Corrupção na Marinha

  • 69 Respostas
  • 28810 Visualizações
*

Nuno Bento

  • Perito
  • **
  • 346
  • Recebeu: 9 vez(es)
  • Enviou: 1 vez(es)
  • +6/-7
Corrupção na Marinha
« em: Setembro 28, 2006, 06:11:51 am »
http://multimedia.iol.pt/oratvi/multime ... 328143/146
Citar
Estado lesado em muitos milhões
2006/09/27 | 19:34 ||  Cláudia Rosenbusch  e Cláudia Lima da Costa
Três militares e dois civis detidos por suspeitas de corrupção. Em causa estão vários concursos públicos para a aquisição de fragatas e armamento para a Marinha. Investigações começaram em 2004
 
MAIS:
  Sem dinheiro para investigar a corrupção
  Corrupção mais engenhosa

Os três militares e os dois civis detidos esta quarta-feira no âmbito de um processo de corrupção terão lesado o Estado em muitos milhões de euros.

De acordo com informações recolhidas pelo PortugalDiário junto de fonte judicial, em causa estão vários concursos públicos para aquisição, designadamente, de fragatas, munições e armamento para a Marinha, realizados desde 2004. «O Estado foi lesado de uma forma tremenda, seguramente em muitos milhões de euros», referiu a mesma fonte.

Pelo menos, dois capitães de mar-e-guerra e um sargento terão recebido contrapartidas avultadas pela escolha de determinadas empresas fornecedoras em detrimento de outras. As investigações começaram em 2004.

Dois empresários foram igualmente constituídos arguidos no âmbito deste processo.

Um quarto militar deverá ainda ser detido no âmbito desta operação, mas até ao momento não terá sido localizado.

Várias brigadas da PJ realizaram ao longo do dia 18 buscas, incluindo à base militar do Alfeite, a empresas privadas, residências particulares e a uma instituição militar, tendo sido apreendida vasta documentação e ficheiros informáticos.

Os trabalhos começaram por volta das cinco da manhã e cerca das 22 horas algumas equipas ainda não tinham concluído as diligências.

Ao PortugalDiário fonte da Marinha adiantou que o interrogatório está a decorrer neste momento. E que a instituição está disposta a colaborar com a Polícia Judiciária na investigação.

Os arguidos serão presentes a tribunal na quinta-feira, para primeiro interrogatório judicial e aplicação das medidas de coacção.

A Procuradoria-Geral da República emitiu um comunicado ao final da tarde desta quarta-feira a confirmar que foram efectuadas diligências de busca durante todo o dia. Nessa sequência, foi determinada «a detenção de elementos civis e militares, por suspeitas de prática de crimes de natureza económico-financeira».

Na operação participaram nove magistrados do Ministério Público, um Juiz de Instrução e mais de setenta efectivos da Direcção Central de Investigação da Corrupção e Criminalidade Económica e Financeira da Polícia Judiciária.

O inquérito é dirigido pelo Ministério Público (Departamento de Investigação e Acção Penal), coadjuvado pela Direcção Central de Investigação da Corrupção e da Criminalidade Económica e Financeira (DCICCEF) da PJ.

 

*

Rui Elias

  • Investigador
  • *****
  • 1696
  • +2/-2
(sem assunto)
« Responder #1 em: Setembro 28, 2006, 09:25:45 am »
Acontece em todos os sectores de actividade, na Administração Pública e o sector privado.

Há muita gente a "fazer pela vida".

E de vez em quando alguns acabam por ser apanhados.

Citar
Três militares e dois civis detidos por suspeitas de corrupção. Em causa estão vários concursos públicos para a aquisição de fragatas e armamento para a Marinha. Investigações começaram em 2004


O mais estranho nesta notícia é a existência de um "concurso publico para a aqusição de fragatas".

Mais um erro do jornalista, ou das suas fontes, ou que eu saiba não há em cursos quaisquer concursos púiblicos, nem sequer consultas para aquisição de fragatas ou de quaisquer outras plataformas.

O que parece estar em curso é uma negociação directa entre o Estado português e o holandês para a eventual aquisição de duas fragatas da classe Karel Doorman, que poderão vir na vez das anteriormente anunciadas OHP.

Quanto a notícias de compras de armamento, não sei.

Será que já se andam a comprar os torpedos para municiar os submarinos?   :?

Acho que não.

Não se tratará apenas e só de munições e eventualmente outros equipamentos que é sempre preciso comprar?

Estes jornais transmitem coisas para a opinião pública que depois se revelam como dando a entender ao povo que se anda comprar armamento e fragatas em bardina.

