De uma maneira evidente, a imprensa apela à guerra, apela ao envio de armas e ao intervencionismo.
As pessoas na Europa já não sabem o que é uma guerra,... a ideia que têm é aquela que vêm nos filmes : existem os bons, os maus e os bons ganham sempre. Na pagina anterior o nosso colega Hammerhead, publicou uns vídeos onde se vêm ruinas e escombros, cadáveres, homens estropiados, olhos vitrificados, vê-se o resultado da guerra : sofrimento. Queremos isto na nossa terra ?
Devemos nos europeus ficar indiferentes quando uma superpotência invade um pais soberano ? Acho que não ...mas a solução não é prolongar o sofrimento das pessoas, enviando cada vez mais armas e cada vez mais sofisticadas.
Recentemente houve outros países que foram invadidos por outra superpotência ; os povos invadidos , com o tempo, recuperam a sua autonomia ; o invasor, ou se retirou ou se prepara para retirar. Com a Ucrânia teria sucedido a mesma coisa... mas os EUA e a UE escolheram prolongar a guerra, escolheram fazer da Ucrânia o rastilho para uma guerra que se quer global.
Na verdade, só uma guerra pode solucionar a gravíssima crise económica que se vem desenhando ha anos.
Como sempre, a guerra vem destruir para permitir uma reconstrução num outro formato, naquilo a que têm chamado a Nova Ordem, mas...e o custo em vidas humanas e em perda de património de uma guerra em grande escala, na era nuclear ?
Os jornalistas esquecem-se por acaso, ao incentivar o intervencionismo, que a Rússia é uma superpotência nuclear ?
As pessoas comuns que não têm a minima ideia do que é uma guerra, acham que os generais são pro-Putine, que são isto e aquilo. Nas mesas dos cafés, muito pessoal, influenciado pelos media, diz que é nécessario atacar a Rússia, deixar imediatamente de lhes comprar gás, etc... o pessoal não tem a minima ideia das consequências, pensam que é só fazer e fica tudo resolvido.
Ja houve 2 ou 3 colegas que me chamaram iluminado, realmente eu vejo coisas, é verdade. Mais exatamente, eu depreendo o que vai acontecer se continuarem a fornecer armas ofensivas ao Zelenski, se continuarem a financiar uma guerra contra a Russia. O que que eu "vejo", eu o iluminado, é que nos vamos meter num grande sarilho, para o qual não estamos preparados.
Se cada um desse a sua opinião na perspetiva daquilo que percebe realmente , isso seria realmente interessante...não vejo é grande interesse em ler um comerciante, um sapateiro ou um bate-chapas, dar uma opinião sobre um contexto militar ou geoestratégico ; nesta area, prefiro ouvir a opinião de um oficial experimentado. Esta entrevista é uma excelente ocasião para um leigo de aprender alguma coisa.
Aproveitem
Corrigindo o escrito a negrito: prefere ouvir a opinião de um oficial que seja mais ou menos concordante com a sua. É ser selectivo com a informação, não ser "imparcial" ou "iluminado".
Ser oficial das FA não torna ninguém mais sábio: não fosse isso, não teriam sido oficiais a tomar a decisão da criação do campo de golfe no Arsenal do Alfeite, por exemplo. Também são oficiais que apresentam resistência a novos conceitos da guerra, muitos deles continuando com mentalidade dos anos 80 ou 90. Portanto, ser oficial, não dá um estatuto de dono e senhor da verdade absoluta a ninguém. Vou até mais longe, e talvez colocar o dedo na ferida: será que as opiniões mais ou menos contraditórias de certos oficiais, se devem ao facto que muitos deles envergaram pela carreira militar de topo, mais pelo tacho do que outra coisa, e que uma guerra na Europa seja uma inconveniência para si, ou familiares que sigam o mesmo rumo? Dá que pensar.
Depois, quando se falar no fornecimento de "armas ofensivas" à Ucrânia, convém entender o que são de facto armas ofensivas, e isto não é uma questão de opinião ou semântica. Há malta que olha para um Javelin como se fosse um Tomahawk, e para um UAV Switchblade como se fosse um B-2. No caso da Ucrânia, tem toda a legitimidade e lógica que recebam armamento para se defenderem, ou realizarem contra-ofensivas no seu próprio território.
Quanto ao pessoal que defende uma invasão da Rússia, quantos são, em termos percentuais? Lá porque há pessoas com ideias estúpidas, não quer dizer que todas as pessoas tenham as mesmas ideias estúpidas. Também ainda não vi um único jornalista a defender ou incentivar um ataque militar à Rússia, e mesmo que haja algum que o faça, não representa a maioria.
Deixar de lhes comprar gás e outras sanções, por acaso são medidas extremamente legítimas, que "atingem" a Rússia (o agressor) sem que justifique o uso de armas nucleares por parte desta. Se quando sofrem sanções, acham-se no direito de usar armas nucleares para ripostar, então o problema é mesmo da mentalidade russa.
Os russos por acaso até mereciam ser atacados, e a única coisa que o previne, são precisamente as armas nucleares!
Por falar em armas nucleares, já souberam que o canal russo com mais audiência, anda a profetizar que o Reino Unido, que tem armas nucleares, apesar de em número relativamente reduzido, odeia a Rússia e planeia atacar os russos com armas nucleares, e que o vai fazer primeiro? É este o nível a que chegou a máquina de propaganda russa.
Quanto à resposta que o Ocidente deve ou não dar, é bastante simples, se o Ocidente não fizesse nada, os russos a seguir à Ucrânia, saltavam para o próximo alvo, que até foi mencionado ontem (Moldávia). E tínhamos uma sucessão de invasões constantes na Europa por parte dos russos, porque o Ocidente não se mexia, e, de acordo com alguns, devia continuar dependente da energia russa, façam eles o que fizerem. Não acabar já com a agressividade russa, é sim prolongar o sofrimento, não só do povo ucraniano, mas de futuros povos de outros países que a Rússia se lembre de atacar. Além da Rússia, a reacção do Ocidente também serviu de aviso para a China, que tem pretensões semelhantes na sua área de interesse.
O mais gritante, é que continua a não haver críticas à Rússia! O Ocidente isto, o Ocidente aquilo, a Ucrânia isto, o Zelensky aquilo... a Rússia, completamente impune. Os danos causados por este conflito, sejam pessoais, militares ou económicos, são culpa de um, e apenas um, país: a Rússia. Culpar os que defendem o seu próprio país, e os que apoiam a defesa desse país, é uma piada de mau gosto.
Entretanto, quando se diz que não existem verdades absolutas... por acaso até existem.
A Rússia invadiu a Ucrânia: verdade absoluta.
Não teve qualquer tipo de legitimidade para o fazer: verdade absoluta.
Os cadáveres que surgiram de mãos e pés atados, e um tiro na nuca, não foram suicídio: verdade absoluta.
A Rússia se quisesse podia acabar com a sua campanha e retirar, de forma a evitar mais estragos para ambos os lados: verdade absoluta.
É preciso continuar? Creio que não.