Missão militar portuguesa na RCA

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AtInf

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Re: Missão militar portuguesa na RCA
« Responder #315 em: Julho 31, 2018, 10:44:54 am »
Acho muito bem que se treine com o novo equipamento, mas..
porquê usar a Galil se na RCA vão usar a G3???? ;D
 

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raphael

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Re: Missão militar portuguesa na RCA
« Responder #316 em: Julho 31, 2018, 12:12:23 pm »
Acho muito bem que se treine com o novo equipamento, mas..
porquê usar a Galil se na RCA vão usar a G3???? ;D

Será? Pode ser que desta vez os Páras levem a deles avante e mantenham a Galil que é a sua arma orgânica.
Um abraço
Raphael
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Cabeça de Martelo

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Re: Missão militar portuguesa na RCA
« Responder #317 em: Julho 31, 2018, 03:10:11 pm »
Paraquedistas na República Centro Africana. Treinar para descer ao inferno
31 Julho

Pedro Raínho

Risco permanente e "imprevisível". A República Centro Africana é o mais duro cenário com militares portugueses. Em setembro, uma força parte em missão. Acompanhámos o treino desta unidade especial.

O cartão de cidadão diz André Ferreira, mas no pelotão todos o conhecem por Xico, a alcunha de infância que um tio lhe colou à pele, Xico da Gafanha. Um metro e setenta, mais alguns centímetros de altura, é um dos que mais se destacam no pelotão, não pára um segundo. Tem agora pouco mais que os 52 quilos com que entrou no curso de paraquedistas, há seis anos. Nesse dia, olharam-no de lado. “O que é que estás aqui a fazer?”, provocavam os outros recrutas. Tinha 19 anos. “Eu dizia-lhes: ‘Vou-te mostrar quem sou’”, recorda ao Observador. E mostrou. É um dos “bravos” do grupo, quer fazer mais tiro e mais tiro e ainda mais tiro. E no meio deste entusiasmo perde, por momentos, a noção. No treino de hoje tem de atacar uma casa onde estão três inimigos que a equipa tem de abater.  Mas já não tem munições nem recargas quando cruza a porta. O chefe de pelotão — um robocop de uniforme, pose rígida e expressão de aço –  perde as estribeiras e sai disparado, voz agressiva, na direção da equipa. “Passaste três vezes com a arma nas costas do Jesus! O teu camarada morreu!”, grita para um dos homens. Silêncio no largo descampado do Campo de Tiro de Alcochete, silêncio de espanto,  que ninguém está habituado a ver o sargento Rui Carvalho exaltado.

Ao lado do colega de equipa, Xico não tira os olhos do chão. Fez asneira e vem aí castigo na certa. Mas a punição sai ao contrário. “É até ao campo”, grita o sargento. Afinal, não é com ele que o chefe de pelotão fala. Como ficou sem munições, acabou por também ser abatido e é Flávio Santos quem sentirá, literalmente, o peso dessa responsabilidade. O soldado levanta o corpo do Xico, encaixa-o nas costas e começa a carregá-lo rampa acima. São quatro quilómetros até às tendas onde estão instalados. Entre as armas, o colete, o capacete, e as munições, Flávio transporta sozinho uns 80 quilos. “É assim que eles aprendem”, diz o comandante do pelotão do segundo batalhão de infantaria de paraquedistas.



Flávio Santos paga o castigo: 80 quilos às costas porque o colega de equipa foi abatido depois de ficar sem munições

Faltavam dois meses para o grupo partir em missão para a República Centro Africana (RCA) quando o Observador acompanhou o treino da força especial, e ainda havia muitas arestas por limar. Nessa semana, o grupo desceu da Base de São Jacinto, em Aveiro, até ao Campo de Tiro da Força Aérea, em Alcochete. Treinavam em contra-relógio e com a pressão em alta — a partir de setembro, não há margem para deslizes. Estão a preparar-se para o “pior” dos cenários. “O ambiente é volátil, muito incerto, com uma ameaça por vezes muito difícil de identificar”, resume o tenente-coronel Óscar Fontoura. É ele o topo da hierarquia na força portuguesa que esta sexta-feira recebeu o estandarte nacional.

