Corrupção na Marinha

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Rui Elias

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« Responder #15 em: Setembro 29, 2006, 03:18:55 pm »
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Empresário estrangeiro suspeito de corrupção em negócios com a Marinha de Guerra, que na última quarta-feira foi detido pela Polícia Judiciária, é o norte-americano W.H. B. – sócio-gerente da Cinave, uma empresa constituída em Portugal em Julho de 1969 e que desde então vende equipamentos aos três ramos das Forças Armadas.

 
A operação desencadeada na quarta-feira pela Polícia Judiciária, como o CM ontem noticiou, levou ainda à detenção dos capitães-de-fragata F.L., colocado na Direcção de Navios, e D.V., que prestava serviço no Arsenal do Alfeite, e de um sargento da Direcção de Abastecimentos. Um civil, C.C., suspeito de intermediar contratos entre a Armada e a Cinave, também foi detido.

Esta firma é participada desde a primeira hora por uma empresa norte-americana, a Aeronautical Instrument & Radio Company, detentora de uma larga fatia do capital. W.H.B. também é sócio desde a fundação – e o único gerente com poder para obrigar a empresa.

O patrão da Cinave tem como secretária pessoal a portuguesa I.Q. – mulher de um dos capitães-de-fragata detidos pela Polícia Judiciária.

Os três militares são suspeitos de corrupção, favorecimento e tráfico de influências em contratos celebrados com a Cinave para manutenção dos mísseis ‘Harpoon’ e ‘Seasparrow’ que equipam as três fragatas da classe ‘Vasco da Gama’ conhecidas como ‘Meko’. O fornecimento de sensores para os canhões ‘Phalanx’ dos três navios também está sob suspeita.

Os cinco detidos (os três militares da Armada e os dois empresários) começaram ontem a ser interrogados por um juiz no Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa. À hora de fecho desta edição, os interrogatórios ainda não tinham terminado. O norte-americano é defendido por Germano Marques da Silva, professor de Direito Penal.

W.H.B., à beira dos 70 anos, é um velho amigo de Portugal. Nos finais dos anos 60, quando chegou a Lisboa, ajudou o Governo de Marcelo Caetano a contornar a proibição do fornecimento de armas às Forças Armadas portuguesas – embargo decidido pela ONU para forçar o fim da guerra colonial em Angola, Moçambique e Guiné. Nos meses de brasa que se seguiram a Abril de 1974, o sócio-gerente da Cinave conspirava em Lisboa com os partidos moderados – e desdobrava-se em contactos com o embaixador americano, Frank Carlucci, ex-director da CIA. Hoje, W.H.B. vive em Oeiras.

A Cinave manteve até há pouco tempo escritórios na Rua do Quelhas, na Lapa, em Lisboa, que entretanto foram transferidos para Sacavém. A empresa tem ainda armazéns em Camarate. Nestes dois locais, a PJ fez buscas e apreendeu documentos.

'HÁ FUMOS DE CORRUPÇÃO NA DEFESA'

Sérgio Parreira de Campos, vice-presidente da Empordef, empresa que controla as participações do Estado na indústria de Defesa, não tem a mais pequena dúvida: “Há fumos de corrupção” nos equipamentos para as Forças Armadas – disse em entrevista ao Correio da Manhã publicada na edição de 30 de Julho de 2006.

Sérgio Parreira de Campos, coronel do Exército, formado em Gestão, disse ainda na entrevista que, em alguns negócios, o Estado oferece “contrapartidas exageradas” – o que “beneficia quem vende” e “quem está na meia” do negócio.

PORMENORES

ALMIRANTE

O chefe do Estado-Maior da Armada, almirante Melo Gomes, mandou o seu porta-voz, comandante Braz de Oliveira, ler um comunicado sobre os fumos de corrupção que agora pairam na Marinha de Guerra: declarou toda a disponibilidade para cooperar com o Ministério Público – e prometeu “rigor” na aplicação de sanções caso os três militares detidos sejam considerados culpados.

