A questão da tortura, sejamos realistas, não tem a ver com ser democracia ou não. Vai depender da situação e aí o que é "certo" ou "errado" pode ser muito turvo. Se um homem assassina um membro da vossa família, não tenho dúvida que uma parte de todos vós não teria qualquer problema em torturar essa pessoa. Numa guerra, em que uma força invasora destruiu tudo o que aqueles soldados e as suas famílias conheciam, acham que vai ser diferente? Isto não quer dizer que é correcto, mas tentar virar isso contra a democracia, é um pouco desajustado. Agora, também acho estranho andarem a filmar aquilo que devem perceber que é um crime de guerra... Isso é ao nível de tirar uma selfie enquanto se está a assaltar um banco, não teria lógica.
Entretanto, vejo aqui malta constantemente a fazer o papel de vítima. É estranho, pois são os primeiros a ofender tudo o todos, basta alguém discordar, mas quando lhes apontam o dedo, fazem-se de virgens ofendidas. É absurdo. Engraçado também que odeiam ser rotulados, no entanto não hesitam em rotular quem questiona alguma das suas ideias. Depois, quando os russos decidiram, unilateralmente, invadir a Ucrânia, ainda vejo malta a falar de "tabuleiro"? Um país decidiu invadir só porque sim, e continua-se a tentar desviar as culpas para todos, menos o invasor? É absurdo e irracional. Eu, já me dava por contente, se visse essas pessoas a admitirem, pela primeira vez desde o início do conflito, que a culpa é do Putin e de mais ninguém. Mas não, é vir para um Fórum, e considerar "animais" malta que discorda, mas não considerar animal o Putin. É de uma falta de nível impressionante. Fico é estupefacto, com quem aparenta estar "surpreendido" com o lado que a grande maioria das pessoas apoia neste conflito... Mas é uma surpresa a malta ficar do lado do país invadido, ainda por cima no contexto actual? Epá se a Ucrânia fosse governada por algum tirano, ainda se dava o benefício da dúvida, mas nem é o caso.
Voltando atrás à conversa da preparação que Portugal deveria ou não fazer... Ressalvar antes de mais um ponto:
-Portugal, como membro da NATO, é um alvo. Se é certo que os russos dariam prioridade aos países mais poderosos como alvo (e sobretudo os que possuem armas nucleares), também é certo que têm muitas ogivas, as suficientes, para todos terem a sua "dose". Acham mesmo que, numa guerra aberta, e nuclear, contra a NATO, os russos iam poupar um país, com várias bases aéreas operacionais? Se assim fosse, bastava os aliados colocarem cá a sua tralha toda, e estavam safos. A dúvida é mesmo qual a estratégia russa, alvos estratégicos, ou pura e simplesmente cidades.
Agora tocando no que devemos fazer. Isto é um pau de dois bicos: a criação de reservas, vai obrigar a importar muito mais de tudo. Se nós, e outros países, começam a criar reservas de tudo e mais alguma coisa, os preços vão aumentar ainda mais, o pânico vai também aumentar, e as populações vão também comprar mais, e isto depois é uma espiral descontrolada. O principal a fazer, é procurar alternativas no abastecimento de certos bens (alimentares, energia), para o caso de.
Quanto a migrações, em massa ou nem tanto, em caso de conflito na Europa, ninguém mete cá os pés. Isso é quase um dado adquirido. Não vão sair de um país numa guerra "de brincar", para países que possam ser potencialmente alvo de uma guerra nuclear. Agora, se rompem conflitos noutros pontos do globo (por exemplo Norte de África), aí sim poderá ser mais preocupante.
Já agora, só uma curiosidade. Quando se fala em "sentir o cheiro do sangue na água", o país em que penso, é mesmo a Rússia. Basta ver que tem quase todos contra si, países vizinhos com ajustes de contas, divisões internas, e possivelmente movimentos separatistas dentro da Rússia, uma economia em cacos, FA questionáveis (salvo as armas nucleares), disputas territoriais com o Japão. Não me surpreendia nada que a Rússia se viesse a tornar uma espécie de estado fantoche da China, caso essa venha a ser a única forma de conseguir manter alguma dignidade e integridade territorial. Ou isso, ou salta o Putin do poder, para um governante, quiçá democraticamente eleito, mais pró-Paz, e quiçá com outro tipo de visão perante o Ocidente.