Flávio Santos já se afastou uns bons 100 metros do descampado quando Rui Carvalho dá nova ordem: pode voltar. “Porra, como é que eu vou pegar naquilo?”, desabafa Xico, já de pés no chão e com os olhos postos na G3. O cabo está abalado, sabe que o seu erro podia ter custado a vida a um companheiro de equipa. Mas o ar de desânimo também significa que a mensagem das últimas semanas está a fazer o seu caminho, através da cadeia de comando. “O meu farol desde o início do aprontamento foi sempre um: tenho a certeza de que a questão não é ‘e se nos acontecer’, a questão é ‘quando nos acontecer’, e nesse momento quero ter a certeza de que estamos preparados”, diz o tenente Pedro Fragosa.



Pedro Fragosa comanda o primeiro pelotão da força que parte em setembro para a missão. A vida de 30 homens depende das decisões que o tenente tomar

O treino é duro. Para perceber o que o justifica, é preciso desviar o olhar para quase sete mil quilómetros a sudeste. É preciso ver o que é a República Centro Africana. Fragosa comanda um dos três pelotões que parte em missão daqui a poucas semanas. Tem 30 homens à sua responsabilidade, um terço dos paraquedistas que vai atuar num cenário de ameaça constante e em que o inimigo já mostrou ao que vem. “Quero ter a certeza de que tenho a minha tropa pronta e confio nos homens que levo”, diz o oficial paraquedista.

Os mecanismos têm de estar afinados quando os paraquedistas pisarem solo centro africano. Usar um capacete ou uma bóina azuis na RCA é trazer um alvo ao peito. Sobretudo, a partir do momento em que o comandante da missão atribuiu à força portuguesa a responsabilidade de erradicar os grupos armados que ameaçam a estabilidade no país. Os cerca de 90 paraquedistas são a Força de Reação Rápida da missão das Nações Unidas, o braço-direito do general senegalês.

Os militares que estiveram em aprontamento desde fevereiro foram recebendo informações da força na RCA, e isso permitiu-lhes adaptar o treino em Portugal à realidade que vão encontrar na missão: emboscadas, ataques surpresa em bairros críticos da capital — como o de abril, que acabou numa troca de tiros durante quatro horas — e uma população controlada por grupos armados que rapidamente se torna hostil. Fora de Bangui, a capital, há ainda missões de alto risco que obrigam a força portuguesa a deslocações internas de 30 dias. Nessas semanas, em que dormem em “burros de mato” dentro de tendas de campanha, os militares mergulham no silêncio. Não há comunicações, não há contacto com ninguém de fora do grupo.



Fora da capital, Bangui, vai ser assim. Dormir em "burros de mato" dentro de tendas em missões de alto risco que podem estender-se por 30 dias

Treinar para sobreviver ao inferno
Não foi fácil o momento em que Hugo Pinto teve de contar à mãe a sua decisão. Mas difícil, mesmo difícil, foi quando teve de dizer à namorada que ia para a guerra, seis longos meses na República Centro Africana. “Ela não gostou muito ao início”, conta. Pinto tem 20 anos, é o “cheka”, o mais novo do grupo — e é a primeira missão internacional em que embarca, dois anos depois de se juntar à força de tropas paraquedistas.

A família do soldado já estava habituada à vida de militar, a namorada não. “Ela está a estudar, quer ir de Erasmus e vamos tentar conciliar as coisas da melhor maneira, temos internet no aquartelamento, vamos tentar manter o contacto e comunicar sempre que possa”, diz o militar. “Temos de estar preparados para tudo.”

Na República Centro Africana, a vida vale muito pouco. É um dos mais pobres e mais violentos países do mundo, e tem sido incapaz de se encontrar com a estabilidade política duradoura. É o país onde ainda se vive a ressaca de um golpe de Estado que, há cinco anos, afastou do poder o general François Bozizé. Os Séléka (“coligação”, traduzindo da língua local) são uma aliança de grupos rebeldes maioritariamente muçulmanos (pelo menos, na sua origem) que foi crescendo em número, com fileiras reforçadas por traficantes de diamantes e contrabandistas que, fora de Bangui e são, em muitas regiões, os verdadeiros donos de largas parcelas de um território sem lei. Do outro lado estão os anti-Balaka, uma milícia de inspiração cristã que nasceu por oposição ao primeiro. Nos últimos anos, o conflito entre os dois grupos escalou para um clima de guerra civil.