NEGÓCIOS

A empresa suspeita de negócios menos claros com a Marinha de Guerra tem a designação comercial de Cinave – Companhia de Instrumentos de Navegação Aeronáutica, Lda. Comercializa equipamentos electrónicos (para fins militares) e materiais de prevenção e protecção contra incêndios e poluição.

INTERROGATÓRIOS

O primeiro dos cinco arguidos só pelas 15h15 começou a ser interrogado pelo juiz no Tribunal de Instrução Criminal. Pelas 22h00, o terceiro ainda estava a ser interrogado.


Manuel Catarino in: http://www.correiomanha.pt/noticia
 

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PereiraMarques

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« Responder #16 em: Setembro 29, 2006, 10:01:50 pm »
Sai um louvor para um dos militares incriminados (a SIC Notícias disse claramente que um dos militares envolvidos era o CFR Eng.º Ferreira Leite)

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Por despacho de 12 de Abril de 2006, do Almirante Chefe do  Estado- -Maior da Armada, foi considerado como dado por si próprio o louvor concedido em 18 de Janeiro de 2006 pelo 78768 contra-almirante EMQ ILÍDIO CARDOSO PAIS LOUREIRO, director da Direcção de Navios, ao 20582 capitão-de-fragata EMA CLÉLIO DINIS FERREIRA LEITE, o qual se publica:

O 20582 capitão-de-fragata EMA CLÉLIO DINIS FERREIRA LEITE, presta serviço na área do material naval há treze anos, primeiro na Divisão de Sistemas de Superfície e Aéreos do ex-Gabinete de Estudos da DGMN, e depois, já na Direcção de Navios, primeiro como chefe da secção de Sistemas Electro-ópticos e Contramedidas, cargo que ocupou durante dez anos, vindo a desempenhar, nos últimos 26 meses, as exigentes funções de chefe da Divisão de Sistemas de Armas.

Durante este período, o engenheiro FERREIRA LEITE demonstrou possuir elevadas competências técnica e profissional, as quais, aliadas à sua permanente disponibilidade para novos desafios e tecnologias, e a vontade de contribuir para o sucesso das tarefas em que se encontra envolvido, lhe permitem conseguir responder às muitas solicitações que lhe são colocadas, para o desenvolvimento de inúmeros estudos e trabalhos.

Este conjunto de qualidades marcou de forma significativa o seu desempenho, nomeadamente na concepção e elaboração da proposta que conduziu ao reapetrechamento da oficina de óptica do Arsenal do Alfeite; na elaboração da Especificação Técnica de consulta do Sistema de Projecção Astronómica do Planetário; na concepção do Sistema de Vigilância para defesa própria das FFGH classe “VASCO DA GAMA” no âmbito da capacidade de defesa anti-terrorismo; e na revisão integral do ILDINAV 701, “Publicação Logísitica das Munições, Minas, Torpedos, Mísseis, Explosivos e Pirotécnicos”.

O seu espírito de iniciativa e capacidade de análise, foram ainda determinantes para o estabelecimento de relacionamento com laboratórios internacionais de defesa no âmbito de I&D, incluindo o US Naval Research Laboratory e o US Army Night Vision Laboratory, que permitiu a obtenção de um conjunto de modelos de predição do desempenho de sistemas de visão nocturna únicos nas Forças Armadas e no País.

Foi ainda director do projecto I&D de defesa “Ship IR/NTCS”, com vista à modelação e simulação da assinatura infra-vermelha de navios, tendo neste âmbito dirigido a campanha de provas MIVEX, em Maio de 2003, onde foram recolhidas as assinaturas IR dos NRP “ÁLVARES CABRAL” e “BÉRRIO”, que permitiram a validação deste modelo actualmente standard da NATO para a predição da assinatura infra-vermelha de navios.

