se pode observar neste tópico, é agendas. Sendo que vejo aqui muita narrativa anti-americana, e não vi ninguém com uma narrativa pró-americana, ou a fazê-los passar por santos. A diferença no debate está aqui, uns assumem que todas as partes têm defeitos ou atitudes menos correctas, e depois há outros que vêm aqui fingir que os russos são uns santos e o resto é que é muito mau.

Irónico é vir dizer que mete nojo os americanos quererem ter voz em tudo, e não ter nojo dos russos que fazem exactamente o mesmo, querendo inclusive mandar na política externa dos países vizinhos. Ele há cada coisa.

Mais uma vez volto a repetir, a narrativa da Rússia estar a tentar garantir a sua "segurança" não cola. Tanto que não há um único país da NATO com interesse, ou capacidade, de invadir a Rússia. A própria NATO, em conjunto, não tem esse interesse, seja por motivos de "bonzinhos" ou por simplesmente não terem qualquer interesse em afundar as suas economias numa invasão sem sentido.

Mas já agora gostava de ouvir sugestões para a resolução pacífica da situação actual, caso os europeus venham a ter "voz própria". É que claramente a Rússia tem objectivos claros, que países de Leste que hoje são membros da NATO, deixem de o ser, o que podem os países europeus fazer? Dão um pontapé no cu desses países, numa atitude extremamente nojenta e cobarde, para satisfazer as demandas russas? De facto isso é que é uma demonstração de força e de respeito!!! Lá está, é fácil ser treinador de bancada, mas na vida real, qualquer atitude tomada, terá consequências enormes. Culpem a desinvestimento na Defesa por parte dos Europeus, antes de culparem terceiros pela fraqueza da Europa.
 
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Re: Guerra na Ucrânia
« Responder #829 em: Fevereiro 12, 2022, 10:02:32 pm »
Certamente os russos estiveram por detrás de tudo isto... por isso temos de continuar a prestar cegamente vassalagem a estes sempre fiéis aliados.
Mas há mais, muito mais, que nem convém aqui falar porque é "chato".
Centremo-nos no presente, no alargamento/expansão da NATO a leste, na ingerência e pressões externas sobre os relacionamentos na Europa e destes com o exterior, nos exemplos recentes de total desrespeito pelas instituições internacionais e pelos "supostos" parceiros, no rompimento de acordos internacionais unilateralmente...  tudo tem servido,  entre outras coisas, para impor a sua supremacia sobre todos os outros, ou quase todos.
Essa arrogância de terem de "validar" tudo o que se passa no mundo a mim particularmente enoja-me. Porque acima de tudo peca por ser incoerente e basear-se quase sempre numa visão demasiado egoísta, onde o interesse ( seu ou dos seus parceiros) sobrepõe-se a tudo o resto.
Pior, quando o resto do mundo segue atrás  como numa seita, sem hesitações.
Se a Rússia tem direito a invadir quem quer que seja? Obviamente não. 
Se se acha nesse direito para preservar a sua segurança ou interferir internamente de acordo com os seus interesses? Bem, sobre isto peço que reflitam sobre o que tem sido o passado recente de conflitos e respondam.
Se poderá ser evitado? Cada dia que passa fica mais difícil, mas só se a Europa tiver coragem de ter voz própria.
Senão vai ser arrastada para uma situação que ainda a vai isolar, fraturar e fragilizar mais.
Irónico é que o assunto supostamente é de primordial interesse europeu, mas parece que não serão os europeus a decidi-lo.

Esse alargamento/expansão da NATO para Leste, deve-se sobretudo às atitudes russas, que têm feito com que países neutros, ganhem interessem em fazer parte da aliança.

O que se pode observar neste tópico, é agendas. Sendo que vejo aqui muita narrativa anti-americana, e não vi ninguém com uma narrativa pró-americana, ou a fazê-los passar por santos. A diferença no debate está aqui, uns assumem que todas as partes têm defeitos ou atitudes menos correctas, e depois há outros que vêm aqui fingir que os russos são uns santos e o resto é que é muito mau.

Irónico é vir dizer que mete nojo os americanos quererem ter voz em tudo, e não ter nojo dos russos que fazem exactamente o mesmo, querendo inclusive mandar na política externa dos países vizinhos. Ele há cada coisa.

