Eu não disse que devia facilitar! Ninguém deve facilitar. Nada no sexo deve ser de facilitismo. Mas se for essa a sua vontade, cada um sabe de si, eles lá sabem.
Não, não são os homens só que têm necessidades, mas os homens cedem muito mais facilmente a esse impulso, pelo menos é o que se vê... Também porque violar normalmente incluí violência e a maioria das mulheres nem sequer quer pensar nisso. Acontecem violações por parte de mulheres, mas a sua percentagem é minúscula.
Olha que eu digo isto mas sou muito cuidadosa com as minhas práticas sexuais: limito-me ao meu parceiro (mais propriamente namorado) e sou muito fiel, sempre. Apenas digo isto olhando para a sociedade em que vivemos, na realidade em si inserida, porque eu nesse aspecto fui educada de uma maneira muito diferente do que vejo no dia-a-dia. Não facilito ninguém nem nunca hei-de facilitar. Estava apenas a comentar isto porque há aí muito veterano que diz que as mulheres não podem andar nas Forças Armadas porque, diabos, tentam os homens e desviam-nos do seu objectivo (leia-se entrelinhas muito a ver com as necessidades sexuais...). Portanto não penses que ando a dizer as coisas que digo porque é minha prática, porque não é nem nunca foi nem espero que venha a ser, não fui educada assim e agarro-me aos meus valores, tenho muito respeito pelo ser humano e pela intimidade, que na minha opinião deve ser preservada. Mas como eu já fui enxovalhada por pensar assim muitas vezes, e me cospem "sou livre de fazer o que bem me apetecer", parece que neste mundo estou deslocada. Não condeno as pessoas, mas também não aprovo.
Quanto a violações serem usadas como armas de guerra, sei disso perfeitamente. Muito se sabe o que aconteceu às tais prostitutas que os soldados americanos deixaram no Vietname que referi acima: foram renegadas pela sociedade e pelas suas próprias famílias. Mas não acredito que fosse simplesmente isso. A verdade é que muitas vezes há quem use a sexualidade para se aliviar do stress, das depressões, do ócio entre batalhas, da pressão... daí o Exército Americano ter montado tendas de prostitutas nos seus campos no Vietname: para os pobres dos soldados poderem "desanuviar".
No entanto não é só isso... muitos fazem porque realmente têm vontade ou por sua conta, não por ser uma arma de guerra e desmotivação. Não fosse o soldado americano que violou e matou uma menina de 14 anos no Iraque dado como culpado, e ele há-de ser só um de muitos (
http://www.msnbc.msn.com/id/30628635/ ). Saiu um filme sobre isto ("Censurado" ou "Redacted" em inglês). Se fosse só política de guerra como qualquer outra, tentavam meter isto a silêncio e o tipo nunca seria julgado, certo? Pelo menos hoje em dia, já não estamos no Vietname e a opinião pública é voraz no que toca a estes assuntos. É demasiado arriscado para eles usar métodos tão bárbaros sabendo que o mais certo é virem a ser apanhados mais tarde ou mais cedo, hoje em dia a imprensa não perdoa.
Eu não acredito que um homem honrado violasse e massacrasse uma aldeia inteira. Mesmo que o mandassem.
O que quero simplesmente dizer é que não gosto de ouvir comentários da boca de veteranos e soldados do sexo masculino como não querem mulheres nas Forças Armadas porque estas são uma "distracção para os soldados". Os soldados têm, como dizes e bem, saber ser e saber estar, senão são eles que não devem ser soldados, e não o contrário!
Até acho a teoria de "menina não vai para as FA porque é mais fraquinha" mais aceitável do que isto... parece que ainda vivemos na idade média em que a mulher tem que ser presa, controlada e afastada porque pode fazer muito mal aos pobres homens... que criatura impura...
Claro que no Exército dos EUA há gente que quer seguir sonhos e tem muita honra e valores, o que eu quis dizer é que têm também muita gente lá de laia duvidosa porque eles tiram criminosos da prisão para meter na guerra, como carne para canhão. Coisa que aqui, que eu saiba, por exemplo, não acontece. Nem se pode ter nada no registo criminal. Era apenas uma comparação, não disse que todos são criminosos, nada disso, mas que há muitos lá nessa situação, há. Obrigados a servir para não irem para trás das grades, ou saírem delas. "Serve o teu país e tens a dívida paga". Isto é algo usado (pelo menos) na América faz séculos, já na altura das colonizações, escravos batalhavam para ganhar a sua liberdade.
