Guerra na Ucrânia

  • 5755 Respostas
  • 531990 Visualizações
*

Lusitan

  • Analista
  • ***
  • 702
  • Recebeu: 331 vez(es)
  • Enviou: 300 vez(es)
  • +275/-171
  • Hic et Ubique
Re: Guerra na Ucrânia
« Responder #780 em: Fevereiro 08, 2022, 09:52:09 am »
Era giro que o México,  por exemplo,  fizesse algum tipo de aliança militar com a Rússia, ou a China, que incluísse o estabelecimento de bases destes no seu território. Como iria reagir o Tio Sam?
E melhor,  que diriam aqueles que agora acham normal um país permitir que as fronteiras de uma aliança que foi formada precisamente para ser sua "eventual" inimiga, chegarem até aos seus limites territoriais?
A OTAN desde há muito tempo que não faz sentido, só serve eventualmente a alguns, e todo este ruido criado serve precisamente para tentar esconder e contrariar essa realidade e justificar a sua manutenção.
Era muito mais útil se os meios dos diversos países europeus que a compõem fossem direcionados para a criação de uma aliança europeia, que se colocaria como tampão entre o leste e os Estados Unidos,  em posição fulcral e neutra, podendo assim defender os reais interesses da Europa e não indo, como agora acontece,  a reboque das vontades americanas.
Ao mesmo tempo estariam criadas condições reais de defesa contra eventuais ameaças vindas do norte de África ou do Médio Oriente, o que agora não me parece existir.
Em termos estratégicos poderia reordenar o mapa de forças, passando a existir não 3, mas 4 potenciais militares.
Ao mesmo tempo potenciaria o desenvolvimento da indústria militar dos diversos países europeus.
Complicado? Muito, desde logo com o Reino Unido a ficar provavelmente de fora e a manter-se como aliado privilegiado dos EUA. Mas na prática não mudaria muito o cenário neste aspecto relativamente ao presente.
Por outro lado a diversidade de culturas e interesses na Europa nunca permitiram grandes avanços neste sentido.
Mas também não deixa de ser verdade que a grande maioria já são aliados... na OTAN. 😉
Adoro ver a extrema-esquerda e a extrema-direita a gritar sobre a obsolescência da NATO. Sabe-se lá porquê encontram sempre causa comum contra as democracias.
Os russos e os soviéticos já têm/tiveram tropas junto aos EUA. Em Cuba e na Venezuela.
Estranho que a Rússia não queira que a NATO avance na direcção da Rússia, mas não tem qualquer problema em avançar na direcção da NATO ao ter como aliada a Bielorrússia e querer ter a Ucrânia na sua órbita. Além disso mantém forças militares na Arménia junto à fronteira com a NATO.
A NATO nunca fez sentido para os extremos. Porque razão os países da NATO preferem ser membros duma aliança onde cada país tem voz na tomada de decisões estratégicas, quando poderiam estar sob o comando esclarecido dum qualquer ditador?
Acho uma ideia genial. Aliás como o problema na Ucrânia nem começou por causa da UE, de certeza que um exército europeu teria resolvido tudo. Mas como ninguém quer pagar um exército europeu e como ninguém está disposto a abdicar da sua soberania e do guarda-chuva nuclear dos EUA vais ver a formação do exército europeu lá para dia 30 de Fevereiro.
O que me parece é que sofres de algum problema de percepção do mundo à tua volta. O Médio Oriente e o Norte de África são barris de pólvora sempre prestes a explodir, além disso a Rússia e a Turquia tem vindo a estabelecer-se na região, e a contrariar os interesses europeus como se viu no Mali e no Burkina Faso.
A indústria militar europeia só não se desenvolve mais porque os países europeus protegem as suas indústrias nacionais. Isso não vai mudar. Veja-se a exclusão da Polónia do projecto de MBT franco-alemão.
Então porque razão abandonar a NATO para criar uma hipotética estrutura mais fraca? Para agradar a russos e a chineses?
 
Os seguintes utilizadores agradeceram esta mensagem: dc

*

Viajante

  • Investigador
  • *****
  • 4295
  • Recebeu: 2429 vez(es)
  • Enviou: 1400 vez(es)
  • +7378/-4454
Re: Guerra na Ucrânia
« Responder #781 em: Fevereiro 08, 2022, 11:27:28 am »
Não é a minha área, mas esta possível guerra interessa à Rússia? E à Europa?