Mais uma vez volto a repetir, a narrativa da Rússia estar a tentar garantir a sua "segurança" não cola. Tanto que não há um único país da NATO com interesse, ou capacidade, de invadir a Rússia. A própria NATO, em conjunto, não tem esse interesse, seja por motivos de "bonzinhos" ou por simplesmente não terem qualquer interesse em afundar as suas economias numa invasão sem sentido.

Mas já agora gostava de ouvir sugestões para a resolução pacífica da situação actual, caso os europeus venham a ter "voz própria". É que claramente a Rússia tem objectivos claros, que países de Leste que hoje são membros da NATO, deixem de o ser, o que podem os países europeus fazer? Dão um pontapé no cu desses países, numa atitude extremamente nojenta e cobarde, para satisfazer as demandas russas? De facto isso é que é uma demonstração de força e de respeito!!! Lá está, é fácil ser treinador de bancada, mas na vida real, qualquer atitude tomada, terá consequências enormes. Culpem a desinvestimento na Defesa por parte dos Europeus, antes de culparem terceiros pela fraqueza da Europa.

Boa análise !
 

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Re: Guerra na Ucrânia
« Responder #830 em: Fevereiro 12, 2022, 10:53:12 pm »
Já nos  tempos em que o R.U. era a potência dominante e em que a Rússia era governada pelos Czares , uma aliança continental era uma ameaça ao domínio anglo-saxão.

O tempo em que o RU era a potência dominante "pax britânica", foi entre o fim das guerras napoleónicas (1815) e a 2a guerra mundial (1945), que possível aliança comtinental é que refere? A Prússia/Alemanha com a França? Andaram em guerra todos esses anos.
Ninguém na Europa queria uma Alemanha forte, só os alemães.

A guerra da Crimeia?
Foi para impedir a Rússia de conquistar mais território a um imperio Otomano decadente, correndo o risco de capturar o Bosforo, e controlar o acesso ao Mar Negro.

Além que a França e outros paises que possuiam colónias noutros continentes não tinham interessem nenhum em confrontar a principal potência naval do mundo. Não havia interesse nenhum em cooperação entre europeus do continente contra britânicos, havia era competição para adquirir colónias, podia haver alguma cooperação era na hora de desenhar as fronteiras de África e Ásia. E o acesso ao comércio com a China que na altura era dominado peloa europeus, principalmente britânicos.
« Última modificação: Fevereiro 12, 2022, 11:18:46 pm por Lightning »
 
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Re: Guerra na Ucrânia
« Responder #831 em: Fevereiro 12, 2022, 11:14:15 pm »
Não sabia do ataque americano a Macau em 1945, esses americanos são horríveis, atacarem assim um território neutral que tenta passar incólume numa guerra mundial, mas estranho só terem morrido 5 pessoas, não parece ter sido grande bombardeamento.

Fui procurar
https://en.m.wikipedia.org/wiki/History_of_Macau

Parece que, por pressão Japonesa, iamos vender combustível de avião que estava em Macau aos japoneses e os americanos atacaram esses depósitos. Foi isto.
« Última modificação: Fevereiro 12, 2022, 11:14:50 pm por Lightning »
 
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Re: Guerra na Ucrânia
« Responder #832 em: Fevereiro 12, 2022, 11:26:32 pm »
Por partes e começando pelo fim.
"Culpem a desinvestimento na Defesa por parte dos Europeus, antes de culparem terceiros pela fraqueza da Europa."
Corretíssimo, que seja o início de alguma coisa positiva esta situação.
O papel (negativo) da NATO em tudo isto começa após o fim da guerra fria e desmembramento da URSS.
Supostamente estaríamos e entrar numa era "sossegada", ficariam os países NATO de um lado, a Rússia e os mais chegados do outro e um "fosso" neutro a meio formado pelos ex-URSS e os antigos países de leste.
O que aconteceu, no meu entender, não fez sentido. 
A NATO nunca deveria ter tido a possibilidade de expansão.
Posso aceitar a manutenção da aliança até a consolidação da estabilidade, mas nunca a sua expansão.
Se estávamos num processo de pacificação não faz sentido uma das partes tomar a decisão de ainda se fortalecer mais. Muito menos aceitando e convidando países outrora do outro lado.
E lá está, arrastando as fronteiras até às da própria Rússia.
O que eu também não entendo é como a Rússia aceitou tudo isto calada durante 20 anos. Muito mal ficaram com o fim da URSS...
Esse "silêncio" demonstrou fraqueza e aparente submissão a uma liderança global Americana que, como também é normal, foi-se tornando demasiado ostensiva.
Só que a Rússia é sempre uma potência,  reorganizou-se e percebeu que tinha de agir de imediato ou perdia o comboio das potências. 
Depois da Síria onde já atuaram de forma mais determinada e explicaram que também sabem impor a sua vontade como até aí só os EUA faziam, agora a Ucrânia, à porta de casa, e por razões bem mais complicadas.
Resolução pacífica? Não sei se vai ser possível até porque não tenho a certeza se todas as partes envolvidas estão interessadas.
Mas para já, obrigatoriamente e por muito que possa custar a entender, passa pelo travão nas ideias ucranianas de colagem a Ocidente.
A partir daí há condições para negociar,  senão uns com sanções e outros com invasões não vão chegar a lado nenhum.
João Pereira
 