O engenheiro FERREIRA LEITE, além de membro da equipa de projecto do Navio Polivalente Logístico, participou igualmente nos trabalhos conducentes à assinatura do contrato de fornecimento das viaturas blindadas com rodas 8x8 para o Exército e Marinha, incluindo a negociação da configuração final de armas e sensores, com destaque para o míssil anti-carro de última geração SPIKE-LR, tendo sido ainda responsável pela Especificação Técnica dos sistemas de visão nocturna que as vão equipar.

Tem também representado o nosso País em diversos grupos NATO, para lá de integrar a equipa de planeamento, acompanhamento e análise dos Exercícios de Guerra Electrónica no âmbito do SWG/4, em 2001 (Escócia), e desempenhado funções de coordenador da equipa dos EW Trials, em 2003 (Dinamarca). É justo, ainda, realçar as diversas comunicações realizadas em jornadas de conhecimento e inovação, e a presença, bem como a organização, de simpósios internacionais, tendo integrado diversas comissões Ad-hoc do MDN/DGAED para validação de projectos na área de I&D.

Assim, usando da competência que me confere o artigo 21° do Regulamento de Disciplina Militar, louvo o 20582 capitão-de-fragata EMA CLÉLIO DINIS FERREIRA LEITE, pela sua elevada competência técnica, permanente disponibilidade, espírito de dedicação e brio profissional, demonstrados no exercício das suas funções, que têm contribuído de forma significativa para a eficiência, prestígio e cumprimento da missão da Direcção de Navios e da Marinha.

Fonte: www.marinha.pt/extra/ordens/oa1/oa_19/l ... 19_06.html
 

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PereiraMarques

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« Responder #17 em: Setembro 29, 2006, 10:05:57 pm »
E ainda (como dizia o Carlos C*z)...

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Medalha da Cruz Naval – 2ª Classe:

------- Por despacho do Almirante Chefe do Estado-Maior da Armada, de 12 de Abril de 2006:

O Almirante Chefe do Estado-Maior da Armada faz saber que, nos termos da alínea c) do número 1 do artigo 26°, da alínea b) do número 1 do artigo 27° e do número 3 do artigo 34° do Regulamento da Medalha Militar e das Medalhas Comemorativas das Forças Armadas, aprovado pelo Decreto-Lei n° 316/2002, de 27 de Dezembro, concede a Medalha Militar da Cruz Naval de 2ª Classe, aos seguintes militares:

20582  capitão-de-fragata  EMA  CLÉLIO DINIS FERREIRA LEITE;

Fonte: www.marinha.pt/extra/ordens/oa1/oa_19/l ... 19_06.html
 

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papatango

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« Responder #18 em: Setembro 29, 2006, 10:20:30 pm »
Não entendi...

O homem louvou-se a ele proprio  :conf:  :conf:

Cumprimentos
É muito mais fácil enganar uma pessoa, que explicar-lhe que foi enganada ...
 

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Pantera

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« Responder #19 em: Setembro 29, 2006, 10:23:45 pm »
o nosso país vai de mal a pior...
isto é corrupção em todo o lado...
achei curioso a uma coisa,parece que um dos advogados de defesa,é um advogado muito conhecido,aquele que defendeu o piloto no caso da venezuela do tráfico de droga.pergunto.me onde vão buscar dinheiro para pagar a tais advogados....Haja paciência!!!

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PereiraMarques

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« Responder #20 em: Setembro 29, 2006, 10:26:48 pm »
Não, o CALM Pais Loureiro é que atribui o Louvor ao CFR Ferreira Leite e o ALM CEMA Melo Gomes é que considera como se o Louvor tivesse sido dado por si próprio.
 

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papatango

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« Responder #21 em: Setembro 29, 2006, 10:27:33 pm »
É preferível haver coisas destas, em vez de estarmos todos na Paz do Senhor, com todo o tipo de corrupções grandes e pequenas à nossa volta.

O problema, não é encontrarem corruptos, porque sempre os houve.