O que penso é que estão a tentar desestabilizar a Europa, mais uma vez, sem se envolverem directamente, criando mais uma crise na Europa e ao mesmo tempo ocupando a Rússia no palco Europeu, para que os states se ocupem da China (sem a Rússia) na Ásia/pacífico?

E pelo meio ainda dá para ganhar muito dinheiro!

É o que me parece!
À Rússia deve interessar porque foi a única a enviar mais de 100mil homens para a fronteira com a Ucrânia...

Obviamente que colocar em causa a existência da NATO, principalmente nesta altura de crise é um disparate, principalmente porque a Europa recusa-se a defender-se a ela própria, tem outras preocupações extravagantes em mente e tem na paz e bem estar vigente a sua principal recusa em apostar na defesa.

Mas foi interessante ver os discursos recentes de 2 personagens menores falarem sobre a actual crise, um antigo Ministro Ucraniano referir que a Rússia para avançar para a Ucrãnia, precisa pelo menos de 300 a 400 000 soldados (neste momento tem 100 000 na fronteira) e o ditador Lukashenko afirmar que não acredita que vá haver um conflito, porque as pessoas estão demasiado acomodadas e confortáveis para se envolverem num conflito! :mrgreen:

E é verdade o que ele diz e demonstra bem a falta de força da Europa actual!
 
Os seguintes utilizadores agradeceram esta mensagem: LM

*

Lightning

  • Moderador Global
  • *****
  • 11097
  • Recebeu: 2356 vez(es)
  • Enviou: 3271 vez(es)
  • +741/-1033
Re: Guerra na Ucrânia
« Responder #782 em: Fevereiro 08, 2022, 01:07:11 pm »
um antigo Ministro Ucraniano referir que a Rússia para avançar para a Ucrãnia, precisa pelo menos de 300 a 400 000 soldados (neste momento tem 100 000 na fronteira)

A Ucrânia tem cerca de 200.000 militares, mesmo que a Rússia não siga as teorias ocidentais que dizem que é preciso uma superioridade de 3 para 1 para uma invasão com sucesso, e mesmo que materialmente esta força mecanizada russa possa destruir qualquer coisa que os ucranianos lhe ponham no caminho, 100.000 russos não conseguem conquistar toda a Ucrânia, podem no entanto fazer moça e conquistar a parte de Donesk ou outra.

Por isso é que os Ucranianos não estão tão aflitos, ao contrário dos europeus ocidentais que já só estamos habituados a forças de mil, cinco mil operacionais, coisas assim.
 
Os seguintes utilizadores agradeceram esta mensagem: legionario

*

LM

  • Investigador
  • *****
  • 2496
  • Recebeu: 915 vez(es)
  • Enviou: 3144 vez(es)
  • +597/-75
Re: Guerra na Ucrânia
« Responder #783 em: Fevereiro 08, 2022, 01:44:00 pm »
Dificilmente os russos pretendem conquistar toda a Ucrânia, digo eu... fazer " pequenos acertos" nas fronteiras (Donetsk, Luhansk, Mariupol) ou "grandes acertos" (Odessa...); lançar a confusão, que ter uma ameaça de invasão cria, forçar mudança de governo. Mas conquistar tudo até às fronteiras da NATO / UE, em uma guerra clássica duvido.     
Quidquid latine dictum sit, altum videtur
 