É simples, e usando a tua frase uma vez mais: se as pessoas não sabem ser nem sabem estar, procurem outra profissão, sejam do sexo masculino ou feminino! Por estas e por outras é que acho que o recrutamento devia ser mais apertado nesse sentido, se calhar apostar menos na componente física e de testes exaustivos e tentar procurar gente com vocação muito a sério. Porque a componente física pode-se trabalhar depois, e quem tem vontade rapidamente aprende. Agora vocação nem todos têm. Isto é um ponto muito pouco apostado em Portugal, e isso reflecte-se muito por aí... incluído e ainda por mais na Medicina, em que temos muita gente que vai para lá para satisfazer o seu status social ou familiar, mas vocação e vontade de ajudar igual a nada. Tu que és enfermeira já viste disso certamente por aí, e a mim revolta-me muito ver gente em medicina, que deviam ter uma grande vontade de ajudar os outros e gostar de se relacionar com as pessoas e ser compreensivo, e no fundo estão lá feitos pedras frias como obrigação, nunca se preocupando realmente com o seu doente. Não fosse por isso não gastava eu tanto dinheiro a ir ao privado para ser bem atendida, e garanto que é das principais razões pelas quais marco sempre consulta lá e urgências também é sempre lá. Porque no público já assisti a barbaridades que me gelaram o coração. Ali no privado (vou sempre ao mesmo) são atenciosos, todos os médicos (excepto uma mas evito-a sempre ao máximo) e enfermeiros bem como recepcionistas (já me conhecem e tudo!). Dá outro gosto, dá outra confiança.
Isto tudo para explicar o meu ponto de vista de que quem não pode, quem não tem vocação, simplesmente não poderia ser, sobretudo neste tipo de trabalhos em que se tem uma enorme responsabilidade.
Não te preocupes, eu passo muito tempo a reflectir em tudo, sou conhecida por isso. E também sei que nada no mundo é linear.
Eu não meto a mulher num papel complicado. Não estou a dizer que a mulher deve pensar "É melhor eu dar o meu corpo senão eles vão violar por aí uma civil qualquer". Nada disso. Nem pensar.
Disse o que disse apenas em resposta a comentários do género que referi que há quem sustente"As mulheres desviam as atenções dos militares (com conotação sexual claro está)". A minha resposta é que isso não impede de nada, haver militares ao serviço ou não não é isso que vai fazer com que os meninos se portem bem e se mantenham concentrados, porque se elas (militares) não devem estar lá porque "desviam a atenção", eles viram-se de qualquer forma para as outras que estão cá fora, ou seja, civis do país invadido. Não estou a dizer que os homens de armas se devem virar para as suas colegas de armas, estou apenas a dizer que uma coisa não impede a outra. E se houver uma militar que o queira fazer de sua total vontade, ela lá sabe... mas na minha opinião mais vale uma militar fazê-lo de toda (repito, toda) a sua vontade (real vontade, como daquelas coisas que se vê muito por aí hoje em dia... parece que virou prática habitual, mas isso cada um sabe de si!) do que uma inocente violada e até morta...
Uma mulher não deve ser tratada como uma boneca de porcelana, e se assim for, então não está a fazer nada nas Forças Armadas e deve ser convidada a sair. E o mesmo se passa com os homens! Se não sabem estar, se não sabem ser e também se queixam de dor aqui, dor ali, a porta de saída é a mesma de entrada.
Repara numa coisa, há três coisas que já me irritam nesta sociedade:
1. Acusarem as mulheres de serem um demónio tentador e desviador dos bons valores morais do homem puro e santo.
2. Tratarem as mulheres como uma coisa a ser presa, isolada e afastada do mundo, não vá ela causar grandes males por aí.
3. Acharem que uma mulher por ser à partida fisicamente mais fraca que o homem, não pode fazer nada que envolva força, resistência ou comando.
Por isso é que argumento o que argumento...