Pedro Fragosa não tira os olhos do seu pelotão. Deu sete minutos aos homens para se equiparem e estarem prontos a arrancar e o grupo falha a missão. "Eu não estou aqui para vos f..., mas isto é um treino!". Na República Centro Africana, o erro pode pagar-se caro. E tudo conta.
Num ambiente explosivo como este, as mesmas redes sociais que Hugo Pinto espera poder usar para matar saudades de casa são usadas por alguns agitadores nacionais para difundir as imagens do terror. Verdadeiras carnificinas e atos de canibalismo escapam ao controlo do algoritmo do Facebook, como a fotografia de um homem que posa para a câmara com um sorriso que mostra, entre os seus dentes, e separada do resto do corpo, a perna de um inimigo que matou minutos antes.

Nada disto passa despercebido aos militares portugueses que se estão a preparar para render os camaradas já em setembro. “É algo que nos preocupa, mas tentamos manter o mesmo espírito e trabalhar da melhor maneira para evitar essas situações, porque o risco vai estar sempre lá. Mas temos de confiar no nosso trabalho, nos comandantes que estão ali, que nos querem proteger, temos de confiar uns nos outros e em quem está à nossa frente”, diz Hugo Pinto.

Passam poucos minutos das oito da manhã. O pelotão esteve até às primeiras horas da madrugada a rever os exercícios do dia e já está pronto para retomar o treino. O comandante está de costas para as tendas de campanha onde os 30 homens estão instalados nessa semana para finalmente treinarem com fogo real. Pedro Fragosa dá a ordem: as equipas têm de passar em revista os jipes com que vão sair para o terreno — muito diferentes daqueles que vão encontrar na missão da ONU — e preparar-se para arrancar. Tinham sete minutos, mas já esgotaram esse tempo. O tenente reage frustrado. “Eu não estou aqui para vos f…, mas isto é um treino e eu dei-vos sete minutos, quando lá não vão ter mais de cinco!”

Fragosa faz questão de não esconder nada aos seus “meninos”. É preciso que vejam o que os espera para saber como devem agir quando a ameaça se concretizar. Treinar o corpo, treinar a mente.



O grupo recolhe todo o armamento que já tinha instalado nos jipes, desequipa-se e volta à estaca zero. Segunda tentativa. Deste vez, em passo acelerado, voltam a colocar os coletes anti-balísticos, apertam os capacetes, pegam nas G3 — as armas que vão usar na RCA, mas que eram praticamente estranhas quando o aprontamento começou —, verificam as luzes do jipe, o nível do óleo, instalam as metralhadoras ligeiras na traseira, testam o sinal dos rádios. O cronómetro marca exatamente cinco minutos e vinte segundos. Estão todos prontos. Durante aquele tempo, Pedro Fragosa não desviou o olhar dos seus homens, e sabe que nem todos vão passar na prova. “Porque é que não abriste o capot?”, pergunta a um dos militares. Conhecem-se há anos, mas mesmo assim as mãos do cabo tremem. Não há resposta, há castigo: “30 cangurus.”

A punição do erro é sempre física. O cabo ainda está aos saltos — perna à frente, perna atrás, vai abaixo e troca, sempre com a arma junto ao peito. “É agora que eles têm de interiorizar os procedimentos”, explica o comandante do pelotão. E a regra aplica-se quando os militares têm de avaliar o estado do jipe que lhes está atribuído, quando aprendem como se aplica um torniquete na perna de um camarada ferido em combate ou quando revêm os passos a cumprir depois de um ataque contra um grupo armado. “É importante que o erro aconteça”, reconhece o sargento Mário Silva, chefe de uma das seis equipas do pelotão comandado por Fragosa. É que aqui, há segundas hipóteses.



