Ontem, vi um comentador militar na TVI/CNN, a defender a tese de que os russos ao atacar, fixavam forças ucranianas. A tese é absurda e a apreciação do dito senhor realmente baixou quando percebi que o homem não sabia que foram utilizadas armas químicas pelo Iraque contra o Irão (três tipos diferentes, Sarin Tabun e um terceiro que não me lembro) e que as mesmas também foram utilizadas contra os Curdos pelo Saddam Hussein.
Há realmente umas amélias que se começam a destacar pela cretinice e imbecilidade, demonstrada pela falta de conhecimento histórico.
Objetivamente o que temos que entender é que os ucranianos não estão numa posição favorável. A Russia foi derrotada, mas foi derrotada pela incompetência e excesso de confiança.
A situação não é boa, e vendo alguns comentadores americanos... aquilo dá dó.
Há um da Fox News que mete impressão, ao dizer que deviam mandar tanques Abrams para a Ucrânia, que eles rapidamente aprendiam a utiliza-los.
Há gente que não entende palavras como abastecimento, combustível, logística, cadeia de fornecimento de peças e munições...
Os russos levaram um rombo muito grande.
A censura russa proíbe que se fale do desastre porque os russos têm mais confiança nas Forças Armadas que no governo (característico de um regime militar ditatorial) e se os russos percebem que o exército glorioso que desfila na praça vermelha não passa de uma corja de ladrões, sodomitas, gangsters e assassinos, isso pode provocar problemas graves em todo o país.
É preciso manter o mito da Russia invencível, custe o que custar, morra quem morrer...
Os russos vão fazer aquilo que sabem... Avanços tão profundos quanto possível, tentando isolar as tropas que estão na região do Don-Bass.
A ocidente, só vejo baratas tontas. Sinceramente, aquilo faz-me lembrar as reuniões que ocorriam entre franceses e ingleses, depois da queda da Polónia em 1939. Havia planos mirabolantes para atacar aqui, atacar acolá, desembarcar acolí...
Espero estar enganado...
Parece haver duas visões sobre o que fazer.
De um lado
A Ucrânia precisa de armas que já tem e que sabe utilizar, logo é necessário encontrar tanques T-72 para dar aos ucranianos.
Tudo muito bonito, mas carros em depósito não estão necessariamente operacionais. Além disso, há o problema das munições em grande quantidade que são necessárias e as peças de reposição. Um tanque é uma fonte de problemas e os tanques russos não foram nunca conhecidos pela sua extraordinária durabilidade. Logo, peças, peças, peças e mais peças.
Pior ... Um M-84 croata não utilza os mesmos sistemas dos T-72 polacos, embora utilizem a mesma munição de 125mm.
Em alguns casos, os T-72 receberam armas ligeiras de calibre 7.62 ou 12.7
Tudo isto precisa tempo, muito tempo e tempo é coisa que não há.
Do outro lado
A Ucrânia precisa de armas ocidentais, porque só essas podem ser fornecidas num conflito longo.
Esta é a tese que defende o envio para a Ucrânia de carros de combate como o Leopard-1 com peça principal de 105mm e eventualmente mesmo restos de M-60 que pudessem ser desenterrados. A Ucrânia já começou a adquirir peças de artilharia auto-propulsada de 155mm mas as suas reservas de munição são essencialmente calibre 152mm russo
O mesmo se aplica às armas ligeiras.
E neste, como no cenário anterior não há tempo.
Demora meses a treinar uma equipa para fazer a manutenção a um carro de combate ... para não falar de aviões ...
Há rumores de que haveria pilotos ucranianos nos Estados Unidos em treino, mas a complexidade de que se reveste a introdução de um novo avião de combate numa força aérea é qualquer coisa de gigantesco.
Do lado russo, não há falta de tanques (ainda que ultrapassados) nem munições antigas.
Há no entanto problemas de outro tipo que não são menos difíceis de resolver.