O que não me parece ser o caso
 

*

P44

  • Investigador
  • *****
  • 18173
  • Recebeu: 5483 vez(es)
  • Enviou: 5838 vez(es)
  • +7118/-9505
(sem assunto)
« Responder #2 em: Setembro 28, 2006, 09:34:23 am »
http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?s ... ews=244709

Citar
Suspeitos de corrupção: Militares da Marinha detidos (act.)

O Estado-Maior da Armada e a Procuradoria-Geral da República (PGR) confirmaram na quarta-feira a detenção de três militares por suspeitas de corrupção económico-financeira.

«Eles estão a ser ouvidos pelo Departamento de Investigação e Acção Penal do Ministério Público. A Marinha está a colaborar no sentido de apurar toda a verdade dos factos e, como o processo está em segredo de Justiça, não podemos adiantar mais», afirmou à agência Lusa um porta-voz da Armada, comandante Braz de Oliveira.

Segundo a SIC-Notícias, a Polícia Judiciária (PJ) deteve ontem três militares da Marinha por suspeitas de corrupção, adiantando que serão presentes a tribunal esta quinta-feira, para primeiro interrogatório judicial e aplicação de medidas de coacção.

O comandante Braz de Oliveira, do gabinete de imprensa da Marinha, adiantou à Lusa que os militares detidos são «oficiais e sargentos», sem especificar.

De acordo com a SIC-Notícias, os detidos são suspeitos de corrupção em contratos de reequipamento da Marinha.

«Além dos três militares, foram também detidos dois civis. Só amanhã (quinta-feira) serão presentes ao juiz de Instrução Criminal. Os militares vão recolher esta noite a presídio militar e os civis a estabelecimento prisional», segundo a SIC.

Ao fim da tarde, a PGR emitiu uma nota a referir que, «no âmbito de uma investigação em curso no Departamento de Investigação e Acção Penal de Lisboa, tiveram hoje lugar diligências de busca e foi determinada a detenção de elementos civis e militares, por suspeitas de prática de crimes de natureza económico-financeira».

A operação decorreu na manhã de quarta-feira «em diferentes locais do Distrito Judicial de Lisboa», envolvendo nove magistrados do Ministério Público, um juiz de Instrução e mais de setenta efectivos da PJ.

O inquérito é dirigido pelo Ministério Público, coadjuvado pela Direcção Central de Investigação da Corrupção e da Criminalidade Económica e Financeira (DCICCEF) da PJ.

Diário Digital / Lusa

28-09-2006 6:48:00


http://dn.sapo.pt/2006/09/28/nacional/c ... uspei.html

Citar
Compra de munições para fragatas sob suspeita



Carlos Rodrigues Lima    
 
Eram nove da manhã quando 70 inspectores da Polícia Judiciária, nove magistrados do Ministério Público e um juiz se dividiram pela Base Naval do Alfeite, escritórios e residências particulares, em Lisboa, para darem início a um dia de buscas no âmbito de um inquérito sobre corrupção e tráfico de influências na Marinha.

"Phalanx" foi o nome de baptismo da operação levada a cabo pela Direcção Central de Investigação da Corrupção e Criminalidade Económica e Financeira (DCICCEF), que levou à detenção de dois capitães de fragata, um sargento e dois civis ligados a empresas intermediárias no fornecimento de material à Marinha. Os detidos serão hoje presentes a um juiz de instrução. Ontem mesmo foram interrogados pelo Ministério Público.

Esta investigação decorre, desde 2004, na DCICCEF e diz respeito a suspeitas de corrupção, tráfico de influências e favorecimento em concursos abertos pela Marinha para a aquisição de material. Um deles foi aberto em Agosto deste ano e diz respeito à aquisição de munições de 20 mm para o canhão Phalanx, que equipa as fragatas da classe Vasco da Gama. Aliás, a escolha do nome da operação não terá sido alheia ao objecto da investigação.

De acordo com fonte da Marinha, os dois oficiais e o sargento, que estavam colocados na Divisão de Navios do Alfeite, não detinham poder decisório nos concursos. Daí que a mesma fonte admita que em causa possa estar um circuito de revelação de informação privilegiada sobre os concursos a determinados concorrentes a troco de contrapartidas financeiras. Aliás, segundo a mesma fonte, um dos capitães de fragata exibia vários sinais exteriores de riqueza. O último foi um veículo topo de gama (da marca Mercedes) cuja aquisição é incompatível com o ordenado da Marinha.