A vida de todos nas mãos de cada um
Pedro Fragosa tem, sob o seu comando direto, um pelotão. São seis equipas, cada uma com o seu chefe. Rui Carvalho, Bruno Fontoura, Nelson Pego, Marco Silva e Mário Silva são os cinco sargentos que o comandante conhece há mais de uma década, desde o tempo em que estiveram juntos em S. Jacinto — ainda como soldados –, antes de Fragosa entrar para a Academia Militar e de os seus “homens” optarem pelo curso de sargentos. São os seus homens de confiança. Num certo momento, seguiram caminhos diferentes, acabando por reencontrar-se em papéis diferentes. Mas a origem comum está sempre presente. “Eu estive lá [como soldado], sei o que eles pensam”, sublinha Pedro Fragosa.

159
A quarta Força Nacional Destacada tem 159 militares. A esmagadora maioria (156) pertence ao Exército e, nesse grupo, há 126 paraquedistas da Brigada de Reação Rápida. Há, ainda, outros três militares da Força Aérea, que se vai dedicar ao controlo aéreo tático.

Cada um dos chefes de equipa comanda outros quatro militares. E aí começam a notar-se contrastes dentro do pelotão. Hugo Pinto, o soldado que este ano se estreia numa missão, nasceu em 1998. Por essa altura, Rui Carvalho, chefe de outra equipa, já tinha regressado da sua primeira missão na Bósnia e preparava-se para uma segunda incursão internacional. Depois, somou mais cinco missões, entre Timor (duas), Uganda e Kosovo (outras duas). Rui Carvalho tem 41 anos. Em algum momento, na RCA, a vida do sargento vai depender das decisões tomadas por um militar com menos de metade da sua idade e que, pela primeira vez, vai experimentar a sensação de um combate real, com riscos igualmente reais.

“Cabe-me a mim ensinar-lhe o que tenho vindo a aprender ao longo do tempo”, diz o sargento. “Mas também aprendo com eles, porque têm sempre alguma coisa a ensinar-me”, admite, relativizando a distância que o separa da maior parte dos militares do pelotão que estão às ordens dos sargentos. Isso “implica que uma pessoa tenha maior preocupação com aquilo que pode ensinar-lhes e que eles possam assimilar”, mas Rui Carvalho garante que não perde o sono com o assunto. “Preocupações [com aquilo que pode acontecer] no terreno, não, porque se houvesse essa preocupação, esse homem já não ia, ficava cá. Lembro-me de que em 1996 eu era como ele (um cheka), na primeira missão em muitos anos em que Portugal enviava alguém para fora.”

As "relações interpessoais" são uma das maiores ameaças à estabilidade do grupo. Vão passar seis meses juntos e qualquer "quezília" pode transformar-se num obstáculo e ameaçar a segurança da força. O sargento-chefe Luís Neves, o veterano do grupo, vai estar atento aos sinais. “Como eu lido mais com eles, apercebo-me de coisas que escapam aos oficiais, rapidamente me dou conta quando há qualquer coisa que não está a bater certo.”
Se Pedro Fragosa é o comandante de um pelotão, Óscar Fontoura é o comandante da 4ª Força Nacional Destacada, o conjunto de três pelotões de paraquedistas e pessoal de apoio de diferentes unidades do Exército que, no início de setembro, vão render os militares atualmente na RCA. Ao Observador, o tenente-coronel põe a tónica nas “relações interpessoais”, o alfa e o ómega de uma missão bem sucedida. “Nas unidades, se não houver nada em contrário, às cinco horas vamos para casa. No dia a seguir voltamos e aquilo que era uma chatice sem importância, nesse dia já não é nada”, explica. Lá é diferente. “Lá é H24 [24 horas por dia] durante muito tempo, e o que pode ser uma pequena chatice, se não for cuidada, se as pessoas não estiverem atentas, se não forem amigas, cordiais umas com as outras, passados seis meses transforma-se num obstáculo”, explica. “Quando, no final, se diz que a missão correu bem ou correu menos bem, este ‘menos bem’ está sempre relacionado com questões de pessoas que tiveram algumas quezílias”, sublinha o comandante da força.

Para evitar “quezílias” — ou para antecipar essas situações de tensão —, Óscar Fontoura apoia-se no sargento-chefe Luís Neves. Com 50 anos de idade, 30 de vida militar, é o veterano. E, também por isso, é um psicólogo, um olhar e um ouvido atento, uma ponte entre praças, sargentos e oficiais. É, numa ideia, o maior garante da estabilidade do grupo. “Como eu lido mais com eles e como sou o mais velho, por vezes apercebo-me de coisas que escapam aos oficiais, dou conta rapidamente quando há qualquer coisa que não está a bater certo”, explica.

