Se Taiwan declarar independência "chineses farão bloqueio naval à ilha"
O especialista inglês em assuntos chineses Timothy Wright, considera que a China não tem uma politica agressiva em termos militares, mas defende que, se Taiwan declarar a independência "os chineses farão um bloqueio naval à ilha".
"A questão de Taiwan e da reunificação permanece um objectivo essencial para o nacionalismo chinês, e é a única que pode levar a China a agir militarmente se a liderança da ilha declarar a independência", afirmou, em declarações à Lusa.
Timothy Wright, que lecciona na Universidade de Sheffield, Inglaterra falava à margem do seminário subordinado ao tema China Económica e Política Contemporânea que hoje terminou na Universidade do Minho.
O curso, que decorreu em Braga, foi organizado pelo Instituto Confúcio e pelo Centro de Línguas e Culturas Orientais, do Instituto de Letras e Ciências Humanas da Universidade do Minho.
Timothy Wright, é professor em Estudos Chineses e Director da Escola de Estudos da Ásia Oriental da Universidade de Sheffield, com experiência profissional nas Universidades de Oxford, Nacional da Austrália e Murdoch, e no Trinity College, da Universidade de Cambridge.
O investigador sustenta que, apesar de a China manter um diferendo com o Japão e mesmo com os Estados Unidos em termos militares, o chamado "império do meio", apesar do investimento que tem feito nas forças armadas, "não representa uma ameaça militar para os vizinhos e para o mundo".
"Só Taiwan pode levar a China a agir, mesmo com a oposição dos Estados Unidos e do Japão", acentuou, lembrando que a China tem tido um importante papel na estabilização politica regional, como se provou aquando da crise financeira de 1999 que afectou vários países asiáticos.
O professor universitário sublinha que a China tem jogado o mesmo papel de "actor responsável" na questão da Coreia do Norte, actuando concertado com o Japão e os Estados Unidos, "apesar de não ter as mesmas preocupações daqueles dois países e da Coreia do Sul sobre uma possível agressão nuclear".
"A China tem algum embaraço com a existência da Coreia do Norte, que também se diz comunista", assinala, frisando que, "se o regime norte-coreano se desmoronar haverá milhões de habitantes que quererão imigrar para a China".
Lembrou que a China acolhe já dezenas de milhares de refugiados norte-coreanos, muitos deles envolvidos em actividades de economia paralela e de prostituição, pelo que não lhe interessa o desmoronamento, puro e simples, do regime.
"Os chineses têm tido uma posição de cooperação internacional, pressionando a Coreia do Norte, nas negociações que decorrem em Pequim, para não construir armas nucleares, porque sabem que tal não interessa à estabilidade regional que querem manter", afirma.
Na opinião de Timothy Wright, a liderança chinesa sabe que para que a China se torne numa potência mundial, tem que evoluir em termos económicos e sociais, "o que só se consegue com estabilidade politica e económica a nível mundial".
Lusa