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"Que todo o mundo seja «Portugal», isto é, que no mundo toda a gente se comporte como têm comportado os portugueses na história"
Agostinho da Silva
 
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Re: Guerra na Ucrânia
« Responder #834 em: Fevereiro 13, 2022, 02:38:17 am »
Vou clarificar a minha posição , não preciso de ser corajoso para o fazer  :)

A OTAN é útil  para a Europa pelo menos enquanto a UE não se resolver a implementar as suas próprias forças armadas. A OTAN vai continuar, penso eu, a ser útil durante bastante tempo  -  é a única defesa que temos...

O facto de eu criticar os EUA não faz de mim anti-americano . Não acho muito leal numa discussão,  etiquetar de "anti"  alguém  que faz uma critica. Frequentemente saliento aspetos que considero negativos em relação aos EUA porque me parece que eles  são aqui considerados um modelo a seguir e eu faço questão de equilibrar as coisas, dando exemplos que contrariam os preconceitos.

Pesando os pros e os contras,  prefiro mil vezes o sistema americano ao sistema russo ou chinês mas,   para o bem ou para o mal, sou completamente pro-Portugal e pro-Europa ;  os outros são para mim, segundo os interesses em jogo, ou aliados ou adversários.

Não sou de todo favorável a uma "aliança continental"  Rússia/UE, sou a favor de um bom relacionamento entre ambos. A UE é muito dependente de recursos que abundam a Leste, temos que ter acesso a eles seja como for . Como somos civilizados (e mais fracos) é melhor que seja através de tratados  justos e equilibrados.

O mundo do futuro sera multipolar, vários blocos vão coexistir : EUA , UE, Rússia e China.  Outros pequenos blocos tentarão a sua sorte como a India e o Mundo Arabe (se conseguirem a improvável união) .  Outros mais modestos tentarão (tentam) restaurar a sua gloria perdida como os Turcos (ex-Império Otomano) ou o Irão (ex-Império Persa). 

N.T. Tenho pena que não se sonhe sequer numa Zona de influência Lusófona, com o Brasil como membro permanente no Conselho de Segurança ; desculpem o devaneio mas não consigo deixar de ser sonhador (apesar ser um pragmático).
« Última modificação: Fevereiro 13, 2022, 12:45:57 pm por legionario »
 
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Re: Guerra na Ucrânia
« Responder #835 em: Fevereiro 13, 2022, 11:42:36 am »
Eu continuo a achar que se tem demasiada fé nas ditas "forças armadas europeias". Não que seja má ideia por assim dizer, mas da ideia à execução plena e bem feita, vai uma longa distância.

Eu francamente não vejo a Europa a actuar em uníssono, tirando algumas excepções em que "calha" os interesses alinharem-se entre todos. Se em coisas bem mais simples, nunca estão todos de acordo, vai ser na resposta a um possível conflito que o vão fazer? Ou isto seria umas forças armadas "teóricas", em que no diálogo são muito fortes e unidas, mas se de facto o diálogo não resultar e fossemos para a guerra, estas forças armadas desmembravam-se totalmente, com muitos países a saltarem fora na hora de combater? Eu francamente não acredito que na hora de decidir se vai tudo para a guerra ou não, que seja tomada uma decisão coerente entre todos. Depois fica a questão: quem comandaria essas forças?

Depois temos a questão das FA europeias como elas são hoje em dia individualmente. Digamos assim, tens 5 garrafas de água de 1L, e metes toda essa água num garrafão de 5L, a quantidade de água continua a ser a mesma. Ou seja, as FA dos países europeus, continuam na mesma, com as limitações actuais, apenas num formato diferente. Por isso, ou se investe a sério, e tenta ficar tudo na mesma página, com um maior nível de interoperabilidade e uniformização, ou então torna-se difícil.
 
