Também não defendo que fosse a solução ideal, só que, neste momento não temos nada, nem AOR nem NPL.
Temos de perceber, nós e as pessoas que detém o poder, que existe um padrão para o que é uma marinha actualmente, e que depois existe a realidade portuguesa. E isto aplica se nos três ramos.
As contingências que limitam as opções das forças armadas, e que não são apenas financeiras, vão nos obrigar a seguir por um caminho próprio, adaptado aquilo que é e vai ser a nossa realidade no futuro.
Repara que actualmente, a Marinha continua a funcionar, sem ter um navio reabastecedor. E continua a funcionar sem nunca ter tido um navio de suporte logístico, ou um navio de apoio a forças anfíbias.
Cumprimentos
Por não termos nada, e por não haver verba para mandar construir de imediato um navio desses, é que essa opção se torna inviável. Então se não arranjam 150 milhões para construir um AOR novo mais cedo que o previsto, iam conseguir 300/350 para um JSS nesse mesmo espaço temporal? Neste momento se calhar nem 50 arranjavam para comprar um Wave para entrar ao serviço no espaço de meses...
A realidade portuguesa não pode, nem deve, ser a de dar prioridade à construção de navios para fins civis 99% do tempo. A não ser que o governo cumprisse com a promessa dos 2% do PIB, e aí dava margem para tudo. Não tem cabimento nenhum ter 0.9% do PIB para as FA, e depois estas terem de fazer missões como se o orçamento fosse os 2% prometidos.
O mal da Marinha foi a péssima gestão feita, desde logo com a crise, em que os NPOs foram adiados sabe-se lá porquê, quando beneficiavam directamente a economia e a indústria nacional, e agora temos a empatar quase 400 milhões da LPM para estes navios que já deviam ter sido construídos há muito.
O problema é que já nós seguimos um "caminho próprio". Queremos um LPD padrão NATO, mas depois temos NPOs que nada se assemelham com esse padrão, fragatas décadas atrás tecnologicamente, navios sem inspeção e reparação atempada, abate de navios por estarem em mau estado. Ou seja, o LPD tem de ser padrão NATO, o resto é ao nível do que acontece numa Marinha sul americana?
Não façamos confusão, hoje em dia a Marinha não dá pela falta do AOR devido ao Covid. É óbvio que se os navios estão atracados tirando operações de rotina, e uma Meko com o Charles de Gaulle, é óbvio que não se tem notado a ausência do AOR. Se as coisas estivessem normais, já tinham dado por isso.
Mais uma vez, eu não disse que essa seria a opção ideal. Mas há muitas maneiras de "esfolar um gato" e era melhor ter feito isso do que não fazer nada e chegar a 2020 nesta situação.
A LPM é meramente um esboço, que se escreve e reescreve no parlamento de acordo com o que mais convém ao Caldeirão de interesses partidários do momento. Papel colorido, daquele que faz mexer a economia, nem vê lo!
Os poucos AOR que estão em projecto ou em construção são todos para valores bem acima dos 150M, e em relação a LPD nem vale a pena falar.
A provisão que está orçamentada na lei é basicamente para comprar usado, se aparecer, e quando aparecer. E mesmo isso parece ser difícil de fazer para esta gente!
Padrão NATO? Isso em Portugal é sinônimo de ter um submarino e uma fragata operacionais e capazes de integrar as missões internacionais. De resto, o que é que é o padrão NATO aqui?
Quando falei em termos uma realidade diferente é no sentido de não podermos olhar para outros países, marinha e exércitos, e fazer uma extrapolação dos equipamentos que deveríamos ter por cá.
Tens o exemplo dos fuzos, cuja grande mais valia é simplesmente, ainda existirem. Não são uma força expedicionária e nem se podem comparar aos espanhóis ou ingleses mas, vejam lá, quantos países da nossa dimensão é que ainda tem fuzileiros?
Agora, faz sentido estar a pensar em navios como o mrv da prevail? Para mim, é um excelente projecto para uma força expedicionária, capaz de levar um batalhão inteiro totalmente equipado. Para os ingleses, faz todo o sentido, para nós, pouco. Eles, que supostamente estão nas ruas da amargura, tem somente uma frota de mais de uma dúzia de navios para o apoio logístico. Nós temos zero.
E em relação às missões de caracter civil deixo apenas uma ideia. Tendo em conta que as missões de cariz militar são pouquíssimas, talvez se a Marinha tivesse um maior envolvimento nas operações civis, esta fosse vista com outros olhos pelo governo e pela sociedade em geral. Manter a ordem e estabilidade de um país não é apenas em situações de conflito armado.
Eu não me esqueço que faltam patrulhas, e que estes estão subarmados (vá, pelo menos são bons Navios), e que as fragatas seguem os passos das corvetas, e que o tridente submarino só tem dois dentes.
Isso não me impede de ver outras valências na Marinha. Se elas são prioritárias?
Não. Prioritário será desenrascar um AOR, acelerar os NPOs, concluir os mlu dos lynx e das fragatas, lançar o programa básico que são as lanchas de patrulha costeira, e esboçar um programa para a futura substituição das 5 fragatas.
E isto é apenas para manter as coisas no nível (fraco) em que tem estado.
Abraço