Uma analise neutra implica frequentemente assumir, ou pelo menos reconhecer, os nossos próprios erros ... o que não é fácil.
Ainda não li aqui nenhum colega "putinista" ou descaradamente pró-Rússia...se calhar passou-me ao lado. Não vejo absolutamente nenhuma razão de queixa, tal como é formulada pelo colega Dc, num dos seus últimos comentários.
Podemos evocar aqui, sem correr o risco de "sermos agredidos" como escreveu um dos nossos colegas, alguns factos ou algumas reflexões ?
Podemos interrogar ou duvidar de versões oficiais sem ser etiquetado de extrema-direita ou extrema-esquerda ? Não, não podemos !
Existe no Forum um pensamento dominante, por vezes irracional, cego... e uma simples reflexão, em vez de dar origem a um parecer ou argumento sereno, tem exatamente o resultado oposto.
Façamos então uma experiencia , vou expor uma reflexão minha e veremos as reações.
Sobre o facto de a Ucrânia constituir uma ameaça à Rússia.A Rússia e a Ucrânia representam geograficamente grande parte da "zona vital" do planeta, aquilo a que os estrategas chamam Heartland. O domínio desta região (onde se concentra grande parte dos recursos do planeta) é uma das condições para o domínio mundial. O que está em causa, não é a liberdade de um povo ou de um Estado a pertencer a esta ou aquela organização , o que está em causa, é o domínio mundial,... daí os EUA não permitirem uma aliança continental na Europa ; eles (EUA) deixariam de ser a potência dominante.
A OTAN, que eu servi e que, modéstia à parte me chegou a condecorar, é vista como uma ameaça não só pela Rússia, como por todas as potências não ocidentais, pelo menos aquelas que têm ambições ou veleidades de independência. As intervenções da OTAN ou de países membros da OTAN, na Líbia, Iraque, bombardeamentos de Belgrado, etc,
não foram mandatadas pela ONU. A OTAN mostrou ao mundo esta "capacidade"
e esta capacidade de agir impunemente à revelia da ONU, intimida ! O receio da Rússia não é legitimo ? Deixariam os EUA que a China instalasse misseis no México, sem reagir ? O que fizeram os EUA quando a URSS instalou misseis em Cuba ?
Como sabemos, as intervenções de países membros da OTAN nos TOE que citei, levaram à destruição de cidades inteiras e à morte de centenas de milhar de civis... sem que estes factos tivessem, na altura em que aconteceram, "emocionado" a opinião publica europeia.
A proximidade geográfica, o medo ... e o peso do agressor, fazem com que a opinião publica europeia finalmente se indigne com uma invasão de um país independente. Esta "indignação" massiva deveria talvez ter ocorrido com a mesma intensidade e mobilização quando , no passado recente, outros países foram invadidos.
Petro Porochenko em 23 de outubro de 2014, (
no mesmo ano em que 50 ucranianos de etnia russa foram trancados na "Casa dos Sindicatos de Odessa" e queimados vivos) , falando sobre a maneira de ganhar a guerra no Dombass e referindo-se aos ucranianos pro-Rússia, disse :
“Teremos trabalho, eles não ! Teremos pensões, eles não ! Teremos benefícios para os nossos reformados e para os nossos filhos, eles não ! Os nossos filhos vão para a escola e para os infantários, os filhos deles ficarão nas caves ! Porque eles não sabem fazer nada ! E é assim, exatamente, que venceremos a guerra ! »
Acrescento que a repressão contra os ucranianos pro-Rússia fizeram milhares de mortos, o que não indignou o Ocidente !!
A escalada de violência degenerou na situação que temos agora, o final da história ainda não conhecemos.
Incondicionais da Doxa : sou pró-Portugal e Pró-Europa mas não tenho cabrestos