Mais suspeitos

A investigação deverá agora progredir no sentido de aferir se quem detinha poder de adjudicar os concursos beneficiava ou não de contrapartidas. E, uma vez que as empresas envolvidas por agora eram apenas intermediárias, será preciso apurar se o vendedor tinha ou não participação no alegado esquema de corrupção e tráfico de influências.

Contactado pelo DN, o porta- -voz da Marinha, comandante Brás Oliveira, confirmou as detenções, afirmando que a Marinha irá "prestar toda a colaboração à PJ e ao DIAP". Os dois oficiais e o sargento pernoitaram no presídio militar, enquanto que os empresários foram conduzidos ao estabelecimento prisional da PJ.

Hoje, ouvidos em interrogatório judicial, irão conhecer os factos que constam do processo. E o juiz de instrução poderá aplicar outra medida de coacção além do termo de identidade e residência.

Ontem, ao final da tarde, após ter sido noticiada a detenção dos cinco indivíduos, a Procuradoria- -Geral da República, tendo em conta "notícias contraditórias", confirmou as detenções, mas não esclareceu os crimes em causa na operação.
"[Os portugueses são]um povo tão dócil e tão bem amestrado que até merecia estar no Jardim Zoológico"
-Dom Januário Torgal Ferreira, Bispo das Forças Armadas
 

*

Rui Elias

  • Investigador
  • *****
  • 1696
  • +2/-2
(sem assunto)
« Responder #3 em: Setembro 28, 2006, 09:39:03 am »
Pois...

Afinal tratavam-se mesmo de munições e outros materias de desgaste.
 

*

luis filipe silva

  • Investigador
  • *****
  • 2049
  • Recebeu: 6 vez(es)
  • +1/-1
(sem assunto)
« Responder #4 em: Setembro 28, 2006, 11:23:22 am »
Entretanto no Correio da Manhã a noticia é esta:
 Contratos de manutenção de mísseis na origem da detenção de elementos da Marinha Portuguesa  
Na edição de hoje, o Correio da Manhã faz diversas revelações  
A PJ deteve quarta-feira dois oficiais superiores e um sargento da Marinha de guerra suspeitos de corrupção.  
Data: 28-09-2006  

A PJ deteve quarta-feira dois oficiais superiores e um sargento da Marinha de guerra suspeitos de corrupção em contratos celebrados com uma empresa privada para a manutenção dos mísseis que equipam as três fragatas da classe "Vasco da Gama". Na edição de hoje, o Correio da Manhã revela que os oficiais são dois capitães-de-fragata (posto equivalente a tenente-coronel no Exército e na Força Aérea), que prestavam serviço nos Estaleiros do Alfeite, na margem Sul do Tejo, e na Direcção-Geral de Navios, no Edifício do Estado-Maior da Armada, na Praça do Comércio, em Lisboa. O terceiro elemento detido, um sargento, pertencia à Direcção de Abastecimentos, na Praça do Comércio. Segundo fontes judiciais ouvidas pelo CM, os militares são suspeitos de favorecerem uma empresa - a troco de "luvas" - para a manutenção periódica dos mísseis "Harpoon" e "Seasparrow" que equipam as fragatas "Mekko", as mais modernas da Armada portuguesa. A operação, que envolveu 70 inspectores, nove procuradores do Ministério Público e um juiz de instrução criminal, foi concretizada pelo Departamento da Polícia Judiciária que combate a corrupção e os crimes económicos, na sequência de investigações desencadeadas há cerca de um mês. No início deste ano, segundo diversas fontes contactadas pelo Correio da Manhã, chegaram várias denúncias anónimas à Procuradoria- Geral da República sobre corrupção em vários contratos firmados por serviços das Forças Armadas com empresas privadas. Segundo o CM, as denúncias, "todas anónimas, mas recheadas de pormenores reveladores", foram remetidas ao Departamento de Investigação e Acção Penal de Lisboa, coordenado pela procuradora Francisca Van Dunen, que terá dado instruções para que a PJ investigasse. Em simultâneo à detenção dos três militares, na manhã de quarta-feira, foram realizadas buscas nos serviços da Marinha de Guerra onde prestavam serviço e que se prolongaram até final da tarde. De acordo com o CM, as buscas na Direcção-Geral de Navios, onde estava colocado um dos detidos foram acompanhadas por um juiz de instrução criminal pela razão de ali estarem depositadas informações classificadas. O CM refere que os militares suspeitos ficaram detidos na Base Naval do Alfeite e que hoje serão interrogados no Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa, para aplicação das adequadas medidas de coação. O jornal acrescenta que além dos três militares foram ainda detidos na mesma operação dois empresários, um português e um estrangeiro, ambos ligados ao ramo do armamento. Fonte judicial disse ao CM que a operação foi precipitada pela chegada do estrangeiro a Lisboa para um alegado encontro com os dois capitães-de-fragata. Os empresários são suspeitos de corrupção activa (corruptores) e os militares de corrupção passiva (corrompidos). Segundo uma fonte militar, "a Marinha de Guerra terá em paiol pelo menos 20 mísseis 'Harpoon' e cerca de 50 mísseis 'Seasparrow'", que são considerados os "ases" do arsenal da Armada. "São os dois sistemas mais importantes das três fragatas Mekko 200PN classe "Vasco da Gama", os únicos meios navais que ainda podem ser considerados modernos", escreve o CM.