Luís Neves fala com a experiência de quem já soma mais de meia dúzia de missões na carreira. A RCA, admite, é uma “incógnita” para si. É um teatro “imprevisível”, onde “uma situação normal pode escalar” para uma troca de tiros intensa como aquela em que, há dois meses, a força portuguesa se viu envolvida e que acabou com a morte de 25 membros de um grupo armado. Para já, os militares em aprontamento revelam-lhe outras preocupações com a partida.

“O contacto com a família é muito importante”, sublinha o adjunto do comandante Óscar Fontoura. “Se eles conseguirem ter todos os dias um bocadinho de Skype e ver família ou a namorada, isso dá-lhes um equilibro interior muito grande e consegue apaziguá-los para a missão que vão ter a seguir.” Esse “equilíbrio” significa muito mais do que uma mera satisfação pessoal. “Quando se trabalha em equipa, se um não está focado, vai desguarnecer um lado”, explica Luís Neves. É a segurança de todo o grupo que fica ameaçada.

Mas, num grupo de 90 homens que podem ser chamados para o combate, onde é que podem encontrar-se os sinais de algo que não está bem? “Basta estar presente na linha de alimentação ou passando por ali quando estão a limpar uma arma ou num período mais soft de descanso, nota-se logo”, garante Luís Neves. E dá um exemplo: “Se repararmos que estão todos na conversava, a jogar ou a dormir e virmos um dos homens lá fora, mais encostado a uma árvore, mais cabisbaixo, com o telemóvel, e que não se está a ligar com o grupo, há ali qualquer coisa que não está a funcionar bem, nota-se perfeitamente”.

Jipes, armas e o day after da missão
A noite já se instalou no Campo de Tiro de Alcochete e um grupo de seis militares paraquedistas está reunido à entrada de uma das seis tendas de campanha, do lado de dentro. Há um burburinho no ar, o ambiente é tranquilo: trocam-se piadas sobre miúdas, os homens cortam fatias de presunto diretamente de um pernil pendurado ao canto — um presente de um camarada do pelotão — e antecipam-se os exercícios do dia seguinte.

A boa disposição das bases contrasta com a apreensão do comando em relação a certos momentos do aprontamento. Durante alguns meses, na força alimentou-se a esperança de que, ao contrário do que aconteceu com as primeiras três forças destacadas (que usaram a G3, a arma dos Comandos, mas não dos paraquedistas), fosse dada luz verde para que essa arma desse lugar à Galil.

...

Texto de Pedro Raínho, fotografia de João Porfírio.

https://observador.pt/especiais/paraquedistas-na-republica-centro-africana-treinar-para-descer-ao-inferno/
« Última modificação: Julho 31, 2018, 03:17:38 pm por Cabeça de Martelo »
7. Todos os animais são iguais mas alguns são mais iguais que os outros.

 
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LM

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Re: Missão militar portuguesa na RCA
« Responder #318 em: Agosto 02, 2018, 11:46:14 am »
O  Operacional informa que "Uma das armas de apoio em uso na RCA pelas sucessivas FND é a ML HK MG4 calibre 5,56mm." - ora se levarem a G3 quer dizer que a arma individual é 7,62mm e a arma de apoio (a nível de 1 por secção, presumo) é 5,56mm...? Ou é nas viaturas e a arma de apoio é a MG-3?
Quidquid latine dictum sit, altum videtur
 

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Cabeça de Martelo

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Re: Missão militar portuguesa na RCA
« Responder #319 em: Agosto 02, 2018, 12:16:34 pm »
Qual a novidade? Já é assim nos Comandos à anos.

7. Todos os animais são iguais mas alguns são mais iguais que os outros.

 

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Re: Missão militar portuguesa na RCA
« Responder #320 em: Agosto 10, 2018, 06:52:04 pm »
Militares portugueses na República Centro Africana recebem medalha da ONU


Os militares portugueses destacados na República Centro Africana foram condecorados com a medalha das Nações Unidas pela sua missão naquele país africano, que termina no início de setembro, informou hoje o Estado-Maior-General das Forças Armadas (EMGFA).