O problema é se estamos perante uma de muitas operações de cosmética, destinadas a dar a impressão de que está tudo bem e de vez enquanto apanha-se um corrupto.

Pessoalmente tenho muitas duvidas em acreditar que seja possível adquirir material mais caro, ou em piores condições com um grupo de apenas três pessoas responsáveis.

Cumprimentos
É muito mais fácil enganar uma pessoa, que explicar-lhe que foi enganada ...
 

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papatango

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« Responder #22 em: Setembro 29, 2006, 10:28:54 pm »
Ah, Obrigado Pereira Marques,
 assim faz mais sentido  :oops:
É muito mais fácil enganar uma pessoa, que explicar-lhe que foi enganada ...
 

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ricardonunes

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« Responder #23 em: Setembro 29, 2006, 10:34:56 pm »
Citação de: "Pantera"
achei curioso a uma coisa,parece que um dos advogados de defesa,é um advogado muito conhecido,aquele que defendeu o piloto no caso da venezuela do tráfico de droga.pergunto.me onde vão buscar dinheiro para pagar a tais advogados....Haja paciência!!!


Fundos de reserva provenientes de receitas ilícitas c34x
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TOMKAT

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« Responder #24 em: Setembro 30, 2006, 02:25:32 am »
Espantava-me era se não existisse corrupção em Portugal.

Ser corrupto ou corruptor já é  um estado de espírito nacional (infelizmente).

Na Marinha,... bom ...nada de novo.  :mrgreen: ....talvez por não se inspeccionarem as viaturas particulares dos ditos cujos que entravam e saíam na Base com frequência.

Migalhas...

Tal como o desaparecimento inexplicável de uma hélice, que pesava algumas toneladas, de um armazém da Base Naval (para quem conhece, logo a seguir à entrada do lado do Feijó), e espanto... ninguèm viu nada.

Migalhas....
IMPROVISAR, LUSITANA PAIXÃO.....
ALEA JACTA EST.....
«O meu ideal político é a democracia, para que cada homem seja respeitado como indivíduo e nenhum venerado»... Albert Einstein
 

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Cabeça de Martelo

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« Responder #25 em: Setembro 30, 2006, 10:01:32 am »
Também tenho histórias do género...

Migalhas...(em toda a parte)
7. Todos os animais são iguais mas alguns são mais iguais que os outros.

 

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Sintra

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« Responder #26 em: Setembro 30, 2006, 12:09:01 pm »
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Também tenho histórias do género...


 É endémico.
 Ainda me lembro que o meu Avô contava historias de presuntos e porcos inteiros a desaparecem da cozinha do regimento de artilharia antiaerea ali em Cascais no ano de 1942, sempe que um par de oficiais lá passava, estes dois senhores foram batizados como "os porcos voadores" pelo resto da guarnição...
 O meu pai conta que sempre que faziam comboio para irem buscar provisões a Luanda em 67/68, uma parte destas ficava pelo caminho, vendidas directamente à população e a algumas fazendas que ficavam pelo caminho.O sargento da messe, patrocinado pelo capitão, tinha um florescente negócio de venda retalhista de pneus em segunda mão...
 Acho que até o Afonso Henriques devia ter historias destas para contar.
 

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Yosy

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« Responder #27 em: Setembro 30, 2006, 12:27:55 pm »
Citação de: "Sintra"
Acho que até o Afonso Henriques devia ter historias destas para contar.


 :wink:
 

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ricardonunes

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« Responder #28 em: Setembro 30, 2006, 12:32:12 pm »
Negócios da Marinha na última década sob suspeita

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Todos os processos administrativos de fornecimento de armamento das fragatas da classe Vasco da Gama dos últimos dez anos estão sob suspeita. Esta é, segundo fontes da Marinha, uma das consequências mais imediatas da investigação judicial em curso sobre suspeitas de corrupção neste ramo das Forças Armadas que envolvem dois capitães--de-fragata, um sargento e dois civis, entre os quais um empresário norte-americano. Segundo as mesmas fontes, neste período de tempo, a influência do capitão-de-fragata Clélio Ferreira Leite, através de pareceres técnicos, era decisiva para a aquisição de material para a Marinha.