A Marinha portuguesa confirmou quinta-feira à Lusa a detenção dos três militares daquele ramo das Forças Armadas por suspeitas de corrupção e assegurou "toda a colaboração" com o Ministério Público para apurar a verdade dos factos.

"A Marinha está a colaborar no sentido de apurar toda a verdade dos factos e como o processo está em segredo de Justiça não podemos adiantar mais", afirmou um porta-voz da Armada, comandante Braz de Oliveira, em declarações à Agência Lusa. A manutenção destes mísseis é muito cara porque algumas das suas peças - como sensores - e o combustível - que é feito à base de nitroglicerina - têm de ser substituídos frequentemente. As substituição do combustível dos mísseis que estão em paiol tem de ser feita de quatro em quatro meses, disse ao CM uma fonte da Armada, acrescentando que a operação é perigosa e por isso, cara.

 
LUSA
-----------------------------
saudações:
Luis Filipe Silva
 

*

Pedro Monteiro

  • Analista
  • ***
  • 888
  • Recebeu: 146 vez(es)
  • Enviou: 17 vez(es)
  • +25/-20
    • http://www.pedro-monteiro.com
(sem assunto)
« Responder #5 em: Setembro 28, 2006, 12:43:59 pm »
Citar
Será que já se andam a comprar os torpedos para municiar os submarinos?   :?

Acho que não.


Respondendo à sua pergunta, já. Em Dezembro de 2005, o jornal "Público" noticiou a aprovação pelo Tribunal de Contas da compra de 24 torpedos Black Shark por 46,2 milhões de euros. O contrato fora assinado em Fevereiro desse mesmo ano pelo então Ministro da Defesa, Paulo Portas. Não houve um concurso público, mas sim um ajuste directo. A justificação é bem simples: Portugal tinha até seis meses após a assinatura do contrato de aquisição dos submarinos para declarar ao GSC qual o modelo de torpedos que iria usar nos U-209PN.
Cumprimentos,
Pedro Monteiro
 

*

Lancero

  • Investigador
  • *****
  • 4213
  • Recebeu: 83 vez(es)
  • +74/-3
(sem assunto)
« Responder #6 em: Setembro 28, 2006, 05:23:43 pm »
notícia completa do CM.
http://www.correiodamanha.pt/noticia.as ... al=181&p=0

2006-09-28 - 13:00:00

Marinha de guerra - negócios sob suspeita
Oficiais e sargento detidos por corrupção

A Polícia Judiciária – numa operação de grande envergadura em que participaram 70 inspectores, nove procuradores do Ministério Público e um juiz de instrução criminal – deteve ontem de manhã dois oficiais superiores e um sargento da Marinha de Guerra suspeitos de corrupção em contratos celebrados com uma empresa privada para a manutenção dos mísseis que equipam a três fragatas da classe ‘Vasco da Gama’.

Estão sob suspeita os contratos entre a Armada e uma empresa privada para manutenção dos mísseis ‘Harpoon’ e ‘Seasparrow’ que equipam as três fragatas da classe ‘Vasco da Gama’, conhecidas como ‘Meko’. Os três militares detidos são suspeitos de favorecerem a empresa a troco de ‘luvas’. As investigações continuam
Os oficiais detidos são os capitães-de-fragata F.L., colocado nos Estaleiros do Alfeite, na Margem Sul do Tejo, e D. V., que prestava serviço na Direcção-Geral de Navios, no edifício do Estado-Maior da Armada, na Praça do Comércio, em Lisboa.

O sargento detido, cuja identificação o Correio da Manhã não conseguiu apurar com segurança, pertencia à Direcção de Abastecimentos, na Praça do Comércio. Esta operação foi levada a cabo pelo departamento da Polícia Judiciária que combate a corrupção e crimes económicos na sequência de investigações desencadeadas há cerca de um mês.