Os seguintes utilizadores agradeceram esta mensagem: Lightning, legionario

*

Lampuka

  • Analista
  • ***
  • 793
  • Recebeu: 267 vez(es)
  • Enviou: 322 vez(es)
  • +146/-1437
Re: Guerra na Ucrânia
« Responder #784 em: Fevereiro 08, 2022, 02:39:09 pm »
Caro Lusitan,
essa treta das extremas esquerdas e direitas comigo não pega.
Infelizmente hoje serve de argumentação para tapar o óbvio. Na política tem sido a regra, o debate centra-se nisso e não naquilo que realmente deveria importar.
Depois, aqueles (muitos, maioria) que não têm capacidade de perceber o engodo vêem moldadas as suas opiniões por aquilo que "comem" e não pelo que pensam.
Quanto à percepção do mundo, é a minha, não a que me contam. Faça o mesmo, se quiser.
Mas não venha para aqui rotular ninguém, muito menos quem não conhece.
Tem a sua opinião,  eu tenho a minha, podemos e devemos discuti-las e é para isso que servem os fóruns.
Achar-se dono da razão e no direito de classificar os outros é que já não me parece bem.
Quanto ao tema,  vamos ver o que sairá agora das visitas se Macron a Moscovo e Kiev.
Não acredito num conflito,  mas é preciso arrefecer os ânimos para não corrermos este risco.
E também não me parece que sejam as constantes ameaças à Rússia a melhor opção para controlar Putin. Não vai recuar, até por uma questão de imagem interna.
Só indo de encontro a algumas das suas exigências que não me parecem descabidas. O papel da Ucrânia na NATO parece-me óbvio.
Não entendo o comportamento dos EUA e da NATO em tudo isto. Por um lado não vão intervir,  mas por outro mandam para lá alguns meios e armamento para não sei o quê senão acirrar mais as coisas.
Que artigo do tratado evocam?
Que paz procuram armando ainda mais uma das partes, sabendo sempre que não sairá vitoriosa sozinha?
João Pereira
 
Os seguintes utilizadores agradeceram esta mensagem: Luso

*

Lightning

  • Moderador Global
  • *****
  • 11097
  • Recebeu: 2356 vez(es)
  • Enviou: 3271 vez(es)
  • +741/-1033
Re: Guerra na Ucrânia
« Responder #785 em: Fevereiro 08, 2022, 02:59:07 pm »
A NATO penso que apenas tem reforçado as posições dos países membros mais a leste, além de politicamente se recusar às exigências de Moscovo.

Quem anda a levar armamento para a Ucrânia tem sido alguns países por sua vontade, mas isso cada país é livre de vender/comprar o que quiser desde que não haja embargos da ONU, a NATO não tem artigos sobre isso. Um país que tem sido atacado por outro ( Crimeia, Donbass), o normal é querer armar-se.
 

*

ricardonunes

  • Investigador
  • *****
  • 4878
  • Recebeu: 411 vez(es)
  • Enviou: 81 vez(es)
  • +266/-5984
Re: Guerra na Ucrânia
« Responder #786 em: Fevereiro 08, 2022, 05:39:36 pm »
Potius mori quam foedari
 

*

Lampuka

  • Analista
  • ***
  • 793
  • Recebeu: 267 vez(es)
  • Enviou: 322 vez(es)
  • +146/-1437
Re: Guerra na Ucrânia
« Responder #787 em: Fevereiro 08, 2022, 10:54:43 pm »
Aqui está bem ilustrado quem manda, ou quer mandar, e o valor de "...cada país tem voz na tomada de decisões estratégicas..." .
O resto é treta...
João Pereira
 

*

dc

  • Investigador
  • *****
  • 8560
  • Recebeu: 3912 vez(es)
  • Enviou: 722 vez(es)
  • +4988/-790
Re: Guerra na Ucrânia
« Responder #788 em: Fevereiro 09, 2022, 01:46:49 am »
Caro Lusitan,
essa treta das extremas esquerdas e direitas comigo não pega.
Infelizmente hoje serve de argumentação para tapar o óbvio. Na política tem sido a regra, o debate centra-se nisso e não naquilo que realmente deveria importar.
Depois, aqueles (muitos, maioria) que não têm capacidade de perceber o engodo vêem moldadas as suas opiniões por aquilo que "comem" e não pelo que pensam.
Quanto à percepção do mundo, é a minha, não a que me contam. Faça o mesmo, se quiser.
Mas não venha para aqui rotular ninguém, muito menos quem não conhece.
Tem a sua opinião,  eu tenho a minha, podemos e devemos discuti-las e é para isso que servem os fóruns.
Achar-se dono da razão e no direito de classificar os outros é que já não me parece bem.
Quanto ao tema,  vamos ver o que sairá agora das visitas se Macron a Moscovo e Kiev.
Não acredito num conflito,  mas é preciso arrefecer os ânimos para não corrermos este risco.
E também não me parece que sejam as constantes ameaças à Rússia a melhor opção para controlar Putin. Não vai recuar, até por uma questão de imagem interna.
Só indo de encontro a algumas das suas exigências que não me parecem descabidas. O papel da Ucrânia na NATO parece-me óbvio.
Não entendo o comportamento dos EUA e da NATO em tudo isto. Por um lado não vão intervir,  mas por outro mandam para lá alguns meios e armamento para não sei o quê senão acirrar mais as coisas.
Que artigo do tratado evocam?
Que paz procuram armando ainda mais uma das partes, sabendo sempre que não sairá vitoriosa sozinha?

