Mais uma boa notícia para as forças ucranianas, a alemanha vai fornecer 50 Gepard. È um sistema bem "antiguinho" (já cá anda desde principios da decada de 70) mas com várias modernizações ao longo dos anos. O radar é muito bom, mesmo contra alvos a muito baixa altitude e os canhões, bem, 2 Oerlikon de 35mm... é bom que os Hind e Hip não se cheguem a menos de 4km...
Parece que não há munição. A Suiça (fabricante das munições) não autoriza a re-exportação.
Aparentemente existem mesmo problemas com a munição, já que a Alemanha possui uma quantidade relativamente reduzida em stock.
A possibilidade de O Brasil vir a enviar armamento para a Ucrânia, ou vende.lo à Alemanha não é muito provável, ainda mais em ano de eleições onde os politicos vão utilizar qualquer argumento para ganhar votos.
Não é claro de qualquer forma, que a licença para a produção da munição de 35mm permita ao Brasil a sua exportação.
Fou procurar nas minhas revistas mais antigas e descobri um artigo numa revista brasileira sobre as peças de 35mm (muito anteriores à compra dos Geppard pelo Brasil)
No final da década de 1970 o Brasil comprou à Suiça cerca de 30 unidades dos sistema de duplo cano Zla/353 da Oerlikon suiça.
Portanto, a fonte do sistema, é a mesma.
O Brasil adquiriu da Oerlikon uma licença de fabrico sem restrições, mas foi para um outro sistema da Oerlikon, com peças de 20mm.
Até agora não se entende exactamente se sequer o Brasil poderia exportar esse tipo de armamento.
A questão trás à tona a necessidade de armar a Ucrânia com armas ocidentais, porque de outra forma, vai chegar a um ponto em que não vai haver tanques russos suficientes para fornecer aos ucranianos.
Mudar calibres em tempo de guerra é uma coisa complicada, especialmente quando não se tem capacidade para os fabricar.
A Alemanha, por exemplo, passou do calibre 37mm dos seus tanques em 1939, para o calibre 50mm . Depois passou para o 75mm dos Panzer IV e Panther.
O fornecimento dos Geppard é apenas mais uma demonstração da tibieza dos alemães, mas também da absoluta falta de coordenação entre os países europeus, que parece que entraram num leilão para ver quem dá mais.
Fala-se nos Leopard-1, mas os Leopard-1 possuem peças de 105mm. Se o objectivo é fornecer à Ucrânia armamento moderno, então o normal seria fornecer carros com peça de 120mm.
Em alternativa, começar ou a repotenciar M-60.
A munição de 105mm existe em grandes quantidades (ao invés do que vi em videos brasileiros no Youtube) já que é a munição utilizada pelo sistema americano Stryker (a ser desativado) ou pelos franceses nas suas viaturas sobre rodas AMX-10 de reconhecimento.
Sinceramente, existem tantos M-60 em armazém, que provavelmente o mais adequado seria começar um programa maciço de repotenciamento, como o da General Dynamics, que por uma fração do preço de um tanque moderno, coloca no M-60 um motor novo, sistemas óticos novos, uma modificação no sistema de controlo da torre e acima de tudo uma peça de 120mm.
O problema é claro, é o tempo...
Mas aquilo que os 40 países reunidos em Ramstein há uns dias atrás decidiram, foi que aconteça o que acontecer, a Ucrânia vai ser armada até aos dentes. E para isso insistir em calibres mais antigos não parece fazer grande sentido.
Ainda assim, muitos exércitos mantêm os dois calibres (120mm e 105mm) e mesmo em Portugal mantemos um pequeno número de peças de artilharia ligeira de calibre 105mm.
Curiosamente, para quem gosta de uniformização, uma das vantagens é que as peças são compativeis com as dos tanques.
De qualquer das formas, os ucranianos possuem várias frentes de batalha e podem utilizar armamentos diferentes, já que a distância entre os pontos é tão grande, que dificilmente eles se poderiam apoiar de forma eficaz.
Em Odessa por exemplo, os ucranianos mantiveram os seus tanques T-72 mais antigos, que seriam eficientes contra um eventual desembarque de fuzileiros russos, ao mesmo tempo que os T-64 modernizados estavam na sua maioria na região de Kharkiv.
Mas não sei até que ponto, os países ocidentais não estarão a criar uma dor de cabeça logística na Ucrânia que pode tornar a guerra demasiado complicada.
Foram anunciadas disponibilidades para fornecer cinco ou seis tipos diferentes de sistemas de artilharia auto-propulsada de 155mm.
Isto é muito bonito quando se fala de munição. O problema é quando o motor de um Pz-2000 alemão avaria e há dois Caesar danificados, mas cujo motor não pode ser utilizado para canibalizar.
Num conflito, onde existe alguma capacidade por parte da engenharia para recuperar viaturas, o normal em caso de emergência é canibalizar. Retirar peças de uma viatura que vai demorar mais tempo para reparar, para permitir que outras possam ficar rapidamente operacionais.
Podem ser utilizadas unidades independentes com armamento específico, o problema é que neste caso cada unidade precisa de uma linha de abastecimentos para peças de reposição e para manutenção.
Em todas as guerras, é a logística que determina quem ganha. A capacidade de continuar a lutar, apesar dos bombardeamentos, apesar dos embargos, apesar de tudo...