No início deste ano, segundo diversas fontes judiciais ontem contactadas pelo CM, chegaram várias denúncias anónimas à Procuradoria-Geral da Repú- blica sobre corrupção em vários contratos firmados por serviços das Forças Armadas com empresas privadas. As denúncias (todas anónimas – mas, segundo as nossas fontes, “recheadas de pormenores reveladores”) foram remetidas ao Departamento de Investigação e Acção Penal de Lisboa (DIAP), coordenado pela procuradora Francisca van Dunen, que mandou a Polícia Judiciária investigar.

Os três militares foram detidos em casa ontem de manhã – enquanto outras equipas da Polícia Judiciária lançaram buscas simultâneas nos serviços da Marinha de Guerra onde eles prestavam serviço e que se prolongaram até final da tarde. As buscas na Direcção-Geral de Navios, onde estava colocado o capitão-de-fragata D.V., foram acompanhadas por um juiz de instrução criminal pela razão de que ali estão depositadas informações classificadas.

De acordo com fontes judiciais, os militares são suspeitos de favorecem uma empresa, a troco de ‘luvas’, para a manutenção periódica dos mísseis ‘Harpoon’ e ‘Seasparrow’ que equipam as fragatas ‘Mekko’.

Os militares suspeitos ficaram detidos na Base Naval do Alfeite. Hoje serão interrogados no Tribunal de Instrução Criminal e o juiz há-se decidir se aguardam em liberdade ou em prisão preventiva a conclusão do processo.

EMPRESÁRIOS ENVOLVIDOS NO CASO

Além dos três militares foram ainda detidos nesta operação dois empresários: o português C. C. e um estrangeiro, que tinha uma brigada da PJ à espera, ontem de manhã, no Aeroporto de Lisboa. Estes dois empresários, que dormiram de ontem para hoje no estabelecimento prisional junto da Polícia Judiciária, estão ligados ao ramo do armamento.

De acordo com uma fonte judicial, a operação foi precipitada pela chegada do estrangeiro a Lisboa – que tinha encontro marcado com os dois capitães-de-fragata. Os empresários são suspeitos de corrupção activa (corruptores) e os militares de corrupção passiva (corrompidos).

A PROCURADORA QUE MANDA NO DIAP

A directora do Departamento de Investigação e Acção Penal, Francisca van Dunen, nasceu em Luanda numa família tradicional. Teve uma juventude marcada pela guerra e chegou a Portugal em 1977 com um sobrinho nos braços. Um dos irmãos, José van Dunen, e a cunhada, Cita Valles, foram presos nesse ano, na sequência de uma tentativa de golpe de Estado desencadeada por Nito Alves contra Agostinho Neto, e assassinados na cadeia. Aos 20 anos, Francisca desembarcou em Lisboa com os pais, assumindo a educação do sobrinho. Licenciou-se em Direito e, passados poucos anos, já era assessora na PGR.

PERFIL

Francisca Van Dunen, procuradora do Ministério Público, dirige as investigações aos negócios suspeitos entre diversos serviços militares e empresas privadas de armamento.

OS 'ASES' DO ARSENAL

Os mísseis Nato ‘Seasparrow RIM-7’ e ‘RGM-84D Harpoon’ podem ser considerados os ‘ases’ do arsenal da Armada. São os dois sistemas mais importantes das três fragatas Meko 200PN classe ‘Vasco da Gama’, os únicos meios navais que ainda podem ser considerados modernos. O ‘Seasparrow’ é um míssil de defesa aérea de curto alcance – permite à fragata reagir rapidamente perante a aproximação de ameaças aéreas (aviões ou ‘helis’), podendo ser usado com limites contra mísseis antinavio.

O alcance é de 15 km, viaja a 4256 km/h e cada fragata tem oito. O ‘Harpoon’ é um míssil antinavio com 120 km de alcance e resistente a contra-medidas electrónicas, capaz de descrever uma rota indirecta para o alvo. Viaja a 1000 km/h e cada fragata tem oito destes mísseis (também usados pelos aviões P3 da Força Aérea).

REACÇÕES

MINISTÉRIO DA DEFESA

Fonte do Ministério da Defesa, contactado pelo C M, optou por não fazer qualquer comentário às suspeitas de corrupção que envolvem três militares e dois civis na Marinha. “Não comentamos. O processo está sob investigação”, disse.

