Gargalhada maior é a de ouvir que agora vamos investir não sem quantos mais milhares de milhões em defesa por essa Europa afora... Pois.....Já agora, com todo esse equipamento novo que para aí vem, quem é que vai utilizar/manobrar isso? Voltamos a um SMO que, por a complexidade dos actuais sistemas nunca poderá ser inferior a 2 anos, isto se queremos um mínimo de eficiência técnica? Onde é que sequer temos a demografia para isso? Vamos lá por emigrantes e, tal como Roma, entregar a nossa defesa "às tribos barbaras"? E o que é que vamos defender com esses equipamentos e homens que vêm para aí em "charters da China cheios deles"? Os direitos da igualdade de género ou será os direitos de todos os animais terem um veterinário? Ou será talvez os direitos dos homossexuais adoptarem?
Não sabemos sequer o que estamos ou vamos defender, nem de quê, nem com quê ou com quem e acham que é torrar dinheiro em brinquedos que vai mudar a equação. Guerra é a oposição de vontades, não perceber isso é não perceber nada. E para haver vontade tem que se saber o que se lá anda a fazer e porquê. Por falta disso mesmo é que fomos corridos à biqueirada de todo o lado onde nos fomos colocar nestes últimos 20 anos. Não foi por faltade material nem de dinheiro, foi por falta de vontade por não saber que é que se lá andava a fazer.
Escreve muito para não dizer nada, e quando diz, diz asneira. Mas provavelmente a sua tamanha genialidade, vai dar uma solução em que para a Europa se defender da Rússia, terá de o fazer sem rearmamento.
Mas eu percebo a sua estratégia aqui, é o velho "baralhar e dar de novo", porque na realidade, veio aqui há uns meses, antes desta invasão, debitar que tínhamos de ser amigos dos russos, e afastar-nos dos americanos, porque o futuro da Europa, era com a Rússia. O Putin desiludiu-o tremendamente.
Depois vem debitar que a guerra na Ucrânia se deveu a "interesses" de várias partes. Não, a interesses dos russos, tenha um par deles, e diga em voz alta. Engraçado que escreve longos textos, e em parte alguma foi capaz de assumir a culpa do Putin nisto. É sempre apontar o dedo aos demais, mas o Putin lá continua, intacto na sua consideração. Deve ser uma nova definição de "imparcialidade".
Mas voltando atrás. Antes de debitar, ao menos pesquise um pouco. Investir mais na Defesa europeia não obriga necessariamente a aumentar o pessoal. Até posso dar o exemplo português. O pessoal necessário para operar um Bitubo, é aproximadamente o mesmo que o necessário para operar uma bateria inteira de Oerlikon GDF (radar mais canhões). A grande vantagem da automatização é essa, e substituir os bitubos 1 por 1, requeria aproximadamente o mesmo pessoal, apesar do investimento ser considerável.
Navios é igual, se antes uma fragata de 3000t, precisava de 180 elementos de guarnição, hoje em dia um navio equivalente precisa de uns 100. Com 150, já dá para ter um navio de 6000t e muitíssimo mais capaz. Depois, a guarnição do navio não vai aumentar por ter o radar A, B ou C, ou por ter o dobro dos VLS, ou pelos ditos terem mísseis de cruzeiro, ou mísseis AA de médio/longo-alcance.
Aumentar os stocks de armamento, exige dinheiro, sem precisar de um único homem a mais. Ora se comprássemos 200 AMRAAM, o investimento era avultado, mas o aumento de pessoal não.
Depois os UAVs, de vários tipos, que permitem utilização muito mais eficiente dos recursos em determinadas missões. Patrulha marítima por exemplo, se até agora era necessário usar um P-3 com os seus 11 elementos, agora missões estritamente de patrulha, podem ser feitas por 1 ou 2 ou até 3 UAVs, que ficam no ar por mais tempo e requerem 1/3 da tripulação (que fica em terra). Nos Exércitos, um pequeno drone consegue fazer reconhecimento de uma área, que antes exigiria dezenas de soldados e até veículos, ou de uma aeronave tripulada.
Portanto, achar que, os países europeus vão precisar de reerguer o SMO, para dar uso ao investimento mais avultado que se fará, é uma ilusão e falta de noção da realidade tecnológica, e também do emprego que as forças europeias teriam num potencial conflito. Deixo a dica, não seria para invadir a Rússia, mas sim para fins defensivos/reforçar países que fazem fronteira com a Rússia.
Para Portugal, atingir os 2%, daria para modernizar e substituir os meios existentes, e pouco mais, mas é o que se pede como mínimo, ou seja, sem precisarmos de FA com 50 mil efectivos.
Já agora, comparar a vontade de continuar uma guerra sem fim no Iraque e Afeganistão, longe da Europa, com a vontade de combater um potencial invasor em território europeu, apenas comprova a ignorância de quem faz a comparação.