Realmente é irónico, vir para aqui puxar a cartada da vítima, para não o rotularem, mas duas frases acima, rotula quem é de opinião contrária à sua, como "aqueles (muitos, maioria) que não têm capacidade de perceber o engodo vêem moldadas as suas opiniões por aquilo que "comem" e não pelo que pensam".
Além de "rotular" ser a principal arma dos pró-Putin, como temos visto neste mesmo tópico mais do que uma vez, em que quando o argumento não cola, o resto da malta é "ignorante", "ingénuo", etc. O que mais uma vez se torna irónico, pois quem diz isso, acha que um país que coloque 100 mil militares em torno de toda a fronteira de um país vizinho é algo inocente e normal. Então podemos dizer que, se a Espanha colocasse 20 mil militares ao longo da fronteira portuguesa, numa postura possivelmente (a preparar uma) ofensiva, vamos ficar na boa! Se calhar até ficamos, porque vão usar a mesma NATO que dizem obsoleta e desnecessária, como "guarda-costas".

Quando às duas últimas perguntas, nem parece vindo de alguém que diz que pensa. Então o conceito de dissuasão não lhe diz nada? O que é que o envio de mísseis anti-tanque faz para aumentar as tensões, já que apenas reforçam a capacidade defensiva da Ucrânia, e não ofensiva? Se calhar até acham que sim... vão lá uns soldados ucranianos correr com Javelins às costas em direcção a Moscovo... Se os russos não meterem os pés em solo ucraniano, não têm de temer os Javelin ou NLAW ou Stinger, ponto final. Se os ucranianos estivessem a receber paletes de mísseis de cruzeiro e balísticos, ainda se entendia, mas nem é esse o caso (e mesmo assim, os russos não tinham de piar absolutamente nada sobre o assunto, já que têm um arsenal deste tipo de arma muito maior que a Ucrânia, e possivelmente que as FA europeias todas somadas).
 
Os seguintes utilizadores agradeceram esta mensagem: LM, Lusitan

*

Lampuka

  • Analista
  • ***
  • 793
  • Recebeu: 267 vez(es)
  • Enviou: 322 vez(es)
  • +146/-1437
Re: Guerra na Ucrânia
« Responder #789 em: Fevereiro 09, 2022, 02:42:15 am »
Caro Lusitan,
essa treta das extremas esquerdas e direitas comigo não pega.
Infelizmente hoje serve de argumentação para tapar o óbvio. Na política tem sido a regra, o debate centra-se nisso e não naquilo que realmente deveria importar.
Depois, aqueles (muitos, maioria) que não têm capacidade de perceber o engodo vêem moldadas as suas opiniões por aquilo que "comem" e não pelo que pensam.
Quanto à percepção do mundo, é a minha, não a que me contam. Faça o mesmo, se quiser.
Mas não venha para aqui rotular ninguém, muito menos quem não conhece.
Tem a sua opinião,  eu tenho a minha, podemos e devemos discuti-las e é para isso que servem os fóruns.
Achar-se dono da razão e no direito de classificar os outros é que já não me parece bem.
Quanto ao tema,  vamos ver o que sairá agora das visitas se Macron a Moscovo e Kiev.
Não acredito num conflito,  mas é preciso arrefecer os ânimos para não corrermos este risco.
E também não me parece que sejam as constantes ameaças à Rússia a melhor opção para controlar Putin. Não vai recuar, até por uma questão de imagem interna.
Só indo de encontro a algumas das suas exigências que não me parecem descabidas. O papel da Ucrânia na NATO parece-me óbvio.
Não entendo o comportamento dos EUA e da NATO em tudo isto. Por um lado não vão intervir,  mas por outro mandam para lá alguns meios e armamento para não sei o quê senão acirrar mais as coisas.
Que artigo do tratado evocam?
Que paz procuram armando ainda mais uma das partes, sabendo sempre que não sairá vitoriosa sozinha?