ESTADO-MAIOR DA ARMADA

“A Marinha presume a inocência dos seus militares até que se prove a sua culpa. Neste momento estamos a colaborar com a Polícia Judiciária na investigação deste caso”, afirmou ao CM o porta-voz do Chefe de Estado-Maior da Armada, comandante Fernando Braz de Oliveira.

PORMENORES

MÍSSEIS

Os três militares detidos são suspeitos de favorecimento de uma empresa privada na manutenção dos mísseis ‘Harpoon’ e ‘Seasparrow’. Algumas peças destas armas, como sensores, têm prazos de validade apertados e devem ser substituídas periodicamente.

DINHEIRO

Um dos componentes dos mísseis que tem de ser substituído é o combustível. É fabricado à base de nitroglicerina. De quatro em quatro meses, segundo uma fonte da Armada, os depósitos dos mísseis em paiol levam combustível novo. É uma operação perigosa e, por isso, cara.

ESCUTAS

A investigação deste caso envolveu escutas telefónicas aos suspeitos – e foi assim que a Polícia Judiciária ficou a saber que o empresário estrangeiro chegava ontem a Lisboa para uma ‘reunião de negócios’ com os capitães-de-fragata detidos.

DOCUMENTOS

Nas buscas efectuadas em casa dos três militares e nos departamentos da Marinha de Guerra onde prestavam serviço, a Polícia Judiciária apreendeu documentos em papel e vários registos informáticos.

JUSTIÇA

O antigo Código de Justiça Militar não teria permitido que os dois oficiais e o sargento da Armada fossem investigados e detidos pela Polícia Judiciária – apenas pela Polícia Judiciária Militar. Hoje, os militares estão sob a alçada da lei geral, excepto nos crimes de natureza estritamente militar.

PRIVILÉGIOS

Os militares a contas com a Justiça civil gozam apenas de um privilégio: têm o direito de recolher a um presídio militar sempre que sejam sujeitos a prisão preventiva ou a pena de cadeia efectiva.

TRIBUNAL

Os dois capitães-de-fragata, o sargento e os dois empresários são hoje interrogados por um juiz no Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa.
Manuel Catarino com J. G. /S.A.V
"Portugal civilizou a Ásia, a África e a América. Falta civilizar a Europa"

Respeito
 

*

Lancero

  • Investigador
  • *****
  • 4213
  • Recebeu: 83 vez(es)
  • +74/-3
(sem assunto)
« Responder #7 em: Setembro 28, 2006, 06:25:27 pm »
Justiça/Marinha: Armada ordena investigações internas e promete sanções

Lisboa, 28 Set (Lusa) - A Marinha portuguesa ordenou hoje investigações internas e prometeu "rigor e celeridade" na aplicação de sanções caso os três m ilitares detidos quarta-feira por suspeitas de corrupção sejam declarados culpad os.

        "Internamente, ordenei que se proceda a averiguações e tomarei as medid as necessárias para garantir a correcção de procedimentos a todos os níveis e re forçar os mecanismos de controlo, quando tal se justifique", anunciou hoje a ins tituição, em comunicado assinado pelo Chefe do Estado-Maior da Armada à Marinha, Almirante Fernando de Melo Gomes.

        Os três militares e dois civis foram detidos quarta-feira pela Polícia  Judiciária por suspeitas de crimes de natureza económico-financeira e estão a se r ouvidos desde o início da tarde no Tribunal de Instrução Criminal (TIC) de Lis boa.

        Segundo a Lusa constatou no local, o primeiro elemento chegou ao TIC às 14:45 e o segundo às 18:15.

        O secretário do tribunal disse entretanto aos jornalistas que no final  será emitida uma nota sobre o assunto.

        A Marinha anunciou ainda que deu instruções aos seus órgãos para que co laborem em tudo o que seja solicitado pelas autoridades competentes e promete "r igor e celeridade" na aplicação das sanções adequadas "a todos os eventuais prev aricadores".

        "Simultaneamente, disponibilizarei todo o apoio institucional aos milit ares que, no exercício das suas funções e face aos elementos disponíveis, se pre suma inocentes", acrescenta o comunicado.

        Os oficiais, que passaram a noite detidos em instalações militares, são dois capitães-de-fragata (posto equivalente a tenente-coronel no Exército e na  Força Aérea), que prestavam serviço nos Estaleiros do Alfeite, na margem Sul do  Tejo, e na Direcção-Geral de Navios, no Edifício do Estado-Maior da Armada, na P raça do Comércio, em Lisboa.

        O terceiro elemento da Marinha detido pertencia à Direcção de Abastecim entos, na Praça do Comércio.

