Mig-29 para a Argélia

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Mig-29 para a Argélia
« em: Junho 01, 2004, 09:19:36 pm »
Segundo notícia da RTP, a Argélia vai adquirir 50 caças Mig-29 à Rússia.
Atendendo que este País enfrenta uma guerrilha fundamentalista islâmica, não me parece que seja o avião mais adequado para este tipo de guerra. Quais as implicações para a nossa Defesa Nacional  se por hipótese estes aparelhos caíssem em "boas mãos" (fundamentalistas)?
 

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JNSA

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« Responder #1 em: Junho 02, 2004, 03:44:56 pm »
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Atendendo que este País enfrenta uma guerrilha fundamentalista islâmica, não me parece que seja o avião mais adequado para este tipo de guerra.


É relativo - a Argélia já tinha quantidades razoáveis de MiG-25 para intercepção, e MiG-21, MiG-23, Su-24 e Su-25 para CAS e COIN, por isso a adição dos MiG-29 servirá sobretudo para introduzir uma aeronave multi-missão com capacidades acrescidas, capaz de complementar o MiG-25 na defesa aérea e talvez substituir alguns dos modelos mais antigos.

Quanto à eficácia destes aviões e à ameaça que possam representar para nós, é tudo muito relativo.
Em primeiro lugar, depende da versão que será adquirida (se for o MiG-29SMT, então aí teremos um adversário à altura para os F-16AM/BM). Depois é preciso saber com que armamento virão. Há ainda o factor dos multiplicadores de força, de que a Argélia não dispõe.
E finalmente, e talvez o mais importante, é preciso saber qual a qualidade do treino das tripulações argelinas, e sobretudo, a capacidade logística e de manutenção para manter as aeronaves no ar...

Assim, e tendo em conta que não se avizinha um conflito com a Argélia, já para não dizer que em tal caso, estaríamos acompanhados dos Espanhóis e Americanos, esta compra dos MiG-29 não me parece que venha alterar o equilíbrio estratégico da zona, ou criar uma ameaça para Portugal.  :wink:
 

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ferrol

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Pero pensemos...
« Responder #2 em: Junho 02, 2004, 04:36:15 pm »
Citação de: "JNSA"
Quanto à eficácia destes aviões e à ameaça que possam representar para nós, é tudo muito relativo.

¿E se serven de disculpa a Marrocos para pedir a EUA que autorice o traspaso dos famosos F-16 saudíes amparándose na manifesta superioridade aérea arxelino-rusa no área?

Tal vez sexa un pouco paranoico, peeeero...
Tu régere Imperio fluctus, Hispane memento
"Acuérdate España que tú registe el Imperio de los mares”
 

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JNSA

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« Responder #3 em: Junho 02, 2004, 05:50:46 pm »
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¿E se serven de disculpa a Marrocos para pedir a EUA que autorice o traspaso dos famosos F-16 saudíes amparándose na manifesta superioridade aérea arxelino-rusa no área?

Tal vez sexa un pouco paranoico, peeeero...


É bem pensado, ferrol... Mas até agora já ouvi tantas posições diferentes acerca dos F-16 Marroquinos que inclino-me cada vez mais para acreditar que eles não existem... :roll: )

De qualquer modo, duvido que os americanos "fossem na conversa"... :D  :wink:
 

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ferrol

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« Responder #4 em: Junho 02, 2004, 07:36:52 pm »
Citação de: "JNSA"
Mas mesmo assim, acho que vocês não têm que se preocupar. Se já agora conseguem dar conta deles, quanto mais quando tiverem os EF-2000  :wink:


Bueno, iso pode ser certo, máis non convén despreza-lo posible único inimigo. Por outra banda, eu só quería segui-lo séu razoamento inicial de en qué podía afectar a Portugal esta merca de avións rusos.

Coincido en que concretar nos F-16 a resposta marroquina é un pouco estrafalario, pero a idea é a da resposta marroquina á merca arxelina. Coido que Marrocos, se se acredita coimo loitador anti-islamismo ante os EUA, sí pode aspirar nun futuro cercano a obter un número de avións mellores dos que ten agora, cousa que non é difícil, tanto dos EUA, como xa dixen, coma da Francia, agora que retiran os Mirage polos Rafales.

Como digo, habería que pensar en qué pode afectar iso a Portugal, porque en principio unha forza aérea marroquina forte, con certa capacidade de proxección sobre Europa e as illas pode acercar a capacidade árabe á nosa europea o cal sempre é de ter en conta.

Entendo que o que digo é unha posibilidade remota, pero tal vez nos dea un anaco de conversa.