Realmente é irónico, vir para aqui puxar a cartada da vítima, para não o rotularem, mas duas frases acima, rotula quem é de opinião contrária à sua, como "aqueles (muitos, maioria) que não têm capacidade de perceber o engodo vêem moldadas as suas opiniões por aquilo que "comem" e não pelo que pensam".
Além de "rotular" ser a principal arma dos pró-Putin, como temos visto neste mesmo tópico mais do que uma vez, em que quando o argumento não cola, o resto da malta é "ignorante", "ingénuo", etc. O que mais uma vez se torna irónico, pois quem diz isso, acha que um país que coloque 100 mil militares em torno de toda a fronteira de um país vizinho é algo inocente e normal. Então podemos dizer que, se a Espanha colocasse 20 mil militares ao longo da fronteira portuguesa, numa postura possivelmente (a preparar uma) ofensiva, vamos ficar na boa! Se calhar até ficamos, porque vão usar a mesma NATO que dizem obsoleta e desnecessária, como "guarda-costas".

Quando às duas últimas perguntas, nem parece vindo de alguém que diz que pensa. Então o conceito de dissuasão não lhe diz nada? O que é que o envio de mísseis anti-tanque faz para aumentar as tensões, já que apenas reforçam a capacidade defensiva da Ucrânia, e não ofensiva? Se calhar até acham que sim... vão lá uns soldados ucranianos correr com Javelins às costas em direcção a Moscovo... Se os russos não meterem os pés em solo ucraniano, não têm de temer os Javelin ou NLAW ou Stinger, ponto final. Se os ucranianos estivessem a receber paletes de mísseis de cruzeiro e balísticos, ainda se entendia, mas nem é esse o caso (e mesmo assim, os russos não tinham de piar absolutamente nada sobre o assunto, já que têm um arsenal deste tipo de arma muito maior que a Ucrânia, e possivelmente que as FA europeias todas somadas).
Meu caro,
desde quando "aqueles (muitos, maioria) que não têm capacidade de perceber o engodo vêem moldadas as suas opiniões por aquilo que "comem" e não pelo que pensam" é rotular alguém?
Não será antes o constatar de uma triste realidade que hoje nos assola que, a par com o comodismo, nos limita a capacidade crítica? Limitamo-nos a seguir os outros,  muitas vezes sem pensarmos por nós próprios.
Classificar alguém como extremista,  estúpido,  ignorante, ingénuo,  pró isto ou aquilo, isso sim é rotular,  principalmente quando utilizado de forma depreciativa.
E pedir para que não o façam não é vitimização, mas sim a tentativa de que o debate de ideias se faça de forma educada e civilizada.
Eu pessoalmente não sou nem tenho de ser pró-russo ou americano.
Sou português e europeu,  e vejo este assunto por essas perspectivas. 
E no meu entender, volto a repetir, Portugal e a Europa têm muito mais a perder do que a ganhar se forem arrastados para um conflito desta natureza. Mesmo que se fique pelas sanções ou afastamento da Europa em relação à Rússia.
Já quanto à presença russa junto às fronteiras,  estão a fazer o seu jogo de pressão que era perfeitamente espectável a partir do momento em que assumem que não aceitam a entrada da Ucrânia na NATO. O contrário é que seria uma surpresa.
Se vão invadir? Não acredito, mas caso uma das partes não ceda a coisa já pode mudar de figura. 
Na realidade, para além de bloquear a Ucrânia e dar um sinal claro a outros potenciais interessados em integrar a NATO, perderão muito com a invasão, quer pelo custo da própria guerra quer pelo afastamento da Europa.
Esta guerra não interessa a ninguém.  Espero...
Quem tem de ceder? Por mim e logo de entrada a Ucrânia tem de desistir da entrada na NATO, por razões óbvias.
Isso também retiraria margem de manobra a Putin porque perderia o principal argumento.  Caso realmente o objectivo fosse invadir.
Mantenho a minha posição de que todo o  apoio que seja fornecido a um país em guerra, seja armamento, pessoal  treino, informação... é tomar parte por esse país contra o adversário.
A partir daí,  não entendo os fornecimentos recentes e apressados  seja do que seja, para atacar ou defender.
Neutralidade e diplomacia é o que se exige.
João Pereira
 