A dimensão deste caso está a ser avaliada pelos responsáveis do ramo, que defendem uma investigação completa dos processos de aquisição de material em que tenha estado envolvido o principal arguido.

A personagem central do caso é o oficial Clélio Ferreira Leite, de 41 anos, que tinha uma palavra decisiva em todos os processos de fornecimento de bens consumíveis na área do armamento. Clélio Ferreira Leite tirou a especialidade de engenharia de armamento e foi o melhor aluno do seu curso, tendo posteriormente sido enviado pela Armada para os Estados Unidos da América, onde aprofundou os seus conhecimentos. A sua importância na manutenção dos níveis de operacionalidade das fragatas em matéria de armas era tal - desde há cerca de dez anos - que a Marinha tem neste momento um grave problema de substituição do oficial em causa. "O seu domínio técnico dos dossiers era irrepreensível", disse ao DN uma fonte da Marinha.

Clélio Ferreira Leite, colocado na Direcção de Navios da Armada, avaliava as propostas e a sua palavra era decisiva nas instâncias superiores, em particular na Direcção-Geral de Armamento, que tinham o poder de decisão.

Para lá das munições e dos sensores dos canhões Phalanx, está também em causa a aquisição de material para a manutenção dos mísseis Harpoon e Sea Sparrow. Todos estes contratos eram entregues por ajuste directo, na medida em que a própria lei dispensava concurso. As munições têm um prazo de validade curto e o envolvimento das fragatas em missões externas também requeria um constante fornecimento de equipamento, processos que passavam todos pelas mãos do capitão-de-fragata Ferreira Leite.

O envolvimento de Ferreira Leite num caso de corrupção não provocou grande surpresa na Armada, mas causou alguma consternação devido à imagem pública da instituição.

Este oficial era conhecido pela exuberância com que alardeava alguns bens materiais, designadamente um Mercedes avaliado em 24 mil contos (120 mil euros) e uma moto Harley Davidson, também de elevado valor. Para além disso, nas férias deste ano esteve 15 dias no Havai e outros 15 num hotel de cinco estrelas no Algarve, cuja diária era na ordem dos 500 euros.

Com um salário inferior a dois mil euros líquidos por mês, o oficial em causa explicava frequentemente a sua ostentação de bens materiais com o facto de possuir uma empresa e ser oriundo de famílias com alguns bens materiais.

Neste capítulo, aliás, são vários os testemunhos entre oficiais da Marinha que recordam o facto de frequentemente Clélio Ferreira Leite dizer que era sobrinho da ex-ministra das Finanças Manuela Ferreira Leite e, por isso, ser pessoa bem colocada no PSD. Esta ligação familiar não existe, nem a possibilidade de o oficial em causa vir de famílias abastadas. Também não foi confirmado que fosse detentor de qualquer empresa.


Ferreira Leite, devido à importância das suas funções na Divisão de Armamento da Direcção de Navios, é suspeito de aprovar as propostas de empresas com as quais já tinha acertado o pagamento das suas comissões.

O outro oficial envolvido, D.Valente, estava na divisão de abastecimento dos navios e a sua mulher era secretária de uma das empresas que intermediava o fornecimento.


http://dn.sapo.pt/2006/09/30/nacional/n ... suspe.html
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luis filipe silva

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« Responder #29 em: Setembro 30, 2006, 05:41:52 pm »
Se fosse só esse, pelo menos era competente mas cobrava a sua parte. Não vejo nada de mais. Que eu saiba, quando há compras de vulto, existem comissões. Ou será mentira?
Se os nossos governantes fizessem o que fazem, cobrassem o que cobram ao erário público mas pelo menos fossem competentes!....
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saudações:
Luis Filipe Silva