Saúdos, gracias pola rápida contestación.
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« Responder #5 em: Junho 02, 2004, 07:49:43 pm »
Eu também acho que é uma possibilidade remota, haver com problemas com a Argélia. O que devemos é avaliar o cenário dos países do Norte de África ficarem sob controlo de fundamentalistas. Embora remoto, não é impossível e neste caso, se dispuserem de aviões modernos, de mísseis balísticos, submarinos, a nossa situação não vai ser tranquila. No planeamento da nossa Defesa Nacional, temos de contar com cenários que neste momento, parecem pouco prováveis. O futuro é imprevisível
 

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Tiger22

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Marrocos como ameaça?
« Responder #6 em: Junho 02, 2004, 07:59:02 pm »
Há aqui um equívoco amigo ferrol:
Marrocos não considera (como a quase totalidade do mundo árabe) Portugal como um inimigo nem muito menos, nem tem nenhum tipo de reivindicação territorial para com Portugal. Há uma corrente em Espanha que quer dar a entender a Portugal e a toda Europa que Marrocos é uma Ameaça: não é, pelo menos para nós. Os espanhóis é que têm problemas graves com o país norte africano (compreensíveis alem do mais). Mas nós portugueses não temos nada a ver com isso. Além do mais somos bons vizinhos e temos excelentes relações económicas.
« Última modificação: Junho 03, 2004, 01:34:59 am por Tiger22 »
"you're either with us, or you're with the terrorists."
 
-George W. Bush-
 

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JNSA

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« Responder #7 em: Junho 02, 2004, 08:03:12 pm »
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Coincido en que concretar nos F-16 a resposta marroquina é un pouco estrafalario, pero a idea é a da resposta marroquina á merca arxelina. Coido que Marrocos, se se acredita coimo loitador anti-islamismo ante os EUA, sí pode aspirar nun futuro cercano a obter un número de avións mellores dos que ten agora, cousa que non é difícil, tanto dos EUA, como xa dixen, coma da Francia, agora que retiran os Mirage polos Rafales.

Como digo, habería que pensar en qué pode afectar iso a Portugal, porque en principio unha forza aérea marroquina forte, con certa capacidade de proxección sobre Europa e as illas pode acercar a capacidade árabe á nosa europea o cal sempre é de ter en conta.

Entendo que o que digo é unha posibilidade remota, pero tal vez nos dea un anaco de conversa.

Ferrol, percebo a sua linha de raciocínio, mas acho que há alguns pontos que é importante frisar...

Os EUA perceberiam imediatamente que qualquer tentativa de Marrocos se afirmar como lutador contra o fundamentalismo islâmico seria apenas uma forma de cair nas suas boas graças, sem ter intenções reais de concretizar esses objectivos.

Embora com o novo Governo do Sr. Zapatero a Espanha tenha descido um pouco na consideração dos EUA, estes acontecimentos temporários não afectam a estratégia global. E nessa, os Espanhóis surgem como o parceiro a longo prazo, e não faria sentido antagonizá-los ou enfraquecê-los com o apoio aos Marroquinos.

Por outro lado, tenho algumas dúvidas quanto à possibilidade de os Marroquinos operarem com eficácia caças de última geração. Comparativamente a Portugal e a Espanha, têm menos treino, quer nas tripulações de terra, quer em pilotos, a logística e manutenção deve ser certamente inferior, e provavelmente os stocks de munições devem ser reduzidos (o que quer dizer que numa guerra com países NATO, o envio de armamento seria imediatamente cortado, e Portugal e Espanha receberiam rapidamente stocks extra de AIM-9's, AIM-120's e tudo o mais que fosse necessário - afinal nós somos aliados mais fiáveis do que os Marroquinos  :?

O risco mais forte que vejo naquela zona seria o surgimento de mísseis balísticos e sobretudo, submarinos...

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Saúdos, gracias pola rápida contestación.


De nada. Faz-se o que se pode...  :lol:
Um Abraço
JNSA
 

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dremanu

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« Responder #8 em: Junho 03, 2004, 01:19:58 am »
Os Espanhoís que se amanhem sozinhos se alguma vez tiverem problemas com os Marroquinos. Portugal tem que ficar neutro na possibilidade de um conflito entre esses dois países.
"Esta é a ditosa pátria minha amada."
 

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emarques

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« Responder #9 em: Junho 03, 2004, 02:19:19 am »
Isso depende muito. Os territórios africanos de Espanha não estão cobertos pela OTAN (embora a Argélia estivesse no caso de França), e por isso num confronto entre Espanha e Marrocos por esses territórios ficaria um pouco "à discrição" da aliança se ajudava ou não. Mas Marrocos teria grande dificuldade nesses combates se não tentasse atacar a armada espanhola. E qualquer ataque à armada espanhola no Mediterrâneo ou no Atlântico a norte do Trópico encaixa na definição de um "ataque à aliança" do Tratado do Atlântico. Assim, mesmo que Portugal não quisesse prestar assistência à Espanha, será que poderíamos recusar-nos a prestar assistência a um aliado sem comprometer a aliança?