A condecoração foi entregue pelo representante especial do secretário-geral da ONU na República Centro-Africana, Parfait Onanga-Anyanga, que realçou o contributo do contingente português para “o sucesso da missão", “em particular na proteção da população local indefesa”, segundo o comunicado do EMGFA.

A cerimónia aconteceu na quinta-feira no complexo militar Camp M’Poko, em Bangui.

Portugal está presente no país, no quadro da MINUSCA, com a 3.ª Força Nacional Destacada Conjunta, composta por 156 militares, dos quais 153 do Exército, sendo 123 paraquedistas, e três da Força Aérea, que iniciaram a missão em 05 de março de 2018 e têm a data prevista de finalização no início de setembro deste ano.

Os militares que estão no terreno compõem a Força de Reação Rápida da MINUSCA, têm a base principal na capital, junto ao aeroporto, e já estiveram envolvidos em quase duas dezenas de confrontos.

O governo do Presidente Faustin Touadera, um antigo primeiro-ministro, que venceu as presidenciais de 2016, controla cerca de um quinto do território.

O resto é dividido por pelo menos 14 milícias, que, na sua maioria, procuram obter dinheiro através de raptos, extorsão, bloqueio de vias de comunicação, recursos minerais (diamantes e ouro, entre outros), roubo de gado e abate de elefantes para venda de marfim.

O conflito neste país, que tem o tamanho da França e uma população que é menos de metade da portuguesa (4,6 milhões), já provocou 700 mil deslocados e 570 mil refugiados e colocou 2,5 milhões de pessoas a necessitarem de ajuda humanitária.


:arrow: https://24.sapo.pt/atualidade/artigos/militares-portugueses-na-republica-centro-africana-recebem-medalha-da-onu
 

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Camuflage

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Re: Missão militar portuguesa na RCA
« Responder #321 em: Agosto 10, 2018, 08:51:40 pm »
Medalhas deviam receber quando entrarem nos redutos dos extremistas e começarem a limpar aquilo tudo. O que estão a fazer ou nada é igual, o problema apenas está a piorar.
 

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Re: Missão militar portuguesa na RCA
« Responder #322 em: Agosto 11, 2018, 02:42:58 pm »
Medalhas deviam receber quando entrarem nos redutos dos extremistas e começarem a limpar aquilo tudo. O que estão a fazer ou nada é igual, o problema apenas está a piorar.

Camuflage, lê um pouco sobre a RCA, ali não são os malvados dos Muçulmanos contra todos os outros (os bonzinhos), ali são uma carrada de gangs armadas que lutam entre si por mais território.

E sim, tanto os Comandos como os Paraquedistas fizeram isso, é por isso que houve reforço nos meios, primeiro com mais Humwees e agora com os Pandur.
7. Todos os animais são iguais mas alguns são mais iguais que os outros.

 
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Re: Missão militar portuguesa na RCA
« Responder #323 em: Agosto 13, 2018, 09:06:20 pm »
Medalhas deviam receber quando entrarem nos redutos dos extremistas e começarem a limpar aquilo tudo. O que estão a fazer ou nada é igual, o problema apenas está a piorar.

Camuflage, lê um pouco sobre a RCA, ali não são os malvados dos Muçulmanos contra todos os outros (os bonzinhos), ali são uma carrada de gangs armadas que lutam entre si por mais território.

E sim, tanto os Comandos como os Paraquedistas fizeram isso, é por isso que houve reforço nos meios, primeiro com mais Humwees e agora com os Pandur.

Não te preocupes pois li, mas a missão da ONU tem regras e não permite a proactividade, mas sim a reacção. É necessário uma campanha militar que assuma posições e não apenas que se limita a reagir. Os meios disponíveis no país são poucos e é preciso começar abordar os cenário com ajuda da intelligence para dar vazão mais rapidamente.
 

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Re: Missão militar portuguesa na RCA
« Responder #324 em: Agosto 14, 2018, 10:23:51 am »
Medalhas deviam receber quando entrarem nos redutos dos extremistas e começarem a limpar aquilo tudo. O que estão a fazer ou nada é igual, o problema apenas está a piorar.

Camuflage, lê um pouco sobre a RCA, ali não são os malvados dos Muçulmanos contra todos os outros (os bonzinhos), ali são uma carrada de gangs armadas que lutam entre si por mais território.