Os seguintes utilizadores agradeceram esta mensagem: Luso

*

legionario

  • Investigador
  • *****
  • 1463
  • Recebeu: 320 vez(es)
  • Enviou: 345 vez(es)
  • +233/-4538
Re: Guerra na Ucrânia
« Responder #790 em: Fevereiro 09, 2022, 02:43:06 am »
Uma força de 100 000 homens chega para invadir os territórios separatistas mas não a Ucrânia. Já foi aqui escrito  e é indesmentível.

O principal adversário do Ocidente é a China e este conflito com a Rússia está a aproximá-los. De que lado queremos a Rússia ?

A França e a Alemanha já perceberam há muito tempo o interesse de termos uma Rússia, pelo menos,  cooperante com a UE.

Há muito pessoal que continua emocionalmente ligado aos EUA mas temos que ver a realidade de frente.  A UE tem que se afirmar como um dos blocos deste mundo multipolar que se prepara.
A crise do Covid mostrou-nos que é necessário relocalizar a nossa industria (incluindo a da defesa) e que não podemos continuar reféns da produção industrial chinesa. Teremos pois protecionismo e planificação económica na UE por muito que isso custe aos nossos dirigentes formados na escola do liberalismo.
A crise militar mostrou-nos as nossas deficiências em matéria de defesa , o que é que teremos que fazer para colmatar essa deficiência ?
 
Os seguintes utilizadores agradeceram esta mensagem: Luso, P44, Lampuka

*

asalves

  • Investigador
  • *****
  • 1254
  • Recebeu: 523 vez(es)
  • Enviou: 150 vez(es)
  • +366/-143
Re: Guerra na Ucrânia
« Responder #791 em: Fevereiro 09, 2022, 10:02:43 am »
Uma força de 100 000 homens chega para invadir os territórios separatistas mas não a Ucrânia. Já foi aqui escrito  e é indesmentível.

O principal adversário do Ocidente é a China e este conflito com a Rússia está a aproximá-los. De que lado queremos a Rússia ?

A França e a Alemanha já perceberam há muito tempo o interesse de termos uma Rússia, pelo menos,  cooperante com a UE.

Há muito pessoal que continua emocionalmente ligado aos EUA mas temos que ver a realidade de frente.  A UE tem que se afirmar como um dos blocos deste mundo multipolar que se prepara.
A crise do Covid mostrou-nos que é necessário relocalizar a nossa industria (incluindo a da defesa) e que não podemos continuar reféns da produção industrial chinesa. Teremos pois protecionismo e planificação económica na UE por muito que isso custe aos nossos dirigentes formados na escola do liberalismo.
A crise militar mostrou-nos as nossas deficiências em matéria de defesa , o que é que teremos que fazer para colmatar essa deficiência ?

Sinceramente vejo a relação Rússia-China como a Relação Rússia-Alemanha na 2ª Guerra, de inicio são amigos, mas depois,... Se a Rússia está assim com a aproximação da NATO junto das suas fronteiras Europeias, então como ficarão quando a China se tornar menos amigável, é que até a pouco tempo (2004) a fronteira entre Rússia e China era disputada pelas 2 potencias.

Em relação à UE, eu sou a favor de uma UE federada (ou algo parecido), mas não acho que ainda não estamos prontos para isso. E Enquanto na UE cada país tiver os seus interesses, não vamos a lado nenhum ao nível externo, só ainda somos importantes (podemos impor alguma coisa) para o mundo por causa da dimensão do nosso mercado.

PS: No outro dia estava a ver um documentário sobre a presença/influencia da China na UE, e esta quis votar umas medidas para limitar esta influencia. Adivinhem quem foi um dos países que vetou essas medidas?
 
Os seguintes utilizadores agradeceram esta mensagem: LM, Lampuka, legionario

*

Lampuka

  • Analista
  • ***
  • 793
  • Recebeu: 267 vez(es)
  • Enviou: 322 vez(es)
  • +146/-1437
Re: Guerra na Ucrânia
« Responder #792 em: Fevereiro 09, 2022, 10:17:53 am »
Uma força de 100 000 homens chega para invadir os territórios separatistas mas não a Ucrânia. Já foi aqui escrito  e é indesmentível.