        Segundo a edição de hoje do Correio da Manhã, os detidos são suspeitos  de corrupção em contratos celebrados com uma empresa privada para a manutenção d os mísseis que equipam as três fragatas da classe "Vasco da Gama".
"Portugal civilizou a Ásia, a África e a América. Falta civilizar a Europa"

Respeito
 

*

Pedro Monteiro

  • Analista
  • ***
  • 888
  • Recebeu: 146 vez(es)
  • Enviou: 17 vez(es)
  • +25/-20
    • http://www.pedro-monteiro.com
(sem assunto)
« Responder #8 em: Setembro 28, 2006, 07:35:54 pm »
Confrontando a edição em papel do "Diário de Notícias" descobri o uso indevido e não autorizado do perfil do Paulo Siqueira, elaborado em exclusivo para o "Military Zone". O autor da façanha ainda teve o descaramento de apagar os créditos da imagem. Obviamente que o editor de fotografia será chamado à atenção.

Fica, pois, a retificação pública: o siste "Military Zone" não foi contactado para o uso desta imagem ou a cedência de qualquer outro tipo de informação. Aliás, é lamentável que integrem uma imagem destas sem autorização num artigo tão polémico.
Cumprimentos,
Pedro Monteiro
 

*

Rui Elias

  • Investigador
  • *****
  • 1696
  • +2/-2
(sem assunto)
« Responder #9 em: Setembro 29, 2006, 10:06:06 am »
Só uma pergunta de leigo:

Se foi o Ministério Público que começou a investigar este caso de aparente corrupção por parte de empresas e particulares junto dos sectores da marinha responsáveis pela selecção e aqusição de equipamentos.

E se foi a PJ a investigar.

Onde esteve durante todo este tempo a PJ-Militar?
 

*

Luso

  • Investigador
  • *****
  • 8522
  • Recebeu: 1619 vez(es)
  • Enviou: 677 vez(es)
  • +932/-7255
(sem assunto)
« Responder #10 em: Setembro 29, 2006, 01:53:27 pm »
Citação de: "Rui Elias"
Onde esteve durante todo este tempo a PJ-Militar?


http://pt.wikipedia.org/wiki/Micose
Ai de ti Lusitânia, que dominarás em todas as nações...
 

*

Rui Elias

  • Investigador
  • *****
  • 1696
  • +2/-2
(sem assunto)
« Responder #11 em: Setembro 29, 2006, 01:58:16 pm »
Luso dixit:

Citar
Rui Elias escreveu:
Citar
Onde esteve durante todo este tempo a PJ-Militar?


http://pt.wikipedia.org/wiki/Micose
_________________
«A mais segura fonte da autoridade é o Estado (…) Um Estado forte é assim a primeira necessidade; mas, uma vez mais não há Estado forte onde o Governo não o é».


 :nice:  :nice:
 

*

Rui Elias

  • Investigador
  • *****
  • 1696
  • +2/-2
(sem assunto)
« Responder #12 em: Setembro 29, 2006, 02:10:19 pm »
Luso dixit:

Citar
Rui Elias escreveu:
Citar
Onde esteve durante todo este tempo a PJ-Militar?


http://pt.wikipedia.org/wiki/Micose
_________________
«A mais segura fonte da autoridade é o Estado (…) Um Estado forte é assim a primeira necessidade; mas, uma vez mais não há Estado forte onde o Governo não o é».


 :nice:  :nice:
 

*

P44

  • Investigador
  • *****
  • 18173
  • Recebeu: 5483 vez(es)
  • Enviou: 5838 vez(es)
  • +7118/-9505
(sem assunto)
« Responder #13 em: Setembro 29, 2006, 02:11:06 pm »
:lol:  :lol:

afinal não é só cá...

Citar
Prosecutors Indict 8 in Lafayette Case
 
 
(Source: Taiwan Government news; issued Sept. 29, 2006)
 
   
 
 After more than six years of investigation, the Taipei District Prosecutor's office on Thursday indicted a former navy captain, a fugitive arms broker, and members of their families on charges of graft for their roles in a wide-reaching scandal in connection with Taiwan's procurement of six Lafayette-class frigates from France in 1991.  
 
Andrew Wang, the Taiwan agent of French arms supplier Thompson-CSF, his wife Yeh Hsiu-chen and their four children were all indicted on changes of obtaining illegal commissions on the Lafayette deal.  
 
Also prosecuted in the case were Kuo Li-heng, a former naval captain who has been imprisoned for years for involvement in another corruption case, and his brother Kuo Wen-tien.  
 