E sim, tanto os Comandos como os Paraquedistas fizeram isso, é por isso que houve reforço nos meios, primeiro com mais Humwees e agora com os Pandur.

Não te preocupes pois li, mas a missão da ONU tem regras e não permite a proactividade, mas sim a reacção. É necessário uma campanha militar que assuma posições e não apenas que se limita a reagir. Os meios disponíveis no país são poucos e é preciso começar abordar os cenário com ajuda da intelligence para dar vazão mais rapidamente.

Camuflage, parece que leste mas não prestaste atenção a um detalhe: a MINUSCA é uma missão de MANUTENÇÃO DE PAZ e não de IMPOSIÇÃO DE PAZ. Isso faz toda a diferença porque altera as regras de empenhamento das forças no terreno. Só se a ONU alterasse o âmbito da missão é que as forças no terreno poderiam actuar da forma que pretendes.
Por isso é que os franceses no Sahel não estão enquadrados na missão da ONU, mas têm a sua própria operação.
 

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Camuflage

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Re: Missão militar portuguesa na RCA
« Responder #325 em: Agosto 15, 2018, 12:39:54 pm »
Eu sei que é uma missão de paz, mas eu penso na população. As missões típicas de paz da ONU normalmente nunca dão em nada por isso a participação de Portugal, é apenas inútil pois pouco ou nada irá contribuir para a melhoria da vida das pessoas. Por outro lado, os franceses estão lá por interesses que nós não vamos usufruir, estamos lá todos pelo mesmo ou não estamos.
Conclusão não vale a pena louvar esforços feitos em vão e em nome da promoção e propaganda da máquina militar, quando não estão a contribuir para a melhoria de todo.
 

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Re: Missão militar portuguesa na RCA
« Responder #326 em: Agosto 16, 2018, 12:02:18 am »
Eu sei que é uma missão de paz, mas eu penso na população. As missões típicas de paz da ONU normalmente nunca dão em nada por isso a participação de Portugal, é apenas inútil pois pouco ou nada irá contribuir para a melhoria da vida das pessoas. Por outro lado, os franceses estão lá por interesses que nós não vamos usufruir, estamos lá todos pelo mesmo ou não estamos.
Conclusão não vale a pena louvar esforços feitos em vão e em nome da promoção e propaganda da máquina militar, quando não estão a contribuir para a melhoria de todo.

Camuflage, estes grupos têm mais armamento que as Forças Armadas da RCA. Onde é que achas que eles as arranajaram? A RCA é um país rico em recursos naturais como ouro, diamantes, urânio, etc. Há muitos interessados em que a situação se mantenha morna. Os russos têm já lá a Wagner, os franceses também lá têm interesses e podes apostar que os americanos e os chineses também lá metem o bedelho. Todos são membros do Conselho de Segurança e todos têm uma palavra a dizer no tipo de missões que são autorizadas pela ONU. Nós estamos lá para pagar a nomeação do Guterres como Secretário Geral da ONU...
 
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Re: Missão militar portuguesa na RCA
« Responder #328 em: Agosto 16, 2018, 11:15:29 am »
A partir do min. 10:

https://sicnoticias.sapo.pt/opiniao/2018-06-24-Leste-Oeste-com-Nuno-Rogeiro

Ou então:

http://www.cmjornal.pt/sociedade/detalhe/capacetes-azuis-portugueses-deixam-bambari-pacificado?utm_medium=Social

https://www.dn.pt/portugal/interior/populacao-quer-militares-portugueses-em-bambari-9420183.html

O problema é que o contingente português não consegue estar em todo o lado. Se tivéssemos uma brigada para controlar o território os resultados poderiam ser outros. Assim, quando estabilizamos um ponto do país temos de partir para outro lado, e no mês seguinte começa tudo de novo. Além disso algumas das forças da ONU no terreno ainda desestabilizam, nomeadamente contigentes de alguns países africanos.
 

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Cabeça de Martelo

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Re: Missão militar portuguesa na RCA
« Responder #329 em: Agosto 16, 2018, 11:25:07 am »
Exacto!
7. Todos os animais são iguais mas alguns são mais iguais que os outros.