O principal adversário do Ocidente é a China e este conflito com a Rússia está a aproximá-los. De que lado queremos a Rússia ?

A França e a Alemanha já perceberam há muito tempo o interesse de termos uma Rússia, pelo menos,  cooperante com a UE.

Há muito pessoal que continua emocionalmente ligado aos EUA mas temos que ver a realidade de frente.  A UE tem que se afirmar como um dos blocos deste mundo multipolar que se prepara.
A crise do Covid mostrou-nos que é necessário relocalizar a nossa industria (incluindo a da defesa) e que não podemos continuar reféns da produção industrial chinesa. Teremos pois protecionismo e planificação económica na UE por muito que isso custe aos nossos dirigentes formados na escola do liberalismo.
A crise militar mostrou-nos as nossas deficiências em matéria de defesa , o que é que teremos que fazer para colmatar essa deficiência ?
Nem mais, sendo que a "Europa", pelo menos aquela em que estamos incluídos, é criticamente dependente de matérias primas e energia externas.
Não podemos nem devemos fechar portas a ninguém sob pena de ficarmos isolados ou nas mãos de alguém.
Essas brincadeiras de decisões unilaterais,  porque são,  de bloqueios de vendas de armas e económicos tem sido impactante na economia europeia.
É ver por exemplo o falhanço da venda de navios franceses à Rússia há alguns anos.
O mesmo tem acontecido com outros possiveis clientes europeus que se afastam pela pela pouca consistência na manutenção de posições quando colocados sob pressão.
A França já o entendeu e tem vindo a por-se de parte de algumas decisões com resultados à vista em contratos recentes.
Falando de armas, há muitos países que preferiam armamento europeu a americano ou russo por questões estratégicas ou culturais e acabam por desistir dessa ideia precisamente por isso.
Não nos podemos depois admirar dos fracassos comerciais dos projectos europeus.
E o sector aeronáutico e automóvel provam que, havendo vontade,  somos capazes de pelo menos ombrear com os nossos concorrentes.
João Pereira
 
Os seguintes utilizadores agradeceram esta mensagem: legionario

*

Lampuka

  • Analista
  • ***
  • 793
  • Recebeu: 267 vez(es)
  • Enviou: 322 vez(es)
  • +146/-1437
Re: Guerra na Ucrânia
« Responder #793 em: Fevereiro 09, 2022, 10:31:27 am »
Uma força de 100 000 homens chega para invadir os territórios separatistas mas não a Ucrânia. Já foi aqui escrito  e é indesmentível.

O principal adversário do Ocidente é a China e este conflito com a Rússia está a aproximá-los. De que lado queremos a Rússia ?

A França e a Alemanha já perceberam há muito tempo o interesse de termos uma Rússia, pelo menos,  cooperante com a UE.

Há muito pessoal que continua emocionalmente ligado aos EUA mas temos que ver a realidade de frente.  A UE tem que se afirmar como um dos blocos deste mundo multipolar que se prepara.
A crise do Covid mostrou-nos que é necessário relocalizar a nossa industria (incluindo a da defesa) e que não podemos continuar reféns da produção industrial chinesa. Teremos pois protecionismo e planificação económica na UE por muito que isso custe aos nossos dirigentes formados na escola do liberalismo.
A crise militar mostrou-nos as nossas deficiências em matéria de defesa , o que é que teremos que fazer para colmatar essa deficiência ?

Sinceramente vejo a relação Rússia-China como a Relação Rússia-Alemanha na 2ª Guerra, de inicio são amigos, mas depois,... Se a Rússia está assim com a aproximação da NATO junto das suas fronteiras Europeias, então como ficarão quando a China se tornar menos amigável, é que até a pouco tempo (2004) a fronteira entre Rússia e China era disputada pelas 2 potencias.

Em relação à UE, eu sou a favor de uma UE federada (ou algo parecido), mas não acho que ainda não estamos prontos para isso. E Enquanto na UE cada país tiver os seus interesses, não vamos a lado nenhum ao nível externo, só ainda somos importantes (podemos impor alguma coisa) para o mundo por causa da dimensão do nosso mercado.