In the indictment, prosecutors recommended harsher-than-usual punishment for Wang, who fled Taiwan following the death of naval Captain Yin Ching-feng under suspicious circumstances more than 13 years ago.  
 
Yin was the head of the navy's arms procurement office. His body was found floating in the sea off the east coast of Taiwan in late 1993. Yin was believed to have been poised to blow the whistle on colleagues who had allegedly taken illegal kickbacks on the Lafayette deal.  
 
Yin's death prompted the authorities to look into possible irregularities and to investigate officials who might have benefited from the Lafayette and other weapons deals.  
 
No former government officials, such as former President Lee Teng-hui and former Chief of the General Staff Hau Pei-tsun, were indicted in the case as prosecutors could not find direct evidence proving any link to the kickback scandal.  
 
The Ministry of National Defense offered a reward of NT$100 million for anyone who could help crack the Lafayette case. Up to this point, no one has come forward to give evidence, despite the government's promise to protect the safety of informers and to grant amnesty to anyone who agrees to be material witnesses.  
 
-ends-

 
fonte
"[Os portugueses são]um povo tão dócil e tão bem amestrado que até merecia estar no Jardim Zoológico"
-Dom Januário Torgal Ferreira, Bispo das Forças Armadas
 

*

Rui Elias

  • Investigador
  • *****
  • 1696
  • +2/-2
(sem assunto)
« Responder #14 em: Setembro 29, 2006, 03:11:47 pm »
Citar
Estado 'pagava' corrupção na Marinha



Carlos Rodrigues Lima  in:  http://dn.sapo.pt/2006/09/29/nacional/  
 
O alegado esquema de corrupção na Marinha terá assentado numa relação entre intermediários do negócio de armamento e dois capitães-de-fragata que davam pareceres técnicos sobre as aquisições.

Ao que o DN apurou, os militares da Marinha terão recomendado a aquisição de material de empresas representadas pelos intermediários.

Isto levava a que o preço final da aquisição tivesse em conta as comissões que seriam pagas aos intermediários e aos militares.

À hora de fecho desta edição, os cinco arguidos no processo estavam a ser interrogados no Tribunal de Instrução Criminal (TIC) de Lisboa.

O esquema só foi deslindado este ano pela Direcção Central de Investigação da Corrupção e Criminalidade Económica e Financeira (DCICCEF), uma vez que eram várias empresas a ganhar os concursos de fornecimento de material.

O que despistava quaisquer suspeitas de corrupção ou tráfico de influências. Isto deve-se ao facto de, uma vez que não há produção nacional de armamento, os intermediários representarem várias empresas estrangeiras.

E nos documentos dos concursos, apenas figurava o nome daquelas e não dos intermediários. "Os intermediários são o elo de ligação", adiantou ao DN fonte da Polícia Judiciária.

Tal como o DN avançou ontem, um dos alvos da investigação é um concurso aberto em Agosto deste ano para a aquisição de munições para o Phalanx, uma peça de artilharia que equipa as fragatas da classe Vasco da Gama. Aliás, foi neste canhão que a Judiciária se inspirou para baptizar a operação que levou a cabo, anteontem, em Lisboa e na qual deteve as cinco pessoas.

Ex-CEMA promoveu suspeito

De acordo com fontes da Marinha, o principal suspeito do processo é o capitão-de-fragata Clélio Ferreira Leite, promovido, em 2004, a este posto pelo ex-CEMA Francisco Vidal Abreu. Além deste estão ainda envolvidos outro capitão-de-fragata, um sargento e dois intermediários, um deles de nacionalidade norte-americana.

O esquema em causa, segundo uma fonte da PJ, só teve "sucesso" devido a um certo défice de fiscalização nos concursos de aquisição de material militar. Uma informação que acabou por ser corroborada pelo chefe do Estado-Maior da Armada (CEMA), almirante Melo Gomes: numa mensagem interna (lida, ontem, aos jornalistas), o almirante prometeu tomar as medidas necessárias para "para garantir a correcção de procedimentos a todos os níveis" e "reforçar os mecanismos de controlo".

Madrugada de interrogatórios

Este é o primeiro processo que envolve militares a serem investigados pela "justiça civil" após a entrada em vigor do novo Código de Justiça Militar. Desde Setembro de 2004, que a competência para a investigação de crimes que não sejam "estritamente militares" passou para a alçada do Ministério Público.

Os interrogatórios iniciados, ontem ao início da tarde, prolongaram-se pela madrugada. Hoje, o MP deverá divulgar as medidas de coacção aplicadas pelo juiz do TIC.