Além disso, discordo completamente da ideia de que se recusasse apoio à Espanha no caso de ser atacada por Marrocos. Se fosse a Espanha a atacar, que se "desenmerdassem", claro, mas num ataque marroquino Portugal deveria apoiar a Espanha em tudo.
Ai que eco que há aqui!
Que eco é?
É o eco que há cá.
Há cá eco, é?!
Há cá eco, há.
 

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JNSA

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« Responder #10 em: Junho 04, 2004, 04:48:56 pm »
Bem, Ferrol, para ajudar à discussão...  :wink:
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Morocco has been designated a major non-Nato US ally by President Bush, in recognition of the country's support in the US-led war on terror.
The category also includes Israel, Egypt, Kuwait, and pro-western Asian nations.

The designation is expected to make it easier for American companies to sell arms to Morocco.

The US is also expected to sign a free-trade agreement with Morocco later this month.

'Rights eroded'

"The president took this step in recognition of the close US-Morocco relationship, our appreciation for Morocco's steadfast support in the global war on terror, and for King Mohamed's role as a visionary leader in the Arab world," a senior administration official said.

The Moroccan authorities have arrested about 2,000 people in cases linked to terrorism since it was hit by a suicide attack in Casablanca last May.

About 45 people, 12 of them bombers, were killed.

Morocco has increased its co-operation in fighting terrorism with Spain following the Madrid bomb attacks that killed 191 people.

Fourteen of the 18 people provisionally charged in connection with attacks on trains were Moroccans.

However, human rights groups have said that the anti-terror measures have eroded human rights and that suspected Islamists have been tortured by security agents.

Correspondents say the elevated status does not imply the mutual security guarantees that Washington has with its European allies.


http://news.bbc.co.uk/2/hi/africa/3776413.stm
 

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Lynx

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Mais Mig's
« Responder #11 em: Junho 05, 2004, 07:40:13 pm »
Após alguns anos atrás a Força Aerea Alemã ter vendido á Polonia 23 dos seus 24 Mig-29 a um preço simbolico de €1 aínda se vendem Mig's ... (só a nós a que ninguém vende nada a €1  :shock:

Quanto á última questão mesmo que estes aviões caissem em mãos fundamentalistas penso que não traria qualquer problema para a defesa nacional, primeiro porque duvido muito que eles nos atacassem, segundo porque não é o tipo de avião que faz a diferença mas sim os pilotos e eu duvido muito da capacidade de treino dos pilotos Argelinos, aposto que os nossos F-16 davam conta do recado.
 

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Spectral

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« Responder #12 em: Junho 05, 2004, 09:31:16 pm »
A Polónia escolheu o F-16C/D Block 50/52, cerca de 40/50 aparelhos no total. Os últimos Mig-29 alemães vão ser transferidos este Verão para a Polónia também.
I hope that you accept Nature as It is - absurd.

R.P. Feynman
 

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Moi

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« Responder #13 em: Julho 14, 2004, 02:59:23 pm »
Acho que a questão Marroquina não se coloca a Portugal.
Antes pelo contrário, o nosso país tem boas relações com Marrocos, e assim deveria continuar a ser, e se possível cada vez melhores. É que os nossos interesses estratégicos nesta parte da península são em muitas coisas diferentes dos de Espanha.

A nós interessa-nos Gibraltar em mãos britânias (aos espanhois não), por outro lado interessa aos Marroquinos os territórios espanhóis do no norte de África e aos espanhóis não. Isto só a título de exemplo.

Seja como for, há que tentar compreender sempre os dois lados da questão e as suas opções, a meu ver.
Enfim, é o xadrez da geo-estratégica


Quanto à Argéla. Eu acho que também deveríamos ser amigos da Argélia (já começamos a ter lá grandes negócios - nomeadamente na construção).
É que (se fosse possível no tocante aos custos) poderíamos evitar a nossa dependencia da Arábia Saudita  em relação ao petróleo.

Os maiores forncedores de petróleo ao nosso país são a Arábia Saudita, a Rússia e a Nigéria (três primeiros de uma longa lista com Angola para aí em 9º, acho...) e assim poderiam ser a Argélia e possivelmente a Líbia... são mais perto ... :D

Quanto aos Mig-29. Penso que não há perigo, eles não nos querem mal.

cumpts
 

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ferrol

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Cuestion
« Responder #14 em: Julho 14, 2004, 05:09:17 pm »
Citação de: "Moi"
A nós interessa-nos Gibraltar em mãos britânias (aos espanhois não)
Pois xa me explicará en qué lle beneficia a Portugal que Xibraltar estea en mans inglesas, porque eu non lle vexo senso.

Sorprendidos saúdos, benvido ó foro,
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