PS: No outro dia estava a ver um documentário sobre a presença/influencia da China na UE, e esta quis votar umas medidas para limitar esta influencia. Adivinhem quem foi um dos países que vetou essas medidas?
A Rússia está sob pressão e Putin sabe-o.
São os maiores interessados numa aproximação à Europa. É o parceiro ideal e mais lógico.
Sabem que serão um dos primeiros países na linha da frente face a uma previsível política de expansão chinesa e isso, apesar de para já não ser conveniente assumir,  assusta-os
Reparem que os EUA, mesmo não tendo a proximidade territorial que os russos, mostram-se (e bem) no mar da China para darem um sinal claro aos chineses.
Porque no fundo sabem que directa ou indirectamente serão beliscados mais cedo ou mais tarde.
O mundo está a reorganizar os seus mapas.
Os mares pelo seu potencial interesse económico,  os pólos,  as necessidades energéticas, tudo está a levar os países a ousarem expandir os seus territórios.
Até nós estamos a preparar o pedido de extensão da nossa plataforma continental.
João Pereira
 
Os seguintes utilizadores agradeceram esta mensagem: legionario

*

legionario

  • Investigador
  • *****
  • 1463
  • Recebeu: 320 vez(es)
  • Enviou: 345 vez(es)
  • +233/-4538
Re: Guerra na Ucrânia
« Responder #794 em: Fevereiro 09, 2022, 12:50:03 pm »
Uma força de 100 000 homens chega para invadir os territórios separatistas mas não a Ucrânia. Já foi aqui escrito  e é indesmentível.

O principal adversário do Ocidente é a China e este conflito com a Rússia está a aproximá-los. De que lado queremos a Rússia ?

A França e a Alemanha já perceberam há muito tempo o interesse de termos uma Rússia, pelo menos,  cooperante com a UE.

Há muito pessoal que continua emocionalmente ligado aos EUA mas temos que ver a realidade de frente.  A UE tem que se afirmar como um dos blocos deste mundo multipolar que se prepara.
A crise do Covid mostrou-nos que é necessário relocalizar a nossa industria (incluindo a da defesa) e que não podemos continuar reféns da produção industrial chinesa. Teremos pois protecionismo e planificação económica na UE por muito que isso custe aos nossos dirigentes formados na escola do liberalismo.
A crise militar mostrou-nos as nossas deficiências em matéria de defesa , o que é que teremos que fazer para colmatar essa deficiência ?

Sinceramente vejo a relação Rússia-China como a Relação Rússia-Alemanha na 2ª Guerra, de inicio são amigos, mas depois,... Se a Rússia está assim com a aproximação da NATO junto das suas fronteiras Europeias, então como ficarão quando a China se tornar menos amigável, é que até a pouco tempo (2004) a fronteira entre Rússia e China era disputada pelas 2 potencias.

Em relação à UE, eu sou a favor de uma UE federada (ou algo parecido), mas não acho que ainda não estamos prontos para isso. E Enquanto na UE cada país tiver os seus interesses, não vamos a lado nenhum ao nível externo, só ainda somos importantes (podemos impor alguma coisa) para o mundo por causa da dimensão do nosso mercado.

PS: No outro dia estava a ver um documentário sobre a presença/influencia da China na UE, e esta quis votar umas medidas para limitar esta influencia. Adivinhem quem foi um dos países que vetou essas medidas?

Portugal foi obrigado a votar contra.  Quando o presidente francês disse ao nosso PM que não esperava ver um governo socialista português votar contra os interesses dos trabalhadores europeus, o Costa respondeu, mais ou menos isto : " onde estava a UE quando Portugal precisava de investimento ?  foi a China que investiu em Portugal, agora somos obrigados a protegê-la".

Pessoalmente fiquei muito triste quando vi a China apoderar-se de parte importante do nosso tecido económico e não falo só das grandes empresas tipo EDP, mesmo os pequenos comerciantes chineses beneficiam de privilégios em Portugal que os põem à vontade para se apoderar dos melhores espaços comerciais nos centros das nossas cidades, sobretudo as do interior. Os comerciantes portugueses não têm de todo as mesmas facilidades na China. Isto é tema para outro tópico.