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Re: Guerra na Ucrânia
« Responder #836 em: Fevereiro 13, 2022, 12:18:59 pm »
Não teriam de ser propriamente sobre o modelo de Forças Armadas.
Porque não uma aliança,  defensiva, nos moldes da NATO, versão original?
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Re: Guerra na Ucrânia
« Responder #837 em: Fevereiro 13, 2022, 12:32:06 pm »
Cada país mantém a sua independência militar com a premissa de agir caso de defesa comum.
Potenciaria o aparecimento de projectos partilhados, padronização de protocolos, treino...
Ao mesmo tempo traria, no campo defensivo (que é  o mais importante) , capacidades muito acrescidas e independência,  que muito fazem falta nos dias de hoje.
João Pereira
 

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Re: Guerra na Ucrânia
« Responder #838 em: Fevereiro 13, 2022, 02:04:17 pm »
Eu continuo a achar que se tem demasiada fé nas ditas "forças armadas europeias". Não que seja má ideia por assim dizer, mas da ideia à execução plena e bem feita, vai uma longa distância.

Eu francamente não vejo a Europa a actuar em uníssono, tirando algumas excepções em que "calha" os interesses alinharem-se entre todos. Se em coisas bem mais simples, nunca estão todos de acordo, vai ser na resposta a um possível conflito que o vão fazer? Ou isto seria umas forças armadas "teóricas", em que no diálogo são muito fortes e unidas, mas se de facto o diálogo não resultar e fossemos para a guerra, estas forças armadas desmembravam-se totalmente, com muitos países a saltarem fora na hora de combater? Eu francamente não acredito que na hora de decidir se vai tudo para a guerra ou não, que seja tomada uma decisão coerente entre todos. Depois fica a questão: quem comandaria essas forças?

Depois temos a questão das FA europeias como elas são hoje em dia individualmente. Digamos assim, tens 5 garrafas de água de 1L, e metes toda essa água num garrafão de 5L, a quantidade de água continua a ser a mesma. Ou seja, as FA dos países europeus, continuam na mesma, com as limitações actuais, apenas num formato diferente. Por isso, ou se investe a sério, e tenta ficar tudo na mesma página, com um maior nível de interoperabilidade e uniformização, ou então torna-se difícil.

O problema mais importante é a especialização. Por ex. PT deixava de ter FA para ter só Marinha porque estrategicamente faria mais sentido para o exército europeu. Também não haveria blindados. Espanha dava a proteção terrestre e a França punha cá aviões para defesa aérea.

É desconfortável a ideia de perder muitas valências e ter que confiar completamente nos vizinhos.
 
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Re: Guerra na Ucrânia
« Responder #839 em: Fevereiro 13, 2022, 02:16:12 pm »
Eu continuo a achar que se tem demasiada fé nas ditas "forças armadas europeias". Não que seja má ideia por assim dizer, mas da ideia à execução plena e bem feita, vai uma longa distância.

Eu francamente não vejo a Europa a actuar em uníssono, tirando algumas excepções em que "calha" os interesses alinharem-se entre todos. Se em coisas bem mais simples, nunca estão todos de acordo, vai ser na resposta a um possível conflito que o vão fazer? Ou isto seria umas forças armadas "teóricas", em que no diálogo são muito fortes e unidas, mas se de facto o diálogo não resultar e fossemos para a guerra, estas forças armadas desmembravam-se totalmente, com muitos países a saltarem fora na hora de combater? Eu francamente não acredito que na hora de decidir se vai tudo para a guerra ou não, que seja tomada uma decisão coerente entre todos. Depois fica a questão: quem comandaria essas forças?

Depois temos a questão das FA europeias como elas são hoje em dia individualmente. Digamos assim, tens 5 garrafas de água de 1L, e metes toda essa água num garrafão de 5L, a quantidade de água continua a ser a mesma. Ou seja, as FA dos países europeus, continuam na mesma, com as limitações actuais, apenas num formato diferente. Por isso, ou se investe a sério, e tenta ficar tudo na mesma página, com um maior nível de interoperabilidade e uniformização, ou então torna-se difícil.

O problema mais importante é a especialização. Por ex. PT deixava de ter FA para ter só Marinha porque estrategicamente faria mais sentido para o exército europeu. Também não haveria blindados. Espanha dava a proteção terrestre e a França punha cá aviões para defesa aérea.

É desconfortável a ideia de perder muitas valências e ter que confiar completamente nos vizinhos.
Daí o modelo de aliança...
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